Capitulo 08: O Presídio de Tókio
Sakura acordou cedo naquela manhã de domingo. Levantou-se e deu uma longa espreguiçada. Olhou para o lado e viu o travesseiro de Li. Ai como ela sentia falta dele. Voltou a se deitar abraçando o travesseiro do amado. Como estava sendo difícil para ela aqueles dias sem ele. Tomoyo entrou no quarto junto com Meilyn e Kero.
Tomoyo (super animada): 'Bom dia!'
Meilyn: 'Ora, ora, a senhora preguiça já está acordada!'
Kero (voando de um lado para o outro): 'Acorda logo, Sakura! A Tomoyo fez um bolo de chocolate espetacular!!!'
Tomoyo (balançando o dedo negativamente): 'Você sabe muito bem que aquele bolo não é para você. É para a Sakura levar para o Li!'
Meilyn: 'Tenho certeza que o meu ficaria muito mais gostoso se o forno não tivesse solado ele.'
Kero: 'Nunca vi o forno solar bolo. Você é que não sabe cozinhar mesmo!'
Meilyn (dando um cascudo no animalzinho): 'Até parece que eu não sei cozinhar! Pois saiba que eu sou a melhor cozinheira da China!'
Kero: 'Agora eu entendo porque o moleque está sempre com aquela cara amarrada! O coitado está sempre com dor de barriga!'
Meilyn literalmente correu atrás de Kero que voava de um lado para o outro rindo da cara da amiga.
Meilyn: 'Vem cá sua bola de pêlo voadora! Você me paga por estes insultos!'
Kero: 'Cozinheira de gororoba!'
Sakura riu da confusão que os dois fizeram, realmente Kero conseguia tirar qualquer um do sério, e quando dava para discutir com um dos Lis orgulhosos só poderia sair mais confusão. Tomoyo parou perto de Sakura e a olhou com carinho.
Tomoyo: 'Fiz um café da manhã reforçado para nós. Tókio é duas horas de viajem de carro. Precisamos estar bem alimentadas.'
Sakura (depois de olhar para o despertador): 'Vou me arrumar. Sairemos daqui a pouco. Suzuki disse que o horário de visitas é as dez. Quero ser a primeira para não perder um minutinho sequer!'
Tomoyo (sorrindo): 'Isso mesmo!'
Sakura se levantou em um salto e desviou de Kero e Meilyn que continuavam se xingando e correndo pela casa. Ela tomou um rápido banho e colocou uma calça jeans e uma blusa básica. Ela gostaria de estar mais bonita para encontrar com seu pequeno lobo, mas a viajem e o lugar onde se encontrariam não eram fatores positivos. Colocou o tênis e depois de prender os cabelos curtos com duas presilhas desceu para tomar o café.
Em vinte minutos todos estavam dentro do velho renauld Clio do senhor Fujitaka. Touya deixou o carro com ela, pois tinha acabado de comprar um melhor. A viajem foi um pouco cansativa. Tomoyo e Sakura dividiram a direção já que Meilyn não sabia dirigir, ou melhor nunca aprendeu, pois uma mulher da família Li não tinha estas instruções de independência.
Sakura (um pouco nervosa): 'Suzuki lhe deu o endereço direitinho, Tomoyo?'
Tomoyo: 'Não ser preocupe estamos pertos.'
Meilyn (olhando para os lados): 'Mas aqui é tão deserto. Tem certeza de que não erramos o caminho?'
Tomoyo (apontando para o mapa): 'Tenho! Estamos no caminho certo.'
Kero (pousado no banco ao lado de Meilyn): 'Se a Tomoyo disse que não estamos perdidos, não estamos. Se fosse a Sakura, aí sim é que deveríamos nos preocupar.'
Sakura (sem dá importância para Kero): 'Acho que é lá! Estou vendo uma construção grande.'
Tomoyo (depois de analisar a vista): 'Sim é lá mesmo.'
Meilyn: 'Nossa que prédio velho!'
Sakura sentiu um aperto no peito. Realmente a paisagem que estava a sua frente não era nem um pouco agradável.
Tomoyo (olhando para a amiga): 'Você está bem?'
Sakura: 'Não se preocupe. Suzuki ficou de nos encontrar na frente do portão principal, não é?'
Meilyn: 'Isso mesmo. A Tomoyo está com o numero do celular dele, caso não o encontremos.'
Sakura: 'Então está tudo certo.'
Em dez minutos Sakura estacionou o carro em frente ao presídio. Kero voou para dentro da bolsa de Tomoyo e as três saíram do carro. Já havia um pequeno grupo na frente do portão que ainda não havia sido aperto. As três moças se aproximaram do grupo causando comentários entre as mulheres que já estavam lá. Realmente ver três mulheres lindíssimas num lugar como aquele não era nem um pouco comum.
Voz: 'Kinomoto!'
Sakura virou-se para trás e viu Hiroshi se aproximando delas.
Sakura (abrindo um sorriso para o amigo): 'Que bom que o encontramos.'
Hiroshi (depois de olhar para o relógio): 'Os portões vão abrir daqui a pouco. Haverá muitos policiais. (ele olhou para Tomoyo e Meilyn) Infelizmente apenas pode haver uma visita.'
Meilyn (revoltada): 'Mas porque?!'
Hiroshi: 'São as normas.'
Meilyn (depois de chutar uma pedra): 'Droga!'
Tomoyo (repousando uma mão no ombro da amiga): 'Não se preocupe, logo teremos Li em casa novamente.'
Hiroshi: 'É melhor vocês duas ficarem no pátio do presídio. Eu entro com a Kinomoto para ver o Li.'
Uma sirene tocou e os portões foram abertos. Tomoyo entregou a sacola de guloseimas para Sakura e esta acompanhou Hiroshi com passos rápidos. O rapaz entrou numa pequena fila onde havia outros visitantes. Depois de alguns minutos ele chegou até o guarda.
Hiroshi: 'Viemos visitar Li Syaoran. Preso número 30681947.' (Disse lendo o numero num papelzinho)
O guarda se afastou indo falar com outro que foi para dentro do presido em passos largos.
Guarda (voltando-se para eles): 'Este preso está na solitária, não recebe visitas.'
Sakura sentiu o sangue congelar.
Hiroshi (sorrindo de lado): 'Sinto lhe informa rapaz, mas sou advogado e sei que todo preso tem o direito a visitas aos domingos. Se não me trouxe Li Syaoran em dez minutos abro uma sindicância contra este presídio e posso lhe assegurar que o senhor Watanabe terá problemas terríveis.'
O guarda engoliu seco. Hiroshi era parecido com Li, não perdia a calma por pouco e tinha uma mente fria e dinâmica. Tanaka chegou perto dos dois vendo que o guarda demorava para liberar o casal.
Tanaka: 'O que está acontecendo aqui?'
Guarda: 'Senhor este casal quer ver o chinês.'
Tanaka cravou os olhos em Sakura e Hiroshi.
Tanaka: 'Este preso está na...'
Sakura falaria que isto era um absurdo e já estava pronta para armar um escândalo, mas Hiroshi apertou o seu braço indicando que era para ficar quieta e deixar que ele resolvia isso.
Hiroshi (mostrando a sua identificação): 'Para azar de vocês este preso é meu amigo e meu cliente e eu sou promotor público deste estado, por isso acho que não preciso lembrá-los que a recusa à visita é um crime grave de abuso de poder.'
Tanaka olhou para o rapaz com fúria. Ele tinha razão, não poderia impedir as visitas ainda mais de um promotor público. O policial trincou os dentes de raiva. Ele odiou aquele chinês desde que o viu saindo do camburão como se estivesse fazendo uma visita de férias, e depois da confusão com a gangue de Touhu e a sua permanência silenciosa na solitária o irritava mais ainda.
Tanaka: 'Acompanhe-os até uma sala de visitas particular e tire o chinês da solitária.'
O guardo reparou que Tanaka estava fulo da vida e não falou nada apenas pediu com um gesto para que o casal o acompanhasse. O homem desviou os olhos para o pátio e viu Meilyn e Tomoyo olhando para ele de forma curiosa. Seus olhos pousaram na bela chinesa que sussurrou alguma coisa no ouvido da amiga. Ele sorriu para ela, mas Meilyn fez uma cara tão feia que o homem ficou sem graça.
Syaoran caminhava de um lado para o outro do pequeno cubículo, já tinha perdido a noção de quanto tempo estava lá. Não haviam lhe dado as refeições o que incomodou muito o rapaz. Não que ele estivesse desesperado por comida, em seu treinamento já tinha ficado quase uma semana sem alimentação, mas porque provavelmente o dia de visitas estava próximo. Sakura com certeza ira visitá-lo e se lhe negassem isso, a garota ficaria mais desesperada do que já deveria estar. Isso é o que lhe incomodava no fundo. Ouviu barulho perto da porta e imaginou que a abririam, levou a mão na testa e se lembrou que o machucado estava cicatrizado, se alguém visse isso, ele não saberia como explicar.
Syaoran (olhando em volta do cubículo): 'O que eu faço?'
Ele tinha que fazer um novo machucado para não levantar suspeitas, depois que fosse a enfermaria colocaria um curativo falso e pronto ninguém desconfiaria. Os passos estavam mais próximos, ele precisava ser rápido. Abaixou-se até a cama e quebrou um das madeiras que sustentavam o colchão, com este pedaço bateu forte na cabeça na altura de onde deveria estar o machucado. Ele sentiu o corte, colocou a mão na testa e depois viu que ela sangrava. Foi só o tempo de ele jogar o pedaço de madeira debaixo da cama a porta se abriu. A luminosidade foi tanta que por alguns segundos cegou o rapaz.
Policial 1 (se aproximando do rapaz): 'Tem visita para você.'
Li foi empurrado contra a parede e teve suas mãos puxadas para trás para serem algemadas.
Policial 2: 'Seu advogadozinho resolveu aparecer e criar problemas para o senhor Tanaka.'
Syaoran se sentiu aliviado, era Hiroshi a sua visita. Provavelmente ainda não deveria ser domingo, ele detestaria que Sakura o visse sujo, pálido e com um machucado sangrando na testa. Os policias praticamente o arrastaram pelos corredores, já que o rapaz estava com uma certa dificuldade em se acostumar com a luz intensa. Um guarda o deteve e abriu a porta, praticamente o jogando dentro da sala. Li teve vontade de xingar e era o que faria se não tivesse uma das piores visões a sua frente.
Sakura estava em pé olhando para ele de forma assustada, de seus olhos saiam inúmeras lágrimas enquanto suas mãos estavam apertadas contra o peito.
Sakura: 'O que fizeram com você, meu amor?'
Syaoran não respondeu, estava sem palavras para dizer qualquer coisa para sua flor, desviou os olhos para Hiroshi e pelo olhar do amigo viu que sua aparência estava pior do que havia imaginado. Logo sentiu ser abraçado por dois frágeis braçinhos.
Sakura (o abraçando forte): 'Meu Deus o que fizeram com você?'
Syaoran (tentando acalmá-la): 'Eu estou bem, não se preocupe.'
Ela o abraçou mais forte do que de costume. Como ele queria a abraçar, ele tentou mas as algemas o impossibilitaram, ainda mais que estava preso com os braços para trás. Sakura chorava no peito do amado desesperadamente. Hirohsi apenas observava o casal com um nó na garganta.
Hiroshi: 'O que aconteceu com você, Li?'
Syaoran (levantando os olhos para o amigo): 'Eu acabei entrando numa briga. Mas não foi nada demais.'
Hiroshi: 'Está a quantos dias na solitária?'
Syaoran: 'Não sei.'
Hiroshi (franzindo a testa): 'Teve quantas refeições?'
Syaoran não respondeu. Se falasse que estava a quase dois dias sem comer isso pioraria a situação com Sakura.
Hiroshi (trincando os dentes): 'Eu odeio este lugar.'
Sakura se afastou um pouco de Li e passou sua mão no rosto do amado.
Sakura: 'Eu vou te tirar daqui meu amor, eu juro que eu vou.'
Syaoran (sorrindo): 'Não se preocupe, Hiroshi dará um jeito. Logo estarei em casa.'
Sakura tocou seus lábios nos de Li, apesar do rapaz relutar um pouco em beijar a namorada. Ele estava há dias sem tomar banho e sujo como um porco, isso o incomodou, não queria se encontrar com a jovem daquela maneira. O advogado se sentou a mesa com as duas mãos sobre ela.
Hiroshi: 'Yanamoto mandou abrir o seu tumulo.'
Sakura e Syaoran se entre olharam angustiados.
Syaoran: 'Ele vai fazer autopsia no corpo?'
Hiroshi: 'Eu aleguei que por tradições de família o tumulo não poderia ser aberto. Isso me deu um trabalhão. Ainda bem que a sua família é bem influente na China.'
Sakura: 'A família Li é muito tradicional. Com certeza engoliram esta.'
Hiroshi: 'Só que agora eu criei outro problema para você, Li.'
Syaoran (erguendo uma sobrancelha): 'Que tipo de problema?'
Hiroshi: 'Os anciões da sua família querem você lá assim que sair daqui. Eles acham que você é o espelho do patriarca do clã, o tal líder do não sei o que. Provavelmente estarão aqui quando você se livrar destas acusações.'
Sakura (o abraçando novamente): 'Eles tirarão você de mim.'
Syaoran (sorrindo): 'Claro que não. Você acha que um bando de velhos pode me separar de você? Acho que você não sabe o que realmente eu sou capaz para ficar com você.'
Sakura olhou para ela de forma apaixonada. Era claro que ela sabia até onde ele seria capaz de ir por ela, ele tinha ido ao inferno por ela! Talvez estivesse na hora dela fazer alguma coisa, algum sacrifício por ele.
Hiroshi: 'Depois resolvemos isso.'
O rapaz esfregou as mãos em sinal de excitação.
Hiroshi: 'Você tinha razão, Li. O tal juizinho não é tão limpo quanto todo mundo pensa.'
Li sorriu vendo o amigo. Ele sabia que para Yanamoto o prender tão rápido era porque tinha o rabo preso em alguma coisa, e pelo jeito não era só alguma coisa. Ele se sentou na cadeira em frente ao amigo enquanto Sakura mexia nos seus cabelos sujos de forma carinhosa, completamente alheia a conversa dos dois, seus pensamentos estavam longe dali, muito longe.
Syaoran: 'Então eu tinha razão, como Yanamoto é previsível. Inimigo assim nem tem graça.'
Hiroshi (se aproximando dele): 'E o melhor, andei descobrindo que ele anda vendendo habeas-corpus e sentenças para alguns criminosos, na maioria traficantes.'
Syaoran: 'Não me diga que o porco do senhor Watanabe tem uma parte nisto?'
Hiroshi: 'Bingo!'
Syaoran (sorriu maliciosamente): 'Vamos ferrar este cara direitinho.'
Hiroshi: 'Se vamos...'
Syaoran (se aproximando do amigo): 'Me diga os papeis que quer e eu dou um jeito de tirar eles do porco do Watanabe.'
Hyroshi (olhando para ele de forma curiosa): 'Não está falando sério, não é?'
Syaoran: 'Claro que estou. Quero ferrar Yanamoto para ele nunca mais pensar em chegar perto da minha garota.'
Hiroshi levantou os olhos para Sakura que permanecia em outro mundo admirando Li.
Hiroshi: 'Se te pegarem no escritório dele, você vai mofar na solitária. Pior podem...'
O advogado passou um dedo no pescoço indicando o provável futuro do amigo se fosse pego em flagrante.
Syaoran (não contendo o entusiasmo): 'Se esqueceu que eu já estou morto? Não tem como me matarem.'
Hiroshi (balançou a cabeça negativamente): 'Então este machucado aí é o quê?'
Syaoran: 'Não se preocupe com ele. Isso aqui não é nada. Diga-me o que você precisa e venha buscar na terça feira pela manhã.'
Hiroshi começou a falar os papeis que precisava como provas contra Yanamoto e Watanabe. Li ouvia a tudo com atenção, não teria como anotar, precisava estar tudo dentro da sua cabeça, não teria uma segunda chance. A porta se abriu e dois policiais junto com Tanaka entraram na pequena sala. Li se levantou, mas antes fez um sinal com a cabeça para Hiroshi dizendo que está tudo ok.
Sakura (se abraçando novamente a Li): 'Eu não quero ficar longe de você.'
Syaoran (com a voz mais doce possível): 'Não se preocupe, minha flor. Tudo vai terminar bem.'
Ela olhou para ele e o beijaria se Tanaka e outro policial não o puxassem com força para fora da sala.
Tanaka: 'Leve-o de volta a solitária!'
Sakura: 'Não podem fazer isso!'
A menina já ia correr atrás de Li mas Hiroshi a seguro pelo braço impedindo.
Hiroshi: 'Eu já disse para deixar que eu resolvo.'
Sakura ficou parada mesmo que todas as células do seu corpo estivessem pulsando de raiva e vontade de usar magia e simplesmente tiraria Li daquele lugar. Ela pensou em usar a carta tempo, mas sabia que o namorado com certeza a repreenderia. Hiroshi se aproximou de Tanaka.
Hiroshi: 'Meu cliente disse que ficou sem alimentação estes dias, pois é bom o senhor cuidar muito bem daquele garoto, senhor (ele olhou para o nome bordado no uniforme do policial)... Tanaka. Terça feira eu volto aqui com um grupo de inspeção na sua penitenciária.'
Tanaka: 'Não há motivos para uma inspeção.'
Hiroshi: 'Quem decide se há motivos ou não sou eu, senhor.'
Tanaka olhou com raiva para o advogado. Ele era ignorante mas sabia que mexer com promotores públicos nunca era uma boa estratégia.
Tanaka (tentando controlar a voz): 'O esperaremos ansiosos pela sua visita, senhor promotor.'
Hiroshi (sorrindo de lado): 'Ótimo! Vamos Kinomoto, o tempo de visita terminou.'
Sakura pegou a sacola e entregou para Tanaka pedindo para dar a Li. Ele pegou a contra gosto sob o olhar de Hiroshi e disse que entregaria para ele assim que saísse da enfermaria. O casal passou pelos corredores, Sakura olhava com estrema curiosidade para aquele lugar, ela via os presos serem levados até uma porta de ferro no final dele, muitos olhavam para ela e outros até mexiam com a garota, a assustando.
Hiroshi: 'Finja que não é com você. Não é comum eles receberem garotas como você aqui.'
Sakura enlaçou seu braço no do advogado e caminhou rápido ao seu lado, fingindo que não ouvia nada. No pátio encontrou com Tomoyo e Meilyn que estavam aflitas.
Meilyn (completamente nervosa e ansiosa): 'Vocês o viram? Como ele está? Ele está bem, não é? É claro que Xiao Lang está bem, não é?'
Hiroshi: 'Calma, o Li está bem...'
Tomoyo (olhando o rosto triste de Sakura): 'Porque será que eu não acredito nisto?'
Hiroshi (depois de limpar a garganta): 'Ele vai ficar bem, na terça eu venho aqui para vê-lo.'
Meilyn: 'Mas peraí, ele está bem ou não está?'
Sakura (tampando o rosto para esconder as lágrimas): 'Ele estava...'
Tomoyo (se aproximando dela e a abraçando): 'Shiiiii calma, vamos dar um jeito.'
Sakura (levantando o rosto para fitar a amiga): 'Ele estava horrível, Tomoyo. Estão maltratando ele ai dentro.'
Meilyn: 'O QUÊ?!'
Hiroshi (segurando a menina revoltada pela cintura): 'Isso não vai adiantar nada! Está ficando maluca é?'
Meilyn (completamente transtornada): 'Me solte! Eu vou tirar o meu primo daqui! Você vai ver!'
Tomoyo: 'Isso não vai resolver, não podermos tirar Li a força daqui, mesmo que quiséssemos!'
Meilyn: 'Parada aqui fora é que eu não vou ficar, sabendo que Xiao Lang está sendo maltratado! (ela olhou para o prédio onde viu que um monte de policiais e outros visitantes olhavam para ela) Pois saibam você que Xiao Lang é o futuro líder do Clã mais poderoso da China!'
Hiroshi: 'Cala a boca, menina! Quer complicar a vida do Li mais ainda?'
Meilyn engoliu a sua raiva olhou para os policiais com os olhos em brasas e se virou pisando pesado pelo terreno de terra batido do pátio do presídio. Tomoyo abraçada a Sakura foi logo atrás dela e logo depois Hiroshi, que deu uma última encarada em Tanaka antes de se virar.
Li estava debaixo do chuveiro forte do banheiro coletivo do presídio, alguns presos inclusive Takahashi e Yoshida estavam tomando banho também. Logo depois da visita de Hiroshi, eles o levaram a enfermaria e o prenderam novamente na cela com os outros dois presos. Além de permitir que o rapaz voltasse a ter as refeições. Li estava com os olhos fechados pensando no melhor jeito de invadir aquela noite o escritório do diretor do presídio.
Takahashi: 'Meu filho disse que viu três modelos no pátio neste domingo, acredito que elas vieram lhe visitar chinês.'
Li abriu os olhos encarando a parede de ladrilhos encardidos.
Syaoran: 'Como?'
Yoshida: 'Minha mulher também comentou, e disse que tinha uma bem esquentadinha no pátio que começou a gritar do nada!' (disse as gargalhadas)
Li pensou que com certeza o homem estava se referindo a prima temperamental.
Takahashi: 'Eu pensei que você disse que só tinha uma garota e não um harém!'
Syaoran sorriu de lado lembrando das três na sua casa discutindo o que fariam para o jantar, era divertido vê-las convivendo juntas. Ele sentiu saudades da sua casa pela primeira vez.
Voz: 'Suas visitas causaram muito furor por aqui, Chinês! Agora virou o novo garanhão do pedaço.'
Li franziu a testa e reconheceu a voz, era de Touhu. Ele fechou o chuveiro e se virou para o grandão.
Touhu: 'Será que não quer dividir nenhuma com seus amigos de presídio?'
Homem 1: 'Eu quero ficar com a branquinha. Aposto como deve ser muito quente!' (falou sorrindo)
Homem 2: 'Até Tanaka gostou das suas visitas, ele ficou perguntando para gente se conhecíamos a chinesinha!'
Os presos riam comentando sobre as visitas de Li, o rapaz estava começando a perder a paciência. Ele se sentia responsável por elas, era o único homem da casa, tinha o Kero, mas a bola de pêlo não contava.
Homem 3: 'Mas a mais gostosa era a ruivinha de olhos verdes. Nossa, aquela sim deve enlouquecer qualquer um!'
Touhu: 'Me diga chinês, qual delas foi a que trouxe para cá? Ou foram as três?' Homem 4: 'Aposto como as três na cama deve ser uma festa das boas!'
Syaoran lançou um olhar de fogo para o homem que tinha dito aquilo, o que fez ele praticamente se esconder atrás de Touhu. O grandão deu alguns passos na direção de Li e parou em frente a ele.
Touhu: 'Ainda vai ter volta, Chinês.' (disse socando a parede bem próximo a Li)
Li não se moveu um centímetro, ergueu a cabeça para fitar o inimigo nos olhos. Os dois se encararam por alguns segundos. O grandão se virou e saiu do vestuário, seguido por seus comparsas.
Takahashi: 'Yoshida me contou o que aconteceu no refeitório para você parar na solitária.'
Li não respondeu saiu do box e caminhou até as suas coisas onde começou a se enxugar.
Takahashi: 'Porque parou aqui, Chinês? Aquela história da noiva do juiz Yanamoto foi só invenção, não é?'
Yoshida (se aproximando dos dois): 'Você é um daqueles assassinos ninjas dos filmes?'
Syaoran (se divertindo): 'Quem sabe?'
Os dois se entre olharam assustados e depois observaram o rapaz colocando o uniforme do presídio. O porte dele não era de um almofadinha que não fazia nada, havia cicatrizes grandes nas costas e no abdômen. Além de ele ter ficado dois dias na solitária e apesar de ter emagrecido um pouco mal se notava alguma diferença.
Takashida: 'Você matou alguém importante? Tipo um nobre ou um político?'
Yoshida: 'Nos diga quantas pessoas você matou com suas habilidades ninjas?'
Realmente aquela conversa estava ficando muito divertida para Li, ele olhou para o pequeno grupo que se formava em volta dele o admirando como se fosse um rei, um líder! Pena que era um líder de um bando de assassinos perigosos, Sakura não se sentiria muito orgulhosa com um marido que tivesse este titulo, pensou para si. i"Marido" /i, ecoou na sua mente. O rapaz sorriu por nada deixando o grupo sem entender.
Syaoran: 'Sabem o que vou fazer assim que sair daqui?'
Eles se entreolharam dando os ombros.
Um deles: 'Vai matar o porco do Watanabe?'
Outro: 'Isso! Vamos fazer uma rebelião!'
Syaoran (sorrindo de lado): 'Vou me casar. Isso! Acho que está na hora de deixar de ser um garotão e virar um homem responsável.'
Os presos olharam para ele com espanto, não entendendo nada e pensando que o tal Chinês era maluco mesmo. Li pediu licença e abriu caminho entre eles para passar.
Sakura estava caminhando para casa, ela olhou para cima e viu as flores de cerejeira voando pelo céu. Era tão lindo que a jovem poderia ficar admirando elas por horas. Fechou os olhos e inspirou o ar cheiroso. Seus pensamentos foram até seu pequeno lobo. Como ele estaria? Será que estavam o tratando bem? Será que tinha voltado a solitária? Será que estavam batendo nele? A menina parou de caminhar e levou as mãos até a altura do peito sentindo uma dor fina dentro dele.
Voz: 'Esqueceu alguma coisa na escola?'
Sakura levantou os olhos e viu Seiya parado a sua frente. Como ela tinha vontade de matar ele.
Seiya: 'Porque está parada aí como uma tonta?'
Sakura (continuando a caminhar): 'Não te interessa.'
Ele pegou seu braço fazendo a menina para ao seu lado.
Seiya: 'Pensou na minha proposta?'
Sakura não sabia o que responder, ela faria de tudo para tirar Li daquele lugar, mas dormir com Seiya era algo que só de pensar já lhe embrulhava o estomago. Ela puxou o braço com força fazendo o rapaz a soltar.
Sakura: 'Eu aceito. Desde que me dê o documento para eu tirar o Syaoran na manhã seguinte.'
Seiya: 'Não confia em mim?'
Sakura (secamente): 'Não.'
Seiya sorriu de lado e colocou as mãos no bolso.
Seiya: 'Está bem, eu lhe dou o documento para você tirar o seu amante daquela colônia de férias. Mas só depois de você ser minha.'
Sakura teve que se controlar para não vomitar, levou um das mãos até o estomago.
Sakura: 'Não. Eu quero o documento antes.'
Seiya a encarou de forma curiosa, era claro que ainda amava aquela mulher, ela era perfeita. Cada traço, cada detalhe a tornava uma deusa, um anjo. A pele clara e levemente corada pelo frio, os cabelos despenteados e soltos, a boca pequena e vermelhinha como um morango, aquelas duas belas esmeraldas e aquele corpo pequeno e frágil, mas bem feito e torneado. Ele poderia ficar a admirando por horas, por anos, pela sua vida inteira.
Desde o primeiro dia que esbarrou com ela na reitoria da faculdade de Tomoeda e sorriu sem graça para ele pedindo desculpas, ele nunca mais conseguiu tirá-la da cabeça. Como ele odiava Li, no fundo da sua alma ele o odiava por lhe ter tirado a única mulher que amou.
Seiya: 'É capaz de se vender para salvar aquele cara, Sakura?'
Sakura: 'Sou capaz de tudo por ele.'
Yanamoto sentiu aquilo como uma facada no peito, era horrível ouvir da boca que tanto amava que era capaz de tudo por outro homem.
Seiya (depois de engolir a seco): 'Está bem. Terá o documento nas suas mãos. Passo para pegar você amanhã as sete da noite.'
Sakura (começando a se afastar): 'Está bem.'
Seiya continuou a observar a bela jovem se afastando. Ele sentia um peso no peito pois sabia que ela só seria dele para salvar outro homem.
Seiya: 'Será a nossa primeira noite, minha querida. Apenas a primeira de outras tantas em nossas vidas.'
Naquela hora ele decidiu, mandaria eliminar o que o separava da sua felicidade, mandaria matar Syaoran Li.
Syaoran abriu os olhos e olhou para os lados, os seus dois companheiros de cela estavam dormindo profundamente. Levantou-se sem fazer um barulho sequer. Ele era bom em ser silencioso. Caminhou lentamente até a fechadura que trancava a cela, pegou um dos seus ofuros e colou na fechadura, disse algumas palavras mágicas e a tranca se soltou. Olhou para os monitores de segurança, com certeza se andasse normalmente pelo presídio eles o filmariam. Agora se andasse acima deles não. Pulou e se prendeu nos vãos que havia na velha construção, devagar foi avançando cada centímetro do imenso corredor. Chegou até onde queria. Havia uma placa que levava até o sistema de refrigeração do presídio, claro que este sistema só chegava nas salas importantes, e com certeza ao escritório de Watanabe. Como um bom estrategista engatinhou pelos tubos sujos e empoeirados, sempre prestando atenção nas curvas e memorizando o caminho para volta. Engatinhou por quase uma hora até chegar onde queria. Olhou pela grade fina e viu que estava no escritório do diretor do presídio. Usando pouco da sua força conseguiu soltar a grade e entrar no escritório. Seu nariz coçava um pouco, mas não poderia nem se dar ao luxo de espirrar. Olhou em volta e como havia imaginado não havia câmera alguma. Watanaba nunca deixaria filmar as suas negociatas.
Li deu uma olhada em volta até encontrar o arquivo, ele estava trancado, mas com um puxão mais forte a tranca não agüentou. Havia apenas a luz da lua iluminando o escritório.
Syaoran (levantando um dos seus ofuros na altura do rosto): 'Deus do fogo vinde a mim.'
O talismã começou a queimar em chamas mágicas. Com a fraca iluminação ele começou a vasculhar o arquivo e logo achou o que queria, Watanaba era um idiota em deixar documentos tão comprometedores num presídio. Bem, que pensando friamente, um presídio deveria ser o lugar mais seguro para guardá-los. Li pegou tudo que precisava e colocou dentro do macacão que era usado como uniforme. Fechou o arquivo e usou uma magia para o trancar. Se por algum motivo o porco do diretor quisesse vasculhar as coisas pensaria que as gavetas estariam com defeito, o que daria tempo mais que suficiente para Li já ter entregado as provas para Hiroshi.
O rapaz ouviu passos no corredor e se baixou. Deveria ser algum guarda que estaria fazendo uma ronda. Rapidamente voltou a entrar na tubulação e fechou a grade, ele já estava voltando quando ouviu abrirem a porta do escritório, levado pela curiosidade esperou para ver quem estaria no escritório aquela hora. Um vulto ele reconheceu de imediato, era o diretor que estava de roupão e com cara sonolenta o outro Li teve que fazer um esforço maior pois ele estava de costas.
Watanabe: 'É bom que tenha um bom motivo para me acordar a esta hora, senhor juiz.'
Syaoran reconheceu agora o vulto, era Yanamoto Seiya.
Seiya (colocando uma grande quantia de dinheiro na mesa): 'Isso paga o seu transtorno Watanabe?'
Watanabe (sentando na sua poltrona): 'Adoro negociar com o senhor.'
Seiya: 'Quero que elimine Li Syaoran, até quarta feira pela manhã.'
Watanabe (erguendo uma sobrancelha): 'Isso não é possível, o chinês tem como advogado o promotor publico e...'
Seiya (jogando mais alguns maços de dinheiro): 'Não me interessa, ele tem que estar morto até quarta de manhã!'
Watanabe (engolindo seco): 'Senhor Yanamoto, a sua oferta é muito tentadora, mas entenda que o chinês não é um preso qualquer. Ele é forte, deu uma surra num dos meus melhores homens.'
Seiya (perdendo um pouco a paciência): 'Quero ele morto! Ele não é a prova de balas! Mate-o de alguma forma, mas mate-o!'
Watanabe: 'Mas senhor, balas deixam vestígios, como vou explicar um preso morto a balas?'
Seiya: 'Não me interessa, diga que ele tentou fugir, invente uma das suas mentiras! Mas ele tem que estar morto até quarta feira!'
Watanabe: 'Seria melhor esperar mais um pouco... até a poeira baixar, o advogado dele...'
Seiya (completamente transtornado): 'Não! Você não está me entendendo? Quero ele morto até depois de amanhã!'
Seiya jogou uma maleta de dinheiro na mesa. Watanaba sorriu vendo aquele monte de maços de dólares. Olhou para o juiz e fez um sinal positivo com a cabeça. Li viu Watanabe juntar o dinheiro da mesa e colocar tudo na maleta, não tinha mais nada de interessante para ser visto, começou a fazer seu caminho de volta.
Sakura estava sentada na janela do seu quarto observando o sol nascer ao longe, daqui alguns minutos as trevas da noite dariam lugar aos raios alegres do sol. Ela respirou fundo e abaixou a cabeça observando o pequeno pátio detrás da casa. Li sempre treinava ali, todas as manhãs, faça chuva ou sol ele estava treinando com sua espada. Agora o pátio estava vazio, olhou para a cama de casal no meio do quarto e a viu arrumada e vazia. Tinha passado a noite inteira naquela janela remoendo os seus pensamentos. Ela tinha tomado uma decisão, e agora teria que ir até o final. Era sua obrigação tirar seu amado daquele lugar, foi por causa dela que Yanamoto fez tudo aquilo. Ela jogou a cabeça para trás encostando-se à madeira da janela. Duas lágrimas silenciosas saíram de seus olhos, abraçou os joelhos buscando refugio. Ela não era mais uma menina, já tinha sido inúmeras vezes mulher nos braços de Li, mas apenas nos braços dele. Nunca permitiu que nenhum outro namorado a acariciasse da mesma forma que ele, pois sabia no fundo que ela pertencia apenas a ele.
A cabeça da jovem dava voltas e mais voltas, o despertador tocou indicando que teria que se arrumar para dar aula na escola, mas sua vontade era ficar trancada o dia inteiro naquele quarto. Pela primeira vez ela queria morrer, mas sabia que se isso acontecesse Li mofaria dentro daquele inferno e isso ela não se perdoaria nunca. Ele foi até o inferno por ela, o mínimo que poderia fazer era se humilhar daquela maneira por ele. E era isso que ela faria naquele dia.
Continua.
