Capitulo 12: O Clube da Luta.

Li chegou em casa. Tomoyo estava preparando o jantar enquanto Sakura servia a mesa para ele.

Sakura (o vendo entrar): 'Olá, meu amor.'

Ele a enlaçou pela cintura e lhe deu um caloroso beijo.

Syaoran: 'Boa noite, minha flor.'

Sakura (sorrindo): 'Como foi na prova hoje?'

Syaoran (colocando a pasta na estante): 'Difícil.'

Sakura (estranhando): 'Difícil? Você nunca achou uma prova difícil.' (Isso porque ele não faz engenharia! Oh faculdadezinha difícil!!!!)

Syaoran: 'Perdi muitas aulas e não tava com muita cabeça para fazer ela.'

Sakura começou a ficar preocupa, Li nunca admitia que uma prova era difícil, mesmo que realmente fosse, ele era o melhor aluno do curso dele, ele era o melhor em tudo que fazia.

Sakura: 'Acha que tirou quanto?'

Syaoran (dando os ombros): 'Acho que se eu tirei quatro foi muito.'

Sakura: 'Quatro?! Mas isso é abaixo da média.'

Syaoran (debochando): 'Brilhante dedução, Sakura Kinomoto!'

Sakura (brava): 'Não é para brincar com isso!'

Syaoran (depois de lhe dar um estalinho): 'Relaxa, depois eu recupero esta nota. (ele olhou para a sala como se procurasse algo) Isso aqui tá muito sossegado, cadê a Meilyn?'

Sakura: 'Ué eu pensei que você soubesse?'

Syaoran: 'Soubesse do quê?'

Sakura: 'Aonde ela está.'

Syaoran (franzindo a testa): 'Ela não falou nada para mim.'

Sakura: 'Estranho, ela só deixou um aviso no quadro.'

Li foi até a cozinha e viu o quadro de aviso ao lado da geladeira.

Tomoyo (vendo o casal entrar na cozinha): 'Olá Li, sabe que horas a Meilyn chega?'

Sakura: 'Ela não avisou nada para ele também.'

Syaoran (lendo em voz alta): 'Estou no centro, volto no final da tarde. Beijos, Meilyn. Onde diabos ela se meteu?!'

Sakura: 'Pensamos que ela tinha lhe avisado.'

Tomoyo: 'Ela não falou nada com a gente.'

Kero (que estava pousado na janela a frente de Tomoyo): 'Ela voltou muito estranha ontem do supermercado.'

Syaoran: 'Estranha? Como assim estranha?'

Kero (com as patinhas cruzadas): 'Bem que todos da família Li são estranhos...'

Syaoran pegando o bichano pelo pescoço e o sacudindo.

Syaoran: 'Desembuça, bola de pêlo!'

Sakura (segurando o braço dele): 'Solta ele, Syaoran. Assim ele não pode falar nada!'

Li deu mais umas sacudidas antes de soltar Kero que cambaleou ainda um pouco tonto.

Tomoyo: 'Fala Kero, o que aconteceu com a Meilyn?'

Kero: 'Ela voltou ontem do supermercado saltitando e cantarolando.'

Sakura: 'A muito tempo que eu não a vejo assim.'

Tomoyo: 'Desde que ela voltou da China.'

Sakura: 'Será que ela arranjou um namorado?'

Tomoyo (depois de dar um gritinho entusiasmada): 'Só pode ser.'

Sakura (dando pulinhos com as mãos dadas as de Tomoyo): 'Deve ser isso! Ela não perde tempo.'

Syaoran (sério): 'Isso é impossível. Meilyn é uma mulher casada, ela tem que respeitar o marido.'

Sakura: 'Mas ela ta separada dele.'

Syaoran: 'Não oficialmente, além disso, ela já foi mulher dele, não pode ficar trocando de homem como se troca de roupa.'

Sakura: 'Syaoran, você é machista!'

Syaoran (emburrado): 'Não sou machista! Se Meilyn anda desrespeitando o marido dela eu mesmo vou dar uma coça nela.'

Sakura: 'Você ta brincando não é?'

Tomoyo: 'Claro que ele ta.'

Syaoran: 'Não estou. Se Meilyn anda se desavergonhado com qualquer um eu quebro a cara do infeliz e ela vai se ver comigo. Não gosto Hyo Ling, mas tenho que defender a tradição.'

Tomoyo (para Kero): 'É melhor a gente sair de fininho...'

Kero (já voando ao lado da jovem): 'Estes dois vivem brigando agora'.

Sakura (de queixo caído): 'Até parece que você é o senhor das tradições!'

Syaoran: 'Pois saiba que eu respeito muito elas.'

Sakura: 'Mas não segue nenhuma.'

Syaoran: 'Eu sigo elas sim senhora.'

Sakura: 'E vive comigo sem estar casado!'

Syaoran: 'Não venha desviar o assunto, o nosso problema aqui é a Meilyn!'

Sakura: 'Não é só ela! Você acha o quê? Que eu sou sua concubina!'

Syaoran: 'Ah Sakura não dramatiza.'

Sakura: 'E qual é o nome das mulheres que dormem com um homem sem estarem casadas na sua tradição, senhor Li?!'

Syaoran: 'Nosso caso é diferente.'

Sakura: 'Diferente porque? Porque você nunca quer se casar comigo?!'

Syaoran: 'Quem disse que eu nunca quero me casar com você?'

Os dois ouviram a porta da frente se abrir e Meilyn dar um "Boa noite". explodindo de alegria para Tomoyo e Kero que já tinham fugido para a sala. Sakura fechou a cara e saiu da cozinha sem antes esbarrar com força no namorado.

Meilyn (abraçando Sakura): 'Boa noite, Sakurinha!!!!'

Sakura: 'Que isso, Meilyn? Ta parecendo a Nakuru.'

Meilyn: 'Hoje eu estou muuuuuito feliz!!!'

Syaoran (na porta da cozinha): 'E eu posso saber onde a senhora estava até esta hora?'

Meilyn: 'Olá Xiao Lang!!! Nossa que cara feia! Aposto que está com fome.'

Syaoran: 'Para de brincadeira. Onde estava?'

Meilyn sorria como nunca, a felicidade dela era tão contagiante que Tomoyo e Sakura já estavam felizes por ela, apenas Li permanecia a fitando com aqueles olhos frios e sérios.

Meilyn: 'Hoje é um dos dias mais felizes da minha vida!!!!'

Syaoran (irritadíssimo): 'Tudo bem! Quem é o cara que eu vou arrebentar com a cara dele logo e a senhora vai ter que dar explicações é para o seu marido porque eu vou ligar para ele agora!'

Meilyn (segurando o braço do primo): 'Não Xiao Lang, não liga para ele!'

Syaoran: 'Eu não vou ficar aceitando as suas loucuras, Meilyn. Você é uma mulher casada e eu sou responsável por você.'

Meilyn: 'Não tem nada haver com outro homem, eu juro!'

Syaoran: 'Então o quê é?'

Meilyn se afastou dele tentando conter o próprio entusiasmo.

Meilyn: 'Eu vou trabalhar!'

Sakura e Tomoyo gritaram de alegria e abraçaram a amiga entusiasmadas. Li acompanhava aquilo achando um absurdo, Meilyn era casada pelas tradições do clã, não poderia nem sonhar em trabalhar que não fosse para a família e para o clã.

Syaoran: 'Você... você está louca? Trabalhar?!'

As três olharam para ele com enormes pontos de interrogações na cabeça, até Kero não entendeu a atitude dele.

Syaoran: 'Que tipo de trabalho?'

Meilyn: 'Fui aprovada num teste para fazer uma personagem numa peça teatral!'

Tomoyo: 'Mesmo?! De qual peça?'

Meilyn: 'Sonho de uma noite de verão!'

Tomoyo: 'Shakespeare! Que máximo!'

Sakura: 'Quem é esse cara?'

Tomoyo: 'Oras Sakura, Shakespeare é Shakespeare!'

Sakura: 'Hã?'

Meilyn: 'Deixa comigo porque ela é lentinha mesmo. Shakespeare é um escritor inglês aquele que fez Romeu e Julieta...'

Sakura (com os olhos brilhando): 'Aquela história tão romântica!'

Meilyn: 'Ela não muda...'

Tomoyo: 'Esta mesma. E você vai fazer que papel?'

Meilyn (não conseguindo conter o entusiasmo): 'Hérmia!'

Tomoyo: 'Uma das personagens principais!!!!'

Meilyn: 'Isso!'

Tomoyo abraçou Meilyn, apenas ela sabia a importância do personagem de Meilyn na história, Sakura nunca foi boa em literatura estrangeira. Li nem estava ouvindo a conversa das três, estava num canto calado e sério.

Syaoran: 'E quem disse que você tem permissão para fazer teatro? Isso é coisa de quem não tem o que fazer! Você sabe que os artistas não são bem vistos pelos clãs!'

Meilyn (com lágrimas nos olhos): 'Eu sou uma mulher livre, não tenho que pedir permissão para ninguém decidir a minha vida!'

Syaoran: 'Tem sim! Você é casada e deve respeito ao seu marido. Aceitei que ficasse sobre a minha responsabilidade até ele vir aqui e pegar você, mas não vou aceitar estas suas idéias loucas.'

Tomoyo: 'Li, eu sou uma artista também, assim você está me ofendendo.'

Syaoran: 'É diferente, você não pertence ao clã.'

Sakura: 'Você não tem o direito de decidir a vida da sua prima!'

Syaoran: 'Isso não é assunto seu e nem da Daidouji.'

Sakura: 'Você ta sendo grosso.'

Meilyn: 'Por favor Xiao Lang, não estrague a minha chance de ser feliz.'

Syaoran: 'Você só pode ser feliz ao lado do seu marido, e eu vou ligar para ele agora.'

Meilyn (agarrando o braço dele): 'Ele não vai me querer! Ele vai me entregar para os anciões, você sabe como eles tratam as pessoas que falham!!!'

Meilyn chorava como uma louca, Sakura olhou para Li que fitava a prima. Tomoyo e Kero estavam num canto da sala observando tudo e tentando não se meter.

Meilyn (se ajoelhando na frente dele): 'Eu não quero voltar para lá... eu não quero...'

Sakura: 'Por favor, Syaoran...'

Li ficou meio desorientado, olhava para a namorada e para a prima, sem saber direito o que fazer. Era claro que ele sabia como os anciões tratavam os membros da família ditos como indignos, e Meilyn por ser estério com certeza estava neste grupo.

Syaoran: 'Está bem, não vou ligar para ele, mas não vou permitir que trabalhe. Você é minha responsabilidade, eu sustento você.'

Meilyn: 'Eu não quero ser sustentada! Eu quero viver!'

Syaoran: 'Mas você está vivendo!'

Meilyn: 'Eu quero viver a minha vida, viver independente!'

Syaoran (fitando a namorada): 'Foi você que colocou caraminhola na cabeça dela?!'

Sakura: 'Desde quando trabalhar é caraminhola?!'

Syaoran: 'Desde quando ela é uma Li!'

Sakura (explodindo): 'Você é um cretino, idiota e machista!'

Syaoran: 'Olha como você fala comigo!'

Sakura: 'Eu falo com eu quiser porque eu não sou uma Li! E nem quero ser!'

Syaoran: 'Ótimo! Porque você nunca seria uma esposa exemplar!'

Syaoran: 'E quem lhe disse que eu quero ser uma esposa exemplar, exemplar nos moldes da sua família idiota que espanca criança!!!'

Syaoran: 'Quem disse que eles espancam crianças?'

Sakura: 'Você me disse!'

Syaoran: 'Não! Eu falei que eu apanhei, não que fui espancado.'

Sakura se calou e olhou sem querer para Meilyn.

Syaoran (virando-se para ela): 'Meilyn?'

Meilyn: 'Ela disse que sabia... ela me disse que você tinha contado tudo!'

Syaoran: 'Contado o quê? O que você contou a ela?!'

Sakura: 'Tudo...'

Syaoran se virou para a namorada novamente e viu que ela chorava olhando para ele.

Syaoran (subindo): 'Eu não preciso que tenha pena de mim!'

Sakura (correndo atrás dele): 'Syaoran, eu não tenho pena... por favor...'

Ele entrou no banheiro e se trancou lá, Sakura ainda bateu na porta algumas vezes mas ele não respondeu, ela ouviu o barulho do chuveiro aberto e suspirou.

Sakura (batendo na testa): 'Eu e minha boca grande.'

O jantar foi silencioso, ninguém falava nada, nem mesmo Kero que sempre fazia um comentário abriu a boca. Li se recolheu logo depois de comer e foi para o quarto. Meilyn não insistiu mais no assunto da peça, aquela não seria uma boa hora. Sakura entrou no quarto e viu Li sentado no parapeito da janela olhando a lua. Ela detestava quando ele ficava daquela maneira, longe do mundo. Aproximou-se dele devagar e tocou seu braço, ele não se virou para ela.

Sakura: 'Pense bem, Syaoran... Meilyn precisa refazer a vida dela, Hyo Ling não vai querer ela de volta sabendo que ela é estério.'

Syaoran: 'Isso não é assunto seu.'

Sakura (tentando se controlar para não chorar): 'É assunto meu, sim. Gosto muito de Meilyn e ela fez de tudo pela minha felicidade, tenho obrigação de fazer o mesmo por ela.'

Syaoran (sorrindo debochado): 'Você e o seu mundinho cor-de-rosa...'

Sakura: 'Sei que você não pensa como eu, mas o que eu posso fazer? Acredito que aqui dentro (ela tocou no peito de Li) existe um homem que sabe que não está agindo certo com a prima e que deseja do fundo do coração que ela seja feliz.'

Syaoran (se levantando e se afastando dela): 'Não existe homem nenhum dentro de mim.'

Sakura: 'Então com quem eu me deito todas as noites? Com um demônio? É ele que faz amor comigo? É com ele que eu divido esta casa? É com ele que eu divido a minha vida?'

Syaoran: 'Não me venha com este papo sentimentaloide.'

Sakura: 'Que seja então.'

Ela pegou o travesseiro da cama e colocou debaixo do braço.

Syaoran (vendo ela sair do quarto): 'Hei onde você vai?'

Sakura: 'Vou dormir com as minha amigas.'

Li foi até ela e segurou o seu braço.

Syaoran: 'Você é a minha mulher, você dorme comigo.'

Sakura: 'Como posso ser uma mulher se sou o tal pilar! Se sou o tal pilar não posso ser uma mulher, certo? Então não vou dormir ao lado de um homem ou de sei lá o que você se considera.'

Syaoran: 'Por que você complica tanto as coisas?'

Sakura: 'Tem certeza que sou eu que complico? Você vive falando que não é humano, mas age como um homem machista e egoísta. Vive dizendo que não tem um corpo, mas quer que eu durma com você. Tem certeza que sou eu que estou complicando as coisas?'

Li arregalou os olhos fitando as duas belas esmeraldas, ela tinha razão, no fundo ela sempre tinha razão, apensar das suas teorias floridas e que sempre tudo acabava bem. i"Haja o que houver... tudo vai terminar bem"/i. Como ele ouviu dela esta frase e no fundo ela tinha razão, ele é que não deixava as coisas terminarem bem.

Syaoran (depois de respirar fundo): 'Está bem.'

Sakura: 'Está bem o que?'

Syaoran: 'A Meilyn pode fazer esta droga de peça.'

Sakura abriu um sorriso, aquele que encantava o rapaz, que mexiam com todas as células do corpo dele, arrepiando todos os pêlos do corpo. Ele a enlaçou pela cintura fina e a beijou.

Syaoran: 'Acho que eu mereço uma recompensa, não é?'

Sakura (sorrindo): 'Acho que sim. (ela fechou o sorriso) Apesar de que o senhor disse que eu não seria uma boa esposa.'

Syaoran (beijando o pescoço dela): 'Eu menti, você é a esposa mais perfeita deste universo.'

Sakura: 'Eu não sou casada.'

Syaoran: 'Claro que é.(ele a empurrou na cama ficando em cima dela) Você é a minha mulher.'

Sakura: 'Pare de brincadeira, nós não somos casados.'

Syaoran (não parando de a acariciar): 'Ainda...'

Sakura sorriu com o que ele tinha dito, ela já se sentia casada com ele, mas era seu sonho casar de forma tradicional no templo Tsukimini. Que mulher não sonha em se casar? A festa, os convidados, os votos de amor eterno, as alianças... tudo fazia parte da fantasia dela, ainda mais se casando com o homem da sua vida. Isso mesmo, como o homem, ela pensou sorrindo.

Meilyn começou com os seus ensaios para a peça do diretor Hieyro. Ela estava mais feliz que nunca, ensaiava até com o Kero! Que reclamava o tempo todo.

Kero: 'Como se não bastasse ser empregado domestico ainda tenho que ajudar esta encrenqueira nos ensaios!'

Ele falava isso da boca para fora, até porque estava adorando ajudar a chinesa nos ensaios, até tinha perguntado a ela se por acaso o tal diretor não tinha lugar para um tigre de olhos dourados que falava.

Tudo parecia ter voltado ao normal. Sakura observava as crianças brincando na hora do recreio. Ela sempre almoçava debaixo da cerejeira do pátio da escola primária de Tomoeda.

Voz: 'Antigos hábitos nunca mudam, não é Sakura?'

Sakura virou para o lado e viu sua amiga Rika ao lado da arvore. Ela era professora primária da escola e lecionava no antigo cargo do marido que se tornara diretor da escola.

Sakura: 'Então você se lembra que sempre almoçávamos aqui?'

Rika (se sentando ao seu lado): 'Como posso esquecer? Foram os tempos mais felizes da minha vida.' (disse sorrindo)

Rika não tinha mudado muito, continuava com o mesmo corte de quando criança, é claro que o seu corpo estava lindíssimo, mas seu rosto pouco mudara com o tempo. Ela passou uma das mãos na barriga que já estava um pouco grandinha.

Sakura: 'Como estão os preparativos para o neném?'

Rika (sorrindo): 'Estão ótimos, Yosiyuki queria que eu parasse de trabalhar, mas eu acho que seria pior. Não gosto de ficar em casa sozinha.'

Sakura: 'O diretor Terada gosta muito de você, ele está super feliz!'

Rika (vermelha): 'Eu sei. E você Sakura? Quando vai ter um seu e do Li?'

Sakura sentiu como se uma faca tivesse cravado em seu peito. Ela respirou fundo tentando controlar as lágrimas ao lembrar do filho que perdeu por imprudência. No fundo ela nunca conseguiu superar aquela perda.

Sakura: 'Eu... eu perdi um...'

Rika arregalou os olhos e fitou a amiga assustada.

Rika: 'Você chegou a ficar...'

Sakura: 'Na primeira vez que eu e Syaoran dormimos juntos... bem... a gente não pensou em se cuidar... então eu acabei grávida.'

Rika (fazendo um carinho no ombro da amiga): 'Ele sabe disso?'

Sakura confirmou com a cabeça ainda fitando a grama verde.

Sakura: 'Ele diz que nós vamos ter outros, mas eu sinto que sempre vai ficar faltando um...'

Rika (sorrindo docemente para a amiga): 'Claro que vocês terão outro... ou melhor, outros filhos, Sakura. É normal a mulher perder na primeira gravidez.'

Sakura: 'Além disso não nos casamos...' (ela falou com o ar um pouco ressentido)

Rika (tentando animá-la): 'Ah mais tenho certeza que assim que ele terminar a faculdade vocês se casam!'

Sakura (tentando abrir um sorriso): 'Tomara!'

O sinal bateu avisando que a hora do almoço tinha terminado. Sakura se levantou e ajudou Rika a se levantar com cuidado por causa do bebê.

Rika (sorrindo): 'Uma das melhores partes da gravidez é que todo mundo ajuda a gente. Até meus alunos não deixam mais eu pegar livros pesados.'

Sakura: 'Isso porque você é uma pessoa maravilhosa!'

Rika passou um braço nos ombros da amiga.

Rika: 'Você é que é muito especial, querida Sakura.'

Sakura sorriu e junto com Rika caminharam até o prédio principal.

Li caminhava apressado pelas ruas de Tomoeda, ele olhou para o relógio e constatou o inevitável, estava atrasado. Aquilo estava se tornando freqüente na vida dele, será que ele tinha pegado o vírus do atraso de Sakura. Ele nunca foi de se atrasar.

Voz: 'Olha só, se não é o chinês todo engravatadinho!'

Li parou de caminhar e olhou para onde vinha àquela voz familiar. Era Yoshida. Ele sorriu de lado e foi cumprimentar o antigo companheiro de cela.

Yoshida: 'Nunca pensei em vê-lo todo alinhado.'

Syaoran (afrouxando a gravata): 'Eu odeio isto.'

Yoshida: 'O que um cara como você ta fazendo vestido como um pingüim? Você tem talento cara, fica desperdiçando ele num escritório rodeado de almofadinhas!'

Syaoran (erguendo uma sobrancelha): 'Do que está falando?'

Yoshida: 'Tô falando de algo que rola muito...' (ele com a mão confirmando que era dinheiro)

Syaoran: 'Por acaso sua pena não terminava daqui a dois anos?'

Yoshida (fazendo uma careta): 'Redução de pena por bom comportamento.'

Syaoran: 'Sei? Bom comportamento?'

Yoshida: 'Você acha que eu fugi? Rá, o presídio tá pegando fogo, Tanaka foi mandado embora logo que o Watanabe foi preso e o tal juizinho... hehehehe... tá até agora tentando sair de lá.'

Syaoran (não contendo a felicidade): 'Mesmo?'

Yoshida: 'O seu advogado ferrou com ele direitinho. O grande mistério é como ele conseguiu tirar os documentos de dentro da sala do diretor.'

Syaoran (sorrindo de lado): 'Mágica.'

Yoshida (olhando para ele desconfiado): 'Tem o seu dedo nisso não é chinês?'

Syaoran: 'Eu tava preso com você, como poderia ter invadido o escritório daquele porco?'

Yoshida: 'É esta mesma pergunta que eu me faço.'

Syaoran: 'Tenho que ir agora, já estou atrasado.'

Yoshida (segurando o braço dele): 'Se quiser ganhar dinheiro como água, vá neste endereço depois da meia noite. (ele estendeu um papel sujo com um endereço escrito a lápis) Diga que você me conhece, que eles te deixaram entrar.'

Syaoran (franzindo a testa): 'O que tem neste endereço? Não é nada ilegal é? Não quero confusão mais com a policia!'

Yoshida (sorrindo de lado): 'O que você vai mais encontrar lá vai ser policiais... vai por mim.'

Syaoran: 'Não vou prometer nada.'

Li guardou o endereço no bolso do terno, deu um aceno com a cabeça para Yoshida e retornou ao seu caminho a firma Mishimura.

Sakura chegou em casa e viu Meilyn ensaiando com Kero na sala, os dois estavam empolgados, só na hora do beijo é que os dois viravam a cara mostrando a língua. Sakura se divertia com eles, apesar de discutirem e jurarem que se odiavam se davam tão bem, que Sakura pensou que perdeu o seu guardião para a amiga. Apesar de que seria egoísmo dela isso, Meilyn precisava mais de um guardião do que ela. Tomoyo estava preparando o jantar já que a nova estrela da família estava muito ocupada se preparando. Ela resolveu não atrapalhar passou pela sala e foi falar com a Tomoyo que estava cantarolando seu repertório.

Sakura: 'Gente, estou morando com um monte de artistas!'

Tomoyo (sorrindo para ela): 'Boa Noite, Sakura!'

Sakura (olhando as panelas): 'Que cheiro bom! Pena que o Syaoran ainda não chegou, estou morrendo de fome.'

A campainha tocou e Meilyn foi atender. Sakura e Tomoyo foram até a sala discutindo quem seria àquela hora.

Eriol: 'Boa noite.'

Sakura: 'Eriol! Que surpresa!'

A menina beijou o rosto do amigo com carinho. Meilyn deu um tchauzinho para ele e Tomoyo beijou o outro lado do rosto do rapaz, que sorriu para ela.

Kero: 'E o Suppy? Aquele covarde não vai dar as caras não?'

Eriol: 'Ele está na Europa, eu vim sozinho desta vez.'

Kero: 'Ele ta é fugindo de um confronto de Macross IX!'

Eriol: 'Na próxima vez ele com certeza virá.'

Tomoyo: 'Entra, Eriol. Jante conosco!'

O rapaz não pode recusar ao convite encantador da moça. Sorriu e aceitou o convite. Sakura contava as novidades sobre Meilyn e Tomoyo. O rapaz pensou que seria divertido viver com as três amigas de infâncias. Elas eram tão alegres e faceiras, ele sentiu até uma certa inveja de seu descendente. Kaho era uma ótima companheira, mas depois da doença ela não tinha a mesma vivacidade de antes, e por mais que ele se sentisse um crápula pensando assim, ele sentia falta daquela jovialidade. Apesar de ser a reencarnação de Clow ele não se sentia com a idade do velho mago. Ele era jovem, tinha 23 anos.

Li chegou logo em seguida para grande alegria de Sakura que estava morrendo de fome. O jantar foi animado, Meilyn deu uma palhinha de uma cena com Kero e Tomoyo cantou uma musica nova que estava pensando em colocar no seu repertorio, com os aplausos calorosos dos seus amigos, não teve mais duvidas se incluiria ela ou não no seu cd. Sakura contou alguns casos engraçados sobre os seus alunos na escola e Eriol algumas curiosidades sobre o mundo da magia. Era cômico ver a cara das três olhando fixamente para ele enquanto contava sobre casos de magia. Kero reclamava o tempo todo que aquela casa não tinha mais doces, as meninas agora viviam em dietas e Li, bem Li era um insensível para compreender a magia que um doce possuía.

Sakura e Meilyn prepararam um café para todos que estavam assistindo o jornal da noite, Li estava sentado na poltrona com os pés na mesinha de centro. Tomoyo e Eriol estavam sentados no sofá, conversando em voz baixa. Sakura estava servindo café para Li quando uma reportagem chamou atenção de todos.

Ancora: 'Continua o grande mistério em torno de terríveis assassinatos na pacata cidade de Tomoeda.'

Tomoyo: 'Cruzes!'

Eriol levantou uma mão pedindo silêncio para escutar a reportagem.

Ancora: 'A policia ainda não tem nenhuma pista de quem é o assassino que mutila suas vitimas. Especialistas ainda não conseguiram identificar a arma usada, cogitam que sejam garras de algum animal de grande porte. Tomoeda já passou por casos semelhantes a três anos atrás onde estudantes e moradores da redondeza da universidade de Tomoeda foram assassinados da mesma terrível forma. As autoridades acreditam que deva ser a mesma pessoa ou o mesmo animal. Infelizmente nenhuma vítima sobreviveu ao ataque. As autoridades pedem para os moradores evitarem sair sozinhos a noite e avisam que o policiamento já foi reforçado...'

Sakura: 'Isso é impossível, derrotamos o tal lobisomem. Será que outro voltou a passar por alguma brecha?'

Eriol: 'Talvez, como eu disse, as brechas são aleatórias.'

Tomoyo: 'Mas também disse que apenas demônios inferiores passam por ela. Um demônio que mata daquela maneira não pode ser inferior. Lembre-se que naquela época o tal Shyrai é que abria as brechas.'

Meilyn (se arrepiando toda): 'Nossa, como esta cidadezinha atrai demônios.'

Kero: 'Será possível que alguém tenha aberto uma brecha para ele passar?'

Eriol: 'É possível que ele também possa ter conseguido abrir ela pelo mundo das trevas.'

Sakura: 'Mas Syaoran disse que as brechas fixas são bem guardadas.'

Eriol: 'Não podemos nunca confiar num demônio.'

Assim que ele falou isso se arrependeu. Olhou discretamente para Li envergonhado.

Syaoran: 'Não precisa ficar sem graça, você não falou uma mentira. Nunca se deve confiar num demônio.'

Sakura (sentando no colo dele): 'O que acha que pode ser?'

Syaoran (balançando a cabeça): 'Não sei.'

Tomoyo: 'Mas lembre-se também que naquela época muitos criminosos aproveitaram a onda para praticarem crimes.'

Meilyn: 'Tomoyo tem razão! Talvez nem seja um demônio, apenas um louco.'

Sakura: 'Isso é verdade.'

Eriol: 'Não senti nenhuma presença maligna aqui em Tomoeda.'

Sakura: 'Eu também não.'

Syaoran: 'Talvez a minha presença camufle a dele.'

Tomoyo: 'Mas isso só acontece com demônios superiores.'

Syaoran (em tom divertido): 'Bem acho que esta é a minha categoria não é Hiragizawa?'

Eriol (sem graça): 'Sim.'

Sakura (dando um soquinho nele): 'Até nisso você tinha que ser o melhor, não é?'

Syaoran (sorrindo de lado): 'E você tinha alguma dúvida com relação a isso?'

Sakura: 'Bobo!'

Ele a beijou rapidamente. Sakura apoiou a cabeça no peito dele sorrindo e ele a enlaçou com seus braços. Eriol observava os dois discretamente.

Meilyn (se levantando do chão, onde estava sentada assistindo o jornal): 'Espero que esta onda de assassinatos não atrapalhe a minha brilhante estréia.'

Kero: 'Menos, guria, menos.'

Meilyn (depois de dar um cascudo nele): 'Pois saiba que a minha estréia vai ofuscar todas as outras atrizes do Japão!'

Tomoyo: 'Pelo jeito esta é a grande sina dos Lis, serem sempre os melhores... em tudo!'

Meilyn: 'O que posso fazer se está no sangue!'

Syaoran (olhando desconfiado para a prima): 'Nesta peça não vai ter cena proibida para menores não é?'

Meiyn (com as mãos na cintura e olhando debochado para ele): 'Meu querido primo, isso é Shakespeare.'

Syaoran: 'E daí?'

Meilyn: 'Isso é arte!'

Syaoran (se levantando com Sakura nos braços que sorriu com o galanteio do namorado): 'Bem, espero que esta sua arte não seja para menores, ou eu tiro você daquele palco pelos cabelos.'

Sakura (sendo colocada no chão por Li delicadamente): 'Ele tá brincando.'

Syaoran (sério): 'Não estou, e vocês sabem disso.'

Eriol (depois de um bocejo): 'Eu já vou indo.'

Tomoyo: 'Ainda está no hotel?'

Eriol: 'Sim, lá é bem confortável.'

Ele se despediu de todos e Tomoyo o acompanhou até a porta. Li subiu para o quarto junto com Sakura que também estava bem sonolenta. O rapaz estava ansioso para que a namorada dormisse logo, olhou discretamente para o relógio de pulso e viu que já eram quase onze e meia da noite. Sakura se trocou e deitou na cama esperando o namorado, que se deitou logo em seguida. Ela se abraçou a ele como sempre fazia.

Sakura (beijando de leve os lábios dele): 'Boa noite meu amor.'

Syaoran: 'Boa noite.'

Ela fechou os olhos e confortavelmente se aconchegou no peito do rapaz. Li puxou um dos seus ofurores.

Syaoran (baixinho): 'Deusa da noite, cubra-a com seu manto de sonhos.'

Uma névoa envolveu Sakura que caiu em sono profundo. Li delicadamente a afastou dele e a cobriu com o cobertor para não sentir frio. Colou o ofuror na cama para se certificar que a magia permanecesse até ele voltar. Ele não poderia contar com a sorte como das outras vezes. Sakura já tinha quase o flagrado por três vezes. Ela era tonta, mas não tanto.

Trancou a porta do quarto para que a noite Meilyn ou Tomoyo não viesse ao quarto e trocou de roupa, pegou o papelzinho como endereço que Yoshida tinha lhe dado e colocou no bolso da calça jeans. Em poucos minutos já estava pulando a janela do quarto e caminhando pelas ruas desertas de pacata Tomoeda.

Li parou em frente a uma enorme porta de ferro completamente enferrujada. Olhou para fora do beco escuro que estava. Bateu duas vezes na porta e ela foi aperta aparecendo um homem corpulento.

Syaoran: 'Sou conhecido do Yoshida.'

Homem (franzindo a testa): 'É você o tal chinês?'

Syaoran: 'Acho que sim.'

Homem: 'Imaginei que fosse mais forte. (ele abriu espaço para o rapaz entrar) Você não passa de um garoto.'

Syaoran: 'As aparências enganam.'

Li caminhou pelo estreito corredor com cheiro de mofo, ele podia ouvir uma enorme algazarra, parecia que estava entrando num campo de futebol como na época em que jogava pela irmandade KΩβ. Entrou no enorme auditório. No meio havia um ringue onde dois corpulentos homens lutavam. Um estava com uma espada e o outro com um machado. Li pode ver que eles estavam bem machucados, mas a platéia não esta muito preocupada com isso. Formada por sua grande maioria homens que gritavam e apostavam dinheiro, bebidas e drogas.

Syaoran: 'Onde fui me meter?'

Uma mulher o abraçou se esfregando no corpo do rapaz . Li a empurrou de forma educada, ele pode ver que ela não passava de uma menina.

Garota: 'Por 20 pratas posso enlouquecer você, garotão!'

Li sentiu o estomago dar voltas. Afastou-se dela com imenso nojo. Detestava homens que pagavam para dormir com meninas. Sentou-se num dos bancos ao lado de um homem que gritava inúmeras frações em dinheiro. Dava para ver que rolava muita grana ali. Ele voltou os olhos para o ringe e viu que o homem com a espada estava no chão, havia perdido a luta. Todos gritavam para matá-lo. Li franziu a testa. O que estava acontecendo? Aquilo não era a idade média! Não existem gladiadores nesta época. O rapaz se levantou para ver o que o outro faria, começou a caminhar devagar em direção ao ringue desviando dos inúmeros telespectadores, que gritavam que queriam o seu dinheiro ou para matar o desgraçado que os fez perder fortunas. Olhou para o ambiente e pode ver que havia uma janela de vidro com quatro homens que estavam sentados confortavelmente rodeados de mulheres lindíssimas. Pareciam ser os manda chuvas do tal ringue. O que estava no meio, fez um sinal de execução, os torcedores foram a loucura. Ele começou a correr mais rápido, sabia que estava se metendo numa fria, mas não presenciaria um assassinato sem fazer nada. O homem com machado levantou a arma pronto para cortar o outro ao meio, Li entrou no ringue e pulou na direção dele lhe dando um forte chute nas mãos forçando-o a soltar a arma, ela caiu a centímetros do homem desfalecido no ringue.

Lutador (olhando para ele): 'Fedelho, vai se arrepender de ter se metido nisso.'

O grande homem correu na direção de Li que desviou dos golpes, ele pode ver os gritos dos torcedores.

Syaoran: 'Não quero lutar com você.'

Lutador (tentando socar ele): 'Vai implorar por sua vida, fedelho.'

Syaoran (segurando o braço dele): 'Você está machucado e ferido, não tem graça lutar contra você.'

Li apertou o pulso dele com força. Fazendo o lutador se retorcer de dor. Ele olhava para aquele garoto que era quase metade dele. O olhar frio e perverso fez o lutador sentir calafrios por todo o corpo, por fim se afastou de Li, que deu as costas e saiu do ringue. O lutador também se recolheu por uma porta pequena abaixo do janelão com os figurões. Dois homens pararam ao lado de Li com armas em punho.

Homem: 'Garotão, o senhor Key quer falar com você.'

Syaoran (já decidido a ir embora): 'Pois diga a ele que já estou de saída.'

Homem (segurando o braço do garoto): 'Você não entendeu, ele não quer, ele está mandando.'

Syaoran: 'Ninguém manda em mim.'

Li já estava pronto para começar mais uma luta quando Yoshida veio ao encontro deles amigavelmente.

Yoshida: 'Não acreditei quando te vi no ringue, chinês! Você sempre chega em grande estilo não é?'

Os homens se entreolharam.

Yoshida (para eles): 'Diga que o meu amigo aqui já vai falar com o senhor Key, podem ir.'

Os dois se afastaram deixando Yoshida e Li sozinhos no meio da multidão. De vez em quando alguém passava xingando Li pela interferência na luta.

Syaoran: 'Que furada você me meteu.'

Yoshida (passando um braço nos ombros do rapaz): 'Vamos falar com o senhor Key, tenho certeza que ele te dará uma chance numa luta.'

Syaoran: 'Eu não quero lutar, não sou um lutador.'

Yoshida: 'Fala sério, chinês! Você luta como aqueles carinhas nos filmes! Será um sucesso, é dinheiro garantido, é muito dinheiro garantido! Além de mulheres!!!'

Syaoran: 'Eu já tenho mulher, vou indo.'

Yoshida: 'Apenas veja as possibilidades! Você não precisa matar ninguém, só ir lá lutar, ganhar e se endinheirar!'

Syaoran: 'Quanto?'

Yoshida: 'Quanto o que?'

Syaoran: 'Quanto de dinheiro?'

Yoshida (com um sorriso): 'Muito, cada luta dessa aí se ganha quase 20 mil.'

Li se sentiu tentado, estava devendo dinheiro para Hiroshi e com o salário do estagio não conseguiria juntar nunca o dinheiro necessário, em uma luta apenas poderia conseguir o suficiente para saudar as suas dividas.

Syaoran: 'Está bem.'

O ex-companheiro de cela o acompanhou até o encontro com o tal senhor Key. Li entrou na luxuosa sala, bem diferente do lixo que era os outros ambientes daquele ringue clandestino. Havia realmente quatro homens naquela sala. Um velho, quase caindo aos pedaços, dois novinhos que bebiam como loucos enquanto mexiam com as mulheres que os rodeavam e um de meia idade. Ele parecia um ex-lutador pois tinha um porte forte apesar da idade. Ele se levantou encarando Li com um sorriso.

Key: 'Seja bem vindo, Chinês. Yoshida falou muito sobre você.'

O rapaz olhou de relance para Yoshida que se mostrava nitidamente ansioso.

Yoshida: 'Ele quer lutar!'

Syaoran: 'Uma vez. Quero lutar uma vez só.'

Rapaz: 'Quem lhe disse que o meu pai lhe dará uma chance?'

Key levantou a mão pedindo para o filho se calar, este obedeceu a contra gosto.

Key: 'Só se ganha dinheiro quando se ganha, garoto. Como pode saber que irá ganhar em apenas uma luta?'

Syaoran: 'Não preciso de muito.'

Key: 'Precisa de quanto?'

Syaoran: 'Yoshida disse que posso ganhar 20 mil.'

Key (rindo): 'Isso quando vence um dos meus melhores lutadores.'

Syaoran: 'Bem, então eu o venço. Só não mato.'

Rapaz (rindo com gosto): 'É um idiota metido! Você não tem chance de ganhar um lutador de elite.'

Key (um pouco impaciente): 'Cala a boca Taiki.'

O rapaz retorceu todo o rosto com raiva do pai, detestava quando este o tratava como uma criança ainda.

Key (voltando-se para Li): 'Soube que mandou Touhu para o hospital por duas vezes, ele era um dos meus melhores homens, pena que não soube se cuidar com a policia.'

Li estava ficando impaciente, aquela conversa mole não era para ele.

Syaoran (se virando): 'Bem, então acho que é só. Foi um prazer conhecê-lo, senhor Key.'

Key (olhando para ele com interesse): 'Não acha que é muito novo para ser tão arrogante?'

Syaoran (sem se virar): 'Este é um dos meus piores defeitos.'

Key: 'Lhe darei esta chance. Vença Shoo e ganhará 15 mil.'

Yoshida: 'Mas eram 20!'

Key (lançando um olhar furioso para o homem): 'Ele é novato.'

Syaoran (se virando para ele): 'Está bem, quando eu luto?'

Key: 'Está com pressa?'

Syaoran: 'Sim.'

Key o observava com imensa curiosidade, era difícil acreditar que aquele garoto tinha mandado alguém do tamanho de Touhu para o hospital.

Key (se aproximando dele): 'Aceita um cigarro?'

Syaoran: 'Se está oferecendo.'

Uma mulher se aproximou oferecendo cigarros, Li pegou um e ela o acendeu. Ele deu uma longa tragada.

Key: 'Minha mulher sempre dizia que eu morreria por isso.'

Syaoran (sorrindo de lado): 'Eu não tenho este problema.'

Key: 'Sua luta começará daqui a uma hora. Que arma prefere usar?'

Syaoran: 'Esqueci a minha espada.'

Key: 'Pode usar outra.'

Syaoran (depois de soltar a fumaça que tinha nos pulmões): 'Não há necessidade.'

Key (sorrindo para ele): 'Acho que nos daremos muito bem. Yoshida o chamou de chinês. É de onde da China? Viajo muito para lá. Tem mercadorias de ótimas qualidades. Além de ótimas mulheres. '

Syaoran: 'Hong-Kong.'

Key: 'Bonita ilha.'

Syaoran: 'Deve ser. Saía muito pouco.'

Key (observando ele com atenção): 'Vamos ver como será a sua luta, chinês. Realmente estou muito interessado em lhe ver lutando.'

Syaoran (sério): 'Depois da luta, venho buscar o dinheiro com você?'

Key (sorrindo): 'É muito otimista rapaz.'

Syaoran (caminhando para a saída): 'Sou prático, não quero ficar procurando com quem tenho que pegar o meu dinheiro depois. Ah sim (ele se virou para Key novamente) Quanto tempo quer que dure a luta?'

Taiki: 'Quanto tempo você durar!'

Syaoran (desviando os olhos para o rapaz): 'Cinco minutos está bom. (Ele se virou novamente saindo do recinto) Valeu pelo cigarro.'

Os homens observaram o rapaz sair acompanhado de Yoshida que estava entusiasmadíssimo, talvez porque apenas ele tinha visto o chinês lutando. Ele já estava falando em quanto poderia apostar nele e sonhando em ficar rico. Li apenas sorria de leve apreciando o cigarro que fumava.

Continua...