Capitulo 13: Cinco minutos
Li olhava para os outros lutadores que estavam se preparando no apertado vestuário. Ele amarava uma faixa no punho para protegê-lo. Observou que pelo jeito alguns tinham mais mordomias que os outros. Alguns estavam tentando se tratar dos ferimentos. Li procurava pelo tal de Shoo, não gostava de tratar com o inesperado, mesmo que soubesse que a vitória já era dele, ele tinha matado inúmeros demônios, um humano, mesmo que forte era um adversário ridículo.
Syaoran (acendendo outro cigarro): 'Espero que o infeliz dure pelo menos os cinco minutos. Acho que vou ter que maneirar.'
Yoshida se aproximou dele esfregando as mãos.
Yoshida: 'Você é o próximo, chinês. Vê se não me decepcione. Apostei todo o meu dinheiro em você.'
Syaoran: 'Não vá se acostumando com isso.'
Yoshida (sentando a sua frente): 'Posso fazer uma pergunta? Sem ofendê-lo, chinês.'
Li desviou os olhos para ele enquanto dava mais uma tragada no cigarro barato que tinha comprado naquele lugar.
Yoshida: 'Aquela ruivinha sabe que você ta aqui?'
Syaoran: 'Será só por hoje. Vou avisar que se me procurar outro dia comentando sobre hoje, eu vou quebrar o seu pescoço.'
Yoshida (se levantando): 'Não precisa se preocupar com isso, Chinês. Nunca mais nos encontraremos depois desta noite.'
Syaoran: 'Ótimo. Quando for a hora me chame'.
Yoshida (se afastando): 'Certo.'
Yoshida literalmente colocou o rabo entre as pernas e se afastou, Li se encostou na parede com as pernas para cima do banco de madeira e voltou a fumar em paz esperando ser chamado. Um homem se aproximou dele seguido por outros dois.
Homem: 'Você é o desafiante do Shoo?'
Syaoran (sem se virar para ele): 'Acho que sim.'
Homem: 'Não sabe com quem está se metendo, garoto. Shoo não costuma ser muito legal com os novatos.'
Syaoran (sorrindo): 'Não se preocupem, ele vai sair inteiro. Eu acho...'
Homem: 'Idiota! Quero ver este sorriso quando sair do ringue direto para um necrotério.'
Syaoran: 'Obrigado pela preocupação.'
Homem: 'O senhor Key mandou escolher uma arma.'
Li finalmente virou-se para ele e viu que os dois homens carregavam inúmeras armas.
Syaoran: 'Qual a arma que o tal Shoo usa?'
Homem: 'Facas.'
Syaoran: 'Sei. Bem, não tem nenhuma que me agrade, gosto apenas de lutar com a minha espada mas como eu a esqueci prefiro lutar sem nada.'
Homem: 'Idiota.'
Syaoran: 'Era só isso?'
Homem: 'Vou adorar ver a sua arrogância cair no chão sangrando e implorando pela sua vida miserável.'
Syaoran: 'Estou lisonjeado pela sua atenção.'
Os três se afastaram rogando praga para o rapaz. Li olhou para o relógio sujo como tudo daquele ambiente. Já eram quase três da manhã, tinha que chegar pelo menos antes das seis, Sakura costumava acordar por este horário para ir até a escola. Yoshida se aproximou dele para avisar que já estava na hora. Li se levantou, jogou o cigarro no chão e o apagou com a sola do tênis. Acompanhou o ex-detento até a porta que levava para o ringue. O rapaz entrou no salão e foi recebido por uma forte onda de vaias. Pelo jeito o tal Shoo era bem popular. Um homem de meia idade anunciava a luta, apresentou Li apenas como Chinês o que lhe deu um certo alivio, imagina se um dia os anciões imaginassem que um Li estava naquele lugar. Ele esticou os braços para relaxar as costas, aquela gritaria estava começando a irritá-lo, se pudesse invocaria logo uma barreira para impedir de ouvir aqueles gritos.
Syaoran (para Yoshida): 'Conta ai, quando der cinco minutos de luta, me avisa.'
Yoshida (que estava abaixo dele no ringue): 'Tudo bem.'
O tal apresentador chamou Shoo, que entrou em grande estilo, realmente era muito popular, Li começou a sentir uma certa pena dele, não seria legal o humilhar tão fácil. Shoo não era tão corpulento mas era bem alto e esguio. Tinha várias cicatrizes no corpo, mostrando que lutara muito. Na sua cintura havia um grande cinto com inúmeras facas, de tudo quanto era tamanho e estilo. Ele encarava Li de forma debochada imaginando o que um rapazinho daquele poderia fazer contra ele. O apresentador começou a luta, Li estalou as mãos tentando relaxar, ele não queria que a luta tivesse apenas um minuto, seria arriscado demais além de sem graça.
Shoo pegou uma faca média e avançou nele, Li desviou dos ataques e bloqueou alguns, por fim desarmou ele com um chute. Afastou-se um pouco, esperando pelo próximo ataque do manipulador de facas. Shoo pegou duas desta vez e começou a atacar Li, este desviava enquanto dava alguns socos no rosto e no estomago do adversário. Com um gancho mais forte, Shoo voou longe caindo no chão. A platéia ficou muda por alguns segundos observando Shoo levantar com dificuldade.
Shoo (limpando o sangue da boca): 'Não sei como fez isso, mas vai pagar caro, chinês.'
Ele veio com tudo para cima de Li, o rapaz pensou que até que não era um adversário tão ruim assim, resolveu entrar no clima e dar mais emoção a platéia, tentando maneirar nos seus golpes. Li desviava das facas de Shoo, ao mesmo tempo que lhe desferia alguns chutes e socos. Quando deu os cinco minutos, Yoshida gritou por Li.
Syaoran: 'Sinto muito, nossa luta termina aqui.'
Shoo: 'Pode ter certeza que sim.'
Shoo correu na direção dele, Li se abaixou evitando ser atingido pela enorme faca, com uma rasteira com as pernas atingiu Shoo que se desequilibrou e caiu, porem antes deste atingir o chão, Li desferiu um forte chute nas costas dele que voou até o outro lado do ringue caindo finalmente desacordado. Li se levantou relaxando os ombros. O estádio todo estava em silencio, apenas Yoshida gritava.
Yoshida: 'Eu disse que ele era bom! Eu disse! To rico! Rico!'
O apresentador chegou perto de Shoo e levantou um braço dele mole. Vendo que o infeliz estava completamente desfalecido olhou atordoado para a janelona onde Key estava em pé observando a luta.
Key: 'Finalmente eu encontrei.'
Rapaz: 'Encontrou o que senhor?'
Key (com um sorriso): 'Quem vai me substituir.'
Taiki: 'Eu é que vou substituí-lo, pai!'
Key: 'Não me faça ri! Você mão tem fibra garoto.'
Taiki engoliu seco. Key voltou-se para o apresentador e com um aceno fez ele confirmar a vitória de Li. O estágio foi a loucura aplaudindo Li que olhou incomodado para a muldidão, ele gostava de lutar, mas detestava publico. Virou-se para o janelão e viu Key pedindo para que viesse a ele.
O apresentador tentou levantar o braço de Li mas o rapaz se afastou incomodado, deu um tímido aceno para a platéia, deixando as mulheres entusiasmadíssimas e pulou para fora do ringue.
Yoshida (querendo o abraçar): 'Eu te amo, cara! Eu te amo!'
Syaoran (se afastando dele): 'Tá maluco!'
Yoshida estava tão feliz que se afastou cantarolando. Li atravessou a multidão que tentava o cumprimentar pela vitória. Ele atravessou a estreita porta e começou a caminhar pelo corredor que levava até a escada para subir ao segundo andar. Ao mesmo tempo em que caminhava rápido começava a desamarrar as faixas das mãos, ele pegaria o dinheiro e cairia fora o quanto antes. Já eram quase cinco da manhã. Ele entrou no salão e encarou Key.
Syaoran: 'Eu adoraria bater um papo, mas estou com pressa. Quero o meu dinheiro agora.'
Key (caminhando em direção a ele sorrindo): 'Calma rapaz, seu dinheiro será entregue a você, mas tente entender que uma quantia alta desta maneira não se guarda num lugar como este.'
Syaoran (irritado): 'O combinado era que eu o pegasse depois da luta.'
Key: 'Que inclusive durou exatamente cinco minutos. (ele cerrou os olhos no rapaz) Poderia ter durado um minuto não é? Ou quem sabe segundos?'
Syaoran: 'Isso não vem ao caso.'
Key (repousando a mão no ombro dele): 'Você não é um lutador qualquer, você é um guerreiro, não é? (ele caminhou em volta do rapaz o analisando) Não pensei que existisse mais como você.'
Syaoran: 'Isso não importa.'
Key: 'Seu dinheiro será entregue daqui a dois dias. Dou-lhe minha palavra.'
Syaoran (depois de um longo suspiro): 'Está bem. (olhando sério para ele) Mas se tentar me enganar eu juro que vai se arrepender.'
Taiki (se levantando): 'Olha como fala com o meu pai!'
Key: 'Não se meta, Taiki!'
Taiki (revoltado): 'Ele te desacatou!'
Key: 'Você não vai querer brigar com ele não é?'
O rapaz olhou para o chinês pensando que realmente não era uma boa lutar corpo a corpo contra ele, a luta que acabava de assistir e que deixara seu queixo no chão era um bom exemplo de que o chinês poderia lhe cortar ao meio com chutes e socos.
Syaoran: 'Daqui a dois dias eu volto e quero os meus 15 mil.'
Key: 'Eles estarão aqui.'
Syaoran (caminhando em direção a porta): 'Até!'
Li saiu pela porta, Key observou a porta fechada com um imenso sorriso nos lábios, Taiki pensou que nunca havia visto o pai tão feliz.
Taiki: 'Não acha este chinês estranho?'
Key: 'Ele é um guerreiro, meu filho. Eu nunca tive a chance de conhecer um e pensei que nunca tivesse esta oportunidade.'
Taiki: 'Para mim ele não passa de um moleque arrogante.'
Velho (finalmente, eu pensei que ele tava morto!): 'Seu pai está certo, estes guerreiros são raros, ainda mais soltos no mundo. A maioria trabalha para o governo ou são lideres de famílias tradicionais.'
Key: 'Concorda comigo então Takwa?'
Takwa: 'O estilo dele de luta não deixa duvidas, apesar de que senti um pouco de crueldade em seus golpes, ele provavelmente também é um assassino.'
Taiki: ' Assassino? Mas ele fez questão de frisar que não mataria!'
Takwa: 'Por isso mesmo, ele não mata por diversão, os guerreiros costumam ter senso de honra.'
Taiki: 'Senso de honra? Sei... e o que um guerreiro destes, todo poderoso, faz num lugar como este?'
Key: 'Ele é jovem... muito jovem...'
Takwa: 'Provavelmente recebeu treinamento pela família mas se revoltou, sim... vi muita arrogância não apenas nos seus atos como nos seus olhos.'
Rapaz: 'Para mim ele não passa de um revoltado.'
Taiki: 'Kyoota, está certo! Ele parece completamente transtornado! Viu a pressa que estava para ir embora?'
Takwa (sorrindo maliciosamente): 'Acredito que provavelmente tenha vida dupla.'
Key (sorrindo): 'Yoshida soltou que ele tinha uma garota, provavelmente ele está escondendo dela a sua outra face.'
Kyoota: 'Isso prova que é um idiota! Deixar que uma mulher controle sua vida, enquanto que há tanta que podemos controlar!' (os dois moços riram com gosto)
Key: 'Vamos ver até quando ele consegue esconder dela.'
Takwa: 'É bom ninguém mexer com ele. (o velho olhou para os dois rapazes) Se prezam a vida de vocês, é melhor não o irritarem. Do mesmo modo que ele pode nos dar rios de dinheiro, pode nos mandar para o inferno em um segundo.'
Taiki: 'Não existe mais forte ou mais fraco depois que inventaram as armas senhor Takwa.'
Takwa (sorrindo de lado): 'Deveria ter ensinado ao seu filho, senhor Key que um homem pode estar armado em um segundo e desarmado em outro.'
Key (dando um cascudo no rapaz): 'Quem disse que eu não tentei colocar alguma coisa na cabeça dele?'
Takwa (se levantando): 'Bem, eu vou agora, lembre-se que amanhã temos nossa pequena reunião com nosso outro sócio.'
Key: 'Sim, claro. Preciso mesmo falar com ele, não tenho capital limpo agora para oferecer ao chinês.'
Takawa (caminhando com a ajuda de uma bengala): 'Até amanhã.'
Li pulou a janela do quarto e observou sua namorada dormindo profundamente sobre sua magia, seus olhos passaram pelo relógio de cabeceira, cinco e meia. Ele atravessou o quarto e foi até o banheiro tomar um banho, ele sabia que estava fedendo a suor e cigarro. Tomou um rápido banho e se deitou ao lado dela, sem antes rasgar o ofuro que a mantinha dormindo. Ela se mexeu um pouco rolando para o seu lado e o abraçando. Li sorriu e a abraçou, se sentiu um crápula por ter usado magia nela, mas não poderia correr o risco dela acordar novamente durante a noite. Ele beijou sua testa e fechou os olhos para descansar.
Sakura acordou logo depois com o despertador, ela se esticou para desligar ele e abriu os olhos sorrindo por sentir os braços do namorado envolta do seu corpo. Abriu os olhos e viu Li dormindo profundamente. Ela beijou levemente os seus lábios e o fitou por alguns segundos, ela o amava tanto. Passou uma das mãos no rosto dele e sentiu a áspera barba por fazer da sua face, Li tinha mudado muito com os anos, em pouco lembrava o garotinho que ela conhecera no primário. Sakura lembrou-se de como sentiu medo e raiva dele quando Li a chamou de fraca porque não conseguira capturar a carta Trovão nos telhados de Tomoeda. Quando ela poderia imaginar que aquele garoto arrogante se tornasse o homem que a completaria. Ela se espreguiçou e delicadamente tirou o braço de Li que estava a envolvendo, se levantou para preparar o café da manhã. Tomoyo acordou logo em seguida junto com Meilyn que estava aflitíssima pois hoje seria a primeira prova do figurino.
Meilyn (cozinhando as panquecas): 'Ué, não estou ouvindo barulho do quintal. O Xiao Lang não está treinando?'
Sakura (fazendo o suco de laranja): 'Não, quando eu acordei ele estava dormindo ainda. Assim que quando o café estiver pronto eu o acordo para ir a faculdade.'
Tomoyo (arrumando a mesa): 'Estranho, o Li nunca foi de deixar de treinar, mesmo em dia de chuva ou neve.'
Sakura (dando os ombros): 'Ele está muito cansado, deixe-o descansar um pouco. Estudar e estagiar não está sendo muito fácil para ele, seria bom que parasse de treinar um pouco e se dedicasse a faculdade.'
Meilyn (balançando a cabeça): 'Tem alguma coisa errada, ele ta agindo diferente.'
Tomoyo: 'Meilyn tem razão. O Li ta muito diferente.'
Sakura: 'Diferente como?'
Meilyn: 'Como você é tonta! Não está vendo que ele vive se atrasando agora! Desde que eu me conheço por gente, ele nunca se atrasou.'
Sakura: 'Depois de tudo que ele passou, não posso ficar dando bronca nele porque ele se atrasa alguns minutinhos. Além disso, quem sou eu para falar sobre atraso?'
Tomoyo: 'É diferente, você sempre se atrasa, isso já é normal, agora o Li...'
Meilyn: 'Tem ainda este negócio dele ter exagerado na bebida e ter feito aquele escândalo.'
Sakura (vermelha): 'Nem me lembre.'
Meilyn: 'Xiao Lang nunca foi de beber, a não ser socialmente, mesmo assim ele sempre foi muito moderado. Nunca o vi daquela maneira.'
Sakura: 'Nem nas festas da faculdade...'
Tomoyo: 'Ele tem te tratado diferente?'
Sakura: 'Diferente?'
Tomoyo: 'É!'
Sakura (colocando o suco na jarra): 'Não, ele é o mesmo.'
Tomoyo (quase ao ouvido da menina): 'Ele não mudou nada com você?'
Sakura (sem graça): 'Mudar como Tomoyo?'
Meilyn: 'Ai como você é tonta!!!! Ela ta falando se ele tem feito aquilo com você de maneira diferente!'
Sakura engoliu seco, detestava falar a intimidade dela e de Li para outras pessoas, mesmo quem ela considerava da família. Como poderia dizer que Li tinha ficado mais possessivo e menos carinhoso com ela desde aquele dia em que ele flagrou a sua imagem dormindo com o ex-noivo.
Sakura (mentindo): 'Ele tem sido o mesmo.'
Tomoyo: 'Está mentindo.'
Sakura (virando-se para a amiga): 'Claro que não!'
Meilyn: 'Ele não está te machucando não né?'
Sakura: 'Parem com isso!? Vocês acham que ele me machucaria?'
Tomoyo: 'Estamos preocupadas com você, Sakura.'
Sakura (saindo da cozinha): 'Pois não se preocupem.'
A menina deixou as duas amigas na cozinha e começou a subir as escadas para o segundo andar. Ela entrou no quarto e viu que Li ainda dormia profundamente. Delicadamente o sacudiu um pouquinho para acordar.
Sakura (ao ouvido dele): 'Syaoran... acorda amor, se não vai se atrasar para a aula.'
Ela teve que insistir um bom tempo para ele dar sinal de vida.
Syaoran: 'Eu vou mais tarde para a faculdade, me deixe dormir mais um pouco.'
Sakura (franzindo a testa): 'Você vai matar as primeiras aulas?'
Syaoran (abraçando o travesseiro): 'É aula de Marketing, moleza, depois pego com alguém.'
Sakura olhou para ele preocupada, realmente Meilyn e Tomoyo estavam certas, Li estava se comportando de maneira muito estranha. Resolveu não insistir para não irritá-lo. Saiu do quarto e ficou um tempo parada na porta observando ele dormir.
Sakura: 'O que está acontecendo com você, meu amor?'
Uma lágrima desceu pela bochecha dela mas a menina a secou rapidamente, não queria preocupar mais as amigas. Desceu para tomar o seu café.
Meilyn e Tomoyo estavam já sentadas na mesa tomando o café. A chinesa lia o jornal procurando alguma coisa sobre as estréias no teatro enquanto Tomoyo a manchete daquele dia.
Sakura (se sentando a mesa): 'Ele pediu para dormir mais um pouco.'
As duas se entre olharam e depois fitaram a amiga.
Sakura (sorrindo sem graça): 'Ele só está cansado.'
Elas deram os ombros. Não adiantaria falar nada para quem não queria ver. Sakura se serviu de suco de laranja e panquecas, Kero apareceu logo em seguida da sua gaveta quarto para tomar o desjejum.
Meilyn: 'Ah só aparece para comer, né bicho de pelúcia!'
Kero (pousando na mesa e já se servindo): 'Pois saiba que eu tive uma noite muito agitada, encrenqueira.'
Meiyn (debochando): 'Com certeza, os seus pesadelos com doces assassinos formam muito desgastantes.'
Tomoyo e Sakura riram discretamente da piada, irritando Kero.
Kero: 'Pois saiba, garota, que eu, o poderoso Kerberus, estava rondando a cidade junto com aquele insuportável do Ywe para ver se achávamos o tal assassino.'
Tomoyo (mostrando o jornal): 'Pelo jeito não o encontraram, ele fez outra vitima esta madrugada.'
Sakura (pegando o jornal das mãos da amiga): 'Outra? Meu Deus! Esta já é a oitava pessoa encontrada morta.'
Meilyn (se arrepiando toda): 'Nossa, lá na China não tinha destas coisas!'
Sakura (lendo a manchete): 'Oitava vitima encontrada mutilada pelo assassino cruel.' (ela continuou a ler a reportagem em silencio)
Kero: 'Infelizmente não achamos nada, nem a presença dele sentimos.'
Meilyn: 'Vocês devem é estar enferrujados.'
Tomoyo: 'Tem certeza, Kero? Um demônio deste não poderia esconder tanto a sua presença.'
Kero: 'Ywe falou a mesma coisa. Mas não sentimos a presença de nenhum demônio na cidade, a não ser a presença do moleque.'
Sakura: 'Tá querendo insinuar que ele...'
Kero (interrompendo a mestra, pois via sua cara de raiva): 'Claro que não! O moleque pode ter os seus defeitos mas não é um assassino!'
Meilyn (dando um cascudo na cabeçona de Kero): 'É bom mesmo não insinuar nada, bola de pêlo!'
Kero: 'Hei! Eu só falei o que senti.'
Sakura (dobrando o jornal e o colocando de lado): 'Acho que vou ter que começar a voltar a fazer ronda na cidade a noite. Droga, eu detestava andar a noite pelas ruas.'
Tomoyo (se levantando): 'Ai eu vou ter a oportunidade de lhe filmar novamente, que emoção!'
Meilyn (com uma imensa gota na cabeça): 'Tomoyo, não acha que é meio arriscado?'
Tomoyo: 'Uma câmera-woman tem que estar sempre preparada para enfrentar o perigo em suas filmagem. (a menina juntou as mãozinhas em posição teatral) Eu vou poder voltar a fazer os meus modelitos especiais para batalhas....'
Sakura: 'Menos Tomoyo... menos...'
Tomoyo não ouviu muito, estava dando aquelas risadinhas doidas que ela costumava dar quando criança quando esta ansiosa para filmar a amiga. (já repararam nas risadinhas dela? Cara, era muito engraçado!!! Eu morria de rir da cara de maluca que ela fazia!)
Meilyn: 'Não adianta falar com ela agora, ela não vai ouvir nada.'
Sakura (balançando a cabeça): 'Tem razão.'
Kero (de boca cheia): 'Ué onde está o moleque? Ainda não acordou?'
Sakura (sem graça): 'Ele está cansado, pediu para dormir um pouco.'
Kero: 'Que pena, queria perguntar para ele se encontrou alguma coisa ontem.'
Sakura (sem entender): 'Encontrou? Como assim Kero?'
Kero (sem dar muita atenção a preocupação da sua mestra): 'Ontem quando eu cheguei vi ele pulando a janela do seu quarto, deve ter ido fazer uma ronda também.'
Sakura: 'Ele saiu a noite?:'
Kero: 'Provavelmente, né Sakura!'
Sakura (estranhando): 'Estranho, eu não vi que ele tinha saído.'
Kero: 'Claro! Você dorme que nem uma pedra.'
Meilyn: 'Isso eu tenho que concordar com ele.'
Meilyn e Kero conversavam animadamente sobre a peça de teatro e os ensaios e Tomoyo estava já desenhando seus novos modelitos no guardanapo de papel. A menina se levantou da mesa ainda com a cabeça dando voltas, era a quarta vez que ela pegava Li saindo de madrugada. Levando-se em conta que realmente tinha um sono pesado provavelmente ele já tinha dado estas escapulidas pela noite um bom número de vezes. Um calafrio percorreu o corpo da moça, deixando todos os seus pêlos arrepiados, Kero tinha razão, apenas a presença de Li é que estava cada vez mais forte, ela não sentia a presença de nenhuma outra criatura ou ser das trevas ou qualquer outra presença mágica, isso claro, tirando seu amigo Eriol que estava na cidade. Ela balançou a cabeça para dissipar os pensamentos.
Li estava sentado em frente ao seu computador, ele não estava com a menor vontade de fazer aquele relatório chato e repetitivo. Olhou para o lado e viu Saito trabalhando como rosto vidrado na tela do computador. Deu um longo suspiro e afrouxou o nó da gravata, hoje em especial aquilo estava incomodando ele demais.
Voz (ao seu ouvido): 'Está doente, Li?'
O rapaz levou um susto e realmente quase caiu da cadeira. Olhou para trás e viu Mishimura sorrindo para ele. Ela se debruçou na mesa do rapaz ficando quase de frente a ele.
Akami: 'Não o encontrei na faculdade esta manhã, faltou?'
Syaoran (passando a mão no cabelo): 'Sim, não estava me sentindo bem.'
Akami (colocando a mão na testa dele): 'Deixa eu ver se está com febre.'
Li levantou as sobrancelhas fitando a menina. Ela deslizou sua mão no rosto do rapaz de forma carinhosa.
Akami: 'Está um pouco quente, não quer ir para casa descansar? Eu posso levar você até lá.'
Saito que olhava discretamente para o casal tossiu alto e sorrindo maliciosamente.
Syaoran: 'Não precisa, eu estou bem.'
Akami: 'Tem certeza?'
Ele confirmou com a cabeça voltando os seus olhos para o computador.
Akami: 'Vou preparar um chá para você então.'
Li falou que não precisava mas a menina não deu ouvidos saindo do escritório.
Saito: 'Nossa, ela gamou em você. Também depois daquela festa!' (terminou soltando uma longa gargalhada)
Syaoran: 'Nem me fale daquilo, nunca paguei tanto mico na minha vida.'
Saito: 'Relaxa, cara! A mulherada foi a loucura com você. Acho que vou começar a malhar também.' (ele falou observando a si próprio)
Syaoran (se esticando na cadeira): 'Já estou de saco cheio de fazer sempre a mesma coisa.'
Saito (erguendo uma sobrancelha): 'Tá falando sério?'
Syaoran (balançando a cabeça): 'Não precisa de um estagiário para fazer isso e sim de um robô.'
Saito (rindo): 'Não exagera.'
Syaoran (se levantando): 'Acho que vou para cobertura fumar um pouco.'
Saito: 'Desde quando está fumando?'
Syaoran: 'Sei lá.'
O rapaz saiu do escritório e chamou o elevador para subir a cobertura do prédio, apenas lá era permitido fumar. O rapaz se debruçou na grade apreciando a vista de cidade e tirou um maço de cigarro do bolso interno no terno, pegou um e o acendeu. Sakura o mataria se soubesse que tinha pego este vicio. Ela detestava tudo que fosse contra a boa saúde.
Voz: 'Ora, ora... encontrei quem eu queria.'
Syaoran reconheceu a voz grave do dono da firma, virou-se para trás e se deparou com o senhor Mishimura e os seus dois sócios, não resistiu em dar um leve sorriso debochado ao ver o poderoso senhor Key e o velho. O rapaz jogou o cigarro no chão e pisou nele para apagar o fogo.
Mishimura: 'Gostaria muito de apresentar este rapaz, foi ele que me salvou naquele terrível episódio dos terremotos, aquele que comentei com vocês a pouco tempo.'
Key (ao ouvido dele): 'Ah sim o rapaz que roubou o coraçãozinho da minha afilhada.'
Mishimura (sorrindo): 'Este mesmo.'
Key (sorrindo cinicamente): 'Então o rapaz aqui é um herói.'
Mishimura (com um largo sorriso): 'Sim! E o melhor estagiário na área de administração do meu escritório.'
Takwa: 'Não me diga. (olhando para o rapaz) Vejo que tem muitas qualidades, rapaz.'
Syaoran (entrando no jogo deles): 'Nem tantas.'
Mishimura (se aproximando): 'Deixe eu os apresentar. Li estes são os meus sócios, senhor Key e senhor Takwa.'
Key: 'Já tivemos a oportunidade de nos conhecer, não é mesmo senhor Li?'
Takwa: 'Li? Um poderoso clã da china pelo que eu saiba. Os anciões são muito respeitados por sua sabedoria e influencia. Ah sim além de formarem perfeitos guerreiros.'
Syaoran: 'Não sabia que conhecia tão bem minha família.'
Key: 'Como disse, gostamos muito do seu país natal.'
Mishimura (entusiasmado): 'Então é de uma linhagem nobre, meu caro rapaz?'
Takwa: 'Ah sim, podemos dizer que os Lis são um dos clãs mais poderosos da china, só não entendo porque um membro tão qualificado não esteja trabalhando com ele.'
Syaoran (não perdendo a calma): 'Pode-se dizer que tive incompatibilidade de idéias.'
Takwa: 'Claro, também soube que os anciões são muito tradicionais. (virando-se para Mishimura) Acredita que eles punem os membros que consideram indignos?'
Mishimura: 'Não me diga.'
Takwa: 'Sim, além disso, eles tem grande influência na política e corre também um boato que muitos membros são dotados de magia.'
Mishimura (mostrando nítido interesse): 'Nossa.'
Syaoran: 'Não sabia que se interessava tanto pelo meu clã, senhor Takwa.'
Takwa: 'Sou um pesquisador atento, senhor Li.'
Os três ficaram se encarando, Key não comentaria nada de como se conheceram, provavelmente usava a empresa para lavar o dinheiro que conseguia nas lutas.
Key: 'Realmente uma incrível coincidência o encontrá-lo aqui, rapaz.'
Syaoran: 'Digo o mesmo.'
Takwa: 'O vento aqui é muito forte, porque não terminamos logo esta nossa visita, Key?'
Key: 'Claro, foi um prazer revê-lo.' (disse estendendo a mão para Li)
Syaoran (apertando a mão dele): 'Igualmente.'
Os três homens se afastaram do rapaz que os observou até sumirem de vista.
Syaoran: 'Mas esta agora.'
Ele voltou a se virar para a paisagem e acendeu outro cigarro.
Sakura estava apitando um jogo de queimado entre os seus alunos da terceira série, quando sentiu uma presença diferente perto dela, não era de um demônio nem de algum mago que ela conhecia, parecia muito com a de Li antes de ir para o mundo das trevas. Ela se distraiu do jogo olhando para os lados e viu um rapaz alto, com os cabelos longos e pretos. Ele a encarava intensamente fazendo ela se arrepiar.
Sakura: 'Quem é ele?'
Um grito de um dos seus alunos fez a moça voltar a atenção ao jogo das crianças, que discutiam de quem era o ponto. Quando Sakura voltou a se virar para o mesmo local onde encontrara o misterioso rapaz ele já tinha desaparecido.
Sakura: 'Quem será aquele rapaz?'
Aluno: 'Senhorita Kinomoto!'
Sakura se virou para os seus alunos que a fitavam com enormes pontos de interrogações na cabeça. Resolveu tirar o tal rapaz da cabeça.
Atrás de uma arvore Logan ainda observava a jovem.
Logan: 'Então aquela é a forma humana do pilar deste Universo.'
O rapaz não pode deixar de dar um sorriso ao reparar em como era bonita. Se agora estava no cargo de guardião deste universo por tempo indeterminado, ele também era responsável pela segurança dela. Os magos do circulo lhe explicaram tudo que estava acontecendo desde o incidente do caos. Era difícil acreditar que uma mulher tão linda e delicada como a que ele observava realmente estivesse apaixonada por um demônio, mesmo que ele tenha sido um dia o guardião.
Logan: 'Talvez ela esteja sobre algum feitiço.'
Sakura olhou na direção dele fazendo o rapaz se esconder melhor, com medo de ser descoberto. Ele podia sentir a presença boa dela, era uma presença diferente de todas que já tinha conhecido. Era quente e agradável, quase embriagante. O rapaz balançou a cabeça tentando dissipar aqueles pensamentos. Era normal se sentir atraído pelo pilar, pois era o guardião que deveria protegê-lo contra tudo, mas tinha que manter a cabeça no lugar, aquele não era o seu universo, assim que acabasse com aquele tal demônio superior voltaria ao mundo dele.
Sakura chegou em casa e encontrou apenas Tomoyo que estava com algumas pessoas discutindo sobre o seu cd, ela deu um tchauzinho para a amiga ocupada e atravessou a sala para não atrapalhar a reunião. Como não poderia fazer muita coisa, resolveu lavar a roupa que estava empilhada a quase três dias na caixa. Desde que Meilyn começou a ensaiar a peça as tarefas domésticas começaram a ser colocadas de lado por todo mundo, inclusive por ela, que já estava acostumada com a amiga fazendo tudo. Pegou o balaio de roupa suja e levou para área para colocar tudo na máquina. Ela cantarolava enquanto tirava as roupas de todos, quando sentiu um cheiro forte vindo de uma das camisetas de Li. Ela estendeu a sua frente e viu que estava bem suja, levou até o rosto e fez uma careta sentindo o cheiro do suor e cigarro.
Sakura (para si mesma): 'Syaoran está fumando?'
Ela franziu a testa colocou a camiseta na máquina, já estava na hora de pedir satisfações para o seu namorado, não tinha cabimento ela sentir medo de perguntar alguma coisa para ele. Colocou as outras roupas para lavar.
Li chegou poucas horas depois, os produtores de Tomoyo já tinham ido embora e Meilyn também já tinha chegado da sua primeira prova cantarolando musicas em chinês. Ela estava saltitante, literalmente saltitante. As meninas estavam fazendo o jantar com a ajuda, ou melhor, a supervisão de Kero , que só dava palpites. Sakura assim que ouviu a porta abrir secou as mãos no avental e foi falar com Li que tirava os sapatos e o terno.
Sakura (se aproximando dele): 'Como foi seu dia?'
Syaoran: 'Normal.'
Ela o abraçou tentando sentir o cheiro dele, Li sorriu a abraçando e beijando levemente seus lábios. Sakura se afastou dele com uma cara séria.
Sakura: 'Desde quando está fumando?'
Syaoran (arregalando os olhos): 'Não estou fumando.' (mentiu descaradamente)
Sakura: 'Não minta para mim.'
Syaoran (incomodado): 'Não estou mentindo. Que saco, Sakura! Vai ficar me controlando agora.'
Sakura: 'Você está fedendo a cigarro.'
Syaoran (subindo as escadas): 'O pessoal lá do escritório é que fuma.'
Sakura: 'Você trabalha lá a muito tempo e nunca voltou fedendo a cigarro.'
Syaoran: 'Hei você não é a minha mãe!'
Sakura (indo atrás dele): 'Mas me importo com você. Sabia que cigarro faz mal.'
Syaoran (sorrindo): 'Não se preocupe que eu não vou morrer de câncer.'
Sakura: 'Para de brincadeira! Isso é sério! Além disso cigarro é fedorento.'
Syaoran: 'Para com isso, já falei que não estou fumando.'
A moça pegou o terno dele e procurou nos bolsos até achar o maço de cigarro. Ela mostrou para ele com uma cara feia.
Sakura: 'Desde quando anda mentindo para mim?'
Syaoran (pegando o maço da mão dela com força): 'Isso não é da sua conta.'
Sakura: 'É da minha conta sim! Você é o meu namorado, não pode me esconder as coisas!'
Syaoran: 'Posso esconder tudo que eu ache que você não tenha que saber.'
Sakura (sentindo lágrimas nos olhos): 'Porque isso Syaoran? O que está acontecendo com você?'
Syaoran (irritado): 'Não ta acontecendo nada!'
Sakura: 'Como nada?! Você anda fumando, não está conseguindo se controlar com a bebida, falta a faculdade, se ferra nas provas, além de ficar andando a noite pela rua!'
Syaoran: 'Você ta exagerando! Você sempre exagera em tudo!'
Sakura (não segurando mais as lágrimas): 'Porque está agindo assim?'
Syaoran (se sentindo mal em vê-la chorar): 'Não está acontecendo nada, minha flor.'
Li se aproximou dela e a abraçou contra o peito enquanto a menina chorava sem parar, ela abraçou a cintura do rapaz com força. No fundo ele sabia que Sakura estava certa, nem ele mesmo estava se reconhecendo mais. Talvez finalmente ele estivesse se transformando definitivamente num demônio. O problema era como ele a protegeria dele mesmo, este era o seu maior medo.
Continua.
