Capitulo 18: Paixões Proibidas

            Eriol caminhava em silêncio pela cidade. Ele e Logan resolveram dar a notícia sobre a partida de Li apenas no dia seguinte. Eriol queria falar com todos de uma só vez. Olhou para a casa branca que estava a sua frente e sentiu um aperto enorme no peito, seria ele novamente quem daria a noticia para Sakura. Ficou ali parado, olhando para a simples construção enquanto um monte de pensamentos borbulhava em sua cabeça. Porém um sentimento era mais forte que todos: remorso. Eriol estava morrendo de remorso pelo destino trágico de Li. Levou uma das mãos à testa, que fervia como se fosse uma panela de pressão. Tampou os olhos lentamente com os dedos, pensando dolorosamente no seu amigo. Podia visualizá-lo na sua frente, tentando vencê-lo num jogo mano-a-mano de basquete quando estudaram juntos na escola de Tomoeda. Li era determinado, não suportava perder, e os anos só reforçaram os seus defeitos.

Eriol: '... e qualidades.'

            Sorriu levemente pensando em como sentia orgulho ao lembrar que aquele rapaz tinha vindo de sua linhagem como mago Clow. Li deveria ser a décima ou mais geração do mago inglês, mas isso não importava.  "Pena que tudo tenha terminado desta maneira...", pensou o rapaz, sentindo a aura de Sakura dentro da casa. Respirou fundo e já estava virando-se para ir embora quando ouviu a porta dos fundos se abrir, o rapaz olhou para a sua direita e viu o vulto de uma bela moça sair correndo pelas ruas, ela estava tão desnorteada que nem ao menos percebeu a presença do rapaz.

            Franziu a testa vendo Tomoyo sair de casa àquela hora, ela parecia tão desesperada.

Eriol: 'Tomoyo?'

            O rapaz começou a acompanhar a moça à distância. Tomoyo corria e chorava como louca pelas ruas desertas de Tomoeda. Eriol não queria meter-se na vida particular da amiga, mas também não poderia deixá-la sozinha àquela hora da noite. A menina correu até a escola primária de Tomoeda e parou em frente a grande construção que lhe trazia tantas lembranças boas. Ela pulou o muro da escola com uma certa dificuldade e começou a correr pelo pátio deserto da escola. Eriol observou-a correndo para dentro do prédio, viu que ela quebrou o vidro da porta principal com a mão e a abriu.

            O rapaz começou a preocupar-se, porque a amiga estava invadindo a escola àquela hora? Pulou o muro e caminhou rápido pelo pátio, se o vigia da escola pegasse os dois, com certeza teriam problemas. Entrou pela porta e pode ver sangue no vidro despedaçado, Tomoyo provavelmente cortado-se quando quebrou-o com a mão. Silenciosamente, empurrou a porta e olhou para o imenso corredor vazio.

Eriol: 'Para onde ela foi?'

            Começou a caminhar apreensivo. Subiu as escadas pé ante pé, tentando usar seu poder para achar a amiga, cada vez que avançava um andar seu coração acelerava mais. Até que chegou na cobertura. O rapaz olhou para a porta que deveria estar trancada, suja de sangue, franziu a testa e empurrou-a com cuidado, espiou primeiro e depois atravessou-a. Olhou em volta e não encontrou a amiga, até que um barulho o fez virar-se para trás.

            O rapaz arregalou os olhos vendo Tomoyo do lado de fora da grade de proteção olhando para baixo. Ela estava pensando em se jogar? Uma fisgada apertou o coração do Feiticeiro. 

Eriol (aproximando-se com cuidado): 'Tomoyo...'

            A menina olhou para trás, assustada.

Tomoyo: 'E-Eriol? O que faz aqui?'

            O rapaz pode ver os olhos inchados e vermelhos. A face branquinha também estava vermelha, mostrando que a amiga havia chorado muito e ainda chorava.

Eriol (aproximando-se): 'O que está fazendo, Tomoyo?'

Tomoyo: 'Me deixe em paz!!! VÁ EMBORA!!!'

Eriol: 'Não vou embora até saber que você está bem.'

Tomoyo (chorando): 'Eu nunca vou estar bem!!!! NUNCA!!!!'

Eriol (com a voz mais doce que podia): 'O que está acontecendo Tomoyo? O que pretende fazer?'

Tomoyo: 'Não te interessa! ME DEIXE EM PAZ!!!"

Eriol (começando a ficar nervoso): 'Tomoyo, vem para cá...'

Tomoyo (virando-se para fora): 'NÃO!!! Eu vou terminar com este sofrimento de uma vez! Ela tem razão! Eu nunca fui feliz! EU NUNCA VOU SER FELIZ!!!'

Eriol (estendendo o braço): 'Venha, me dê a sua mão...'

Tomoyo (virando-se rapidamente para ele): 'Diga a Sakura que eu sempre a amei.' (ela deu um leve sorriso)

            Tomoyo finalmente soltou a grade de proteção. Eriol arregalou os olhos e pulou para frente tentando alcançar a amiga, porem ela já não estava ao seu alcance.

Eriol: 'Chave que guarda o poder das Trevas, mostre seus verdadeiros poderes sobre nós e ofereça-os ao valente Eriol que aceitou esta missão! LIBERTE-SE!!!'

            Com o báculo, ele invocou sua magia fazendo a amiga flutuar no ar. Ela esperneava enquanto sentia-se envolta pela aura do amigo. Assim que Tomoyo estava ao seu alcance, ele a pegou pelos ombros e a puxou para a parte de dentro e segura do terraço.

Eriol (fitando-a assustado): 'O que pensou estar fazendo?!'

Tomoyo (tentando livrar-se dele): 'ME SOLTA!!!'

            Eriol não queria fazer isso, mas vendo o estado desesperado da amiga, não teve escolha. Levantou a mão e deu um tapa na cara de Tomoyo que quase a fez cair no chão se ele não estivesse segurando-a. Tomoyo olhou assustada para o rosto sério do amigo.

Eriol: 'O que pretendia fazer com isso? Tentar se matar? Nunca pensei que fosse tão egoísta, Tomoyo!'

            Tomoyo piscou os olhos umas centenas de vezes fitando o amigo calada, depois abaixou a cabeça, sentindo a face queimar.

Tomoyo (baixinho): 'Eu só queria terminar com esta dor.'

Eriol (nervoso ainda): 'E achou que tentando se matar resolveria?!'

Tomoyo (balançando a cabeça): 'Foi a única saída que eu vi.'

Eriol: 'E como pensa que Sakura irá ficar?!'

Tomoyo (fitando ele): 'O que queria que eu fizesse?! Eu não agüento mais isso!!! EU NÃO AGUENTO MAIS!!!'

            Eriol segurou os braços dela com mais força, temendo que a amiga se livrasse dele e corresse em direção a morte novamente.

Eriol: 'Não seja egoísta!!! Como acha que todos nós ficaríamos? Como acha que Sakura ficaria?! E depois você ainda diz que a ama!!!'

            Tomoyo arregalou os olhos para ele.

Tomoyo: 'Eu a AMO SIM!!!! Mais que a mim mesma!!!!'

Eriol: 'Pois então fique ao lado dela!'

Tomoyo: 'E continuar vendo a felicidade dela ao lado de Li?! Ver os dois beijando-se e amando-se?!! Vivendo uma felicidade que eu queria para mim?!!!'

            Agora foi a vez de Eriol surpreender-se, a menina percebeu isso.

Tomoyo (sarcasticamente): 'Chocado?'

            Eriol ficou um pouco sem saber o que falar e soltou os braços de Tomoyo que deu um passo para trás, fitando-o.

Tomoyo: 'É isso mesmo que você ouviu, Eriol! Eu AMO Sakura!!! Eu DESEJO ela para mim!!!'

Eriol: 'Você está confundindo as coisas...'

Tomoyo (depois de rir alto como louca): 'NÃO!!! Eu nunca confundi nada! Eu sempre soube que o amor que eu tenho por ela é muito mais que uma amizade! Sempre foi!!!'

Eriol: 'T-Tomoyo...'

            Ela não agüentava mais segurar o que sentia e se Eriol era a única pessoa que tinha para desabafar, seria ele então.

Tomoyo: 'Eu sempre vivi esperando por ela! Esperando que um dia ela percebesse este amor que eu sinto por ela! Mas depois que o Li apareceu, ela só teve olhos para ele!!! Ela só teve olhos para ele!!!'

            O rapaz abriu a boca para dizer alguma coisa, mas a menina começou a andar de um lado para o outro a sua frente. Nunca em sua vida Eriol pensou em ver a meiga e  comportada Tomoyo agindo daquela maneira.

Tomoyo (fitando-o): 'Como acha que eu me sentia vendo os dois juntos?! Convivendo com os dois juntos?! Vendo-os se amarem, ouvindo os gemidos dos dois por atrás da porta?! Apenas escutando!!! APENAS VENDO!!!!'

            Eriol balançou a cabeça levemente, tentando ainda achar palavras para dizer, mas nada vinha a sua mente, nada...

Tomoyo: 'Deve estar pensando que sou louca, não é? Anormal, quem sabe!'

Eriol: 'Não é isso...'

Tomoyo: 'É ISSO SIM!!!!! Eu não sou normal!!!! Eu amo Sakura! Eu a quero para mim!!!'

Eriol (depois de respirar fundo): 'Ela nunca será sua...'

            Tomoyo fitou o amigo nos olhos, ela sabia que ele não estava mentindo, estava apenas confirmando o que já sabia. A menina caiu de joelhos socando o chão.

Tomoyo: 'MALDITO LI!!! MALDITO!!! EU O ODEIO!!!'

            Ela fitava o chão de concreto do pátio, sentindo-se fraca. A face que Eriol havia batido queimava enquanto a sua mão doía pelo grande corte que tinha feito ao quebrar o vidro da porta. Eriol abaixou-se até ela, pousando apenas um joelho no chão.

Eriol: 'Não podemos mudar o nosso destino. Era o destino de Sakura ser de Li, você não teria como mudar isso.'

Tomoyo (ainda fitando o chão): 'E porque o meu destino é apenas ver o amor da minha vida feliz nos braços de outra pessoa? O que eu fiz para merecer esta tortura?'

Eriol: 'Não tenho todas as respostas.'

Tomoyo (fitando-o): 'Mas você não é o poderoso Mago Clow?'

Eriol (sorrindo): 'Nem ele tinha todas as respostas.'

Tomoyo (chorando baixinho): 'Eu não agüento mais, Eriol. Tentei todos estes anos me conformar que eu nunca a teria, que em apenas estar ao lado dela, vendo-a feliz já me bastaria para ser feliz, mas isso tudo foi uma mentira, uma grande mentira. Eu não posso ser feliz, eu nunca vou poder ser feliz apenas vivendo como a sombra dela, sem nunca poder toca-la...'

            Ele apenas observava a menina, tentando achar as melhores palavras para confortá-la.

Tomoyo (continuando): 'Eu a amo tanto, Eriol, tanto que daria a minha vida por ela, mas o que adianta? Eu nunca vou ser feliz, nunca vou ser feliz vivendo com este sentimento sufocado aqui dentro'.

            A menina levantou finalmente os olhos para ele.

Tomoyo: 'Ela nunca irá me amar, não é?'

Eriol: 'Não da maneira que você gostaria.'

Tomoyo: 'Ela nunca será capaz de me amar da mesma maneira que eu a amo.'

Eriol: 'Sim, ela nunca será capaz de amar ninguém da mesma maneira que ama Li. (ele pegou o rosto da menina entre as mãos e fitou-a com carinho) Entenda que o problema não é o amor que você sente por ela e sim o amor que ela sente por Li. Os dois são perfeitos juntos, Tomoyo.'

Tomoyo (chorando dolorosamente): 'Mas eu queria ser perfeita para ela… Eu daria tanto amor a ela, Eriol, tanto amor... Eu realizaria todos os seus desejos, sei que sou capaz de faze-la feliz, sei que sou capaz! Se ela me desse uma chance... uma chance apenas...'

            Os dois ficaram em silêncio por algum tempo. Tomoyo tentando controlar sua própria dor e Eriol tentando assimilar tudo ainda.

Tomoyo (fitando o chão novamente): 'Eu... eu não odeio o Li, eu juro que queria  odia-lo ... mas...'

Eriol: 'Eu sei.'

Tomoyo: 'Ele me salvou... ele arriscou duas vezes a vida dele para me salvar...'

            Eriol abraçou-a com carinho enquanto a menina continuava a chorar no peito dele.

Tomoyo: 'Eu sei que também o amo.'

            Eriol arregalou os olhos, surpreso novamente. Tomoyo amava Li? De que forma? De que maneira? Que tipo de amor era este? Será que ela também desejava Li? O rapaz não soube responder aquelas perguntas. "Isso quem tem que responder é você", as palavras do amigo ecoaram na cabeça do jovem feiticeiro. 

            Ele abraçou-a mais forte com carinho, apesar dela relutar um pouco acabou se acalmando, ela apenas chorava agora no peito do rapaz. Eles ficaram assim por um longo tempo, os soluços começaram a ficar menos freqüentes e os olhos a pararem de brotar tantas lágrimas. Naquela hora, com Tomoyo em seus braços, Eriol teve a certeza do que sentia: ele a amava, a desejava. "O que faço agora?", pensou ele, desnorteado. Ainda abraçado a Tomoyo, levantou a mão observando o brilho da sua aliança, aquele objeto nunca foi tão pesado na vida dele.

            Sakura acordou naquela manhã com o coração apertado, olhou para o travesseiro ao lado da cama e abraçou-o lembrando-se do namorado.

Sakura: 'Ele não dormiu esta noite em casa.'

            A jovem se levantou decidida, lutaria pelo amor dele novamente, não ficaria chorando que nem uma bobona, ela o amava e provaria isso para ele, ela só não sabia ainda como fazer isso. Tomou um demorado banho e desceu. Meilyn estava sentada na mesa tentando tomar o café que tinha feito, mas apenas brincava com o pedaço de panqueca no prato. Assim que viu Sakura, sentiu o coração apertar mais.

Sakura (tentando mostrar entusiasmo): 'Bom dia, Meilyn.'

Meilyn (sem encara-la): 'Bom dia.'

            Sakura serviu-se e olhou para quantidade de pratos na mesa.

Sakura: 'Faltou o prato da Tomoyo e o do Syaoran.'

Meilyn (levantando-se da mesa): 'Quando eu acordei a Tomoyo não estava no quarto e o Xiao Lang não volta mais.'

            Sakura sentiu aquela frase como uma flecha no peito.

Sakura (disfarçando): 'Ele volta, vou dar um jeito para ele voltar.'

            Meilyn não respondeu nada, tirou seu prato da mesa e levou-o a pia. Sakura também enrolou e acabou não comendo nada. Estava pronta para sair quando Eriol chegou com Tomoyo. Sakura olhou assustada para o rosto vermelho e inchado da amiga, denunciando que ela tinha chorado a noite inteira.

Sakura (olhando o curativo na mão da amiga): 'Tomoyo... o que aconteceu?'

Tomoyo (tentando sorrir): 'Agora está tudo bem, não se preocupe.'

Sakura (pegando a mão dela enfaixada): 'Como está tudo bem? Você está machucada!'

            Tomoyo não sabia o que dizer para a amiga que fitava-a de forma preocupada. Pensou que realmente nunca poderia deixar de amá-la. Sakura conseguia ser tão meiga e linda.

Eriol: 'Saímos ontem para passear, mas aí apareceu um demônio que nos atacou.'

Sakura (assustada): 'Mesmo? Onde? Vamos acabar com ele!'

Eriol: 'Não se preocupe! Eu já o matei, mas infelizmente ele machucou Tomoyo.'

Sakura (abraçando a amiga): 'Graças a Deus! Tudo está bem!'

            Tomoyo apenas sorriu e retribuiu o forte abraço da amiga. Eriol sentiu-se infinitamente feliz vendo as duas amigas abraçadas. Tomoyo afastou-se e fitou o rapaz com carinho.

Tomoyo: 'Obrigada, Eriol. Obrigada por ter me salvado.'

Eriol (sorrindo): 'Fiz minha obrigação.'

Sakura (beijando a face do amigo): 'Obrigada por ter salvo a minha amiga.'

            O rapaz sorriu para Sakura e depois fitou Tomoyo que olhava para Sakura com carinho.

Eriol: 'À noite conversamos, Sakura.'

Tomoyo (subindo para o seu quarto): 'Isso mesmo, Sakura. Você está atrasada para o seu trabalho.'

            Sakura não estava nem um pouco preocupada com o trabalho àquela hora, acompanhou Tomoyo subindo as escadas.

Sakura (assim que ficou sozinha com o amigo): 'E Syaoran?'

Eriol (com um nó na garganta): 'À noite conversaremos.'

            Ele beijou a testa da moça e saiu para a rua deixando Sakura mais aflita, ela levou a mão ao peito que estava ainda dolorido. Sacudiu um pouco a cabeça e resolveu ir trabalhar, como Tomoyo disse, já estava atrasada.

            Eriol entrou no seu quarto do principal hotel de Tomoeda, jogou a chave na mesinha ao lado da porta e tirou a camisa molhada de lágrimas de Tomoyo. O aquecedor estava ligado, o que tornava o ambiente gostoso. Ele se jogou na confortável poltrona e ficou olhando o nada. Sua vida estava sem rumo. Pela segunda vez na vida, sentia que tinha perdido completamente o controle da situação, e não gostava muito desta sensação. Encostou a cabeça na poltrona e fechou os olhos, a conversa a noite com todos seria uma das mais doloridas, mas ele tinha que colocar todos a par do que estava acontecendo, se Li não fosse capaz de vencer os demônios talvez eles seriam capazes de invadir este universo. Porém o que mais lhe preocupava era o tal filho que Midoriko havia comentado com ele. Um filho de Li com certeza teria um poder extraordinário, ainda mais se a mãe da criança fosse também um demônio poderoso.

Eriol: 'Ele vai ceder...'

            O rapaz levantou-se e caminhou devagar pelo quarto, mas quem era ele para julgar o amigo? Ele mesmo sentia-se atraído por outra mulher fora do seu casamento. "Eu sou um canalha! Como posso pensar nestas coisas?", pensava desorientado. Resolveu tomar um banho demorado, encheu a banheira e deitou-se nela, tentando relaxar. Por mais que não quisesse pensava em Tomoyo. A amiga de infância tinha se tornado uma das mais belas mulheres que o rapaz já havia visto, o corpo perfeito e belo era contrastante com a face angelical e meiga e aqueles olhos... aqueles lindos olhos violetas. Que homem não sentiria-se atraído por ela? Balançou a cabeça tentando tirar as imagens de Tomoyo da cabeça, mas por mais que lutasse, não conseguia.

            O telefone do quarto tocava como louco quando ele saiu do banheiro. O inglês teve que dar uma corrida até o aparelho para atendê-lo.

Eriol: 'Pronto.'

Voz feminina: 'Senhor Hiiragizawa, tem uma ligação para o senhor. Gostaria de atendê-la agora?'

Eriol (tentando secar-se): 'Quem é?'

Voz: 'Sua esposa.'

            Eriol sentiu o sangue gelar. ficou um tempo sem silêncio.

Voz: 'O senhor está aí?'

Eriol (recuperando-se): 'Sim, me desculpe. Por favor passe a ligação.'

            Uma musiquinha entrou enquanto a recepcionista transferia a ligação.

Kaho: 'Alô.'

Eriol: 'Como vai, querida?'

Kaho: 'Estou bem melhor. Obrigada por ter feito o que lhe pedi.'

            Eriol sentiu-se pior, ele tinha ido para o Japão depois da esposa quase suplicar para que ele estivesse ao lado de Sakura e agora ele descobriu-se apaixonada por outra mulher, e não era outra qualquer, era Tomoyo.

Eriol: 'Ainda acho que deveria ter permanecido com você. Não foi certo me obrigar a vir para cá.'

Kaho (com a voz doce): 'Você tinha que estar aí. Lembre-se que você é o responsável por Sakura.'

Eriol (sentando-se na cama): 'Sim, eu sei. Você não imagina como as coisas estão difíceis aqui.'

Kaho: 'Eu imagino. Ele já voltou para o mundo das trevas?'

            Eriol arregalou os olhos, ele não se acostumava muito com o dom da esposa em saber do futuro, no fundo aquilo até mesmo incomodava-o um pouco.

Eriol: 'Sim, nesta madrugada.'

Kaho: 'Sakura já sabe?'

Eriol: 'Vou contar a ela hoje a noite junto com todos.'

Kaho: 'Espero que ela aceite bem... apesar de quê...'

            Kaho ficou em silencio, incomodando um pouco o marido.

Eriol: 'O quê você sabe?'

Kaho: 'Nada ainda, as imagens tem vindo muito confusas na minha cabeça depois da doença, às vezes eu não sei distinguir se elas são realmente visões ou apenas sonhos.'

Eriol (docemente): 'Não se sinta frustrada, minha querida. Tente descansar... deixe que eu tentarei de alguma maneira ajudar Sakura. Você já fez demais.'

Kaho (depois de um longo suspiro): 'Você tem razão.'

Eriol: 'Espero que Nakuru e Spinel não estejam enlouquecendo sua mãe.'

Kaho (depois de rir um pouco): 'Nakuru é muito elétrica! Mas está sendo ótima companhia para mamãe. Obrigada por tê-los  deixado aqui.'

Eriol: 'Já que alguém quase me expulsou do país.'

Kaho (sorrindo): 'Não está chateado comigo, está?'

Eriol: 'Claro que não, é impossível ficar chateado com você, querida.'

Kaho (depois de um tempo em silêncio): 'Como estão todos?'

Eriol: 'Hoje a noite eu vou soltar a bomba para eles, mas acho que todos ficarão bem, menos Sakura e Meilyn...'

Kaho: 'E Tomoyo.'

            Eriol sentiu um aperto no peito quando a esposa mencionou Tomoyo. Ficou em silêncio para o tom de voz não denunciar seu leve nervosismo.

Kaho: 'Eu já vou. Tenho consulta com o doutor Mitchel daqui a pouco. Até breve, meu querido.'

Eriol (tentando controlar-se): 'Se cuida. Logo estaremos juntos.'

            Kaho desligou o telefone mandando-lhe beijos, o rapaz continuou com ele no ouvido, escutando o barulho da linha interrompida. Suspirou e colocou-o no gancho com um enorme peso no peito.

            Sakura trabalhou até tarde aquele dia, estavam preparando as crianças para um campeonato de ginástica olímpica entre escolas daquela região do Japão e o diretor Terada pediu para ela preparar melhor os atletas mirins da escola Tomoeda. Sakura não teve como recusar, ela já tinha faltado muito com aquelas confusões todas, o antigo professor era um homem compreensivo, mas ela também não poderia exagerar da sua paciência.

            A moça caminhava lentamente para casa naquela noite sem lua, ela bem que tentou sentir a presença do namorado, mas não tinha localizado-o. Era estranho, desde que ocorreram os primeiros terremotos mundiais a presença dele era tão fácil de ser localizada, tamanho era o poder que ele tinha, mas agora... agora era como se ele não estivesse mais na cidade.

Sakura (parando de caminhar): 'Será que ele voltou para a China?'

            Sentiu uma dor fina no peito, a mesma que sentia antes de encontrar Li em casa com Tomoyo sangrando em seus braços.

Voz: 'Não deveria ficar andando sozinha a esta hora da noite, Kinomoto.'

            A menina olhou para o lado e reconheceu o vulto de Logan, ela sentiu as bochechas esquentarem lembrando do beijo que trocou com o novo guardião no dia anterior. O rapaz aproximou-se dela e parou a sua frente.

Logan: 'Eu te acompanho até sua casa. Clow pediu para que todos fossem para lá.'

Sakura (fitando-o): 'Você sabe o que aconteceu com Syaoran?'

Logan: 'Sei.'

Sakura (depois de levar uma mão ao peito): 'E o que aconteceu com ele?'

Logan (começando a caminhar): 'Clow explicará tudo a você e aos outros.'

Sakura (segurando o braço dele): 'Não me diga que ele foi embora?'

            O rapaz fitou os belos olhos de esmeralda e os viu cheios de lágrimas. Era tão palpável o amor que aquela menina sentia por Li que isso enlouquecia o guardião. Como ele gostaria de sentir novamente aqueles lábios doces. Como ele gostaria que aqueles olhos transmitissem amor por ele.

Logan: 'Eu não posso. Espere mais um pouco.'

            Os dois começaram a caminhar em direção a casa branca, a cada minuto Sakura se sentia mais e mais angustiada. O percurso foi em silêncio.

Logan (antes de entrar na casa): 'Aconteça o que acontecer, vou estar sempre ao seu lado, Sakura.'

            A menina virou-se para ele. Gostaria de dar um sorriso, mas sua preocupação era tão grande com relação a Li que não sabia o que fazer. O rapaz percebeu isso e subiu as escadas da varanda da casa, não esperando nenhum comentário da amada.

            Os dois entraram na casa. Touya que estava sentado levantou-se e encarou feio o casal.

Touya: 'Onde estava a esta hora? E com este cara!'

Sakura (tirando o casaco): 'Tive que treinar a equipe de ginástica olímpica para o campeonato inter escolar. Eu avisei isso.'

Touya (apontando para Logan): 'E o que ele estava fazendo com você?'

Sakura: 'Ele apenas me acompanhou até em casa, Touya. Não tem cabimento este seu ciúme!'

Touya: 'Era só o que me faltava! Primeiro se ajuntou com um moleque, agora anda saindo com outro moleque! Você quer me enlouquecer, Sakura?!'

Sakura: 'Touya!'

Logan: 'Olha como você fala com ela!'

Touya (perdendo as estribeiras): 'Olha você como fala comigo, moleque!!! Eu sou responsável por ela!!'

Sakura: 'Eu sou maior de idade!'

Touya: 'Mas não tem juízo nenhum!'

Yukito (segurando um dos braços de Touya): 'Esta não é a melhor hora para uma discussão.'

Touya: 'Mas não está havendo discussão nenhuma aqui! (ele fitou Sakura com os olhos em chamas) Você deveria se dar mais ao respeito!'

Sakura (revoltada): 'Para com isso!'

Logan (pondo-se à frente de Sakura): 'Não deveria falar assim com ela.'

Touya (avançando no rapaz): 'Eu fazer o que o moleque chinês deveria ter feito a muito tempo!'

            A confusão foi armada. Yukito tentava segurar Touya que xingava até a última geração de Logan, e Sakura tentava acalmar o guardião para que realmente não começasse uma briga. Eriol levantou-se e teve que gritar para pedir silêncio. Touya falaria mais alguma coisa, mas Yukito o deteve, por fim deu um olhar em fogo para Logan que retribuiu de certa forma. Todos estavam na sala, até mesmo Kero que estava na sua forma original apesar de ainda mostrar o grande ferimento que tinha no torso.

Sakura (aproximou-se dele): 'Como está Kero?'

Kerberus: 'Não seria um demoniozinho de meia tigela que mataria o poderoso Kerberus!'

Touya: 'Ah claro! É só tirar o vídeo game dele que ele morre em menos de dois dias!'

Kerberus: 'Você é que é um pão duro igual ao moleque!'

Sakura: 'Kero, pára com isso! Você precisa descansar. Uma discussão agora não vai levar a lugar nenhum.'

            Todos ficaram em silêncio, era nítido o nervosismo entre todos. Meilyn estava mais quieta que o normal, mesmo com a estréia da sua peça marcada para poucas semanas, a moça parecia completamente desanimada. Ywe apareceu na sala e encostou-se à parede ao lado de Touya, observando Kerberus que estava deitado no meio da sala, ainda fraco. Eriol sentou-se na poltrona que inúmeras vezes viu o querido amigo sentado, passou a mão de leve no braço do móvel em silêncio pensando nas melhores palavras para contar tudo.

Tomoyo (tirando-o do seu transe): 'Estamos todos aqui, Eriol.'

            O jovem inglês respirou fundo e arrumou os óculos no rosto. Encarou um a um e por fim sua amiga e discípula.

Eriol: 'Ontem, eu e Logan saímos com Li para encontrar dois demônios...'

Ywe (tenso): 'O QUÊ?! Estava louco, Clow? Encontrar-se com dois demônios? Eles poderiam matar vocês!'

Eriol (levantando uma mão pedindo para o guardião acalmar-se): 'Um deles era conhecido de Li, por isso não nos atacou. Além disso, não estavam aqui para matar ou coisa parecida.'

Kerberus (rindo debochado): 'Quem sabe resolveram fazer um tour neste universo.'

            A piada não teve graça, todos permaneciam ansiosos para saber o que estava acontecendo.

Sakura: 'E daí? Quem eram eles?'

Logan: 'Eles nos contaram o que está acontecendo no mundo das trevas.'

Ywe: 'E o que está acontecendo?'

Eriol: 'Bem, vou explicar a vocês o que eles nos contaram. Li foi para o mundo das trevas depois do caos a procura de uma brecha que pudesse fazer com que passasse para este universo. Existem dois tipos de brechas, as aleatórias que ocorrem por inúmeros motivos não determinados, porém nestas apenas demônios inferiores podem passar e as brechas fixas...'

Ywe (franzindo a testa): 'Fixas, eu não sabia da existência destas.'

Eriol: 'Nem eu. Mas enfim, estas brechas fixas são protegidas por demônios superiores, de nível Um, como são conhecidos na categoria dos demônios registrados até hoje.'

Logan: 'Li teve que enfrentar então um demônio de nível um para conseguir passar pela brecha que ele protegia.'

Kerberus: 'Mas porque Emma Daio permitiria que Demônios protegessem estas brechas? É um risco muito grande!'

Eriol: 'Realmente eu não sei qual o tipo de acordo que eles fazem.'

Logan: 'Mas isso não vem ao caso. O problema é que agora os tais demônios resolveram usar as brechas que protegiam para vir até este universo atrás de Li.'

Sakura: 'Atrás dele! Mas porque?!'

Eriol: 'Pelo que eu entendi, Li ao lutar contra um deles, chamado Tichondrius, matou-o no momento que este invocava um poder...'

Logan (interrompendo): 'O poder do Deus da Morte.'

Eriol (incomodado com a observação do rapaz): 'Enfim... no final foi ele que o recebeu, por isso estava com aquele poder terrível e incrível, pelo que deu para perceber foi por isso que ele tornou-se um demônio completo.'

Sakura: 'Eu sabia! Eu sabia que aquele poder não era dele! Eu sabia!'

Logan: 'Mas agora é! Ele recebeu e controlou-o, duvido que abra mão dele agora.'

            Sakura olhou feio para o rapaz que se arrependeu do comentário.

Touya (um pouco impaciente): 'Mas e daí? Porque os demônios superiores estavam atrás do moleque?'

Logan: 'Porque os demônios se revoltaram ao saber que um dos mais poderosos de sua raça foi derrotado por um simples ex-humano. Provavelmente começaram a lutar entre si, procurando ascensão e poder.'

Ywe: 'Mas porque vieram atrás de Li?'

Eriol: 'Porque acreditam que assim como o rapaz recebeu o poder de Tichondrius, eles podem  recebê-lo ao matar Li.'

Sakura: 'Então aquele demônio que andou matando veio atrás dele?'

Eriol: 'Isso mesmo.'

Sakura (nervosa): 'Mas então estes outros dois demônios vieram atrás dele para matá-lo! Meu Deus, onde está Syaoran agora? Precisamos ajudá-lo!'

Logan: 'Não, estes demônios vieram por outros motivos.'

Tomoyo (franzindo a testa): 'Como assim? Que outros motivos eles teriam?'

Eriol: 'O tal Arthas, que é conhecido de Li, veio para avisá-lo do que está acontecendo.'

Ywe: 'Li acreditou nas intenções dele?'

Logan: 'Pelo jeito eram camaradas.'

Meilyn: 'Xiao Lang é amigo de um demônio?'

Logan: 'Ele é um agora, não?'

            Todos ficaram em silêncio por um tempo.

Ywe: 'Eles explicaram o porque dos terremotos?'

Eriol: 'Sim, quando demônios de elite lutam entre si acontece com freqüência por causa dos choques de energia, presenciei isso quando vi Li lutando.'

Touya: 'Mas então tinha outros demônios aqui?'

Eriol: 'Não necessariamente, os terremotos iniciais provavelmente ocorreram porque alguma brecha entre este universo e o mundo das trevas estava aberta e refletiu aqui. Inclusive foi nesta ocasião que Li começou a despertar seus poderes.'

Sakura: 'Ele te contou?'

Eriol (depois de confirmar com a cabeça): 'Desculpe-me pelo meu silêncio, mas ele tinha me pedido isso. Acredito que tinha medo que você o rejeitasse se descobrisse no que estava se tornando.'

            Sakura lembrou-se daquela época. Ela sentia a diferença dele e sabia que tinha alguma coisa errada com o namorado, mas ele sempre disse que não era nada, como ela se arrependia de não ter insistido mais ou tentado descobrir o que realmente estava acontecendo com ele.

Meilyn: 'Mas você disse que eles não queriam matar Xiao Lang, o que eles queriam então?'

            Eriol ficou em silêncio, encarando Logan. O guardião abriu a boca para falar, mas Eriol levantou a mão pedindo para deixar que ele desse a notícia.

Eriol: 'Vieram buscar Li.'

Sakura e Meilyn: 'O QUÊ?!'

            As duas começaram a falar ao mesmo tempo nervosas. Touya teve que segurar Sakura pelos ombros tentando acalmá-la. Tomoyo tentou ajudar Meilyn em vão.

Meilyn (chorando): 'Eu sabia, eu sabia que aquilo era uma despedida para sempre. Eu sabia! Droga, porque eu não impedi que ele saísse, por que?'

Sakura: 'Não, ele não voltou para lá, ele não voltaria para lá. Não depois de tudo (fitando Eriol) Porque está mentindo para mim, Eriol? O que fiz para você me contar estas mentiras?!'

Eriol: 'Você não sabe como eu gostaria que fosse mentira, Sakura. Mas não é. Li voltou para o mundo das trevas para tentar derrotar os demônios lá. Aqui ele sabia que muita gente acabaria morrendo.'

            Sakura parou em silêncio no meio da sala encarando o amigo, lágrimas saiam de seus olhos. Logan afastou-se, não suportava vê-la chorando por Li, mesmo sabendo que isso seria o normal. Ela secou o rosto com a manga da camisa.

Sakura: 'Você disse que eram dois demônios. Quem era o outro?'

            Eriol engoliu seco. Olhou para Logan, mas viu que o rapaz já tinha tirado seu time de campo e deixado a batata quente apenas na mão dele.

Eriol: 'Ele não a conhecia.'

Sakura (franzindo a testa): 'Você disse ela?'

Logan (sem virar-se para eles): 'Era um demônio feminino.'

            A imagem de Li envolvido por uma sombra feminina veio na cabeça da jovem. Ela lembrava de seus sonhos com uma nitidez espantosa naquele momento.

Meilyn: 'E por quê um demônio feminino viria atrás dele?'

            Eriol e Logan ficaram em silêncio encarando-se e fitando discretamente Sakura.

Eriol (levantando-se): 'Eu não tenho a menor idéia.'  (Eu sei que a muito tempo não coloco um PS no meio da história para não tirar a concentração de vocês, mas esta eu não agüentei e a culpa de tudo foi da minha Editora. Quem aí acha que o Eriol foi covarde? Eu sei que isso não combina com ele, mas gente... os homens sempre se defendem!!!! Já viu alguma homem dedurar um homem? Tudo bem, o Logan está fazendo o papel dele, mas o Eriol é amigo do Li! Conclusão: nunca confie na opinião de um amigo do seu namorado! Ele está mentindo!!!)

            Logan fitou o rapaz com uma certa raiva. O inglês percebeu isso, mas não contaria a Sakura o que sabia a este respeito.

Logan: 'Porque não conta a ela? Porque o defende?'

Sakura (não entendendo): 'Do que ele está falando, Eriol?'

Eriol (encarando o rapaz com fúria): 'Nada! Ele não está falando a respeito de nada.'

Logan (parando a frente de Eriol): 'É por isso que ele sempre faz o que quer! Você defende tudo que ele faz! Para você, ele vai ser sempre o lendário guardião deste universo, não importa se ele extermine metade das pessoas desta cidade!'

Eriol (nervoso): 'Cale a boca! Você não tem o direito de falar o que não tem certeza!'

Logan (gritando na cara do inglês): 'Você viu ela beijando-se e ele não fazendo nada!'

Eriol (igualmente alterado): 'Disse bem! Ela estava beijando-o, não ele!'

Sakura (gritando): 'O que aconteceu?!'

            Logan e Eriol pararam a discussão e fitaram a jovem que olhava para eles ofegante pelo grito que deu. Touya parou ao lado dela, encarando os dois feio também, protegeria a irmã independente do que aconteceria.

Logan: 'Ela veio atrás dele por causa da sua força. Demônios femininos procuram os mais fortes para reproduzirem.'

            Sakura sentiu como se um piano caísse sobre a sua cabeça.

Sakura (tentando controlar-se): 'E ele?'

Eriol: 'Ele não fez nada.'

Logan: 'Exatamente, ela vai fazer tudo por ele.'

Eriol: 'Droga! Agora chega!'

            Eriol não agüentou. Já estava com Logan atravessado na garganta há tempo, e aquela estratégia de difamar o amigo para tentar conquistar Sakura estava irritando-o profundamente (Não disse: Homens sempre se defendem!). Sem ter noção nenhuma de luta, desferiu um soco bem dado no rapaz que teve que se segurar no móvel mais próximo para não cair no chão. A confusão foi armada! As mulheres gritavam enquanto Ywe e Touya tentavam segurar os dois rapazes.  Porém Eriol usou sua magia para afastar os dois.

Logan: 'Já estou cansado da sua diplomacia barata!'

Eriol: 'E eu da sua amargura! Não vou permitir que difame o meu amigo para conquistar a namorada dele!'

            Sakura sentiu as faces vermelhas quando ouviu Eriol. Ela realmente não sabia o que fazer.

Logan: 'E quem é você para me falar alguma coisa? Vi você de agarramento com esta aí ontem a noite!' (ele falou apontando para Tomoyo que arregalou os olhos)

Eriol (pê da vida): 'Oras, seu desgraçado, quem mandou ficar me espionando?'

Logan (sorrindo maliciosamente): 'Sua esposa ficará decepcionada ao saber que o marido perfeito tem uma amante bem debaixo do nariz dela!'

Eriol: 'Filho da mãe!' (Fala sério! Vocês já viram algum fic onde o Eriol perde o controle? Só mesmo a minha mente perturbada para fazer isso com ele! Hehehehe)

            Pronto, os dois começaram a brigar feio, Eriol usava mais sua magia enquanto o guardião tentava desferir golpes com sua poderosa espada. Ywe e Kerberus, que ainda estava fraco, estavam desesperados com a briga entre os dois jovens. As meninas gritavam para os dois pararem, mas era em vão, os dois não ouviam nada. Touya tentou entrar no meio deles pedindo calma, mas foi jogado longe. Os dois já tinham alguns ferimentos quando Sakura usou a carta escudo para separá-los. Ela olhou feio para os dois que tentavam recuperar o fôlego, principalmente para Eriol. Ela nunca imaginou ver o amigo perder o controle de alguma forma.

Sakura: 'Não tem cabimento você brigarem desta maneira!'

            Eriol ergueu-se com elegância e transformou seu cetro em chave novamente, mas não desviou os olhos de Logan nem um segundo. Logan olhando o rosto furioso de Sakura também guardou sua espada. A feiticeira desfez o escudo, ainda com os dois encarando-se com fúria.

Eriol: 'Sakura...'

Sakura (interrompendo-o): 'Não precisa falar nada, Eriol.'

            Ele se virou finalmente para a amiga e a viu séria, porém controlada. Sua aura estava colorida e não apenas rosa como o de costume, foi por isso que o seu escudo tornou-se impenetrável tanto para a magia dele quanto à de Logan, Sakura já tinha se desenvolvido bastante como o pilar da vida, este poder combinado com as cartas se tornava muito poderoso. Tomoyo aproximou-se do amigo, olhando feio para Logan.

Tomoyo: 'Pelo jeito, interpreta muito mal os atos de outras pessoas, senhor Logan. Se prestasse atenção, perceberia que Eriol estava me ajudando a superar uma dor, mas pelo que vejo o senhor não é muito bom nisso.'

            Logan engoliu seco, ao ver os olhos violeta fitando-o de forma fria. (Acho que deve ser terrível ver a Tomoyo com esse olhar, justamente por ela ser tão doce = comentário da Rô na integra! Apoiado!)

Tomoyo (tocando de leve o braço de Eriol): 'Venha comigo, Eriol. Vamos cuidar deste machucado.'

            Ela referia-se ao machucado que abriu acima da sobrancelha do rapaz. Eriol tentou falar que não precisava, mas a menina insistiu, levando-o até o segundo andar. Sakura encarou feio Logan pela confusão.

Logan: 'Eu só achei que você deveria saber a verdade.'

Sakura: 'Eu sei.'

Touya (olhando a irmã): 'Você está bem, Sakura?'

            Ela respirou fundo, guardou sua chave no pescoço e encarou o irmão.

Sakura: 'Eu preciso dar uma volta.'

Logan (observando-a afastar-se): 'Eu vou com você.'

Touya (perdendo a calma): 'Seu aproveitador! Sakura, você fica!'

Sakura: 'Eu vou! E sozinha!'

            Ela pegou o casaco e saiu pela porta afora, batendo-a com força. Touya e Ywe encaravam feio Logan na sala.

Logan: 'Eu também já vou indo.'

Touya: 'Não pense em se aproveitar da situação, cara. Posso não ter poderes, mas ela é a minha irmã e vai se arrepender se fizer mal a ela.'

Ywe (parando ao lado de Touya): 'Li pode ter ido para o mundo das trevas, mas Sakura nunca estará sozinha.'

Logan (saindo da casa): 'Deu para ver.'

            Os dois observaram com raiva o rapaz saindo da casa. 

            Tomoyo limpava o ferimento de Eriol, o rapaz ainda tremia de raiva. Ele não agüentava e, volta e meia, xingava Logan. A moça permanecia em silêncio trabalhando no curativo, quando ela terminou olhou para o rapaz.

Tomoyo: 'Será que ele ouviu nossa conversa?'

Eriol (levantando-se): 'Não, senão aquele cretino tinha dado com a língua nos dentes! Ah, se Li soubesse da víbora que ele é, não tinha deixado Sakura nas mãos dele.'

Tomoyo: 'A história dele é verdade?'

Eriol: 'Aquele cara é um idiota!'

Tomoyo: 'Não foi esta a resposta que eu estava esperando.'

            Eriol suspirou e tentou se controlar, caminhou um pouco desnorteado e encarou a amiga.

Eriol: 'O que eu vi foi apenas um beijo e um monte de besteiras que este...(ele parou antes que falasse o que não devia)... este cara falou!'

Tomoyo: 'Mas pode ser verdade, não é?'

Eriol: 'Isso não importa! O que importa é que ele foi para aquele inferno de novo e eu como sempre não pude fazer nada a não ser dar a notícia para Sakura! Droga! Já estou cheio disso!'

            Ele sentou-se na cama com a cabeça apoiada em uma das mãos. Tomoyo sentou ao lado dele e tocou o seu braço com carinho.

Tomoyo: 'Não se sinta culpado, foi ele que decidiu isso, não você.'

Eriol: 'Mas tudo aconteceu por minha culpa.'

Tomoyo (pegando o rosto dele com as mãos): 'Não diga isso, você fez de tudo para tentar ajudá-lo, era o destino dele.'

Eriol (fitando-a com carinho): 'Não Tomoyo, não existe destino determinado. Nós escolhemos nosso caminho.'

Tomoyo: 'Ele fez o dele, não você.'

Eriol (depois de respirar fundo): 'Mas... eu não sei.'

            Os dois ficaram assim observando-o com carinho, Tomoyo abraçou-o forte tentando lhe dar o mesmo apoio que o rapaz tinha lhe dado na noite passada. Ali eles ficaram apoiando-se um no outro todas as suas dores e frustrações.

Sakura caminhava pelas ruas de Tomoeda, estava completamente desnorteada. O que faria da sua vida agora? Novamente Li tinha deixado-a e pior de tudo, ela sabia que ele a tinha deixado ainda magoado por ela não ter acreditado na inocência dele. Quando deu por si, estava no parque do Rei Pingüim. Ela caminhou até o balanço e sentou-se nele, balançando levemente o brinquedo. Lágrimas brotaram de seus olhos. Ela virou-se e pode ver a imagem de Li ao seu lado com 11 anos. Ele estava apenas sentado ao seu lado sem se balançar. A Jovem sorriu para o menino que virou-se para ela e sorriu com carinho.

Sakura (hipnotizada): 'Syaoran...'

            O menino levantou-se e foi até ela lhe estendendo um lenço.

Syaoran: 'Tome, não gosto de vê-la chorando. Tenho certeza que vai superar tudo.'

            Sakura sorriu para ele e estendeu a mão para pegar o lenço, mas ela passou por ele como se nada existisse. Ela piscou os olhos e viu que o menino desaparecera como um fantasma. Ela levantou-se e olhou para o parque a procura do seu querido pequeno lobo, mas não viu nada, não viu ninguém.

Sakura: 'Meu Deus, estou enlouquecendo...'

            Ela sentou-se novamente no balanço e tentou descansar enquanto colocava a cabeça em ordem, não era a primeira vez que se via nesta situação. Li já havia lhe deixado antes, ela sabia que sobreviveria, mas será que voltaria ser feliz como era há três meses atrás?

Sakura: 'Não, não poderei ser feliz sem ele.'

            Uma raiva incontrolável cresceu no peito dela. O amor de Syaoran só a fez sofrer e chorar, ela nunca tivera uma felicidade estável. Ela não era mais uma menina ou uma garotinha, era uma mulher com 23 anos! Uma mulher que tinha que olhar para frente.

Sakura (levantando-se de supetão): 'É a última vez que eu vou chorar por ele, eu juro que será a ultima vez... (a dor no peito começou a aumentar)... é a última vez...'

            Ela caiu de joelhos no chão abraçando-se e buscando forças para continuar respirando, aquela noite seria a última de lágrimas de sua vida.

Continua...

N/A: Olá Pessoal!!! Bem em primeiro lugar gostaria de agradecer as Reviews e os e-mails que eu estou recebendo. Perdoem-me por não responder a todos, mas realmente estou com muitos problemas com a faculdade e com o trabalho. Podem ter certeza que eu leio todos com carinho e tento responder ao máximo, mas nem sempre consigo... Perdoem-me!

Gostaria de agradecer imensamente a Rô (Rosana) que já ganhou o status de editora deste fic (ai coitada, não sabe a confusão que foi se meter! Hehehe), mas ela tem direito a este título, pois muitas cenas neste capitulo (e em outros) ela me mostrou algumas falhas que eu cometi na narrativa e foi graças a ela que este capitulo tão intenso saiu tão legal (Leiam os Fics que ela está colocando do Fanfiction.net são muito bons!). Ah tenho que agradecer a Andréa Meiouh que agüentou as minhas inúmeras versões do "Desabafo de Tomoyo" e me deu uma boa orientação em cenas dramáticas! Devo também agradecer a Andy Gramp (minha futura parceira de fic! Aguardem!!!) que me deu muita força para escrever esta série.

Beijos para a minha irmãzinha Rachelzinha e para as minhas amigas on-line: Daí (esta é outra que me atura um bocado pelo icq. Vem cá menina, tem certeza que vc não quer fazer psicologia?!), Bel & Mild (a dupla dinâmica dos fics SCC), Nay e Melzinha.

Beijos a todos que estão acompanhando esta enorme série!

Kath Klein