Capitulo 21: A Jornada dos Onze

            Tomoyo andava de um lado para o outro da pequena sala da casa branca da rua do templo Tsukimini. Eriol estava parado encostado à parede, observando a menina que volta e meia soltava uma exclamação acusando que não acreditava no que estava acontecendo. Touya estava sentado no sofá, em estado de choque. Apesar de Ywe estar tentando tranqüilizá-lo, o rapaz ainda permanecia dopado com a notícia que a reencarnação do mago clow havia lhes dado. Logan também estava na sala completamente transfigurado. A única que permanecia ainda calma era Meilyn e Kero havia desmaiado e estava deitado no seu colo.

Tomoyo (fitando diretamente Eriol): 'Como pode permitir isso?!'

Eriol: 'Eu não podia fazer nada.'

Touya (levantando-se e olhando para ele com fúria): 'Como não podia fazer nada?! Era só esconder aquela maldita chave!!!'

Eriol: 'Sakura tem poderes extraordinários, ela acharia a chave e a pegaria de qualquer maneira.'

Ywe: 'Tem certeza que ela foi capaz de cometer uma loucura destas?'

            Eriol confirmou com a cabeça.

Logan: 'Uma pessoa não pode amar tanto assim outra.'

Eriol: 'Pode. Li fez o mesmo por ela e acho que agora ela tomou coragem de fazer a mesma coisa. Tenho certeza que ela o encontrará e o trará de volta.'

Tomoyo (gritando): 'Ela pode morrer!!! Pode estar sendo torturada! Sofrendo!!! (a menina tapou o rosto chorando desesperadamente) Meu Deus, por que ela fez isso! Maldito Li! Maldito!!!'

            Eriol foi até ela e abraçou-a, a jovem tentou fugir mas ele segurou-a forte entre seus braços, ali ela voltou a chorar pela amiga.

Eriol (fazendo um leve carinho em suas costas): 'Não diga isso. Ela finalmente está lutando pela sua felicidade.'

Touya: 'Que tipo de felicidade é esta que só a faz sofrer?'

            Eriol não pode responder, Touya estava desnorteado. A notícia de que sua irmãzinha estava no mundo das trevas havia sido forte demais para ele. O pobre rapaz caminhava de um lado para o outro da sala.

Touya (para Logan): 'Você não é o novo guardião?! Você deveria protegê-la!!!'

Logan: 'Eu tentei.'

Touya: 'Pois não tentou direito!'

            Logan trincou os dentes, estava louco para dar um soco naquele rapaz e tentar extravasar toda a raiva que ele tinha dentro do peito pela rejeição de Sakura.

Logan: 'Sua irmã é uma tapada!'

            Touya pegou-o pelo colarinho e levantou-o contra a parede.

Touya: 'Olha como fala da minha irmã!'

Logan (sorrindo de lado): 'Acho que o tal Li comia ela muito bem para a garota ir até o inferno atrás dele.'

            Touya apertou-o mais contra a parede com os olhos em fogo.

Touya: 'Como se atreve a falar da minha irmã assim?'

Logan: 'Eu falo como eu quiser daquela idiota.'

            O guardião deu um soco no estômago de Touya, fazendo o rapaz largá-lo e contorcer-se de dor. Ywe já estava pronto para entrar na briga defendendo o amigo (sei? Amiiiiigo...) porém Eriol também estava com Logan entalado na garganta. O rapaz afastou-se de Tomoyo e fitou o guardião.

Eriol: 'Vamos resolver isso lá fora.'

Logan (com um sorriso maldoso nos lábios): 'Claro, poderoso Clow. Agora aquela garota não está mais aqui para defendê-lo'.

Tomoyo (pegando o braço de Eriol): 'Não Eriol, por favor...'

Eriol (olhando-a com carinho): 'Não vou demorar.'

Tomoyo (balançando a cabeça negativamente): 'Por favor, não vá. Já perdi Sakura, não vou suportar perder você também.'

            Os olhos de Eriol arregalaram-se com a exclamação de Tomoyo que ainda olhava-o com carinho. Sua vontade naquela hora era tomar aqueles lábios nos dele e sentir o gosto doce que eles deveriam ter. 

Eriol (sorrindo): 'Não se preocupe minha querida. Ele não é o Li.'

            O rapaz soltou delicadamente as mãozinhas dela do seu braço e encarou Logan de frente. Com um gesto de cabeça pediu para que saíssem da casa. Ywe depois de pedir para Touya se cuidar foi atrás do seu criador. Ele percebeu que a presença de Clow estava aumentando dentro do corpo daquele jovem, por algum motivo a raiva que ele tinha agora de Logan estava fazendo seus poderes crescerem.

            Os três foram para o bosque de Tomoeda. Lá poderiam lutar sem problemas. Eles se encaravam com imensa fúria.

Logan (materializando sua espada): 'Acho que já conhece o poder de um guardião, não é Clow?'

Eriol (fitando-o calmamente): 'Sim.'

Logan (sorrindo de lado): 'Então sabe que não tem como me vencer.'

Eriol: 'Vi o poder de Li, não o seu.'

Logan: 'Meu poder é maior que o dele.'

Eriol: 'Não é... e você sabe disso.'

            Logan trincou os dentes.

Logan (voando para cima dele): 'Já que gosta tanto assim do seu amiguinho, vou mandá-lo ao encontro dele! Vou mandá-lo para o inferno!'

Ywe: 'Cuidado Clow!!!'

            Eriol não se moveu, apenas cerrou (AH agora a Rô não deixou passar! Hehehehe) os olhos no rapaz raivoso que vinha em sua direção. Fazia séculos que não lutava contra outro ser detentor de magia tão diretamente. O rapaz foi envolto por sua aura dourada, estava na hora de desenferrujar.

            Sakura caminhava em silêncio ao lado do enorme grupo de monstros. Todos olhavam-na de vez em quando com extrema curiosidade, provavelmente eles não conheciam muitas mulheres naquele mundo. Ela abraçou-se e olhou para o vestido rasgado e sujo. Deveria ter pensado em colocar uma roupa mais adequada para aquele tipo de viajem, mas na hora não tinha pensado muito em detalhes. Kyle começou a caminhar ao lado dela. A menina teve que apressar os passos para acompanhá-lo.

Kyle: 'Você não está morta, não é?'

Sakura: 'Eu não sei responder.'

Kyle: 'Bem, atravessaremos um deserto agora.'

            Ela ergueu uma sobrancelha pensando que já estavam atravessando um.

Kyle: 'Fique atenta e cuidado onde pisa.'

Sakura: 'Porquê?'

Kyle (sorriu de lado): 'Você vai ver... outra coisa, como se chama?'

Sakura: 'Kinomoto.'

Kyle: 'Fique atenta... Kinomoto.'

            O enorme homem afastou-se dela indo para junto de Cary. Sakura ficou observando-o por algum tempo.

Voz: 'Assustada, pequena?'

            Sakura pulou com o susto, olhou para o lado e viu um vulto coberto por uma capa cinza suja. Ele usava capuz o que não permitia a menina ver seu rosto, mas podia perceber que não tinha o corpo tão corpulento como o de Kyle.

Sakura (voltando a caminhar): 'Não.'

Vulto: 'Meu nome é Kuoto. É um prazer conhecer uma fêmea neste inferno.'

Sakura: 'Fêmea?'

Kuoto: 'Não há muitas por aqui.'

            Ele deu uma risadinha sardônica. Sakura começou a tentar caminhar mais rápido para se afastar dele, estava detestando o seu tom de voz. Kuoto também apressou o passo.

Sakura: 'O que quer de mim?'

Kuoto: 'Apenas saber porque está aqui.'

Sakura (meio irritada): 'Já falei estou procurando o meu namorado.'

Kuoto: 'Ah sim... namorado. E ele sabe que você está procurando-o?'

Sakura: 'Não.'

Kuoto: 'Precisa se cuidar neste mundo, pequena, ou pode se machucar de verdade.'

Sakura: 'Deu para perceber.'

Kuoto: 'Não se preocupe, eu vou proteger você.'

            Sakura fitou-o sem entender. Kuoto virou-se para ela, porém a jovem não pode ver o seu rosto, ainda em volto na sombra do capuz. 

Kyle (gritando a frente): 'Vamos entrar no domínio das minhocas! Tomem cuidado!'

            Sakura riu-se imaginando o que uma minhoca poderia ter de perigoso, ela mesma estava acostumada a catá-las no jardim que seu pai tinha na velha casa amarela.

            Kyle tinha razão, estavam realmente num deserto, não havia nada ao horizonte, nem almas, nem outros demônios ou árvores retorcidas. A areia era fofa, o que dificultava muito caminhar sobre ela. De repente Sakura sentiu o chão abaixo dos seus pés sumir. Ela caiu num buraco que se abriu do nada, sentiu ainda alguém puxar-lhe o braço, mas este não teve tempo ou força para içá-la para cima. A areia quente do deserto queimava-lhe a pele, enquanto afundava. A menina começava a sufocar sendo enterrada viva pela areia.

Kuoto: 'Ela vai morrer!'

Kyle (nervoso): 'Eu avisei para que tomasse cuidado. Foi tragada pela areia.'

Outro demônio: 'Não podemos fazer nada, se a terra a escolheu, precisamos aceitar.'

            Kuoto ajoelhou-se na areia e começou a tentar cavar um buraco por onde Sakura tinha sido tragada.

Kuoto: 'Não vou permitir que ela se vá.'

Cary (pegando-o pelo braço): 'Não há nada a fazer. Deixe que ela descanse em paz. Se tentarmos tirá-la, a terra irá engolir a todos nós.'

Kuoto: 'Eu vou tirá-la de lá.'

Kyle: 'É uma ordem, Kuoto. Vamos continuar a nossa viagem.'

            Cary teve que arrastar Kuoto que ainda olhava para onde a menina tinha desaparecido. Um jato de vento forte fez a areia subir espalhando a terra para todos os lados, Sakura saiu do chão flutuando e tentando cuspir a areia que tinha engolido quase a sufocando. Os demônios olhavam assustados para a moça que estava envolta em sua aura colorida flutuando acima do enorme buraco que ficou abaixo de seus pés. A areia, como um organismo vivo, o fechou. Ela pousou sobre a areia caindo de joelhos e tentando respirar.  Sakura não imaginou que seria fácil encontrar Li, mas também não imaginou que seria tão difícil assim. Cary soltou o braço de Kuoto que foi até ela e ajoelhou-se a sua frente.

Kuoto: 'Está bem, pequena?'

Sakura (depois de cuspir mais areia): 'Acho que sim.'

Kyle: 'Precisamos continuar!'

            Kuoto levantou-se puxando Sakura pelo braço, nesta hora a menina pode ver a mão de um humano. "Será que Kuoto era humano?" Pensou para si. Aiaiai...é ele sim...

            Apesar de se sentir ainda sonsa tonta e meio desorientada continuou caminhando ao lado daquele demônio. Uma Tempestade de areia começou a se formar logo depois. Sakura não conseguia  abrir os olhos, andava como cega apenas guiada por Kuoto que permanecia segurando seu braço com força para que não se perdesse. O vento era tão forte que fazia a terra bater com força no corpo dos demônios, Sakura tinha a impressão de facas atingindo sua pele, foi quando sentiu um pesado pano ser colocado sobre ela e ser pega no colo por alguém. Provavelmente, perceberam que ela estava sendo lenta demais para o grupo. Ela não soube dizer quanto tempo ficou nos braços de um dos demônios, mas pensou que fosse uma eternidade. Seu medo era tanto que nem ao menos tinha coragem de reclamar, ela apenas encolheu-se mais nos braços que a seguravam.

            Eriol entrou no seu quarto do hotel em estado deplorável. Logan não era forte como Li, mas tinha o poder de qualquer guardião. Isso lhe rendeu belos machucados pelo corpo. O rapaz tirou a roupa caminhando em direção ao banheiro onde tomaria um demorado banho. Entrou no chuveiro deixando a forte ducha cair sobre a sua nuca. Ele sentia-se péssimo pelo que tinha feito, mas estava com Logan a muito tempo entalado na garganta. Fechou os olhos visualizando novamente a cena onde desferiu um poderoso raio no guardião deixando-o desacordado. Um remorso passou-lhe pela cabeça, ele não gostava de usar de violência, mas não teve alternativa.  Levou a mão até o lado direito do abdômen onde tinha recebido uma forte estocada da espada do guardião. O ferimento ainda sangrava. Pensou em se arrumar e ir ao hospital tomar alguns pontos. Olhou para o chão do Box e o viu coberto de seu próprio sangue. Fechou o chuveiro e continuou pensando no que tinha acontecido a pouco tempo atrás. Seus pensamentos foram até Li, será que ele sentia remorso como ele sentia agora depois de ferir alguém?

Eriol: 'Não, ele nunca sentiu.'

            O rapaz saiu do Box enrolando a toalha na cintura. Abriu a porta que separava do quarto quando encontrou Tomoyo sentada na sua cama observando-o. Ele sorriu com a imagem da bela moça a sua frente, talvez a dor do seu ferimento estivesse  lhe causando alucinações. Ela levantou-se e o encarou apesar das faces estarem rubras por ele estar apenas de toalha.

Eriol: 'Tomoyo.'

            Ela sorriu para ele, encantando-o mais. Levado por um momento de loucura deu dois passos na direção dela e enlaçou-a em seus braços, beijando-a com paixão. Foi quando sentiu ser empurrado para trás. Aquilo não era uma visão.

Tomoyo (olhando-o assustada): 'Porque fez isso Eriol?'

            O rapaz engoliu seco fitando o rosto da amiga. Deu um longo suspiro pensando  na melhor resposta a dar a ela.

Eriol: 'O que está fazendo aqui?'

Tomoyo (visivelmente nervosa): 'Estava preocupada com você. Ywe chegou em casa muito ferido e disse que você estava pior. Eu tentei ligar, mas você não atendia.'

Eriol: 'Como conseguiu entrar?'

Tomoyo (brava): 'Oras! Você deixou a porta do seu quarto aberta!'

            Era verdade, o rapaz estava tão cansado e desorientado que só queria tomar um banho e descansar. A simples ação de fechar a porta não tinha lhe passado pela cabeça.

Tomoyo (vendo o machucado dele): 'Em vez de ficar dando uma de garanhão deveria pensar em cuidar deste seu machucado.'

            Eriol percebeu que tinha um tom de ressentimento na voz da amiga. Ele sacudiu um pouco a cabeça tentando raciocinar direito.

Eriol: 'Vou ao hospital agora.'

Tomoyo (abrindo o armário dele): 'Eu vou levar você.'

            Ela pegou uma roupa qualquer do armário e jogou na cama.

Tomoyo (olhando séria para ele): 'Estou esperando lá embaixo no carro. Não demore!'

            Ela saiu pisando duro. O rapaz passou a mão pelo cabelo comprido pensando na besteira que tinha feito. E se Kaho descobrisse seus sentimento em relação a Tomoyo? A última coisa que queria era magoar a esposa agora.

Eriol: 'Eu sou um cretino.'

            Tomoyo estava sentada no banco de motorista do velho renauld Clio de Sakura. Ela batia de leve os polegares no volante olhando para a porta de entrada do hotel.

Tomoyo: 'Porque ele fez aquilo? Para me deixar mais confusa? Que droga!'

            Ela ligou o rádio do carro para tentar esquecer aquele beijo (estou ouvindo agora "Need to be next to you" do Six Pence, mas como sempre vocês podem pensar na música que quiserem! Gente como eu sou uma autora boazinha!!!!!).

            A moça levou a mão à boca, passando os dedos de leve nos lábios que a pouco haviam sido beijados. Aquele tinha sido o primeiro beijo de sua vida, sua fixação por Sakura tinha conseguido fechar todas as portas para qualquer pessoa.

Tomoyo (balançando a  cabeça levemente): 'Porque ele fez isso? Ele é casado! Com a professora Mizuki!'

            Um sentimento estranho percorreu seu corpo. "É maravilhoso" , a resposta de Sakura para sua pergunta de como era se entregar à pessoa que amava ecoou na sua cabeça. Sakura nunca escondeu a imensa felicidade que era estar com Li. Ela queria esta felicidade também, ela queria sentir aquele sentimento maravilhoso que a amiga dizia  e que a fez sofrer tanto. Aquele mesmo sentimento que apesar de tudo a fez ir ao mundo das trevas atrás dele.

Tomoyo (encostando a cabeça no apoio do banco): 'Eu também quero senti-lo.'

            Ela fechou os olhos ouvindo a música como se ela estivesse entrando em sua mente, a melodia inundando sua alma, sua vida. Ah como ela queria ser feliz daquela maneira.

Voz (abrindo a porta do carro): 'Pronto.'

            A menina pulou no banco com o susto, virou para o lado e viu Eriol que já estava sentado ao seu lado. Ele respirou fundo tentando controlar a dor para puxar o cinto de segurança.

Eriol: 'Espero que não tenha demorado muito.'

Tomoyo (ligando o carro): 'Não.'

            Ela deu a partida e começou o seu caminho ao velho hospital de Tomoeda.

Voz: 'Pronto Pequena. A tempestade acabou.'

            Sakura viu-se colocada no chão, ela tirou a grossa manta de cima da sua cabeça e olhou para o demônio que havia lhe carregado por tanto tempo na tempestade de areia. Ele era grande como Kyle e Cary. Tinha um corpo muito musculoso chegando até ser desproporcional a sua cabeça pequena. Ela sorriu para ele e lhe estendeu a manta.

Sakura: 'Obrigada.'

Demônio (pegando a manta): 'Não foi nada. Você é mais leve do que uma pena.'

Sakura: 'Mesmo assim obrigada.'

Kuoto (aproximando-se deles): 'Está bem?'

Sakura: 'Sim.'

Kuoto (virando-se para o demônio que havia carregado Sakura): 'Devo-lhe uma Maraki.'

Maraki (depois de rir demoradamente): 'Fica por uma das vezes que você livrou a minha pele.'

Kuoto: 'Está bem.'

            Maraki afastou-se deixando o casal sozinho. O bando estava sentado em roda mais adiante, tentando descansar da longa viajem pela tempestade.

Sakura: 'Nossa, é difícil acreditar que ele devia a vida a você.'

Kuoto: 'Só pelo fato de ele ser...'

Sakura: 'Três ou quatro vezes maior que você.'

Kuoto (depois de sorrir): 'Nem sempre o mais forte vence. Há dois tipos de força, a física e a mental.'

Sakura: 'Deve ser. Bem, eu não sou boa em nenhuma.'

Kuoto: 'Não consigo acreditar que uma menina como você veio paraa este lugar.'

Sakura: 'Nem eu.'

            Ela afastou-se um pouco, Kuoto a seguiu e os dois juntaram-se ao bando que tentava descansar. Sakura sentou-se encolhida ao lado de uma pedra. Imaginou que se viesse mais uma tempestade ela poderia protegê-la de alguma forma. Kuoto sentou-se ao lado de Kyle e conversava com ele em voz baixa para não ser ouvido pelos outros. Sakura estava com o queixo apoiado nos joelhos e olhava com curiosidade para aquele grupo. Maraki estava brincando com outro demônio que era menor que ele, dizendo que ninguém era páreo contra a sua força. Outros dois estavam lutando entre si com bastões de madeira, pareciam estar treinando. Kyle estava sentado em posição de Buda, ao seu lado direito Cary que ouvida atentamente o que Kuoto estava falando. Sakura fixou seu olhar naquele demônio. Sua presença era tão ou mais nociva que a de Kyle que parecia respeitar muito o que ele falava pois concordava levemente com a cabeça seja lá o que for que eles estavam conversando. A pesada e grossa manta  não permitia que ela tentasse visualizar como era, mas lembrou-se da mão que a segurava naquela hora antes de tempestade.

Sakura: 'Era uma mão humana e quente...'

            Um arrepio percorreu o corpo da menina, o sentimento de curiosidade estava lhe causando estranhos desejos de ir lá e arrancar aquele capuz mas sabia que isso só lhe traria mais confusão. Resolveu apoiar-se na pedra e tentar dormir um pouco.

            Sakura acordou e olhou o céu em chamas, era tão difícil saber a quanto tempo estava naquele lugar. Pensou se Syaoran também tinha esta impressão quando esteve tanto tempo por lá. Ela levantou-se e viu que os demônios ainda acordados, pelo jeito não dormiam. Ela subiu na pedra e tentou olhar para o horizonte tentando ver se encontrava alguma coisa, algum sinal de civilização. Nada. À sua frente apenas areia e mais areia. Um desespero incontrolável inundou o peito da menina.

Sakura: 'Assim nunca vou achá-lo.'

Voz: 'Talvez sim, talvez não. Quem sabe? Tem a eternidade para procurá-lo.'

            Sakura literalmente caiu de cima da pedra, Kuoto riu com gosto do jeito atrapalhado dela, demônios femininos eram muito raras no mundo das trevas. Não que apenas existissem machos, porém as fêmeas viviam escondidas e longe deles pois sabiam que sua natureza já as tornava fracas. Ver um demônio feminino, mesmo que na forma humana, andando livremente e tão dona de si era realmente algo muito difícil. A maioria escolhia um macho e tornava-se seguidora dele assim seria protegida e poderia acasalar. Na maioria das vezes apenas os mais fortes é que possuíam este tipo de companheira. Os muito fortes.

Sakura (com uma mão na cabeça): 'Você me assustou.'

Kuoto: 'De novo.'

Sakura (levantando-se): 'Me desculpe. Ainda não estou acostumada com este lugar.'

Cary (aproximando-se deles): 'Logo partiremos. Até chegar ao norte teremos uma longa jornada. O Mestre Kyle mandou avisar que vai seguir seu conselho, Kuoto. Assim que sairmos do domínio das minhocas iremos até a cidade.'

Kuoto: 'Excelente. (ele voltou-se para Sakura) Iremos comprar roupas adequadas para você.'

            Sakura sentiu vergonha ao olhar seu vestido sujo e rasgado, fitou Kuoto que a observava e pensou que também não estava muito diferente do manto que ele usava para se cobrir daquela maneira.

            Cary afastou-se dos dois pedindo que se preparassem, pois partiriam em pouco tempo. Sakura observou o grande lobo se afastar.

Kuoto: 'Ele ficou muito decepcionado por você ter conseguido se proteger do golpe dele.'

Sakura: 'Mas eu não fiz nada.'

Kuoto (afastando-se dela): 'Aí é que está o problema, pequena.'

            Sakura sentou na pedra e ficou pensando no que faria, se Logan estava certo sobre os demônios femininos, então aquela que veio buscar Li com o outro deve ter escolhido o seu namorado para companheiro.

Sakura: 'Ela vai ver só uma coisa.'

            Meilyn estava caminhando apressada pelas ruas de Tomoeda, chovia como nunca naquela cidadezinha do Japão. Ela caminhava em direção a casa branca que morava. Tomoyo àquela hora deveria estar arrumando as malas para viajar para a Europa. A amiga já tinha terminado de gravar o cd todo e agora estava preparada para as apresentações de sua turnê. Era triste pensar que logo estaria sozinha. Sorte que Kero resolveu ficar com ela, apesar de implicarem um com o outro, os dois acabaram amigos e como ambos não tinham para onde ir, resolveram ficar na casa, no fundo esperando pelos seus verdadeiros donos. Um vento forte fez o guarda chuva de menina quebrar.

Meilyn: 'Droga! Porcaria de guarda chuva!'

            Ela o jogou no chão e pulou duas vezes nele tamanha era a sua raiva do objeto. Respirou fundo e começou a andar rápido. Quando estava próxima avistou um rapaz parado em frente a casa tomando chuva também.

Meilyn (parando de andar): 'Hyo Ling...'

             Como se ele tivesse ouvido o sussurro dela se virou e sorriu para a menina. Ela sentiu as faces queimarem. Caminhou devagar até ele como se a chuva não existisse mais. Os olhos não se desviavam nem um segundo até ficarem próximos suficiente para se falarem.

Meilyn: 'O que faz aqui?'

Hyo Ling: 'Vim conversar com você.'

            A jovem sentiu um arrepio gostoso pela espinha.

Meilyn: 'Sobre?'

            O rapaz abaixou a cabeça pensando na melhor maneira de dizer alguma coisa. Depois se virou para ela, mais sério do que nunca.

Hyo Ling: 'Abandonei o clã.'

            Meilyn piscou os olhos uma centenas de vezes. Ela deu um passo para trás não acreditando no que ele disse.

Meilyn: 'O quê?'

Hyo Ling: 'Abdiquei do posto de Líder do clã Li.'

Meilyn (nervosa): 'Está louco?! Era tudo que você queria na vida! Você sempre desejou e almejou aquela porcaria de cargo! Hyo Ling, você pirou?!'

            Ele aproximou-se dela tocando-a de leve na face. Meilyn sentiu novamente todos os pêlos do seu corpo arrepiarem e não era pela chuva que caía sobre eles, e sim pelo toque quente da mão do ex-marido na sua pele.

Hyo Ling: 'Quer voltar a ser minha esposa, Meilyn?'

            Ela arregalou os olhos fitando-o cada vez mais assustada. Não era possível que ele tivesse abdicado do cargo de líder do clã Li por ela.  Ele odiava Xiao Lang pelo simples fato dele já ser predestinado para aquele cargo. Quando o primo morreu imaginou até que o rapaz estivesse feliz, pois agora nada poderia impedi-lo de realizar o seu sonho maior e agora ele simplesmente aparece na sua frente dizendo que abdicou de tudo e que quer voltar a ser seu esposo.

Meilyn (fechando os olhos): 'Isso é um sonho! Eu estou sonhando...'

            O rapaz sorriu e se inclinou tocando de leve os lábios dela, logo a envolveu em seus braços e assim que ela entreabriu os lábios lhe dando permissão para aprofundar o beijo, ele a beijou com paixão. Ficaram assim por minutos até se separarem por pura falta de fôlego. Meilyn estava trêmula fitando Hyo Ling.

Meilyn (com lágrimas nos olhos): 'Não está brincando comigo, não é Hyo Ling?'

Hyo Ling (ainda com a cintura dela bem presa com um dos braços): 'Não, meu amor. Eu não mentiria para você.'

Meilyn: 'Mas e seu casamento? Você está casado?'

            Ele a soltou e encostou-se ao carro que estava parado a frente da casa.

Hyo Ling: 'Não consegui casar com Wong. Quando desisti do casamento os anciões se revoltaram e me obrigaram novamente a casar, foi aí que eu decidi abandonar o clã. (ele virou-se para ela) Você acredita que eles tiveram a petulância de tentarem me bater?! Sãos uns cretinos.'

Meilyn (apoiando-se no carro ao lado dele): 'Foi isso que eles fizeram com Xiao Lang...'

Hyo Ling (sério): 'Averigüei esta história também. Porque aquele cabeça-dura não falou nada para ninguém! Droga, Xiao Lang era incapaz de pedir ajuda para alguém?! Aquele orgulho estúpido dele é que deve tê-lo enterrado! (depois de um longo suspiro) Pelo menos espero que esteja num lugar melhor agora.'

Meilyn (tristemente): 'Eu duvido.'

Hyo Ling (virando-se para ela): 'O que aconteceu aqui, Meilyn? O que está escondendo de mim?'

            Ela se afastou do carro e fitou o rapaz com carinho. Pegou a mão dele e o puxou na direção da casa branca a frente dos dois.

Meilyn: 'Venha, entre. Vou lhe contar o que aconteceu e o que está acontecendo.'

            O rapaz não questionou, caminhou junto com ela e entrou na casa logo depois da moça.

            Sakura caminhava praticamente com a língua para fora.  A menina pensou que estivesse caminhando há dias, meses talvez. Além disso Kyle era muito persistente, dificilmente permitia descanso aos homens e todos o respeitavam sem questionar. O único que às vezes questionava era Kuoto, que pelo visto parecia ser o mais sábio entre todos aqueles demônios. Sakura estava conhecendo eles aos poucos e apesar da resistência inicial eles estavam começando a acostumar-se com a presença da "pequena", como era conhecida entre eles. Pelo jeito o apelido que Kuoto lhe pôs acabou pegando entre os grandalhões.

            Muitos terremotos aconteciam naquele mundo, e sempre depois de um, Kyle fazia uma pequena reunião entre Kuoto, Cary e mais um  demônio bem forte. Seu nome era Kasakar. Era o único que realmente permanecia com a cara amarrada para Sakura. Maraki uma vez falou para ela não se preocupar com as grossuras dele, pois ele era assim com todos, muito amargurado. Era nítida a preocupação de Kyle a medida que eles se aproximavam do norte. Pelo jeito Kyle encontraria um grande inimigo lá, um tal de Devillus, e pelo jeito era odiado por todos, sem distinção. Sakura sentia um arrepio toda vez que eles pronunciavam ou comentavam sobre este inimigo. E pelo pouco que ela escutou parecia ser um demônio terrível e perverso. Sakura apenas pedia aos céus para encontrar Syaoran antes de chegarem aos domínios de Devillus.

Kuoto (caminhando ao seu lado): 'Vejo que está acostumando-se a este mundo.'

Sakura: 'Ainda bem! (ela baixou o tom de voz) Se eu não me acostumasse, Kasakar me abandonaria sem dó nem piedade.'

Kuoto (depois de uma leve risada): 'Ele abandonaria qualquer um que achasse que estivesse atrapalhando o seu caminho. Lembre-se que demônios nunca ligam para os seus semelhantes.'

Sakura (engolindo seco): 'Eu sei. Vocês são desprovidos de sentimentos.'

Kuoto: 'Isso mesmo.'

Sakura (fitando-o): 'Porque estão me ajudando então?'

Kuoto: 'Ninguém está lhe ajudando.'

Sakura (sem entender): 'Oras, estão deixando eu viajar com vocês! Isso é uma ajuda.'

Kuoto (depois de rir com gosto): 'Oras, pequena, Kyle só permitiu que você viajasse conosco porque ele viu que você tem um enorme poder. Derrotou cinco carrascos de uma só vez. Não é qualquer demônio capaz de fazer isso. Como ele gosta de falar, você é um lobo em pele de cordeiro.'

Sakura (franzindo a testa): 'Não sou nada disto!'

Kuoto: 'O pior que é. Você tem um poder enorme e eu posso sentir isso.'

Sakura: 'Então é por isso que está me ajudando?'

Kuoto: 'Estou sendo apenas gentil.'

Sakura: 'Que é a mesma coisa e não faz parte da natureza de um demônio.'

Kuoto (sorriu de leve pensando que ela não era tão bobinha quanto parecia): 'Preciso de uma companheira, depois que terminar a nossa jornada e eliminarmos o desgraçado do Devillus, quero que fique sendo minha.'

            Sakura sentiu o sangue gelar, parou de caminhar tentando ruminar as informações que recebeu de uma só vez.

Sakura: 'Hei peraí, eu disse que tinha um namorado.'

Kuoto (sem parar de caminhar): 'Sim, vou ter que matá-lo.'

Sakura (parando na frente dele e apontando o dedo na cara dele): 'Eu não sou um objeto.'

            Kuoto pegou a mão dela que estava a centímetros do rosto em sombras e apertou.

Kuoto: 'Você é uma fêmea, e deve ficar com o mais forte. Se o seu demônio for forte o suficiente para me derrotar, ele pode ficar com você. Caso contrário você é minha, pequena. Por isso, se cuide. Sou muito exigente e se eu não escolhi nenhuma até agora foi porque não quis.'

            Ele largou a mão dela e continuou a caminhar, Sakura explodia de raiva. Que droga! Porque toda vez que se metia em algum lugar sempre tinha um homem ou demônio ou sei lá o que fosse que se achasse no direito de tratá-la como um objeto! Ela já estava cheia disso! Era Makoto, depois Li, Seiya, Logan e agora até um demônio chamado Kuoto!

Sakura (franzindo a testa): 'Pois eu já escolhi o meu namorado e vou atrás do que é meu!' (Falou em tom baixo)

            Hyo Ling estava em estado de choque. O rapaz estava sentado numa das cadeiras com as mãos apoiadas na mesa.  Meilyn estava ao seu lado depois de ter alcançado um copo de água para o rapaz. Tomoyo estava sentada a sua frente com Kero pousado na mesa.

Hyo Ling (fitando as duas moças): 'Vocês têm certeza?'

Meilyn (fazendo um carinho leve no ombro dele): 'Sim. Xiao Lang está no mundo das trevas.'

Hyo Ling: 'Meu Deus! Ele se tornou um demônio?!'

Tomoyo: 'Isso mesmo.'

            Hyo Ling levantou-se e andou um pouco atordoado pela sala.

Hyo Ling: 'Então aquela história daquele juiz era verdade? Ele estava vivo, ou melhor, morto. Mas estava neste mundo vivendo com a Mestra das cartas. Isso é muita loucura para minha cabeça.'

Kero: 'Ainda bem que eu não sou o único a pensar assim. Nossa, sua família é maluca mesmo.'

Hyo Ling: 'Xiao Lang não podia morrer como uma pessoa qualquer, né? Tinha que inventar.'

Meilyn: 'Não diga isso. Deus sabe o que ele deve estar sofrendo agora.'

Hyo Ling (erguendo uma sobrancelha): 'Pelo que conheço de Xiao Lang tenho pena é dos demônios do mundo das trevas, não dele.'

Kero (ponderando): 'Isso é verdade. Aquele moleque sempre foi metido a ser o bom.'

Tomoyo (levantando-se também): 'Isso não importa agora. Tenho medo é por Sakura.'

Hyo Ling: 'Eu também. Nossa, mas ela é apaixonada por ele mesmo!'

Meilyn: 'Sim, Sakura o ama muito.'

Hyo Ling (fitando a menina): 'Pelo visto não só ela.'

            Meilyn abriu a boca para falar alguma coisa.

Hyo Ling (interrompendo-a): 'Acho que vou para o meu apartamento. Esta história toda é difícil de engolir tão fácil.'

Kero: 'Eu entendo.'

Hyo Ling (fitando o bichinho com curiosidade): 'Eu não consigo acreditar também que você é o guardião Kerberus.'

Kero: 'Estou na minha forma falsa.'

Hyo Ling (afastando-se deles): 'Forma de ursinho de pelúcia?'

Kero (voando até ele): 'Vejo que arrogância e burrice são mal de família!'

Meilyn (segurando o amiguinho): 'Não começa Kero.'

Hyo Ling (pegando as suas roupas molhadas do chão): 'Obrigada pela roupa seca, senhorita Daidouji.'

Tomoyo (sorrindo): 'São roupas de Li. Você tem o mesmo porte dele.'

Hyo Ling (sem graça): 'Acho que sim.'

            Meilyn soltou Kero na mesa e foi até o rapaz que já tinha aberto a porta depois de despedir-se de Tomoyo. Eles pararam na varanda da casa observando a chuva que diminuía aos poucos.

Meilyn: 'Você está bem?'

Hyo Ling: 'Acho que sim.'

Meilyn: 'Imagino que seja difícil acreditar nesta história toda.'

Hyo Ling: 'Se tratando de Xiao Lang nada fica muito difícil de acreditar.'

Meilyn: 'É verdade.'

Hyo Ling (fitando-a com carinho): 'Fica bem.'

Meilyn (segurando-o pelo braço): 'Espera, eu não te dei a minha resposta.'

            Ele virou-se para ela, não desviando os olhos dos dois belos rubis.

Hyo Ling: 'Não precisa dar a resposta agora.'

Meilyn: 'Não! Eu quero. Eu já tenho a resposta. (ela soltou o braço dele e ficou brincando com as mãos um pouco nervosa) O que mais quero nesta vida é... (ela levantou o rosto o fitando) é voltar a ser sua esposa, Hyo Ling.'

Hyo Ling (erguendo uma sobrancelha): 'Não acha melhor pensar nisso primeiro?'

Meilyn (pega de surpresa): 'Como?'

Hyo Ling: 'Eu primeiro preciso me estabilizar, amanhã vou começar a trabalhar numa empresa daqui de Tomoeda, mas não devo ganhar o mesmo que antes. Acabei de alugar um apartamento que não é nem do tamanho do salão da nossa antiga mansão.'

Meilyn (sentindo lágrimas nos olhos): 'Você acha que isso é importante para mim?'

Hyo Ling (pegando o rosto dela entre suas mãos): 'Pense com cuidado Meilyn. Você não é obrigada a aceitar um casamento agora. Você é livre.'

            Ele beijou a testa da jovem e afastou-se dela ainda sorrindo. Entrou no carro esporte e deu a partida. Meilyn observou o carro virando a esquina da rua. Hyo Ling tinha razão, agora ela era livre. Não era obrigada a casar como antes, o casamento era uma escolha dela não dos anciões para ela. A menina sorriu e apertou as mãozinhas contra o peito tentando acalentar o seu coração.

Meilyn: 'Não existe mais nada que eu queira tanto do que voltar a ser sua esposa, Hyo Ling.'

            A terra começou a tremer sobre os pés de Sakura. Kuoto a segurou evitando que ela caísse mas foi em vão, todos caíram de joelhos com o enorme tremor. 

Sakura: 'O que está acontecendo?!'

            Os terremotos eram freqüentes naquele mundo, mas não tão forte. Parecia que algo se movia por dentro da areia.

Kyle (empunhando a sua espada): 'Cuidado! As minhocas despertaram!' (Ah-ah! Pensaram que eu tinha me esqucido das minhocas?! A Rô pensou Hehehehehe aposto como já ia me dar um puxão de orelha!)

            Sakura pensou que tipo de minhocas eram aquelas. E teve a sua resposta quase na hora. De dentro da areia do deserto surgia um enorme ser.  Deveria ter pelo menos uns cinqüenta metros. Sua boca, ou o que parecia ser sua boca, possuía dentes afiadíssimos que atacou o grupo de demônios tentando devorá-los. Um deles foi pego e literalmente engolido inteiro. Kuoto tentava proteger Sakura, mas era impossível. Surgiram pelo menos umas vinte. Kyle e os outros atacavam as minhocas protegendo suas próprias vidas.

            Uma veio na direção de Kuoto e Sakura, o demônio empurrou a menina que caiu ao lado, Sakura caiu no chão com tudo e olhou para o demônio sendo engolido pelo enorme monstro.

Sakura: 'Kuoto!!!'

            Ela levantou-se e materializou suas asas, o arco surgiu entre as suas mãos. Sem pensar desferiu inúmeras flechas de luz na direção de um dos monstros transformando-o em pó. Outro monstro surgiu atrás dela, a menina voou rápido e com sua espada cortou-o pela metade com raiva. Cary também tinha matado mais uma com sua poderosa bola de energia. Kyle materializou suas asas de demônio e voava atacando uma das feras com raiva, acabou matando outra, porém seria atacado por outra que surgia à suas costas. Sakura voou rápido até ele e estendeu uma das mãos a frente formando o forte escudo que protegeu tanto ela quando o demônio chefe. Ele olhou para trás e viu que a menina o salvara, mas não teve tempo de agradecer e nem faria isso se pudesse. Sakura desfez o escudo vendo que o monstro estava desnorteado e aproveitando soltou uma forte rajada de fogo nele o destruindo.

            Uma forte explosão foi ouvida e a menina virou-se para trás, o mostro que tinha engolido Kuoto explodiu em mil pedacinhos espalhando mais sangue para todos os lados antes de transformar-se em pó. Sakura voou até o demônio que estava de joelhos tentando recuperar a respiração.

Sakura (pousando a sua frente): 'Você está bem, Kuoto?'

Kuoto (levantando-se): 'Eu odeio estes insetos!'

            Sakura arregalou os olhos vendo a enorme energia que envolvia Kuoto. A capa suja balançava com o vento que se formava em volta dele.

Kuoto: 'Afaste-se pequena.'

            Sakura não questionou, levantou vôo até porque vinha uma outra minhoca na direção deles. Ela ouviu um grito terrível e se virou. Maraki e Kasakar estavam sendo atacados por dois dos monstros. Kasakar podia voar com suas asas, mas Maraki não possuía este artifício e pelo jeito o outro não ajudaria o grandão. Sakura estendeu a mão e atingiu a que atacaria com um poderoso trovão, protegendo assim Maraki. O coitado do demônio estava encolhido de medo. Ela posou na frente dele e olhou feio para Kasakar que não pareceu muito preocupado com os outros apenas queria salvar a própria pele.

Maraki (abrindo os olhos e fitando Sakura de costas): 'Você é um anjo, pequena?'

            Sakura não ouviu a pergunta, concentrou-se e começou a crescer até ficar do tamanho das minhocas. Com socos e pontapés acabou matando algumas e as outras começaram a fugir. A menina aos poucos voltou ao tamanho normal e caiu de joelhos no chão esgotada. Tinha usado muita magia de uma só vez. Maraki abaixou-se até ela.

Marki: 'Você está bem?'

Sakura (ofegante): 'Estou bem, só cansada.'

Kyle (aproximando-se deles): 'Eu sabia que não era normal! Porque não nos avisou que era um ser celeste?'

Kasakar: 'Ela deve ser espiã de Emma Daio.'

Outro demônio: 'Não podemos permitir que uma espiã fique conosco.'

Cary: 'Foi por isso que ela conseguiu se defender do meu golpe. Precisamos eliminá-la agora ou acabará  contando a Emma Daio sobre a nossa ida aos domínios de Devillus.'

Kasakar: 'Não podemos permitir isso.'

Kyle (aproximando-se de Sakura que permanecia ajoelhada): 'Lobo em pele de cordeiro.'

Maraki: 'Mas a presença dela é de um demônio. Ela salvou nossas vidas! Se não fosse por ela talvez estaríamos todos mortos!'

Kasakar: 'Você a protege porque ela salvou sua pele, covarde!'

            Sakura levantou o rosto e viu que Kyle empunhou a espada na sua direção. Ele a mataria sem piedade, Logan tinha razão os demônios eram desprovidos de sentimentos, ela tinha acabado de salvar a vida de praticamente todos e agora eles a matariam por pensarem que era um anjo.

Voz: 'Se encostar nela, Kyle, nosso acordo está cancelado!'

Kyle (desviando os olhos de Sakura): 'Então está pretendendo proteger um ser celeste, Kuoto?'

Kuoto: 'Se não fosse tão burro perceberia que a presença dela não é de um anjo.'

            Kyle trincou os dentes.

Kuoto: 'A pequena é minha, e eu não gosto que toquem no que é meu.'

            Kyle abaixou a arma e fitou Kuoto intensamente.

Kuoto: 'Você sabe que não conseguirá derrotar Devillus sem a minha ajuda, então eu sugiro que se acalme e deixe-a em paz.'

Kyle (afastando-se): 'Ela é sua responsabilidade.'

Cary: 'Tem certeza, mestre?'

Kyle: 'Se Kuoto a escolheu como fêmea, eu não vou me meter.'

            O grupo afastou-se de Sakura, Maraki ajudou Sakura a se levantar. A menina ainda sentia as pernas moles, mas não reclamou, se demorasse a recuperar-se seria bem capaz de Kyle e os outros a deixarem de vez.

Kuoto: 'Maraki, viu por aí a minha manta? Eu acho que a perdi.'

            Sakura virou-se para ele o mais rápido que pode, já que ela apenas fitava o chão, cansada. A menina arregalou os olhos sentindo lágrimas se formarem neles.

Sakura: 'S-Syaoran...'

Continua.

NA: AH-AH será que é realmente o Li? Será que Li é Kuoto? Então o que aconteceu com ele? Hummm bem eu não vou falar! EU SOU MÁ!!!!!

E aí estão gostando da nossa Sakurinha mais dona de si? Para todos que andavam falando que ela chorava demais, acho que ela está surpreendendo, não? E posso te garantir que ela vai surpreender ainda mais!!!!

Quero mandar um beijo a todos que deixam reviews e me mandam e-mails. Talvez algumas pessoas que me mandaram e-mails deve ter voltado pq esta semana não pude nem abrir a minha caixa então ela estava completamente lotada! Vou tentar dar uma limpa nela.

Outra coisa, perdoem-me por não atualizar na sexta mas eu peguei um baita resfriado, senão fosse a Rô eu estaria ferrada! Beijão para você amiga! (Leiam os fics dela são maravilhosos!!!)

Beijos para a Andy Gramp (que tb está colocando os fics dela no ar!).

Beijos para Rachelzinha, Bel, Lally, Daí e DianaLua.

Beijocas e até semana que vem (espero conseguir atualizar na sexta feira certinho),

Kath Klein