Parte 6: Rin – Futuro
Sentado na beira do lago, Akasora olhava seu próprio reflexo, pensativo.
- Sou bem eu quem fica de olhos vidrados cada vez que vê Tenseiga e Toukijin...
- "Não é nada disso, mesmo.É só que...ora, como eu deveria ficar?"
Suspirou, olhando para o céu.Seu pai vivera muitas batalhas, e antes dele o seu avô que nunca conhecera.Os admirava praticamente na mesma intensidade, e aquelas espadas significavam para ele a prova viva de todo o respeito adquirido.Um respeito que ele não sabia se conseguiria um dia.
Desembainhou a espada que carregava nas costas, própria para o seu tamanho. Alisou a lâmina com ternura, quase como um pedido de desculpas.
- "É você quem eu tenho hoje, certo?"
Levantou-se de um salto, sabendo que, como sempre, alguns exercícios de espada melhorariam seu ânimo.Não pararia tão cedo naquele dia.
- Akasora estava aborrecido esta manhã.Ele disse alguma coisa? – Rin ajudava as filhas com os arranjos, com o pensamento em Akasora.
- O mesmo de sempre... – Tsukiko suspirou – Ele se aborrece fácil.
- Imaginei...nesse caso, é melhor que Sesshoumaru fale com ele.
- Aka-chan deve estar se matando de treinar agora...é sempre assim...eu queria que ele parasse com isso... – Fuyumo disse em tom de desabafo.
- Ele vai ficar bem, filha.Mas você me parece um pouco aborrecida também.
- Hum... – corou – Sabe, né, mãe...Aka-chan fica assim porque se acha fraco... porque se acha pior...pior por ser o que é..mas ele está errado, muito errado mesmo! – esforçava-se para explicar o que sentia sem machucar a mãe de alguma forma.
- Calma, Fuyumo.eu entendo o que quer dizer – sorriu, tranqüilizando-a – E entendo seu irmão também.Ele tem um coração bom, mas isso é importante para ele. Um dia, todos vocês entenderão a história inteira.
- Hum... – Fuyumo encostou-se em Rin – Você ama muito o papai, né, mãe? Por isso enfrentou tanta coisa...eu acho que é uma história muito bonita!
- Toda história bonita costuma ter um lado muito triste, querida – Rin suspirou – Mas, vendo vocês aqui, eu só posso agradecer a sorte que tive.Agora, é melhor eu voltar para a casa. – afagou os cabelos das duas, saindo – Não fiquem até muito tarde, certo?
Depois que ela fechou a porta, Fuyumo olhou interrogativa para a irmã.
- Parece que a mãe está sempre com alguma coisa na cabeça...você entende, né, Tsuki-chan?
- Quer dizer, fora nós três?Sim...eu acho que entendo um pouco.Tem a ver também com aquele manto...
- O manto da vovó...mas o que tem ele?
- É difícil para mamãe também.Youkais e humanos.Tem coisas que são insuperáveis.
- Fale claramente, irmã, por favor!!! – Fuyumo coçou a cabeça.
- O fato – parou um pouco o trabalho, olhando a irmã – é que, quando mamãe passar para o outro mundo, papai ainda vai ter praticamente metade da vida pela frente.Inquestionável...
- Ah, Tsuki-chan!Mas isso ainda demora!
- Para nós, demora mesmo.Mas isso não muda as coisas para ela.
- Poxa – murchou as orelhas – Então esse é o lado triste...
- Mas não deixa de ser uma história bonita, como você disse.
- Nossa, como passa rápido... – Akasora comentou, limpando o suor da testa, ao ver que o Sol já se punha quase completamente.
- É que você tem energia para muito mais do que um dia. – Sesshoumaru apareceu ao lado do filho.
- Pai.Desculpe, eu acabei me distraindo.
- Você estava muito concentrado, isso sim.É assim mesmo que deve ser nesses momentos. – aproximou-se.Akasora sorriu levemente.
- O senhor quer falar alguma coisa comigo?
Sesshoumaru viu que estava certo em ir direto ao assunto com o garoto.
- Na verdade, sim.Mas palavras não serão o principal. – enquanto falava, desembainhou Tenseiga, que refletiu o brilho da Lua e dos olhos de Akasora.
- Pai...?
- Eu já te expliquei que espadas não são apenas aço forjado, Akasora. – olhava Tenseiga serenamente – Cada uma delas possui sua característica especial.Como se fosse um ser vivo.
O garoto fez que sim com a cabeça.Lembrava-se de tudo isso.
- E essa característica deve ser respeitada, caso a intenção seja dominar verdadeiramente o potencial da arma.Tenseiga tem uma característica realmente especial.
- A espada que restaura vidas...
- Custou-me muito obter o controle total sobre Tenseiga.Ainda hoje, é como se algo ficasse oculto.Você tem alguma idéia do motivo?
Ele balançou a cabeça, sem coragem de dizer nada.
- É impossível – enfatizou – ter controle total sobre uma vida, seja ela a sua ou a de outra pessoa.E vida é essência desta espada.Por isso, ela é uma responsabilidade tão grande.
O olhar de Akasora brilhou mais pela menção de responsabilidade.
- Em poucos termos.Tirando uma vida, assumimos uma culpa, mas restaurando uma vida, chamamos um compromisso incalculável para nós.É muito mais difícil, em todos os sentidos.
Via que o pai não fazia questão de esconder que, mais do que um ensinamento, suas palavras vinham de experiência própria.Isso só tornava tudo mais indiscutível.
- Sabendo de tudo isso, deve ficar mais fácil para você.
Estendeu a espada para Akasora, que, surpreso, segurou-a com as duas mãos.
- Um pouco pesada... – não pôde evitar o comentário.
- Ainda é.Agora, vejamos – foi a vez de Toukijin ser desembainhada – Tente.
- Tentar...? – mal pôde acreditar que teria a chance de brandir Tenseiga pela primeira vez.Controlando-se, pôs-se em posição.
- Lá vou eu!
Arremeteu o mais forte que conseguiu, e, na fração de segundo em que as duas espadas se chocaram, Tenseiga caiu para um lado e Akasora para outro, de joelhos. Respirou fundo, sem coragem de encarar o pai.
- Não há motivo para vergonha – embainhou Toukijin – Apenas diga o que sentiu.
- O que...senti?O que senti...talvez...
Passou alguns instantes em silêncio, até admitir.
- Talvez...pesada demais.
- Não é para menos – recolheu Tenseiga, embainhando-a também – Não é sua espada, ainda.
- Ainda? – levantou o rosto imediatamente, olhando o pai.Sesshoumaru sorriu por dentro naquele momento, mantendo o semblante sério.Ainda não terminara.
- Você treina diariamente com a sua espada.Mas já sabe qual é a característica dela?
- Dela? – hesitou, sem jeito – Na verdade, nunca...pensei sobre isso...
- Mas é ela quem você tem hoje, certo?
- Sim...mas...como vou descobrir algo assim?
- Isso é muito pessoal.Mas seja paciente e saberá.Você ainda é muito jovem!
Akasora levantou-se, ainda sem saber ao certo o que dizer.
- Eu vou tentar fazer isso, sim.Vou ter mais paciência...
- Acredito que vai.Agora, já anoiteceu.Vamos para casa.
- Sim.
Foram caminhando lado a lado, sob a luz das primeiras estrelas.De alguma forma, Akasora sentia o coração mais leve e uma vontade maior de sorrir.
- "Tenho que me desculpar com as garotas por hoje de manhã..."
- Você ama muito o papai, né, mãe?
Rin andava devagar, tentando se distrair, em vão.
- "Eu preciso parar de ficar aborrecida na frente das crianças...elas são tão espertas..."
O vento frio da noite a obrigou a agasalhar-se mais no manto.
- "Sesshoumaru e eu sabemos como é continuar respirando enquanto as pessoas passam ao redor...sobreviver tem o seu lado cruel.E é claro que eu não gostaria que ele passasse por isso mais uma vez...por minha causa...mas isso não está ao meu alcance."
- Presscissa de alguma coissa, Rin-ssama?
- Ahn? – piscou, saindo dos devaneios – Olá, Jaken!Eu estava tão distraída...
- Esstou atrapalhando, Rin-ssama?
- Não, é bom que esteja aqui.Onde está meu o marido?
- Ele esstava converssando com Akassora-ssama, Rin-ssama.
- Que bom – aliviou-se – Ei.Pensei que tivéssemos um trato.
- E temoss.Mas.. – olhou de lado, revelando um Yozora quase escondido nas sombras das árvores.Ao ser notado, fez uma educada mesura à Rin, que retribuiu séria.Depois tomou outro caminho, ainda que parecesse forçado a isso.
- Toda vez que o vejo... – Rin confessou – é como se o ar ficasse mais pesado...
- Feh...não é para menoss, Rin... – bufou, o olhar queimando na direção do outro – Não passsa de um abutre azul de bico empinado.
- Eu sei que ele nunca me aceitou.
- Não asceita ninguém.Por maiss falsso que sseja, todo mundo sabe que tudo o que quer é ssentir o gosstinho do poder de novo...mass issso nunca vai acontescer, não enquanto Ssessshoumaru-ssama manter ele ssob controle! – disse a última frase em tom de vitória.Rin suspirou.
- Espero que esteja certo, Jaken.Não apenas por mim, você sabe.Bem, eu vou entrar agora.Boa noite.
- Boa noite, Rin. – saiu, ainda praguejando contra Yozora – Abutre azul...pode esspiar o quanto quisser, ainda tem três na ssua frente antess que tenha alguma chansce...eu me lembro muito bem da ssua cara quando Akassora-ssama nassceu...E Ssessshoumaru-ssama também não essquesceu o que voscê penssa de verdade ssobre Rin...sseu abutre.
- Então, é por isso que tem olhos tão grandes?Escória.
Longe da vista de todos, Yozora pisava duro e sibilava como uma cobra.Olhou na direção da casa com rancor reprimido.
- "Aquela humana...quando eu ia imaginar que isso iria para a frente?Agora eu vejo que talvez ele nunca tivesse voltado se não fosse por ela...formando uma prole... uma prole de hanyous! – teve uma vontade repentina de gargalhar – Você já parou para pensar nisso, hein, Lorde Sesshoumaru?Mas não, nunca os tratou como hanyous devem ser tratados, não é?Afinal, são seus preciosos herdeiros, filhos de sua preciosa humana, não é?Se eu..."
- Sua máscara está caindo, Yozora.
A voz de Sesshoumaru foi como um choque elétrico para Yozora.
- Lorde Sesshoumaru... – sorriu amarelo, tentando se recompor – Pensei que já estivesse em casa para o jantar...
- Pensou errado, para variar – falava calmamente, mas muito sério – Mas não sou eu quem está onde não deveria.
Yozora não respondeu, se fazendo de desentendido.Sesshoumaru ignorou.
- Eu não tenho que tirar satisfações da sua vida.Mas não quero que arme escândalos, perturbe Akasora ou espie Rin sob o meu nariz, como se eu fosse um descuidado.
- Fala como se eu fosse uma ameaça, Lorde.
- Ameaça? – ironizou – Esse é um crédito que você não merece.
Yozora endureceu a expressão.
- Não há motivos para eu fazer nada, Lorde.Eu avisei com todas as palavras o que aconteceria.Agora, é uma questão de tempo...
- Não gaste seu discurso – cortou – Pois muito bem.Subestime Akasora o quanto quiser, vai colher o que plantar.Eu só vim lhe dizer para deixar de ser bisbilhoteiro...
Estralou as garras, como um aviso, antes de se retirar.Yozora bufou.
- "Hunf...não gostou de eu estar por perto da humana, não é?Era só isso...mas você sabe a resposta do que eu quero entender?"
Saiu andando devagar, na direção oposta da casa.
- "Ela já deveria ter alguns cabelos brancos a esta altura..."
O jantar havia sido como sempre,Sesshoumaru e Akasora em silêncio, os arranjos de Tsukiko sendo elogiados e Fuyumo prestando mais atenção em seu prato do que em qualquer outra coisa.Mas agora já era tarde e Rin saía de seu banho, encerrando o dia.
- "A conversa com Sesshoumaru deve ter sido boa para Akasora, os dois pareciam bastante satisfeitos.Bem, eu pergunto como foi com mais detalhes quando ele chegar."
Sentou-se na penteadeira e começou a trançar os cabelos para dormir.De uns tempos para cá, esse momento estava lhe trazendo algumas dúvidas.
- "Não... – correu os olhos pelos fios atentamente – Ainda não estão aqui..."
Estava começando a ficar intrigada.Normalmente, as mulheres costumam notar os primeiros fio brancos na idade dela, nada muito relevante, o tipo de coisa que apenas a pessoa percebe.Entretanto...
- "Ainda se fosse só isso, eu não me preocuparia.Mas não é como se eu tivesse a disposição de uma mulher de 35 anos e mãe de três filhos.Verdade que nada me falta nessa vida, mas essa sensação de ainda ter 20 anos...não é normal.."
Terminou a trança, olhando o próprio reflexo.Franziu levemente a testa.
- "Não que eu esteja reclamando...mas queria saber o que realmente causa isso."
- Ainda acordada? – Sesshoumaru entrou no quarto.
- Estava te esperando - desviou o olhar do espelho – Parece que o aborrecimento de Akasora passou.
- Vai ficar tudo bem com o garoto – sorriu, orgulhoso.Em se tratando do filho, isso não era inesperado.
- Que bom.Vejo que não se decepcionou em nada.
- Ele tem o potencial esperado, apesar de ainda ter muito a aprender.Afinal, só tem 15 anos.
- Eu percebi que ele estava mais animado essa noite.Até pediu desculpas às meninas por hoje à tarde!Esses três são mesmo muito unidos, apesar das discussões.
- Dizem que é assim que irmãos normalmente são – comentou sério, sentando-se na cama.
- A lembrança de Inuyasha ainda te incomoda, depois de tanto tempo... – Rin disse em tom de desculpas.Ele deu de ombros.
- Não é como se nos odiássemos quando ele foi embora.Mas somos diferentes demais para nos entendermos de verdade. – justificou, mas no fundo sabia que não era bem assim.Eles poderiam ter se entendido, se quisessem.Mas uma das poucas semelhanças entre eles era que nunca cederiam em uma tentativa de conversa.
- Entendo. – Rin sentou-se na cama também – Youkais e hanyous têm suas diferenças.Mas, todos temos, não é?Existem coisas que merecem atenção maior.Por exemplo – sorriu – a maneira que olha por nossos filhos.Eu sei a boa pessoa que você é, por detalhes assim.
- Boa pessoa?Você continua compreensiva, como sempre foi...
- É...não acho que eu tenha mudado muita coisa mesmo. – olhou-o, como que sem jeito de tocar nisso.
- Claro que já notou, não é? – confirmou o comentário dela.
- Você acha que mais alguém tem comentado sobre isso?
- Não acho que possam ter notado – pensou em Yozora, mas não disse nada – E mesmo que alguém tenha, não há como confirmar nada.
- Se nem eu mesma posso...não faço idéia do que isso seja. – passou a mão na trança quase sem perceber.
- Vamos, não se preocupe tanto.Se for algo de importância, deve chegar a hora em que vai se esclarecer.Descanse, agora. – beijou-a de leve – Vou tomar meu banho e logo volto.
Rin seguiu-o com os olhos até que ele entrasse no banheiro.Então, deixou-se cair no colchão, com um suspiro.
- "Isso é verdade...Mesmo porque, existem coisas que merecem atenção maior... obrigada, querido.Akasora, Tsukiko, Fuyumo...todos vocês, que são meu grande tesouro...não preciso de mais nada."
Quando Sesshoumaru voltou, a mulher já ressonava tranqüilamente.Na verdade, sempre gostou muito de vê-la dormindo, era uma imagem muito pacífica.Sentou-se devagar na cama, para não acordá-la.
- "Vai se esclarecer...sim, talvez.Mas a verdade é que eu estou muito feliz, Rin.Se eu soubesse o motivo disso, já teria lhe dito.Mas, seja o que for, é tão bom saber que a você está sendo protegida por algo que pode fazer mais do que eu nesse aspecto..."
Ajeitou as cobertas dela antes de deitar-se também.
- "Eu sou um egoísta, não é, Rin?Penso que também não mudei muita coisa.Mas eu só quero tê-la ao meu lado o máximo que eu puder."
Uma paisagem diferente de qualquer outra, nem parece ser deste mundo.Pelo ar nostálgico, é como se fosse um lugar que não existe mais.
- "Por que estou andando em um lugar assim?"
Parece que acabou de nevar.O chão está todo branco e a neve macia, mas eu não sinto frio.
- Estou sem sapatos também.Que estranho, e não tem ninguém aqui?"
O céu está tão azul...não, não é o céu.É um lago, um grande lago.Bonito...posso me ver refletida nele.
- "Mas esse não é o meu rosto.Não é mais.Não tenho mais dezoito anos."
- É seu.É um presente!
Essa voz...
- Sesshoumaru?
Do outro lago do lago, ele não pode me ver...com quem ele está falando?Ah...é só a Rin...ele está dando um presente para ela?
- "Mas esse manto é meu!Estou usando ele agora!"
Entendi...é um sonho, não é?
- Só pode ser um sonho...não existem dois mantos, né, Sesshoumaru?
Não está mais lá.Tem outra pessoa.Ela pode me ver.
- É mesmo uma surpresa para mim.
Que voz...uma rainha, talvez?
- Não pensei que isso fosse acontecer de novo, na mesma família, mas é mais forte do que eu.Devo dizer que está se saindo bem, para uma humana.
- "Essa senhora...a mãe do Sesshoumaru...?No meu sonho?
Eu sei que é ela.
- A senhora...quer falar alguma coisa comigo...
- Eu não sei porque meu filho a escolheu para esposa, Rin.Mas não dá para negar a diferença que fez na vida dele.Serei rápida.Você, uma vez, fez um pedido para mim. Pode se lembrar?
Não deixe...que se apague...
- Eu falei...falei para o manto.Claro, eu me lembro.
- Humanos não podem viver séculos, mas você tem muita força de vontade... poderia até dizer teimosia, se não fosse por algo tão nobre.Graças a ela, você não definhará no tempo natural.
Então tem mesmo algo acontecendo comigo...
- O manto da senhora...ele...
- Seu manto agora.Ele age de acordo com a sua vontade.E só você saberá a hora de parar.
- Parar, senhora?
- Certas coisas são sagradas.Humanos não suportam esse mundo por muitos séculos.
- Eu entendo.Um dia, precisarei tirar o manto, não é?
- Não fraqueje, e esse dia irá demorar.Terá a chance de fazer tudo o que precisar.
- Tudo o que eu preciso é ver a minha família feliz, senhora.
- Na verdade, não é uma ambição pequena.Boa sorte para você.
Ela está se afastando...ou serei eu?
- Muito obrigada, senhora!Adeus!
- Adeus... – Rin abria os olhos, desligando-se lentamente do sonho.Ao seu lado, Sesshoumaru ainda dormia.
- "Ainda está escuro..." – levantou-se devagar, enrolando-se no manto.Sentiu vontade de ir até a sacada.
- "É uma grande responsabilidade mesmo, senhora..."
De onde estava, podia ver quase toda a extensão das Terras do Oeste.As casas humanas, já completamente às escuras.As plantações, tratadas com tanta dedicação. Sabia que em cada árvore vivia uma família diferente de passarinhos, com suas próprias preocupações.A mesma coisa acontecia no lago, com os peixes.Ah, o lago!Quase podai ver Akasora treinando, compenetrado, à beira dele, ou Fuyumo nadando despreocupada em pleno inverno.Mais longe, molhadas de orvalho, as flores que Tsukiko transformava em belos arranjos.E, falando em flores, o jardim de cerejeiras começava a florescer.O lugar favorito de Sesshoumaru para seus momentos de solidão.
Respirou fundo, sentindo o ar puro banhar seus pulmões.O ar da terra, sua terra.Amava cada pedacinho daquele chão, testemunha de tantos momentos importantes, felizes ou não.Um dia, faria parte desse chão, com muito orgulho.Um final é sempre o inicio de outra coisa maior.E para ela, a recompensa estaria no sorriso de quem continuasse em frente..
- "Mas ainda há muito o que fazer até lá.Ainda verei muita coisa acontecer, e é uma benção ter forças para isso.Ao lado das pessoas que amo...pelos que são importantes para mim..."
Olhou determinada para o céu, onde as estrelas pareciam estar paradas prestando atenção naquela única sacada.
- "Eu farei de tudo para me sustentar em pé o máximo que puder, e ser digna desse tesouro.De todos esses tesouros..."
- Está aí, Rin?O que houve? – Sesshoumaru abriu a porta que dava para a sacada, encontrando-a como que em transe.
- Nada de mais! – virou-se para ele, a expressão no rosto confirmava a frase.
- Olhando as estrelas? – foi até ela.
- Também.Mas não há só elas. – olhou para o céu de novo – Você gosta das estrelas?
- Elas podem ser mais ou menos brilhantes, dependendo de nós mesmos.Hoje estão bastante bonitas.Sempre gostou das estrelas, não é?
- Sim.São bonitas.Mas não se comparam... – voltou os olhos para o horizonte – Estão distantes demais para isso.As coisas que podemos sentir são muito mais bonitas.
- Fala como uma rainha, Rin. – abraçou-a pelo ombro – Que bom vê-la mais tranqüila.Vamos entrar agora?Ainda falta muito para amanhecer.
- Sim,vamos.Sesshoumaru...
- Sim?
- Também é bom vê-lo mais tranqüilo. – falou com toda a ternura.Ele só respondeu depois que a cortina do quarto correu, fechando-se.
- Você é sempre compreensiva, Rin.
*****FIM*****
Notas: *estica os braços* Finito!!!Eu consegui!!!Cheguei a um conclusão para esses dois!!! ^__^ Que emoção!Muito obrigada a todos que chegaram aqui comigo!!!!Espero que tenham curtido!
Mas ainda não se livraram completamente de mim...ainda há uma última coisa a fazer, mas isso é tarefa da próxima geração!!!Então, se querem saber o que acontece depois do fim, segurem mais um pouquinho que o epílogo logo vem para esclarecer algumas coisas!!! ^___^
