CAPÍTULO XXXVIII
Na manhã seguinte, Rebekah acordou cedo, incapaz de dormir muito bem depois da conversa com o irmão. Ela sabia que seu irmão estava insatisfeito com a situação, porque não estava no controle dela, embora ela não aceitasse que Nick quisesse ter algum poder sobre Elena quando ele estava com Hayley.
Ela conhecia Nick o bastante para perceber quando ele se importava e quando não. E ela poderia afirmar que ele sentia algo mais por Elena do que apenas possessividade por seu filho não nascido. Rebekah tinha certeza de que ele estaria de volta logo. Toda a calmaria em que viviam ela, Kol e Elena terminaria em breve. Portanto, precisava falar com Kol e Elena, prepará-los para o retorno de Nick.
Rebekah se levantou, tomou um banho e se vestiu para o dia, saindo para encontrar Kol antes do café. Ela ponderou sobre esperá-lo na cozinha, mas como ele sempre descia com Elena, ela decidiu abordá-lo antes. Ela bateu suavemente na porta de Kol algumas vezes, chamando-o baixinho para não acordar Elena, que estava no quarto próximo ao dele. No entanto, não obteve resposta.
Rebekah decidiu entrar e acordar o irmão, rezando para que ele estivesse vestido ou ao menos coberto. Ela abriu a porta devagar e espiou dentro. Ela viu a cama arrumada e estranhou. Abrindo mais a porta ela olhou ao redor e viu que o quarto estava vazio. Rebekah caminhou até o banheiro, verificando se Kol estava lá. Mas para o espanto da loira, o banheiro também estava vazio. Kol não estava em seu quarto e aparentemente não tinha dormido em sua cama, porque ela tinha certeza de que ele não tinha arrumado. Parecia que ele não estivera em sua cama a noite toda.
Rebekah ficou confusa, perguntando-se se ele tinha saído e não tinha voltado ainda, mas logo a confusão deu lugar a suspeita. Ele poderia ter dormido em outro lugar. Rebekah suspirou e se virou para a porta de Elena.
Ela pensou em bater, chamar por Elena, mas se Kol estivesse lá, o melhor seria pegá-los juntos, então, ela decidiu apenas espionar. Sem bater, a loira abriu a porta devagar, olhando dentro do quarto, diretamente para a cama. E Rebekah viu Elena deitada de costas para Kol, apoiada no peito dele. E Kol tinha uma das mãos sobre a cintura de Elena.
Eles estavam vestidos, ela observou, mas pela proximidade em que se encontravam e a posição, Rebekah concluiu que com certeza estavam em um relacionamento. Naquele momento Rebekah se sentiu traída. Ela estava magoada com os dois, porque não conseguia acreditar que eles tivessem mentido para ela tão descaradamente. Ela perguntou a ambos se eles sentiam algo, um pelo outro, mas eles negaram. Talvez ela tivesse feito a pergunta errada. Talvez ela devesse ter perguntado se eles estavam dormindo juntos.
Eles tinham negado tudo, e agora ela os encontrava dormindo juntos, compartilhando a cama de Elena, bem debaixo do nariz de todos, bem debaixo do nariz de Nick. O que aconteceria se seu irmão soubesse? E se ele já sabia? Rebekah estremeceu imaginando a confusão que se daria quando Nick retornasse, enquanto fechava a porta devagar e seguia para a cozinha.
Considerava Elena uma amiga, Kol seu bom irmão. Eles não precisavam mentir para ela. Ela não se importava se eles estavam juntos, ela queria ver Elena feliz, assim como Kol. E ela queria Elena na família. Ela apoiaria a relação deles se eles quisessem, se tivessem contado. Mesmo agora, vendo-os juntos, ela ainda estaria ao lado deles quando Nick voltasse, embora julgasse que todo esse relacionamento aconteceu de forma muito rápida.
Fechando a porta, Rebekah voltou para seu quarto. Ela falaria com eles, tanto sobre Nick quanto pelo que ela tinha visto. Pensando por um momento, ela decidiu que eles precisavam de um lugar seguro para conversar. Ela decidiu que sua casa seria o melhor lugar, estariam sozinhos porque ela tinha dispensado os funcionários. Rebekah desceu, e enquanto tomava café ela mandou uma mensagem para Kol.
Kol acordou antes de Elena. Ele sentiu o corpo dela junto ao seu, o cheiro dela inundava seu olfato. Ele sentiu a mão dele parcialmente sobre a barriga dela. Ele sentiu seu corpo tenso, seu membro rígido. Ele tinha uma ereção matinal. Ele estava excitado e colado ao corpo de Elena.
Kol se movimentou para trás, para se afastar um pouco do corpo de Elena, mas ele não conseguiu se mover muito, porque nesse momento ele sentiu o bebê se mexer. Kol ficou imóvel, surpreso e maravilhado. Ele se sentiu subitamente orgulhoso por vivenciar aquele momento, porque ele sabia que era a primeira vez que o bebê chutava. Ele acariciou a barriga de Elena.
Elena despertou sentindo a mão de Kol fazendo pequenos círculos em sua barriga. Ela sentiu um movimento em seu ventre e soube que o bebê se mexia. Mas ela ficou surpresa ao sentir um chute, o primeiro movimento mais forte de seu bebê. Ela tinha certeza de que Kol sentia o mesmo, por isso estava quieto. Não era primeira vez que ela sentia o bebê se mexer, mas nunca tinha sido tão intenso.
Elena se virou rapidamente, inclinando-se para Kol, sorrindo para ele. Ela colou o corpo ao dele com esse movimento e pôde sentir sua ereção em suas costas. Ela corou instantaneamente, mas decidiu fingir que aquilo não estava acontecendo para não criar uma situação constrangedora, enquanto ela observava Kol se mover para longe dela.
– O bebê te acordou? – Elena questionou.
– Não, mas logo que eu me acordei o senti se mover. Bom dia, querida! – Kol deu um beijo na bochecha de Elena.
– Eu já tinha sentido antes, mas nunca tão forte. Era mais como um movimento suave... Foi a primeira vez que ele chutou. – Comentou Elena, maravilhada.
– Oh, isso é tão...
– Estranho? – Elena sugeriu.
– Maravilhoso! Eu sinto que estou muito perto de um milagre, o milagre da vida. – Kol parecia verdadeiramente encantado.
– Mas é claro que você está. Rebekah está grávida também. Você está cercado. – Elena brincou.
– Eu sei, mas é diferente. Com você eu quero dizer.
– Como? – Elena franziu a testa.
– Você não é minha irmã.
– Sim, claro. – Elena revirou os olhos diante da afirmação óbvia.
– Eu a via apenas como a mulher grávida do meu irmão, mas depois de conhecê-la, de conviver contigo eu passei a te ver como minha amiga.
– Isso é bom, porque eu me sinto da mesma forma em relação a você, Kol. Você é um bom amigo, um dos mais especiais para mim. – Elena sorriu para ele.
– Fico feliz por isso, mas o que quero dizer é que participando de tantas coisas relacionadas a sua gravidez, eu passei a me sentir parte. Eu não tinha percebido até agora, o quanto eu me sinto orgulhoso de estar ao seu lado, de todas as coisas em que pude participar em primeira mão. Hoje, quando senti o bebê chutar, eu me senti tão especial por ter presenciado esse momento, como se eu fosse o pai.
Kol encarava Elena com um olhar penetrante, e ela observou que tudo o que ele dizia era verdade. Não havia traços de lisonja ou mentiras. Ela sentiu o coração se acelerar, suas mãos suarem, seu rosto aquecer.
– Eu acordei de uma maneira diferente hoje – Kol continuou – Fisicamente, eu quero dizer. Eu sei que você percebeu, e eu te peço desculpa por isso querida. Mas agora, olhando aqui para você, eu sei que te vejo mais do que como uma amiga, eu te vejo como mulher. E uma mulher linda, gentil, encantadora.
Elena apenas engoliu, incapaz de dizer alguma coisa.
– Eu não quero que você pense que tenho outras intenções, embora agora eu tenha que admitir que eu estou me sentindo confuso. Tudo o que eu consigo pensar é no quanto eu quero te beijar.
Elena engoliu em seco. Ela olhou para os lábios de Kol e sentiu seu corpo todo aquecer. Fazia tanto tempo desde a última vez em que fora beijada, que fora desejada. Ou mesmo que ela desejou.
– Não devemos... – Elena sussurrou, ainda encarando os lábios de Kol.
– Você não quer? – Kol questionou com a voz rouca.
– Eu...
– Apenas um beijo...
Elena não disse nada, mas também não pensou muito sobre. Ela se inclinou rapidamente e colou seus lábios no de Kol, um beijo suave, afastando-se em seguida. Eles olharam um para o outro, antes que Kol atacasse os lábios dela.
Kol sempre fora doce e gentil com ela, mas o beijo dele não foi nada delicado. Ele se inclinou sobre ela meio de lado, com cuidado para não ficar sobre a barriga dela, e a beijou com intensidade, com desejo. Ele tinha um dos braços apoiando Elena e o outro, ele usou a mão livre para segurar o rosto dela. Ele não pensou naquele momento, apenas aproveitou.
Entregando-se prontamente, Elena abriu os lábios e deu passagem para a língua dele, iniciando uma batalha que fez seu corpo esquentar, suas pernas tremerem, seu núcleo encharcar. Ela tinha certeza de que Kol se sentia da mesma forma, considerando a forma como a mão dele apertou a sua por cima de sua cabeça.
Quando eles se afastaram para respirar, Elena o encarou, vendo um misto de emoções no rosto de Kol. Ela tinha certeza de que seu olhar refletia o mesmo, mas não estava disposta a lidar com aquilo agora, ela queria continuar beijando Kol. E foi o que ela fez quando se inclinou e beijou a mandíbula dele, seguindo para o pescoço.
– Não me tente, querida... – Kol gemeu.
– Eu quero. – Elena garantiu.
– Não fale assim, eu não sou tão honrado para resistir.
Ela o encarou novamente.
– Eu quero você, Kol!
– A uns minutos atrás nos éramos apenas amigos. – Kol insistiu em ser realista.
– Eu sei – Confirmou Elena – Mas talvez Rebekah tivesse razão, talvez houvesse uma tensão entre nós que nos recusamos a ver.
Kol suspirou, acariciando o rosto de Elena.
– Não podemos fazer algo que você vá se arrepender depois. Não quero arriscar nossa amizade. Eu gosto tanto de você que meu coração se partiria em mil pedaços se nos afastássemos.
Elena sabia o que ele queria dizer. Eles eram apenas amigos até aquele momento e os sentimentos de ambos eram confusos. Mas ela tinha certeza de Kol era um dos seus melhores amigos, principalmente por estar tentando fazê-la pensar quando tudo o que ela quer é se entregar a ele. Poucos no lugar dele fariam o mesmo. Ela também gostava imensamente dele, queria que ele fizesse parte de sua vida para sempre, assim como da vida de seu bebê. E era justo por isso que ela sabia que não se arrependeria, de que queria Kol, e que eles poderiam lidar com isso depois. Ele não era como Stefan ou Klaus, fazer amor com ele seria diferente de tudo o que ela vivera antes. Ela não conseguia resistir a isso.
– Eu quero você Kol, mas eu entendo se você não quiser.
– Mas eu quero, que Deus me ajude, eu quero!
Kol voltou a beijá-la e Elena sorriu entre o beijo, um pequeno sorriso de vitória. Ela nunca se sentiu tão travessa antes, tentando um homem para estar com ela. Aquilo era novo. Com Stefan ela era virgem e inexperiente, depois se tornou insegura. Com Klaus ela se entregou porque imaginava que nunca o veria de novo, ele era um estranho, mas fora ele quem fizera a maior parte das coisas. Com Kol ela se sentia segura, porque ela o conhecia e o desejava. Ele não a via como uma boneca, ou como um objeto, ele a via como uma mulher de verdade.
Mas justamente quando Kol desceu os lábios e passou a beijar o pescoço de Elena, enquanto acariciava os sérios dela por cima da camisola, o telefone dele tocou. Elena gemeu de frustração com a interrupção, enquanto Kol esticava a mão para silenciar o telefone, sem deixar de beijá-la. Mas logo o celular dela também começou a tocar e ambos se separaram.
– É Rebekah – Kol informou.
– Minha amiga Bonnie – Mostrou Elena.
– Continuaremos mais tarde, se você ainda tiver certeza de que é isso o que você quer.
Elena não respondeu, apenas acenou com a cabeça. Ela atendeu o telefone e passou a falar com Bonnie, enquanto Kol se retirava para atender a ligação da irmã no corredor. Elena fora rápida com Bonnie, não dando chance a amiga de estender a conversa. Ela apenas confirmou que estaria em Richmond na terça-feira e que precisava se arrumar para um compromisso. Quando a amiga desligou, Elena suspirou. Ela se sentia cheia de desejo e estava frustrada por ter sido interrompida. Ela precisava de Kol.
