CAPÍTULO 2 – FANTÁSTICAS REVELAÇÕES

Tomoyo chegou em casa com a roupa emprestada de Nakuru, após alguns minutos de tranqüila caminhada. Abriu a porta e entrou, calmamente. Logo que atravessou a sala, sua mãe veio correndo na direção dela.

- Tomoyo! Onde você esteve durante o dia todo? Eu cheguei mais cedo para ajudá-la nas lições... Que roupa é essa?

Sonomi fingia não ter presenciado nada durante aquela manhã, desejando que Tomoyo a colocasse a par de tudo.

- Ah, as lições...Perdoe-me mamãe, eu esqueci completamente delas! E essas roupas são emprestadas da vizinha!

Sonomi sorriu inocentemente:

- Vizinha? Ah, Tomoyo, você já fez amizades? Que bom, filha! Venha, venha, me conte tudo na sala!

Arrastando a garota para a sala, Sonomi começou a sua lista de perguntas:

- Quem são os novos vizinhos?

- Ah, são Eriol, Nakuru e Su...Spinnel.

- Eles são daqui?

- Não, vieram todos da Inglaterra, mãe! Lembra da quinta série, quando um garoto veio do exterior, para estudar na minha classe? É ele!

- Então já se conheciam! Essas outras duas pessoas são o quê dele?

- Nakuru é uma jovem muito elegante e alegre – Tomoyo pensou em como definir Nakuru para sua mãe – quase como uma irmã mais velha! Spinnel é... um animal de estimação, que vive na casa. Também é lindo!

- Que interessante! É bom saber que eles voltaram para o Japão. Mas, Tomoyo, esse não era o garoto com quem você se correspondia por cartas? E a faculdade dele?

- Ele vai fazer aqui! Se matriculou na minha classe!

Tomoyo sorria, muito feliz. Sonomi estava contente, muito contente. Era um sorriso genuíno de Tomoyo, igual ao que ela costuma distribuir até Sakura se mudar de Tomoeda, que havia desaparecido desde então.

- Mas...o que houve com sua roupa?

- Ah...É que eu os ajudei a arrumar a casa da mudança. Então, em uma das estufas, o encanamento quebrou, espirrando água para todos os lados! Nakuru me emprestou essa roupa para trocar depois de um banho!

- Entendi. Vai devolvê-la quando?

- Amanhã de manhã. Fiquei de visitá-los novamente.

- Por que não os convida para virem aqui? Acho que eles não conhecem nossa casa, e serão muito bem recebidos.

Tomoyo sorriu:

- Claro, eu vou falar com eles. A propósito mãe, eu tenho que subir e me arrumar, eu vou jantar com eles e alguns amigos na casa de Eriol.

- Entendo. Então, capriche no visual, Tomoyo.

- Pode deixar! – Tomoyo subiu correndo as escadas para seu quarto. Sonomi estava muito feliz por Tomoyo. Era tão bom ver a alegre Tomoyo de novo...

Tomoyo entrou no banheiro. Era o seu terceiro banho aquele dia... Mas ela não se importava. Enquanto ensaboava o seu cabelo, pensava em que roupa ia colocar e que jóias usaria. Sim, jóias, porque era um jantar "formal". E também... Ia ser a oportunidade de usar pela primeira vez um vestido que ganhou de um dos sócios de sua mãe. Ah! Também tinha que pegar suas roupas com Nakuru!

Enquanto tomava banho calmamente, Tomoyo lembrou que deveria chegar às oito horas, sendo que tinha pouco tempo. Terminou tudo e arrumou o banheiro rapidamente, passando logo ao seu quarto para pegar o vestido. Tirou-o do cabide, colocando-o na cama depois. Admirou o vestido por um momento e depois o vestiu. Em seguida caminhou na direção do espelho para ver o resultado.

Tomoyo vestia um magnífico vestido de veludo negro, da cor de seus cabelos, com um discreto decote. Com duas alcinhas, o vestido era justo até a cintura, ficando mais folgado a medida que descia, ficando solto sobre as pernas. O vestido era longo, com uma pequena fenda do lado da perna direita, mas sem exageros. O mesmo era preso por um elegante e fino cinto prateado, assim como alguns bordados que se encontravam nas extremidades e costuras do vestido, com uma linha prateada muito bonita.

Sobre o decote, Tomoyo colocou uma gargantilha com um pequeno diamante em forma de lua. Colocou os brincos do mesmo conjunto, com outros dois diamantes, mas muito menores, porém, ainda sim em forma de lua, presos à orelha de Tomoyo através de uma linha prateada de tamanho médio. Com um anel do mesmo tipo, só que sem pedra, apenas prateado. Então prendeu seus cabelos com uma linda tiara, também prata.

Então Tomoyo apanhou o xaile de veludo negro bordado com linhas prateadas, idêntico ao seu vestido, sua bolsa e seus sapatos, para calçar do lado de fora. Quando ia sair do quarto, sendo que faltavam dez minutos para as oito horas, seu telefone tocou:

- Tomoyo falando.

- Tomoyo? Sou eu, Sakura!

- Sakura! Que bom que você ligou! – Tomoyo abriu um sorriso enorme.

- É mesmo! Como você está?

- Muito bem! E aí em Hong Kong?

- Ah, você não imagina o que aconteceu!

- O quê? – A garota não fazia idéia

- O Shaoran e eu conseguimos fechar as notas no colégio com antecipação, por isso podemos voltar antes para passar as férias aí! Eu estou louca de vontade de ver vocês todos! – Sakura quase gritava de alegria

- Ai, que ótimo Sakura! A Meilin também vem?

- Claro! Ela mal pode ver a hora de reencontrar a todos! E como foi o casamento da Chiraru? Eu tinha prova de matemática no dia...Uiui!

- Ah, o casamento! – Tomoyo riu – Eles não conseguiram! Vão fazer a quarta cerimônia em Maio!

- Coitada dela... Eles são assim desde a quinta série! Falando em quinta série... Tomoyo, você faz idéia do porquê que o telefone do Eriol não funciona mais?

Tomoyo abafou o riso. Não sabia se podia contar.

- Não, Sakura. Mas se eu souber de alguma coisa, eu ligo e falo para você!

Sakura sorriu do outro lado da linha:

- Certo, Tomoyo! Como estão o meu pai e meu irmão...AAAAHHHH!!!!

- Sakura? Sakura? O que foi Sakura? – Tomoyo estava aflita

- Anh...Oi Tomoyo...Nada, eu me distraí e caí da cama, só foi isso...

Tomoyo escutou passos do outro lado da linha e em seguida a voz de Shaoran:

- Sakura? Tudo bem?

- Ah, claro Li! Foi só uma distração!

- Que bom! Com que está falando? Não é o Eriol, né?

Tomoyo riu. Shaoran ainda tinha muitos ciúmes de Eriol.

- Não é a Tomoyo. Quer falar com ela?

- Quero sim. – Shaoran assumiu o controle do aparelho

- Oi Shaoran! Já soube da novidade!

- Sakura te contou sobre as férias? Ela e Meilin não agüentam esperar por elas!

- Eu sei! E você?

- Também, mas não fico tão entusiasmado quanto elas, sabe como é!

- Então não quer me visitar?

- NÃO! Não é isso, eu quis dizer que não fico tão empolgado, mas...bem, quero dizer que eu estou feliz, mas... – Shaoran se enrolou todo com as palavras de novo.

Tomoyo riu:

- Era uma brincadeira, Shaoran! Já entendi!

A voz de Wei foi ouvida:

- Jovem Shaoran, senhorita Sakura, a senhora Ieran está os chamando para o jantar.

- Estamos indo, Wei. – Tomoyo ouviu Sakura responder.

- Tenho que descer, Tomoyo. Foi muito bom falar com você. A Sakura quer se despedir!

- Tá bom. Tchau Li!

- Tchau!

- Ah, Tomoyo... Eu tenho que descer... A gente se fala, né?

- Claro, Sakura! Que horas são aí em Hong Kong?

- Nove e meia! Devem ser umas oito e dez aí?

Tomoyo olhou para o relógio, que marcava o horário ditado pela amiga.

- Ai, Sakura! Eu tenho que desligar também!

- Então tá! Se descobrir algo do Eriol, me liga!

- Pode deixar! Tchau!

- Tchauzinho!

Tomoyo desligou o telefone, desceu as escadas rapidamente e caminhou o mais rápido que pôde até a casa de Eriol. Tocou a campainha.

- Estou indo!

Eriol abriu a porta, em seguida, seu belo rosto apareceu na porta. Eriol estancou na porta, com seus olhos fixos em Tomoyo. Ele estava usando uma calça social muito fina, de uma marca inglesa famosa, negra, assim como seu paletó, que, no momento, achava-se pendurado em uma cadeira próxima da porta, que Tomoyo podia ver. Uma camisa linda, de gola, toda branca, era exibida por Eriol.

Embora ele estivesse vestido quase igual à aquela manhã, Tomoyo achou que a noite lhe confiava um semblante mais austero, sábio e... Charmoso. Eriol estava lindo. Por sua vez, Eriol pôs-se a examinar Tomoyo. A garota estava excepcionalmente bela naquele vestido. Tomoyo era bonita de qualquer jeito, mas naquele vestido era uma coisa indiscutível. Ele não conseguia despregar os olhos daquela jovem em preto e prateado.

Os dois jovens ficaram observando a beleza alheia até serem trazidos para a realidade com uma exclamação de Nakuru:

- EEEEERRRIOOOOL!! Vai deixar Tomoyo esperando na porta?

Eriol recobrou-se rapidamente, oferecendo seu braço para a garota. Ela delicadamente aceitou, e os dois entraram. Nakuru os fitava com o brilho no olhar novamente.

- Ah, mas que casal lindo vocês dois formam!!

- Muito obrigada, Nakuru. – agradeceu Tomoyo

Eriol, Tomoyo e Nakuru foram até a sala, sentando-se nos sofás e poltronas. Nakuru estava muito elegante em um vestido longo vermelho bordo de cetim, com uma fenda do lado esquerdo, mas muito maior. Era um tomara-que-caia, justo e bem colado à silhueta insinuante e bem-feita de Nakuru. Com duas pulseiras douradas na mão direita e anéis, a garota também exibia um lindo colar dourado no pescoço, bem à vista no decote do vestido. Tinha prendido o cabelo em um rabo-de-cavalo, deixando uma mecha solta do lado esquerdo. Ela estava muito bonita.

- Vocês duas formam um belo contraste. – observou Eriol. Realmente o contraste preto/prateado com vermelho/dourado era muito bonito.

- O que falta para o jantar? Eu me atrasei muito, mil desculpas! – Tomoyo inclinou a cabeça.

- Imagine! Eu estava terminando de me arrumar quando você chegou! E a única coisa que falta é acender as velas! – Nakuru estava empolgadérrima.

- Velas? Achei que Spinnel não tinha concordado. – falou Eriol

- Ah, o Suppi-chan não precisa concordar! Fica tãão mais romântico à luz de velas! – e o brilho estranho atacava novamente.

- Se vocês se entenderem...Tudo bem, então. – consentiu Eriol.

- Ah, eu vou falar com o Suppi-chan lá em cima!!! – e Nakuru subiu as escadas avoada.

Tomoyo se virou para Eriol:

- Eriol?

- Sim, Tomoyo?

- Você não avisou Sakura sobre a sua mudança?

- Não, ainda não avisei. Por quê?

- Ela estava aflita, porque não conseguia te achar. Pediu para que eu a reportasse de qualquer coisa. Como achei que não gostaria, falei que não sabia de nada. Mas não acha melhor contar à ela?

Eriol sorriu internamente, mas depois respondeu:

- Irei contar amanhã mesmo. Foi por isso que atrasou? Esteve falando com Sakura no telefone?

- E Shaoran também. Até que eles foram jantar e desliguei.

- Entendi. – Eriol sorriu, e nesse exato momento, Suppi era arrastado escada abaixo por Nakuru. Suppi reclamava:

- Anh, Nakuru, eu já disse que não estamos na Idade Média, temos luz elétrica! – reclamava Suppi

- Ah, você é tão quadrado, Suppi-chan! Como você é chato!

- Esperto seria a palavra correta. E você está assim por causa do irmão da Sakura, Touya, não é?

- Ai... Você quer parar com essas perguntas chatas? – Nakuru estava ligeiramente sem jeito.

- Spinnel, Nakuru. Devo informa-lhes que esse é um jantar para tratar um assunto sério, portanto, não acho que velas seja uma boa coisa. Mas, concordo em realizarmos outro jantar, aí sim mais informal, para utilizarmos as velas. De acordo?

- Claro, mestre Eriol.

- Ah, 'brigada Eriol!!!!

Nakuru abraçou o rapaz de uma maneira que o deixou sem ar.

- Podemos convidar quem quisermos?

- Sim, quem você desejar.

- Aiai! Brigadinha!

Neste exato momento, a campainha tocou. Eriol, Tomoyo e Nakuru deram uma arrumada rápida na roupa e Eriol se encaminhou para receber os convidados.

Com um rápido movimento de mão, a porta abriu-se. Diante deles estavam Touya, Yukito e, apoiado no ombro deste último, Kero.

- Sejam bem-vindos. – cumprimentou Eriol, sorrindo – por favor, entrem, entrem.

Os três entraram. Yukito sorria, mas Touya mantia sua expressão séria. Eriol entrou na sala, seguido dos convidados. Touya estava muito elegante também, com uma roupa social preta, muito parecida com a de Eriol, só que de outra marca. Yukito estava idêntico a Touya, com exceção da sua roupa ser branca.

Os três se estarreceram ao encontrar Tomoyo, sorrindo para eles. Ela realmente estava muito mais bonita do que o normal. Nakuru, ao lado de Tomoyo, também atraiu os olhares dos visitantes depois de refeita a surpresa ante Tomoyo. Kero voou direto para a garota.

- Tomoyo! Há quanto tempo!! – o bichinho de pelúcia pousou no colo da garota.

- Kero! Você está com uma aparência ótima!

- Eu sou o grande guardião! Eu sempre estou com a aparência ótima!

- Tem razão. – Tomoyo sorriu – Com fome?

- Claro! Foi você que fez a sobremesa, foi, foi??

- Sim, fui eu. – a garota ria.

- Então teremos sobremesas maravilhosas, certo? – Yukito tinha sentado-se ao lado de Tomoyo.

- Não sei se gostarão. Fiz o que estava ao meu alcance.

- Então deve estar delicioso! – Yukito assentiu.

- Ah, parem com isso, vocês estão me deixando encabulada... – pediu a garota, corando.

Na outra beirada do sofá, Nakuru estava agarrada ao pescoço de Touya, enquanto ele perguntava a Eriol, que tinha Suppi ao seu lado, o motivo tão urgente do jantar.

- Touya, eu espero que vocês jantem primeiro para aí sim relatar o que preciso. Creio que é melhor que Yukito coma. – e sorriu

Touya entendeu o recado. Era algo de extrema importância, tanto que Yue precisaria ouvir. Ele assentiu com a cabeça.

- Acho que está na hora do jantar. Por favor, me acompanhem.

Todos seguiram Eriol, até a sala de jantar. Tudo estava tão lindo! Touya, Yukito e Kero tinham o queixo caído.

- Vocês...Fizeram tudo isso para nós? – Yukito indagou

- Claro! Espero que esteja do agrado de vocês! Eu lhes peço que se sentem, por favor.

Todos se acomodaram, sendo que Eriol estava na cabeceira, com Tomoyo a sua direita e Touya a sua esquerda. Depois de Tomoyo, Yukito e Kero. Do outro lado, Nakuru e Suppi. Todos começaram a comer.

No meio do jantar, todos conversaram sobre o cotidiano, com exceção de Touya, que era mais reservado. Na verdade, tentava descobrir os verdadeiros propósitos para o jantar. O que Clow tinha em mente era a pergunta freqüente na sua cabeça. Mas ele se interessou muito na parte de Sakura voltar para uma visita, embora aquele moleque viesse junto.

- Ah, a pentelha de novo! – resmungou Kero

- Ainda não se entendeu com a garota chinesa? – perguntou Nakuru

- Não, ela é muito boba e chata. Ficava arrastando aquele moleque de um lado para o outro e não parava de falar nele.

- Quem será que ela me lembra... – suspirou Eriol. Nakuru quase afundou na cadeira.

Quando todos se encontravam satisfeitos, as sobremesas vieram da cozinhas, trazidas pela própria Tomoyo. Kero comeu MUITO. Todos não se cansavam de elogiar as sobremesas, mas Tomoyo também deu os créditos das entradas e arrumações para Nakuru e Spinnel. Os dois lembraram que Eriol fora o responsável pelo prato principal. Com uma troca de elogios, todos prosseguiram até o final da sobremesa, quando todos voltaram à sala de estar. Eriol finalmente iria esclarecer um mistério para todos, com exceção de Spinnel e Ruby Moon.

Os sete se acomodaram nas poltronas e sofás da sala de Eriol, sendo que o ordem era Touya, Yukito e Tomoyo no sofá, Nakuru e Suppi em um sofá menor e Kero em uma poltrona. Enquanto isso, Eriol tomou a célebre poltrona vermelha. Todos fitaram o jovem inglês.

- Eu peço para que Yue e Ruby Moon apareçam, assim como que Kerberus e Spinnel Sun voltem a sua forma original.

Uma ventania passou pela sala, e Yue, Ruby Moon, Kerberus e Spinnel estavam ali. Apenas Touya e Tomoyo observaram o fenômeno. Então, a voz de Eriol se alterou. Por alguns instantes, o mago Clow falou através de Eriol.

- Yue, Kerberus, Ruby Moon e Spinnel Sun, fico feliz em revê-los novamente, assim como vocês, jovens Touya e Tomoyo. O que tenho para dizer é muito sério, e gostaria que ouvissem tudo com atenção. Antes de mais nada, acho que superarão tudo e, por favor, contem tudo à Sakura.

Em seguida, a voz de Eriol retornou ao normal, e ele próprio deu início às explicações.

- Existem basicamente dois tipos de corpos celestes que podem reger a magia. A Lua e o Sol. Toda a magia usada nos dias de hoje tem ou um ou outro destes corpos como regentes, é uma regra básica. No entanto, temos uma inovação, ou seja, a magia de Sakura. Nunca, em toda a história da magia, alguém tinha conseguido usar outro corpo celeste para a regência, a estrela, no caso de Sakura, o que demonstra seus enormes poderes, criando uma nova categoria.

Todos continuavam a olhar fixamente para Eriol, esperando a continuação da explicação. Ele sorriu rapidamente.

- Todos entendem o que digo?

Todos os presentes confirmaram com a cabeça. Tomoyo estava com muitas dúvidas na cabeça. Se não possuía poderes mágicos de nenhuma espécie, por que estava ali? Esperou que Eriol continuasse para tentar descobrir algumas respostas para tantas perguntas.

- Então chego ao meu propósito do jantar. Hoje irá acontecer uma coisa que nunca antes aconteceu no mundo da magia, assim como a criação da categoria da estrela. Uma transferência. – Eriol levantou-se – Eu preciso dizer uma coisa muito triste, pelo menos para alguns na sala. Kaho Mizuki morreu este mês.

Uma sombra e muita dor passou pelo rosto de cada um presente, talvez com menos intensidade em Yue. Mesmo Ruby Moon, Spinnel e Eriol, que já sabiam, tinham um semblante negro.

- Alguns minutos antes de morrer, - Eriol virou-se para o grupo – aconteceu uma coisa muito intrigante. Apenas ela usava a regência da Lua para fazer sua magia atualmente. Então, como que um último esforço, toda a magia dela se esvaiu, transformando-se em uma esfera prateada. Kaho falou que eu tinha que trancar a esfera em uma caixa devidamente encantada, e passar aquela magia ao novo dono dela, que ela havia escolhido. Perguntei quem seria o novo dono. Ela me olhou, deu um fraco sorriso e respondeu: Daidouji.

As últimas letras que saíram dos lábios de Eriol foram pronunciados bem devagar. Todos na sala se assustaram, inclusive Yue, já que aquele assunto era ligado a ele. Os poderes de Kaho Mizuki vinham da Lua, Yue. Dele mesmo.

- Isso quer dizer que Tomoyo é a sucessora de Kaho? Ela herdou todo o poder da Lua? – Kerberus perguntou

Eriol sentou-se novamente na famosa poltrona vermelha, e confirmou a pergunta de Kerberus com um movimento de cabeça. – Sim, Tomoyo será a única humana a usar o poder da Lua durante algum tempo – ele suspirou. Falar sobre algo de Kaho, que morrera recentemente não era fácil, mesmo para ele, que sabia como controlar as emoções. – e a transferência será feita agora.

Com um movimento de mãos uma caixa preta com adornos prateados surgiu do nada, flutuando entre as mãos do jovem rapaz que carregava a alma de Clow Reed dentro de si.

- Agora pergunto à única herdeira de todos os poderes da Lua, aceita-os?

Eriol tinha levantado, e estava em pé na frente de Tomoyo, com a caixa ainda fechada. Tomoyo endireitou-se no sofá e concordou com a cabeça. Então, Tomoyo fechou os olhos e Eriol abriu a caixa. A esfera prateada automaticamente se dirigiu para Tomoyo, atravessando do lado de fora para dentro de Tomoyo na altura do coração. Tomoyo brilhou como a lua por alguns instantes, seguida de uma leve ventania. Logo após isso, tudo se silenciou e voltou ao normal.

Tomoyo se sentia quente, muito quente por dentro. Sentia que podia localizar várias pessoas na sala, mesmo com os olhos fechados. Agora sabia o que era aquela aura mágica, ou presença, de que tanto Sakura falava. Ela abriu lentamente os olhos, e se viu sendo o alvo de todas as atenções.

- Como se sente, Tomoyo? – Perguntou Eriol gentilmente.

- Eu...Eu...Me sinto muito bem... – e em seguida desmaiou em cima do Guardião da Lua, repousando sua cabeça sobre o ombro de Yue. O guardião amparou a garota, tomado de surpresa.

- Desmaiou. Vai precisar de algum repouso antes de recobrar a consciência.

Eriol assentiu com a cabeça. Em seguida, pediu a Yue que levasse Tomoyo para um dos quartos de hóspedes, e esperasse lá por ele. Yue ajeitou suavemente Tomoyo em seus braços e subiu a escada. Eriol se virou para o restante.

- Peço a compreensão de todos neste caso. Tomoyo nunca lidou com magia, e vai precisar de nossa ajuda. Todos estarão prontos para isso? Lembrem-se: isto é um favor que peço, não uma ordem.

Todos os presentes concordaram com a cabeça. Logo em seguida, se levantaram para ir embora. Kerberus e Spinnel estavam de volta às identidades falsas, um em cada ombro de Touya. Eriol precisava ficar a sós com os Guardiões da Lua e Tomoyo, por isso pediu a Suppi que passasse a noite na residência dos Kinomoto. Suppi aceitou, Touya também e foram embora, sendo que os dois guardiões discutiam sobre quem ganharia a próxima partida de videogame.

Eriol olhou para Ruby Moon e pediu para que acompanhasse-o até o quarto onde Tomoyo estava. Assim que chegaram, encontraram Tomoyo repousando sobre a cama, com Yue parado ao lado, imóvel. Eriol pediu aos dois guardiões para que se sentassem em um sofá do quarto.

- Yue, Ruby Moon. Eu realmente irei precisar mais do apoio de vocês do que do resto dos nossos amigos. Vocês são regidos pela Lua, e saberão bem como guiar Tomoyo. Ela ganhou poderes fortes demais para quem nunca havia tido magia. Posso contar com vocês?

- Claro mestre Eriol, pode contar comigo – Ruby Moon sorriu.

- Farei o que puder, Clow. Ou melhor, Eriol.

Eriol sorriu com satisfação.

- Eu gostaria que estivessem amanhã de manhã aqui, prontos para ajudá-la, está bem? Ligarei para a mãe dela e direi que passará a noite aqui. Ruby Moon, por favor, leve as roupas de Tomoyo que estão aqui até a casa dela e traga de volta o que a mãe dela quiser. Yue, você a acompanhe por favor, e, depois, disso, podem ir para a casa dos Kinomoto. Tenho muito para conversar com Tomoyo hoje, e Spinnel já foi.

Os dois voltaram para as formas falsas, despediram-se e foram embora. Alguns minutos depois, Nakuru e Yukito deixaram roupas, comida, produtos de higiene, objetos pessoas e mais um monte de outras coisas para Tomoyo. Eriol ajeitou todo o quarto de hóspedes, e tratou de combinar tudo com Sonomi. Disse que Tomoyo havia tido um problema de indigestão, então pediu para Tomoyo deitar-se. Como não queria acordar a garota, Sonomi consentiu, e passou tudo o que achava necessário para Eriol.

Eriol passou a noite em uma poltrona ao lado da cama de Tomoyo, observando a garota. Ele não conseguia acreditar no que via... Mizuki tinha passado todos os seus poderes para Tomoyo...Por quê? A Lua geralmente era ligada à vidência, e é certo que Tomoyo, por ser muito rápida no raciocínio, inteligente e ter convivido com magia, tinha todas as características básicas e muitas outras para ser regida pela Lua, mas ainda não entendia porquê...

De repente, o garoto ouviu seu nome pronunciado por Tomoyo. Se virando, viu que Tomoyo tinha acordado, e tinha um sorriso fraco no rosto, muito semelhante ao que Kaho tinha antes de morrer.

- Eriol...

- Tomoyo! Como está? – ele se inclinou e colocou sua mão direita sobre a testa da garota.

- Bem, melhor do que na sala... O que houve, como vim parar aqui?

- Você desmaiou em cima do Yue, e ele te trouxe até aqui.

- Ahh...Coitado, tenho de me desculpar com ele...

- Tudo bem, mas não faça isso agora. Descanse, foi uma sobrecarga de poder.

- Eu posso sentir, Eriol... Posso sentir as presenças! Posso sentir como se soubesse o que está por vir, o que irá acontecer...

- Eu sei, você herdou os dons de Kaho – Eriol tinha um tom de voz mais baixo quando pronunciou esse nome – porém, você já tinha um certo poder dentro de si, as características para ter uma magia regida pela lua. Provavelmente ultrapassará o limite dela e chegará ao meu e ao de Sakura, com treinamento.

- Quem... Quem vai me ajudar nisso? Acho que sozinha eu não conseguirei...

- Não se preocupe, Tomoyo. Yue e Ruby Moon estarão do seu lado, já que eles têm o mesmo tipo de magia que você. E eu também estarei por perto.

Tomoyo segurou a mão do rapaz, e disse sorrindo:

- Obrigada Eriol.

- De nada, Tomoyo. Agora descanse.

Tomoyo fechou os olhos e em instantes dormiu. Eriol afastou-se da cama dela e foi para o lado oposto do quarto, abriu a janela e sentou-se no parapeito. Lembrou que ele e Mizuki sentavam na janela para discutir sobre o dia, as estrelas, a lua e o sol. Eriol sentia que a perda de Kaho fora imensa mas... Ao mesmo tempo sentia que um pedaço dela estava vivo em Tomoyo, sentia que ela ainda estava com ele. Pensando nisso e em outras coisas, Eriol adormeceu no parapeito da janela, com a brisa noturna batendo em seu lindo rosto.

- Eriol?

Tomoyo não obteve resposta. Tentou novamente.

- Eriol? Eriol, está me ouvindo?

O garoto abriu os olhos lentamente, e encontrou a figura de Tomoyo sentada na frente dele, com um ar levemente preocupado.

- Bom dia, Tomoyo. – ele esboçou um sorriso.

- Bom dia, Eriol! – o ar de preocupação tinha sumido, e ela tinha agora um sorriso luminoso no rosto. – Vamos descer e tomar café!

- Como assim? Ainda não preparei nada e...

- Ah, eu já fiz o seu café. Acho que era o mínimo para agradecer o que fez por mim durante a noite!

Ele não pôde deixar de sorrir, e desceu a escadaria junto com a garota, indo em direção à cozinha. A mesa da sala de jantar estava posta, com tudo o que Eriol mais gostava.

- Como soube de meus pratos favoritos? – Eriol arqueou as sobrancelhas.

- Eu adivinhei. – Tomoyo sorriu e foi buscar uma bebida na cozinha. Eriol ficou estarrecido. Era a mesma coisa que Mizuki dizia...

- Aqui está! – Tomoyo trouxe uma jarra cheia com um chá delicioso.

- Então, eu só posso agradecer o seu favor, pedir para você trocar de roupa mais tarde e levar você em casa.

- Certo.

Os dois tomaram café conversando normalmente, mas Tomoyo constantemente dizia coisas que Mizuki falava com freqüência. Ou então Eriol estava ficando muito confuso. Às vezes, nem parecia que Tomoyo estava na sua frente, mas sim aquela professora de matemática...

- Eriol?

- Anh? Tomoyo, o que foi?

- Era o que eu ia perguntar. Você ficou observando o meu rosto por um bom tempo, calado. Me assustou. Bom, eu vou fazer o que você pediu. – Ela se levantou e subiu as escadas, logo em seguida pronta para ir para casa. Então Eriol sacudiu a cabeça e forçou sua mente a aceitar o ocorrido. Mizuki estava morta, era apenas a magia dela que o confundia tanto. Tomoyo Daidouji era Tomoyo Daidouji, não Kaho Mizuki.

Os dois tocaram a campainha, e uma das criadas os recebeu. Tomoyo convidou Eriol para entrar, que aceitou, desde que ficasse por poucos minutos. Os dois se dirigiram para o quarto de Tomoyo, onde poderiam conversar livremente.

- Tomoyo, eu queria pedir a você que não contasse nada a Sakura por enquanto sobre tudo isso. Ela tem que saber, mas não ainda.

Tomoyo fechou os olhos, e em seguida disse:

- Ela e Li estão passando por uma fase alegre em Hong Kong. Eles virão duas semanas depois do estimado, porque Meilin vai ter um problema. Mas assim que colocar os pés no Japão, Sakura vai perceber uma energia diferente. Eu não sou a professora Mizuki, e ela vai perceber uma nova aura.

Eriol ficou espantado diante de Tomoyo. Ela tinha arriscado uma previsão pequena em um futuro próximo, e ele não duvidava que Tomoyo acertasse. A garota se assustou depois de falar aquilo, mas se acalmou rápido.

- O que eu faço se Sakura perguntar sobre você?

- Ah, deixe que ela só descubra quando chegar aqui.

- Está bem. Então manterei tudo o que você pediu em segredo.

- Muito bom. Tomoyo, eu realmente tenho que ir agora. Além de arrumar as coisas na minha casa, tenho que pedir para Nakuru e Spinnel voltem para casa. E depois, acertar e comprar todo o meu material para a faculdade, afinal, ainda sou um adolescente normal. As aulas começam no fim do mês.

Tomoyo sorriu:

- Então podemos fazer todas essas atividades juntos, eu tenho mais ou menos as mesmas coisas para fazer.

- Certo. Então vamos?

- Claro!

Eles desceram novamente e saíram da mansão de Tomoyo, caminhando pelo bairro em direção à residência dos Kinomoto.

- Eriol, será que está livre no sábado?

- Este sábado? Sim, eu só tenho que trocar a válvula da estufa.

Tomoyo riu, relembrando o acidente.

- Certo, certo. Minha mãe convidou você e Nakuru para jantarem e conhecerem direito a minha casa.

- Por mim tudo bem, mas acho que Suppi ficará um pouco chateado por não poder aparecer como queria. Nakuru terá de escondê-lo na bolsa.

Rindo, os dois chegaram ao destino deles. Tocaram a campainha na casa de Touya, e aguardaram resposta.

- Ahhhh... Vai Touya, por favooor!!!!

- Nakuru, NÃO! Eu já falei que não. Desce do meu pescoço, e deixa eu fazer isso em paz!

- Quer ajuda Touya?

- Ah, obrigado, Yuki. Depois que a água aquecer, coloque na jarra. Eu vou atender a porta.

Eriol e Tomoyo ouviram barulho de passos e Touya abriu a porta e ao ver Eriol e Tomoyo, deu um suspiro de alívio.

- Akizuki, vai chamar o outro boneco de pelúcia lá em cima. O seu mestre chegou.

A cara de Nakuru apareceu no batente:

- Eriol? Já? Eu ia acabar o chá para o Touya, mas...

- Não precisa! – Touya firmou a palavra "não" – Entrem, por favor.

Eriol e Tomoyo entraram. A garota se ofereceu para pegar Suppi no quarto de Sakura, e aproveitar para cumprimentar Kero. Nakuru e Eriol esperam sentados no sofá o chá que Touya e Yukito estavam terminando. Minutos depois, Tomoyo, Suppi e Kero, um em cada ombro da garota, desceram. Após conversarem um pouco e elogiarem o chá, todos se despediram de Yukito, Touya e Kero. Tiveram um certo "problema" com Nakuru, que não queria ir embora de jeito nenhum. Enfim, convenceram a jovem e foram embora.

Os quatro se dirigiram a uma conhecida loja voltada para música na cidade. Todo o material que não podia ser comprado na papelaria da futura faculdade foi comprado ali, e eles voltaram carregados de sacolas.

- Anh... Tomoyo, Eriol... Vocês já terminaram o colegial, certo?

- Sim. – responderam os dois.

- E vão fazer vestibular para entrar na faculdade, não vão?

- Errado. – disse Tomoyo.

- QUÊ?? – Nakuru tinha se assustado. – Mas na Inglaterra é assim e...

- Aqui o sistema mudou há pouco tempo, Nakuru – explicou Tomoyo – Eles somam todas as notas que você obteve durante o seu ginásio, e no final, o vestibular propriamente dito tem um valor menor. Para nós dois, será como um teste comum, e nós já fizemos antes das férias.

- Mas... Por que foram aprovados tão rápido para uma faculdade?

- Porque tivemos boas notas durante todo o nosso período escolar. – completou Eriol. Os dois sorriram, e deixaram Nakuru muito, mas muito confusa mesmo.

- Chegamos! – Tomoyo virou-se para o restante do grupo – A minha mãe voltou mais cedo hoje, então vou ensaiar um pouco com ela. Nos vemos amanhã?

- Claro! Pode ligar em casa para dar o horário, certo? – Eriol falou

- Sim, está bem. Tchauzinho!! – Tomoyo acenou e entrou correndo.

- O que houve, Eriol? Nós fomos convidados para algo?

- Sim, a mãe dela quer que nós venhamos aqui amanhã, no sábado.

- OOOOOBAAAAA!!!!!! Festa!!

- Nakuru, você é realmente boba!

Nakuru, Suppi e Eriol entraram na casa deles, enquanto Tomoyo, na casa dela, já estava ao piano para ensaiar algumas peças. A mãe dela tinha pedido que tocasse música classe em uma de suas reuniões, e Tomoyo estava empolgada.

Selecionou partituras de Bach, Chopin, Mozart e vários outros compositores famosos. Pensou em pegar algo de Vivaldi, porque sua mãe adorava "As Quatro Estações". Como iria apresentar em conjunto com um amigo ou sócio de sua mãe que tocava violino, achou que ficaria muito bonito.

A garota sentou-se no banco do piano e começou a praticar. Então, como que do nada, ela sentiu algo muito forte, dentro dela. Tomoyo rapidamente concluiu que tinha percebido uma aura estranha...

FIM DA SEGUNDA PARTE

Espero que tenham gostado deste capítulo! Novamente, eu peço que qualquer sugestão, crítica, comentário fútil, seja enviado para mim! Meu e-mail é mari-chan.mlg@bol.com.br! Até o próximo capítulo, ok?

Beijos para todos que leram o meu fic,

Mari-chan