CAPÍTULO 8 – O INÍCIO DO FIM
- ATO I -
Eriol fechou o livro que tinha aberto nas mãos. Mais uma aula se encerrava.
- Certo, certo... Então tudo bem. Resolvemos isso hoje de tarde.
- Na sua casa? – Sakin e Nathalia conversavam como nos velhos tempos.
- Acho que sim, né? É mais prático só você ir à minha casa do que eu ter que levar meu irmão. – as duas riram.
- Até amanhã, então! – despediram-se as duas meninas e foram embora, deixando Eriol, Tomoyo e Hiroyuki.
- Eu também vou. Preciso ir falar com a professora Maeda. Até amanhã para vocês também. – Hiroyuki jogou os cabelos longos e negros para trás do ombro e saiu da sala, sem fazer ruído.
Aos poucos, quase todos os alunos saíram da sala. Quando se viram a sós, Eriol começou a falar.
- Notou essa calmaria?
- Calmaria? – estranhou Tomoyo.
- Sim, essa calma, essa tranqüilidade... – Eriol sentou em uma carteira vazia com o livro nas mãos, ainda tendo todo o material para arrumar. Ele tinha o olhar pensativo, era estranho. – Faz quase duas semanas que não temos problemas com barreiras, desfalecimentos, esquecimentos, presenças estranhas...
- Faltas à escola, sumiços em equipe, correria, e etc etc etc...
Os dois se viraram para a porta. Kyoshi estava apoiado em um dos batentes da porta.
- Você tem razão, Eriol. Essa ausência de coisas fora do comum está me deixando quase sem dormir à noite...
- Por isso que você está mal-humorado nas aulas!
- Tomoyo! É sério!
- Eu sei, mas não adianta quebrar a cabeça com algo que não sabemos.
- Algo?
- O futuro, Eriol.
- Ah, sim. – Eriol sorriu de leve – Faz muito tempo que eu já não tenho o poder de prever as coisas...
Kyoshi entrou na sala, e ajudou Tomoyo com o resto do material. Eriol finalmente se levantou e começou a guardar o seu.
- Livros de teoria tão pesados! Até parece que vocês compram livros por quilo!
- Fale isso na próxima reunião do corpo docente da faculdade. A coluna dos alunos agradece. – respondeu Tomoyo - Bom, vamos?
- Vamos, já acabei. Tomoyo, Kyoshi. Não gostariam de almoçar em casa?
Os três foram andando pelo corredor e ganharam a rua.
- Na sua casa? Acho que tudo bem, desde que avisemos mamãe. – lembrou a garota.
- Ah, que é isso! É claro que ela deixa!
- Eu vou avisar do mesmo jeito. – Tomoyo pegou um celular e discou para a empresa da mãe. Ao receber a permissão, repassou o recado para os dois e todos foram para a mansão de Eriol.
O portão, como sempre, abriu sozinho ante os hóspedes. Tomoyo sentia magia ali, e desconfiava que o portão estava "programado" para abrir somente ante algumas pessoas. Com o restante, funcionaria de modo mais...Convencional.
Mal tinham chegado na porta da sala, que Eriol encarregava-se de abrir quando começaram a sentir um delicioso cheiro de comida. Comida bem feita, e em bastante quantidade, imaginavam, porque vindo de Nakuru, tudo é ligeiramente exagerado.
- Nossa... Se a comida estiver tão boa quanto parece... – suspirou Kyoshi.
- Isso vocês verão. – sorriu Eriol – Nakuru se esmerou muito para esse almoço. – um brilho esquisito passou pelos olhos do garoto, que Tomoyo não pôde deixar de notar.
- E como você sabe disso, se não usa mais seus poderes para ver o futuro? – indagou Tomoyo.
Eriol respondeu com a cara mais ingênua do mundo, e foram recepcionados por uma empolgada Nakuru.
- BEM VINDOOOOS!!!! – Nakuru estava toda sorridente e arrumada, em um belíssimo conjunto azul escuro e roxo, composto por uma saia e blusa curtas.
Todos se cumprimentaram, e seguiram para a sala de jantar. Quando entraram, a visão foi capaz de manter Kyoshi e Tomoyo parados na porta. Era tanta comida que mais parecia um banquete!
- Nakuru! Quanta coisa!
- É mesmo! Tem comida para quase uma semana aí!
- Mas convidados especiais merecem comida especial! – sentenciou Nakuru.
Tomoyo e Kyoshi não conseguiram evitar um olhar de acusação em conjunto para Eriol. Que, por sinal, continuava com a mesma cara, como se aquilo não estivesse acontecendo na sala de jantar dele.
- Bom, vamos comer!
Ante ao convite de Eriol, que mais parecera uma ordem, ninguém pensou duas vezes e se sentaram para saborear o maravilhoso almoço de Nakuru. Momentos depois, Suppi apareceu para beliscar alguma coisinha, e cumprimentar os recém-chegados.
- Tomoyo, o concerto que você fará com o Hiroyuki é nesse domingo, não? – perguntou Kyoshi, montando pela segunda vez o prato.
- É sim, Kyoshi. Aliás... Hoje é terça-feira. Temos pouco tempo para ensaiar! – Tomoyo falou com uma certa surpresa na voz, ao constatar que o concerto se aproximava.
- Não se preocupe, Tomoyo. Você e Hiroyuki darão conta do recado! – Nakuru fez um sinal positivo do outro lado da mesa, acompanhado por uma afirmação feita com a cabeça por Suppi.
Tomoyo corou de leve.
- Obrigada. Estou mais relaxada agora. – ela sorriu – Ah, sim! Na resposta do convite, disseram que cada um está autorizado a levar apenas dois convidados... – Tomoyo disse isso com um semblante triste.
- Só duas pessoas? Nossa, quanto mais caro e chique, mais pão-duros! – Nakuru ficou brava, as faces tão vermelhas quanto tomate.
Eriol riu:
- Calma, Nakuru. Não precisa ficar assim. São as regras do clube.
- Calma! Eu queria ver a Tomoyo tocar! – choramingou Nakuru.
- Então é nessas horas que surge o salvamento! – Kyoshi falou com uma voz cômica de desenho animado. – Eis que eu fui convidado para assistir ao concerto!
Todos da mesa olharam com espanto para o jovem professor.
- O quê? Como assim, Kyoshi?
- É simples. O filho do dono do clube simplesmente é um dos meus melhores amigos do tempo de faculdade. Ainda nos falamos, embora não tanto quanto nos anos passados. E eu recebi o convite. Por isso... - continuou Kyoshi – Eu poderei levar um acompanhante!
- Que legal! – Nakuru abraçou Kyoshi, que estava sentado ao lado dela.
- E por que eu posso levar duas pessoas? – indagou Tomoyo, meio que para as outras pessoas, meio que para ela mesmo.
- Deve ser para que seus pais assistam, não? – sugeriu Eriol.
- Verdade. – Aprovou Tomoyo. – Bom, nesse caso, acho que Nakuru pode ir com Kyoshi, certo?
Os dois concordaram com a cabeça.
- E eu posso levar a mamãe e você, Eriol, se quiser. – Tomoyo sorriu de um modo um pouco tímido.
- Será um prazer vê-la mais uma vez. – sorriu o mago em resposta.
- Só espero que não tenhamos que apagar incêndios dessa vez...
- Nós não apagamos o incêndio, Tomoyo, foram os bombeiros que fizeram isso.
- Maneira de dizer, Kyoshi.
- Querendo tirar o mérito dos outros, né?
- Kyoshiiiii! Nakuru, esgana ele para mim, por favor.
- Que crueldade, as marcas no pescoço dele iriam deixá-lo menos atraente para as garotas.
Risos gerais se seguiram à fala de Nakuru, e o almoço terminou sem maiores problemas.
Os dias se arrastaram lentamente. Hiroyuki parecera ter esquecido sobre os ensaios, mas quinta-feira depois da aula, convidou Tomoyo para irem até a casa dele ensaiarem.
- Claro! Já comprou seu novo violino, então?
- Já, comprei ontem. – respondeu o rapaz, sorrindo. Tomoyo deduziu que era esse o motivo de não terem ensaiado antes. Hiroyuki também parecia orgulhoso do novo instrumento.
- Bom, que horas está bom para você?
- Por mim, assim que você estiver livre dos seus afazeres.
- Então em uma meia hora está bom?
- Perfeito. Nos vemos em casa, então. Até mais!
- Tchau! – Tomoyo acenou enquanto Hiroyuki foi embora. Em seguida, virou-se para conversar com Eriol.
- Por que você só vai daqui a meia hora? Não tem nada hoje, tem? – perguntou Eriol, que terminava de copiar algumas coisas.
- Não, não tenho... Mas se eu fosse agora, o senhor e a senhora Atsuhiro iriam olhar de novo para mim com aquela cara de "você e o meu filho deveriam se casar" que eu não gosto.
Eriol riu.
- Tomoyo, Tomoyo... Esse tipo de pensamento é influência do Kyoshi?
- Não, essa é a pior parte.
Eriol soriu, enquanto guardava seu material:
- E o que vai comer, então?
- Alguma coisa no caminho.
- Então eu te acompanho, vamos.
Os dois deixaram o prédio da faculdade, e comeram rapidamente em um café próximo à mansão de Hiroyuki.
- Esqueci completamente de avisar minha mãe! Ela tem reunião hoje, e como Kyoshi não dá aulas hoje, eu tenho que pedir para alguém vir me buscar. – Tomoyo mostrou-se aborrecida e frustrada. – Parece que preciso de guarda-costas sempre!
- Sua mãe se preocupa com você, Tomoyo. Imagine que muita gente vê você não como pessoa, mas como negócio, infelizmente. – falou Eriol, num certo tom melancólico.
- Entendo. – disse apontando discretamente para o telhado de uma casa não muito distante, a mansão dos Atsuhiro. – Não gosto muito de lá, mas tudo isso é para o bem do concerto.
Eriol concordou com a cabeça.
- Faça esse sacrifício com ele. Tomoyo, quer que eu a espere aqui? Aí voltamos juntos.
- Imagine, eu não quero dar trabalho!
- Não é trabalho. Além do que, tenho coisa de sobra para fazer enquanto isso. – disse Eriol, apontando para a pilha de livros ao lado, para consultar enquanto fizesse a lição de casa.
- Tem certeza?
- Se não tivesse, não me ofereceria.
- Tudo bem então. Obrigada! – Tomoyo se levantou, pegou suas coisas e beijou Eriol no rosto, para surpresa do mesmo. –Até mais tarde, então!
- Até!
Tomoyo saiu do café e em instantes estava dentro da sala de música da casa de Hiroyuki, examinando o piano, enquanto Hiroyuki havia ido buscar seu novo violino. A oferta de Eriol era interessante, porque assim teria alguém a quem recorrer, se precisasse de ajuda, além de poder "usá-lo" como desculpa, se precisasse ir embora.
A garota não gostava, por algum motivo, da mansão de Hiroyuki. Tomoyo se sentou no banco do piano, e franziu o cenho, tentando pensar por que não gostava do lugar. Decerto era uma casa bonita, organizada, ninguém nunca lhe fizera mal, mas não se sentia muito bem ali dentro.
Isso porque não havia visitado Hiroyuki muito mais do que 5 vezes, calculava. Sem contar o cômodo do balcão. A visão era maravilhosa, mas lembrou daquele quarto escuro e estranho que teve de atravessar para chegar na sacada. Não gostava da energia do local.
Olhou pela porta. Hiroyuki estava demorando. E ainda por cima, ela estava perto do quarto que tanto lhe inspirava mal-estar. E curiosidade, claro. A demora de Hiroyuki parecia uma tentação, para que entrasse no quarto e acendesse a luz, para descobrir o que havia.
Mas e se fosse apanhada lá dentro, enquanto examinava o local? E se não houvesse nada? Claro que não ficariam zangados com ela, mas achariam estranho e indelicado da parte dela. Tomoyo suspirou. O que fazer?
Não sabia se era pior aquela dúvida ou correr o risco. Nada de passos ou barulho no corredor. Tomoyo começou a andar devagar na direção da porta do cômodo, e tinha a impressão de que seu coração podia ser ouvido até mesmo por Eriol, de tão alto que batia, descompassado.
Nessas horas, gostaria de ser invisível. Invisível! Será que isso não a ajudaria? Quando Tomoyo estava prestes e tocar o pingente em forma de Lua, ouviu sons dentro do quarto no qual desejava investigar, e Hiroyuki saiu de dentro dele, carregando uma caixa, aparentemente a do violino. Não percebera Tomoyo quase na porta.
Tomoyo não percebeu que tinha prendido a respiração e arregalado os olhos, muito menos que Hiroyuki agora a olhava.
- Tomoyo? Tudo bem? – o jovem passou a mão na frente dos olhos da garota, como se quisesse tirá-la de um transe.
Tomoyo sacudiu a cabeça, voltando ao normal:
- Desculpe, não é nada. Vamos ensaiar.
Hiroyuki concordou com um aceno de cabeça e ambos foram para a sala onde Tomoyo estava há poucos minutos. A garota sentou no piano, ligeiramente trêmula. Não entendia porque estava daquele jeito. Parecia que havia congelado, quando Hiroyuki abrira aquela porta. Como se um vento cortante tivesse atravessado seu coração, frio e sem sentimento, mandando-a ir embora dali. Como se um vento tivesse sentimento, ou pudesse dar ordens! Tomoyo balançou a cabeça. Estava ficando maluca.
Ou não? Afinal, aquele quarto era muito estranho. Para ela. Precisava entrar lá e ver o que tinha lá dentro de uma vez por todas.
- Tomoyo, o que está acontecendo?
Só então percebeu que Hiroyuki estava a centímetros de seu rosto, com um semblante preocupado. Conforme respirava, mechas do cabelo que pendiam de seu rosto tocavam os lábios de Tomoyo.
A garota recuou, porque lembrava do que havia acontecido da última vez que estivera tão perto do violinista, e não havia gostado do resultado. Hiroyuki também se afastou.
- Me desculpe, eu estou... Estou dispersa hoje. Acho que é o nervoso que vem me atacando com a proximidade do concerto.
- É normal. – o garoto sorriu – Vamos começar?
- Vamos. O que vamos tocar? Há alguma sugestão do clube? – perguntou Tomoyo, se ajeitando no banco, e abrindo um imenso livro, cheio de partituras de piano de música clássica.
Hiroyuki andou para perto do suporte das suas partituras, e abriu um envelope que Tomoyo reconheceu como sendo do clube.
- Hummm... Aparentemente, eles deixaram a música a nosso critério. No entanto, há uma lista das obras que já foram apresentadas, e para essas já existe um folheto impresso com dados do autor, significado e outras coisas mais. Ah! – Hiroyuki desdobrou uma outra parte do papel, que não havia visto – Parece que vai haver um coral no local.
- Um coral? – Tomoyo arregalou os olhos; desconhecia esse detalhe – Gostaria de poder cantar com eles...
- Cantar? – Hiroyuki sorriu – É verdade, você tem uma belíssima voz. Por que não retoma o coral da faculdade, ou começa aulas de canto? Tenho certeza de que o professor Sayuri a ajudaria, se tivesse problema com técnicas. O que eu não acredito que seja verdade. – acrescentou o violinista, com uma piscadela.
Tomoyo corou.
- Obrigada. Mas é uma boa idéia, acho que irei retomar o coral... Sinto saudades daquele tempo. Mas voltando ao concerto... Dentre as sugestões que eles citaram, tem alguma que lhe interessou?
Hiroyuki caminhou para perto do piano, e sentou-se ao lado de Tomoyo, para que ela pudesse ler também o papel. A garota desejou que o banco do piano não fosse tão largo assim.
- Humm... São muito bonitas, todas elas.
- Verdade. E se... Tocássemos Vivaldi?
- "Glória", de Vivaldi?
- Sim, esse mesmo. Eu lembro de tê-lo escutado há pouco tempo, é lindo e ficaria muito bonito com o coral, além de ser conhecido.
- Verdade. E também tenho a partitura aqui. Sim, acho que está bom para mim. E para você?
- Pefeito. Vamos lá, então. Não podemos perder tempo.
Hiroyuki voltou ao seu lugar de costume, guardou o papel no envelope e colocou-o sobre uma mesa. Em seguida abriu a caixa de seu violino. Tomoyo quase teve de segurar o seu queixo. Era absolutamente maravilhoso o novo violino de Hiroyuki. A madeira era escura, e as cordas, mais claras, formavam um contraste perfeito. Entalhes dourados terminavam o acabamento. Tomoyo estava deslumbrada.
- É lindo...
- Que bom que gostou. – sorriu o jovem – Eu gostaria de ter um de vidro, conhece?
Tomoyo afirmou com a cabeça.
- Mas acho que não seria adequado, além de chamar atenção sem necessidade. Mas ainda planejo comprá-lo.
- Boa sorte. Bom, vamos lá. – virando-se para o piano, Tomoyo tocou os primeiros compassos de um longo ensaio.
Por volta de oito e meia da noite, eles pararam, exaustos.
- Acho que o ensaio rendeu bastante, por hoje.
- É verdade, Hiroyuki. E para quem disse que tinha ouvido o "Glória" há pouco tempo... Hiroyuki, você quase tocou-o de cabeça!
Ele sorriu:
- Eu gosto de Vivaldi, sei grande parte das obras dele, mas... Não é tanto assim quanto pensa. E você? Disse que não ensaiava há tempos, e tocou sem errar!
Dessa vez, foi Tomoyo quem sorriu encabulada.
- Obrigada.
- De nada. Amanhã podemos repetir a dose?
- Certo... Eu estarei aqui em meia hora ou você prefere ensaiar em casa? Assim salvamos os ouvidos dos seus empregados.
- Duvido que algum deles esteja precisando ir agora ao médico depois desse ensaio.
Os dois se viraram para a porta, onde estava o senhor Kazuaki Atsuhiro, sorrindo. Os dois o cumprimentaram.
- Boa noite, pai.
- Boa noite, senhor Atsuhiro.
- Boa noite, meu filho, senhorita Daidouji. Está excelente. Aposto que todos irão adorar o concerto.
Os dois jovens sorriram.
- Acabei de chegar da firma, e fiquei aqui fora ouvindo um pouco... Mas já está bem tarde. Fica conosco para jantar, Tomoyo?
Tomoyo balançou a cabeça, negando.
- Não, muito obrigada pelo convite, mas Eriol está me esperando aqui perto, para que possamos voltar juntos. Ele veio comigo até aqui, para que eu não perdesse tempo avisando minha mãe. – explicou Tomoyo.
Hiroyuki ergueu as sobrancelhas, admirando o gesto do rapaz. Decerto esperou por um bom tempo.
- Então tudo bem. Hiroyuki, assim que puder, venha jantar, está bem?
O jovem assentiu, e Kazuaki se retirou do aposento.
- Eu vou telefonar para o clube, e dizer que já escolhemos a obra, tudo bem? Espere só um pouco aqui, que eu já a acompanho para a saída.
Tomoyo assentiu.
- Certo. – Hiroyuki saiu, e Tomoyo recolheu os seus pertences. Mal tinha terminado de guardá-los, Hiroyuki já estava de volta. Os dois saíram.
- Bom, então combinamos o ensaio amanhã, na escola?
- O local?
- Isso.
- Ótimo. Então até amanhã. – sorriu Tomoyo.
- Até! – Hiroyuki sorriu e voltou para dentro da mansão, em um passo relativamente rápido. Tomoyo acreditava que devia ser para não se atrasar para o jantar.
Caminhou para o café, e encontrou Eriol debruçado sobre um livro grosso, ainda fazendo toda a lição que tinha. Ao lado dele, viu um prato com biscoitos, na metade, e um copo vazio, que provavelmente estivera cheio de suco.
- Eriol? – Tomoyo aproximou-se, com muito remorso de ter deixado Erio,l lá durante todo aquele tempo.
- Tomoyo! – o rapaz fechou o livro e sorriu para a garota – Tudo bem no ensaio?
- Claro. Vamos? – Tomoyo sorriu, e começou a ajudar Eriol a apanhar seus pertences – Me desculpe, eu realmente atrasei bastante. E você ficou aqui, esse tempo todo!
- Não foi nenhum tempo gasto em vão. – garantiu o jovem – É assustador o volume de lição que temos.
- Nem me diga... – disse Tomoyo empilhando alguns livros – Eu não consegui fazer nada por causa do ensaio...
- Mas com certeza os professores vão dar uma tolerância para você e para Hiroyuki. – Eriol se dirigiu ao caixa e pagou a conta, o que incluía o que Tomoyo havia comido no almoço, ignorando os protestos da garota para que ela pagasse a parte dela.
- Espero... – Tomoyo respondeu ao comentário de Eriol e os dois foram para as respectivas casas.
Sábado de manhã, durante a primeira aula, Tomoyo estava consideravelmente nervosa. Sabia que era em parte devido ao concerto, que seria na noite seguinte. Ela mal havia dormido naquela noite, e foi preciso que Kyoshi conversasse com ela até que ela adormecesse. Resultado: Kyoshi estava com uma cara de sono das melhores.
Pensando no irmão, foi quando a porta se abriu, interrompendo a aula de Música Contemporânea, e Kyoshi apareceu.
- Com licença, professora Maeda. Eu gostaria de passar um aviso.
As meninas da classe começaram a suspirar como de costume, e a professora ordenou que a classe prestasse atenção.
- Desculpe estar interrompendo a aula de vocês, mas... Eu preciso que a senhorita Daidouji e o senhor Atsuhiro apanhem todo o seu material e venham comigo, por favor. Vocês estão dispensados da aula de hoje, para um ensaio no clube. – Kyoshi franziu a testa, e continuou lendo o papel que segurava – Parece que é para ver se o piano do clube está bom, além de testarem outras coisas a mais.
Os dois alunos assentiram com a cabeça, e começaram a arrumar suas malas. Eriol assegurou Tomoyo de que faria as anotações necessárias para ela, e poderia passá-las para Hiroyuki, se ele quisesse. Mas Tomoyo gesticulou, apontando para Nathalia, que certamente faria esse favor para o violinista. Tomoyo agradeceu Eriol e saiu, sendo seguida de Hiroyuki, e o professor os acompanhou.
- Bom, um carro veio apanhá-los. Precisam telefonar, fazer alguma coisa? – perguntou o professor, enquanto andavam para a saída do prédio.
- Não, acho que não. – respondeu Tomoyo.
- Eu preciso apenas fazer uma ligação. É rápida, não demoro. – Hiroyuki curvou a cabeça e saiu para o corredor vizinho, onde se encontravam telefones públicos.
Kyoshi dobrou o papel, guardando-o no bolso, e piscou para a irmã.
- Quem diria, Tomoyo Daidouji cabulando aula!
- Não estou cabulando, estou sendo dispensada das aulas do dia de hoje para ensaiar!
- Então cabular mudou de nome?
- Kyoshi!
- Tá certo, tá certo... Eu aviso a mamãe... Conseguiu dormir?
Tomoyo balançou a cabeça.
- Só depois que você me entediou o bastante com a sua conversa.
- Que agradecimento, hein? – Kyoshi fez uma cara azeda – Olha o que eu ganho com isso! – apontou para o rosto – Essa cara horrível.
- Ah, coitadinho... Quer que eu arranje alguém para cuidar de você? Aposto que trago várias alunas... E uma professora, no mínimo... – Tomoyo baixou a voz – Com certeza.
Tomoyo nunca havia visto Kyoshi ficar tão vermelho quanto estava agora. Ouviram passos, e logo em seguida Hiroyuki estava de volta. Era espantoso como Kyoshi havia recuperado a sua compostura e o seu jeito de professor "responsável".
Os dois alunos saíram e foram para o clube. Feitos os testes, tocaram toda a obra uma vez, e logo que terminaram foram recebidos pelo gerente do local. O mesmo disse que havia ficado impressionado com o talento deles, e que o concerto provavelmente seria um sucesso.
Houve uma pausa para o almoço, e enquanto os dois jovens conversavam, viram um ônibus estacionando em um lugar próximo. Tomoyo deduziu que deveriam ser os coralistas.
- Vamos tocar tudo outra vez. – sorriu Tomoyo, movimentando os dedos das mãos.
- É verdade... Isso se o coral estiver bem ensaiado. Aliás... Não acha que eles deveriam ter marcado mais cedo este ensaio? Um dia antes da apresentação e só?
- Concordo com você... Nossa, tenho tanta coisa para fazer hoje... Preciso pegar a minha roupa de amanhã...
- Já sabe como será, então?
- Sim... E é surpresa!
Hiroyuki fez um muxoxo.
- A minha não será. Roupas formais masculinas não mudam em nada, é sem graça. – sorriu.
Tomoyo balançou a cabeça.
- Verdade, mas no campo das roupas de passeio isso vem mudando. É bom ver que tanto os homens quanto o mercado estão aceitando bem as inovações.
Hiroyuki sorriu, arregalando os olhos.
- Fala como uma verdadeira estilista!
Ela riu:
- É, eu gostava bastante de desenhar e fazer roupas quando era menor... Se não seguisse a faculdade de música, provavelmente faria estilismo.
- Não duvido que leve jeito para isso também. – sorriu o jovem, enquanto ajeitava uma mecha de cabelo insistente, que teimava em tapar-lhe a visão do olho esquerdo. Nisso, foram chamados de volta, e cumprimentaram o regente do coro.
Seguiu-se novamente um ensaio, dessa vez mais longo e cheio de pausas. O coral, de fato, estava bem ensaiado, mas houvera um problema em relação ao andamento. Tomoyo e Hiroyuki tocavam mais rápido do que o coro estava acostumado, e tiveram que segurar um pouco o ritmo. Não tiveram problemas, já que estavam acostumados a tocar juntos, e no final da tarde, e o resultado foi ótimo.
Tomoyo não notou que as horas passaram tão rápido, e quando deu por si, já estava imersa no meio daquela correria toda na sua casa no domingo de manhã, por causa do concerto. A casa estava toda revirada, de cabeça para baixo. Pessoas semi-vestidas trombavam com empregados, telefones não paravam de tocar, gente entrava e saía a cada minuto. Isso desde as sete da manhã. De um domingo!
Tomoyo tinha acabado de tomar o café, e apressadamente dirigia-se para o seu quarto, para trocar de roupa e escovar os dentes, quando trombou com alguém no corredor.
- Ai!
- Aiai... Desculpa... Tomoyo?
- Kyoshi?
Os dois se levantaram e cumprimentaram-se devidamente. Kyoshi tinha um pedaço de sanduíche na mão, que quase havia voado pelos ares.
- Bom, aonde está indo?
- A mamãe acabou de chegar, teve que buscar uma encomenda urgente na empresa, e eu vou com ela buscar a minha roupa de hoje à noite, para ver se não tem defeito. Depois eu vou ter que ir ao cabeleireiro e... Ah sim, ensaiar mais uma vez, juntar as partituras, e conferir a que eles vão me dar lá.
Kyoshi tinha os olhos arregalados. Mastigou um pedaço da comida e relatou os seus afazeres.
- Bom, eu tenho que terminar de me vestir, – Kyoshi apontou para si mesmo. Estava com a calça do pijama e a camisa sem abotoar, ainda - ligar para o meu amigo do clube e apanhar a Nakuru. – Ao ver a cara de espanto de Tomoyo, Kyoshi acrescentou – Eu já falei com a mamãe e com o Eriol, os dois estarão prontos às 4 horas, aí vocês fazem os últimos ajustes e vão para o clube... É às 5 e meia que vocês tem de estar prontos, não é? Então, sem perder tempo! – terminando o sanduíche, os dois dispararam pelo corredor, em direções opostas.
Tomoyo colocou rapidamente uma saia até o joelho, preta, com uma blusa vermelho escuro, de mangas longas e esvoaçantes. Colocou os brincos que usaria no concerto na bolsa, junto com os anéis e pulseira. A única coisa que ficara com ela era o pingente, claro, e o relógio. Escovou os dentes, penteou o cabelo e saiu do quarto, quase trombando com a empregada que entrava para arrumá-lo. Encontrou Sonomi e as duas saíram.
Tomoyo nem acreditou quando estavam todos prontos, às 4 horas em ponto, dentro de sua casa. Eriol acabara de chegar, e já estavam se aprontando para ir ao clube. Antes, porém, Eriol e Tomoyo não conseguiram evitar, e perderam um bom tempo admirando-se mutuamente.
Eriol estava impecável. Os cabelos, que pareciam ser azul escuro, pareciam ainda úmidos do banho, e o perfume que exalavam era quase que um entorpecente. O smoking do rapaz era perfeito, os sapatos capazes de refletir o teto. Mesmo que as roupas masculinas não tivessem muita variação, para Tomoyo, a de Eriol era sempre a mais bela.
Eriol, por sua vez, teve que se controlar para não ter de segurar o queixo. Tomoyo vestia uma saia até o chão, negra, ocultando os sapatos, com fios prateados formando um desenho perto da barra da mesma. Na parte de cima, um corpete tomara que caia, num tom roxo escuro, que lembrava um pouco os olhos dela. Ele era justo ao corpo bem torneado da garota, com linhas prateadas que serpenteavam por toda o corpete. Havia ainda as jóias, leves e prateadas, em conjunto com a belíssima e suave maquiagem da garota. O cabelo estava preso em um coque, não muito firme, deixando duas mechas caírem pela frente. Tomoyo estava mais linda do que Eriol jamais vira.
Sonomi chamou os dois, e foram para o clube. Chegando lá, Hiroyuki tratou de vir cumprimentá-los. Sonomi ficou conversando com Kazuaki e Ayumi, e Tomoyo e Hiroyuki foram instruídos para irem logo aos camarins, para apanharem suas partituras.
O salão do concerto era imenso, e havia sido todo decorado com panos brancos e flores claras, deixando o ambiente acolhedor. Pessoas já começavam a chegar, e Eriol despediu-se de Tomoyo, ao ver Nakuru chegar com Kyoshi. Por sinal, um número considerável de professores da faculdade estavam ali, e os dois jovens que seriam as estrelas da noite foram cumprimentá-los. Tomoyo jurava que o rosto da professora Kazumi estava quase roxo de raiva ao ver que Kyoshi entrara com Nakuru.
Após os devidos cumprimentos, os dois jovens foram para o camarim. Tomoyo tivera de fingir surpresa ao ver Kyoshi ali, e o irmão não facilitava as coisas. Tomoyo não pode deixar de notar que Kyoshi estava muito bonito, e atraindo olhares constantes sobre si.
O mesmo acontecia com Hiroyuki. Vestido de maneira semelhante a Eriol, Hiroyuki chamava a atenção das pessoas, tamanho poder de sedução do violinista. Apenas com uma jogada de cabelo ou um olhar, ele conseguia prender a atenção de alguém. Hiroyuki era belo, com certeza, pensava Tomoyo. Mas de um jeito diferente. Não do jeito de Eriol, que causava admiração, mas... Meio mágico. Hiroyuki hipnotizava as pessoas ao redor. Como se houvesse algo nele que era sobre-humano.
Os dois sentaram no sofá do camarim, bem arrumado e espaçoso. Abriram as respectivas partituras, fizeram algumas anotações e relaxaram um pouco. Faltavam apenas alguns minutos para que o concerto começasse.
Foram encaminhados para perto do palco montado, onde estavam os instrumentos, inclusive o violino belíssimo de Hiroyuki, que não deveria ser barato. Tomoyo se perguntava o quanto não custaria um instrumento como aquele.
Eles podiam ouvir o coro sendo apresentado, e a seguir, o regente. Logo depois, era a vez deles.
- A nossa pianista de hoje... Senhorita Tomoyo Daidouji, aluna da Faculdade de Música de Tomoeda!
Tomoyo entrou sorrindo, embora quase tivesse ficado cega com tantas luzes em cima dela. Agradeceu aos aplausos, e tomou seu lugar, na frente do piano, abrindo a sua partitura. Olhando rapidamente para a platéia, vislumbrou os professores, Sonomi e os Atsuhiro, além de Eriol e Nakuru.
- E para que possamos começar nosso magnífico concerto... O senhor Hiroyuki Atsuhiro, também aluno da Faculdade de Música de Tomoeda!
Hiroyuki entrou debaixo de aplausos entusiasmados, seguidos de alguns gritinhos frenéticos. Tomoyo sorriu ao pensar que o colega de concerto já tinha gente suficiente para formar um fã-clube.
Tomoyo desejou sorte a Hiroyuki com os olhos, que retribuiu a gentileza. Em seguida, olharam para o regente do coro, que deu a entrada e o concerto começou.
Ou pelo menos Tomoyo pensara isso. Os coralistas tinha as bocas abertas, mas delas não saiam som algum. O regente fora congelado, o braço parado no ar. Na platéia, a situação era idêntica. As expressões das pessoas, maravilhadas com o concerto, inalteradas. A presença de sempre apareceu.
Tomoyo se assustou com tudo aquilo, do piano também não saía som algum, como se ele também tivesse parado no tempo. Aliás, parecia que o local inteiro estava sob o efeito da Carta Tempo, e essa carta só permitia que pessoas com poderes mágicos se movessem normalmente.
Se levantou do piano, e viu Eriol e Kyoshi, vindo na direção do palco. Nakuru havia se transformado em Ruby Moon, e os acompanhava. Aflita, não notou que Eriol parou de repente, e gritou para que ela se virasse para trás.
Mal teve tempo de fazer o báculo prateado aparecer, Tomoyo foi puxada para trás e forçada a ficar no banco do piano, sendo segurada por uma pessoa, com o braço da mesma. Sentia algo frio contra o próprio pescoço. Uma lâmina, provavelmente. Então, andando calmamente na sua frente, apareceu Hiroyuki. Sorrindo satisfeito, de um modo perigosamente encantador.
- Tomoyo, Tomoyo... – Hiroyuki andava perto dela, e de seja lá quem for que a estava ameaçando por trás. – Finalmente, vamos começar o que já devia estar terminado a muito tempo.
Sentiu que Ruby Moon, Eriol e Kyoshi estavam subido na borda do palco, mas não haviam avançado mais porque temiam pela segurança de Tomoyo.
A garota se concentrou em Hiroyuki, e notou que aquela presença de sempre, das barreiras, vinha dele. Era ele o culpado por tudo. Hiroyuki Atsuhiro. Culpado por sofrimento, dor, enganos, conclusões precipitadas.
- Hiro... Hiroyuki? Então é você? Por quê? – Tomoyo sentia que lágrimas queriam escorrer por sua face.
- Por quê? É como disse, tenho assuntos inacabados, e isso envolve... Você. Aliás, não exatamente você, Tomoyo Daidouji, mas a pessoa que controla os poderes da Lua, atualmente.
- Atsuhiro. Eu bem que podia ter adivinhado. – Hiroyuki se virou, para encarar Eriol. A energia que emanava de Eriol era tão forte e poderosa que chegava a dar medo. Não em Tomoyo, claro.
- Eriol... Ou Clow? Como devo chamá-lo? – Hiroyuki estava sendo extremamente cínico com Eriol – Creio que você escapou uma vez, mas não irá escapar pela segunda. – riu de um modo que fez Tomoyo se arrepiar.
- Eu não sou Clow, tenho apenas memórias e alguns poderes dele. – Eriol forçou o "não" – Mas algumas pessoas ainda me chamam como Clow. – dessa vez, a voz de Eriol saiu alterada, e era a voz de Clow.
- Certo... E o senhor, quem diria, Kyoshi? Se passando por outra pessoa, enquanto é irmão de Tomoyo... – Kyoshi piscou, nem um pouco disposto a aceitar as provocações de Hiroyuki – Não tente ajudá-la. Nem você, Eriol. Mesmo que por telepatia, um movimento é fatal. E você também. – apontou para Ruby Moon.
- Então ao menos, solte Nathalia. – observou Kyoshi – Duvido que ela possa ter alguma coisa a ver com os seus planos.
- Ah, ela tem. Menina tola. Se aproximou demais. Agora irá me ajudar até o final... – Hiroyuki caminhou na direção de Nathalia, que estava atrás de Tomoyo. A garota deduziu quem é que estava com a lâmina contra o seu pescoço, claro. E sendo controlada por Hiroyuki, como já havia sido antes - ... Ela é obediente. Tomoyo... Um movimento seu, e estará morta em segundos. Como devem ter descoberto, eu crio barreiras. Esta é uma das melhores, a do tempo. Somente algumas pessoas são imunes... Calculei um pouco mal, desconhecia o fato de Kyoshi ter poderes... Mas isso não irá ajudá-los nem um pouco.
De repente, Tomoyo começou a ter várias recordações de Hiroyuki. Mas não vivenciara nenhuma delas, com certeza. Viu Eriol em algumas, de relance, em uma outra cidade, outro idioma... Quase como uma outra vida. Então lembrou-se do que eram aquelas lembranças. Eram de Mizuki, claro. As lembranças inexistentes.
Ouviu uma voz na cabeça dela, suave, que só podia ser da professora de matemática.
"Tomoyo, Hiroyuki... Ele quer resolver os problemas comigo... Me desculpe... Irei tomar seu corpo por um instante... Mas o devolverei. Lembra das desgraças, da missão que eu havia lhe falado? Então, a missão era detê-lo... E é o que eu vou tentar fazer."
Tomoyo sentiu ser "lacrada" dentro de seu próprio corpo. Estava ali, mas não tinha mais controle de nada. Sentia e via tudo, mas não era mais ela. Era Kaho Mizuki, agora. A situação em que ela se encontrava devia ser semelhante à rotina de Yue. Estar sempre ali, mas não agir.
Uma energia muito forte emanou do corpo de Tomoyo, e Nathalia foi arremessada longe. Bateu a cabeça na parede, e desfaleceu.
- Como você...
- Hiroyuki! Me ouça. – Com a mão livre que tinha, Tomoyo, ou Kaho, sinalizou para que Hiroyuki esperasse. A voz que soava era de Kaho.
O jovem arregalou os olhos, visivelmente abalado. Kyoshi também não havia entendido direito o que se passara, e Ruby Moon tratou de explicar rapidamente. Clow também começara a agir por intermédio de Eriol.
- Não é razoável que você prejudique a vida de Tomoyo porque tem assuntos inacabados comigo. Com quem detinha os poderes da Lua.
- Ela está certa. – Clow, ou Eriol, respondeu, caminhando para perto de Kaho.
Hiroyuki não prevera aquilo, pelo menos não que Mizuki poderia aparecer daquele jeito. Mas recuperou-se logo.
- Então, temos o grande Mago Clow e a misteriosa Kaho Mizuki aqui. Muito bem... – sorriu de modo confiante – Mesmo assim, não vou deixar que atrapalhem meus planos...
FIM DA OITAVA PARTE
Finalmente de volta! ^^ Eu sinceramente peço desculpas a todos que esperaram por tanto tempo pela volta do fanfic. Como eu disse antes, eu andei escrevendo muito sobre J-Rock, e o Rumos ficou bastante esquecido.
Bom, agora, eu sei como será o final. ^^ Finalmente quem estava por detrás de tudo aparece. Na verdade, acho que não estava tão difícil de saber que o Hiroyuki era responsável, ne?
Mas... As aparências enganam. Nem de longe isso está perto de acabar. =) Nos próximos dois capítulos, o fic termina (se não ocorrem imprevistos, claro).
Ah sim! Os capítulos 8 e 9 são os Atos I e II de uma mesma situação, por isso terão nomes iguais, ok? Portanto, serão "juntos". O décimo capítulo dessa 2ª fase é o final.
Se tiverem sugestões, comentários, críticas, elogios, qualquer coisa, podem escrever para mari-chan.mlg@bol.com.br ou simplesmente deixem reviews. ^^
Desculpem, e obrigada por tudo!
Mari-chan.
