Epílogo - cap 11
Harry Potter e suas personagens pertencem a JK Rowling.
"Pronto?", Cho perguntou ao perceber a porta da Enfermaria sendo reaberta.
"Sim...", ele respondeu desanimado, dando passagem para ela, "Desculpe, não queria interromper o seu trabalho."
Cho sorriu delicadamente, "Não tem problema. Eu já estou acostumada.", ela ergueu sua varinha e recomeçou a mexer no corpo.
"Mesmo? Há quanto tempo trabalha... er... nisso?", Harry sentou-se em uma cama afastada, tentando ignorar o jeito impessoal como Cho cuidava de Remus.
"Não é questão de tempo...", ela disse cuidadosamente, "São os tempos, Harry... muita gente morreu nos últimos dias...", ela sacudiu a cabeça, retomando o ar indiferente e profissional, "Muita gente morreu desde que Voldemort voltou. Eu não me formei em Hogwarts pensando nesse tipo de carreira. Mas a necessidade chamou e eu estou aqui."
"Hm... E... como você está?"
Cho parou após a pergunta, com o rosto abaixado, evitando encarar Harry. Seus ombros se moveram displicentemente e ela gesticulou com a varinha por alguns segundos, tentando encontrar palavras para responder, "Ah... eu... eu estou bem... eu, quer dizer..."
"Não precisa falar se não quiser.", Harry interveio rapidamente, percebendo o desconforto dela.
Parando de se mexer e suspirando, como se tivesse escapado de algo, Cho voltou a trabalhar, "Sim... obrigada."
Os dois ficaram em silêncio por alguns minutos, até que Harry resolveu continuar a conversa por outro caminho, "Você foi chamada para o Minis--"
"Quer saber?", Cho o interrompeu bruscamente, assustando-o levemente. Ela guardou a varinha e se afastou de Remus, andando com uma expressão brava até Harry, "Posso mesmo falar?"
Piscando algumas vezes, confuso, ele respondeu, incerto se gostaria mesmo de saber, "Pode... claro."
"Meus pais não morreram.", ela disse firmemente, encarando-o desafiadora.
Achando que ela diria mais alguma coisa, Harry esperou, olhando-a pacientemente, mas, ao ver que era somente isso, ele disse, sorrindo, "Isso é ótimo, Cho..."
"Não!", ela o interrompeu, "Você não está entendendo!", seu cenho se franziu e ela repetiu mais lentamente, "Meus pais não morreram!"
"Eu entendi perfeitamente: seus pais não morreram, estão vivos. E eu digo: isso é ótimo.", Harry disse, com paciência, "Entre tantas pessoas que perderam amigos e parentes, você é uma pessoa de sorte. Considere-se feliz por isso."
"Esse é o problema!", Cho bateu na armação da cama, fazendo-a vibrar, "Meus pais não morreram, minha casa não foi destruída, eu não sofri nenhuma arranhão! Harry, não percebe? Eu não posso dizer isso as outras pessoas!", sua voz tomou um tom mais choroso, "Não é que eu não queira... fiquei muito tranqüila ao ver, depois da guerra, que minha família tinha sobrevivido... meu maior desejo era sair gritando para quem quisesse ouvir a minha felicidade. Mas eu não posso, eu não posso... tantas pessoas morreram, tantas famílias foram separadas...", Cho respirou um pouco, continuando um pouco mais calma, "No primeiro dia, quando tudo acabou, eu fui com meus pais ser voluntária no Saint Mungos. Não ficamos nem um dia lá... algumas pessoas nos olhavam com tanto ódio, tanta inveja... como se fosse um pecado minha família estar toda viva. Então, achamos melhor nos separarmos. Meu pai ficou no Saint Mungos, minha mãe veio para cá e eu aprendi com um amigo como preparar os mortos."
"Cho...", Harry tentou falar, ao perceber algumas lágrimas no rosto dela.
"Assim foi bem mais fácil... porque quando perguntavam para mim: como está sua família, minha menina? Eu respondia: não está aqui. E eles me aceitavam...", ela soluçou, escondendo o rosto nas mãos, limpando as lágrimas, "Não perguntavam mais nada. Apenas me aceitavam."
Harry passou um braço pelos ombros de Cho e pensou, escolhendo as palavras antes de dizer, "Cho... você não precisa sofrer tanto para... para compensar o que você não sofreu.", ele esfregou as costas dela enquanto falava, tentando não ser muito indiscreto, "Não precisa trabalhar com uma coisa que te dá tanta tristeza..."
Ele sentiu o corpo dela tremer e achou que o choro tivesse aumentado, mas, para a sua surpresa, quando Cho ergueu o rosto, estava rindo, mesmo que chorando ao mesmo tempo.
"Não...", ela tentou secar os olhos, "Não é assim que funciona, Harry... Eu quero fazer isso. Eu quero, principalmente, entender a raiva deles quando descobrem a verdade. Fazendo isso, de alguma forma, é mais fácil entender... eu me aproximo ao máximo do sofrimento deles e acabo sofrendo junto, me indignando junto...", ela suspirou, completando baixinho, "Eu até já me perguntei, com a mesma intensidade e raiva, por quê meus pais não morreram..."
Quando Harry abriu a boca para discordar da atitude de Cho, a porta da Enfermaria abriu e Snape entrou, seguido de McGonagall, "Sinto incomodar.", o professor ergueu a voz, "Mas já é bem tarde da noite; vamos terminar logo com isso, sim?"
"Sim, senhor.", Cho respondeu imediatamente, no tom profissional. Mas, antes de se afastar, ela tocou na mão de Harry, sorrindo brevemente, "Eu sei que você não consegue me entender, Harry... mesmo assim, obrigada."
Sem dar chance dele responder, Cho se afastou a passos rápidos, já erguendo a varinha, sussurrando um feitiço e fazendo surgir um lençol de flores sobre Remus. Harry, confuso e frustrado, levantou-se e saiu da Enfermaria sem olhar para trás, esbarrando em Pomfrey no final do corredor.
"Oh, Harry! É você...", ela suspirou em um tom desanimado.
"Desculpe, madame...", ele desviou da enfermeira, voltando a andar, mas foi chamado antes que pudesse virar a esquina.
"Harry! Oh, Merlim... Harry, por favor, venha cá, sim?", ela o chamou, com um olhar preocupado na direção da Enfermaria, "Poderia me fazer um grande favor?", Harry já pensava em alguma desculpa, mas ela recomeçou antes que pudesse falar, "Escute... Draco Malfoy, você se lembra dele? Ele era Slytherin e estava no mesmo ano que você... um garoto de cabelo--"
"Sim, madame.", Harry a interrompeu, impaciente, "Eu me lembro bem do Malfoy. O que ele fez dessa vez?"
A velha enfermeira sorriu de lado, sem graça, "Oh, ele não fez nada... está dormindo agora...", ela voltou a falar séria, dizendo rapidamente, "Está em um quarto na Ala Sul, no segundo andar, primeiro corredor à direita, décima sétima porta. Pode cuidar dele pra mim?", dando três tapinhas no ombro de Harry, ela se afastou, dizendo, "Oh, muito, muito obrigada..."
Harry a acompanhou com os olhos, vendo-a se juntar com os outros professores, Dumbledore e Hermione, no grupo que iria acompanhar Cho no enterro de Remus. Fechando os olhos, sentindo uma enxaqueca batendo estaca em sua cabeça, Harry suspirou, voltando a andar na direção indicada por Pomfrey. Iria cuidar de Malfoy, sem problemas. Achava que a velha enfermeira merecia acompanhar o aluno que tanto se esforçou para ajudar.
Novamente o castelo estava em silêncio. Não só era muito tarde, mas, também, quem estava acordado encontrava-se lá fora, na Floresta Proibida, muito provavelmente.
Depois de se confundir com mais de quatro portas, Harry encontrou o quarto de Malfoy. Podia-se perceber que estava limpo, apesar de iluminado apenas por dois candelabros nas laterais da cama. Como Pomfrey disse, Draco estava dormindo, encolhido, quase sumindo entre os cobertores.
Na mesa de cabeceira, perto da janela, estava um pequeno vaso, com o botão dourado, brilhando mais ainda com a luz alaranjada das velas. Harry se aproximou da planta, sentando no parapeito da janela, pensando nas palavras de Cho. Se virasse o rosto poderia ver um caminho de varinhas iluminadas, lá embaixo, tentando abrir caminho através das árvores da floresta.
Apesar de tudo, Harry entendia bem o que Cho sentia. Sentiu-se da mesma forma que ela quando teve que apagar a memória do muggle que matou Voldemort. Afinal, não fora ele quem salvara o mundo bruxo. Diante de tantos problemas e preocupações, Harry deixou de sentir a mesma angústia e frustração que Cho, mas mesmo assim, sabia que algumas pessoas, depois de lerem a verdade no Profeta Diário, provavelmente estariam desejando a sua morte... perguntando-se por quê ele também não morreu.
Ficou só assistindo, ficou frente a frente com Voldemort e vários death eaters... e não fez nada... como ele sobreviveu? Como ele continuava vivo enquanto tantos outros, que lutaram ou que não tinham nenhum envolvimento na história... como eles morreram e Harry Potter continuava vivo?
Essas perguntas ainda estavam incomodando-o, no fundo de sua mente. Realmente, o que dissera a Dumbledore era verdade, não se importava com a opinião e reação do mundo bruxo quando soubessem da verdade. Mas, mesmo assim, a verdade insistia em machucá-lo por dentro, com ele mesmo, para ele mesmo, dele mesmo.
Harry podia sentir-se grato pela quantidade e qualidade dos problemas que tem aparecido nos últimos dias. Com eles, não houve tempo e energia para serem gastos com essa outra questão, da sobrevivência dele.
Malfoy mexeu-se na cama e atraiu, por alguns segundos, a atenção de Harry, quebrando-lhe a linha de pensamentos. E, nesse instante, observando a tranqüilidade e inocência infantil naquele rosto, que, se não fosse um suposto trauma, estaria se contorcendo de ódio atrás de uma prisão, Harry desejou que o mesmo destino pudesse ter sido aplicado a ele.
Mesmo que ele não tenha conhecido a verdadeira infância, seria quase uma benção poder desligar-se de tudo e viver em um mundo de mentira, deixando para os outros a tarefa de preocupar-se. Principalmente, deixando para os outros, as enxaquecas que acompanhavam a tarefa de preocupar-se, Harry pensou sarcasticamente, massageando a própria testa.
Com um suspiro, ele fechou os olhos e esperou até a volta de Pomfrey.
Continua...
N/A: A minha busca por um nome bacana para o avô do Draco continua... ALGUÉM, POR FAVOR, ME AJUDE!!!
Harry Potter e suas personagens pertencem a JK Rowling.
"Pronto?", Cho perguntou ao perceber a porta da Enfermaria sendo reaberta.
"Sim...", ele respondeu desanimado, dando passagem para ela, "Desculpe, não queria interromper o seu trabalho."
Cho sorriu delicadamente, "Não tem problema. Eu já estou acostumada.", ela ergueu sua varinha e recomeçou a mexer no corpo.
"Mesmo? Há quanto tempo trabalha... er... nisso?", Harry sentou-se em uma cama afastada, tentando ignorar o jeito impessoal como Cho cuidava de Remus.
"Não é questão de tempo...", ela disse cuidadosamente, "São os tempos, Harry... muita gente morreu nos últimos dias...", ela sacudiu a cabeça, retomando o ar indiferente e profissional, "Muita gente morreu desde que Voldemort voltou. Eu não me formei em Hogwarts pensando nesse tipo de carreira. Mas a necessidade chamou e eu estou aqui."
"Hm... E... como você está?"
Cho parou após a pergunta, com o rosto abaixado, evitando encarar Harry. Seus ombros se moveram displicentemente e ela gesticulou com a varinha por alguns segundos, tentando encontrar palavras para responder, "Ah... eu... eu estou bem... eu, quer dizer..."
"Não precisa falar se não quiser.", Harry interveio rapidamente, percebendo o desconforto dela.
Parando de se mexer e suspirando, como se tivesse escapado de algo, Cho voltou a trabalhar, "Sim... obrigada."
Os dois ficaram em silêncio por alguns minutos, até que Harry resolveu continuar a conversa por outro caminho, "Você foi chamada para o Minis--"
"Quer saber?", Cho o interrompeu bruscamente, assustando-o levemente. Ela guardou a varinha e se afastou de Remus, andando com uma expressão brava até Harry, "Posso mesmo falar?"
Piscando algumas vezes, confuso, ele respondeu, incerto se gostaria mesmo de saber, "Pode... claro."
"Meus pais não morreram.", ela disse firmemente, encarando-o desafiadora.
Achando que ela diria mais alguma coisa, Harry esperou, olhando-a pacientemente, mas, ao ver que era somente isso, ele disse, sorrindo, "Isso é ótimo, Cho..."
"Não!", ela o interrompeu, "Você não está entendendo!", seu cenho se franziu e ela repetiu mais lentamente, "Meus pais não morreram!"
"Eu entendi perfeitamente: seus pais não morreram, estão vivos. E eu digo: isso é ótimo.", Harry disse, com paciência, "Entre tantas pessoas que perderam amigos e parentes, você é uma pessoa de sorte. Considere-se feliz por isso."
"Esse é o problema!", Cho bateu na armação da cama, fazendo-a vibrar, "Meus pais não morreram, minha casa não foi destruída, eu não sofri nenhuma arranhão! Harry, não percebe? Eu não posso dizer isso as outras pessoas!", sua voz tomou um tom mais choroso, "Não é que eu não queira... fiquei muito tranqüila ao ver, depois da guerra, que minha família tinha sobrevivido... meu maior desejo era sair gritando para quem quisesse ouvir a minha felicidade. Mas eu não posso, eu não posso... tantas pessoas morreram, tantas famílias foram separadas...", Cho respirou um pouco, continuando um pouco mais calma, "No primeiro dia, quando tudo acabou, eu fui com meus pais ser voluntária no Saint Mungos. Não ficamos nem um dia lá... algumas pessoas nos olhavam com tanto ódio, tanta inveja... como se fosse um pecado minha família estar toda viva. Então, achamos melhor nos separarmos. Meu pai ficou no Saint Mungos, minha mãe veio para cá e eu aprendi com um amigo como preparar os mortos."
"Cho...", Harry tentou falar, ao perceber algumas lágrimas no rosto dela.
"Assim foi bem mais fácil... porque quando perguntavam para mim: como está sua família, minha menina? Eu respondia: não está aqui. E eles me aceitavam...", ela soluçou, escondendo o rosto nas mãos, limpando as lágrimas, "Não perguntavam mais nada. Apenas me aceitavam."
Harry passou um braço pelos ombros de Cho e pensou, escolhendo as palavras antes de dizer, "Cho... você não precisa sofrer tanto para... para compensar o que você não sofreu.", ele esfregou as costas dela enquanto falava, tentando não ser muito indiscreto, "Não precisa trabalhar com uma coisa que te dá tanta tristeza..."
Ele sentiu o corpo dela tremer e achou que o choro tivesse aumentado, mas, para a sua surpresa, quando Cho ergueu o rosto, estava rindo, mesmo que chorando ao mesmo tempo.
"Não...", ela tentou secar os olhos, "Não é assim que funciona, Harry... Eu quero fazer isso. Eu quero, principalmente, entender a raiva deles quando descobrem a verdade. Fazendo isso, de alguma forma, é mais fácil entender... eu me aproximo ao máximo do sofrimento deles e acabo sofrendo junto, me indignando junto...", ela suspirou, completando baixinho, "Eu até já me perguntei, com a mesma intensidade e raiva, por quê meus pais não morreram..."
Quando Harry abriu a boca para discordar da atitude de Cho, a porta da Enfermaria abriu e Snape entrou, seguido de McGonagall, "Sinto incomodar.", o professor ergueu a voz, "Mas já é bem tarde da noite; vamos terminar logo com isso, sim?"
"Sim, senhor.", Cho respondeu imediatamente, no tom profissional. Mas, antes de se afastar, ela tocou na mão de Harry, sorrindo brevemente, "Eu sei que você não consegue me entender, Harry... mesmo assim, obrigada."
Sem dar chance dele responder, Cho se afastou a passos rápidos, já erguendo a varinha, sussurrando um feitiço e fazendo surgir um lençol de flores sobre Remus. Harry, confuso e frustrado, levantou-se e saiu da Enfermaria sem olhar para trás, esbarrando em Pomfrey no final do corredor.
"Oh, Harry! É você...", ela suspirou em um tom desanimado.
"Desculpe, madame...", ele desviou da enfermeira, voltando a andar, mas foi chamado antes que pudesse virar a esquina.
"Harry! Oh, Merlim... Harry, por favor, venha cá, sim?", ela o chamou, com um olhar preocupado na direção da Enfermaria, "Poderia me fazer um grande favor?", Harry já pensava em alguma desculpa, mas ela recomeçou antes que pudesse falar, "Escute... Draco Malfoy, você se lembra dele? Ele era Slytherin e estava no mesmo ano que você... um garoto de cabelo--"
"Sim, madame.", Harry a interrompeu, impaciente, "Eu me lembro bem do Malfoy. O que ele fez dessa vez?"
A velha enfermeira sorriu de lado, sem graça, "Oh, ele não fez nada... está dormindo agora...", ela voltou a falar séria, dizendo rapidamente, "Está em um quarto na Ala Sul, no segundo andar, primeiro corredor à direita, décima sétima porta. Pode cuidar dele pra mim?", dando três tapinhas no ombro de Harry, ela se afastou, dizendo, "Oh, muito, muito obrigada..."
Harry a acompanhou com os olhos, vendo-a se juntar com os outros professores, Dumbledore e Hermione, no grupo que iria acompanhar Cho no enterro de Remus. Fechando os olhos, sentindo uma enxaqueca batendo estaca em sua cabeça, Harry suspirou, voltando a andar na direção indicada por Pomfrey. Iria cuidar de Malfoy, sem problemas. Achava que a velha enfermeira merecia acompanhar o aluno que tanto se esforçou para ajudar.
Novamente o castelo estava em silêncio. Não só era muito tarde, mas, também, quem estava acordado encontrava-se lá fora, na Floresta Proibida, muito provavelmente.
Depois de se confundir com mais de quatro portas, Harry encontrou o quarto de Malfoy. Podia-se perceber que estava limpo, apesar de iluminado apenas por dois candelabros nas laterais da cama. Como Pomfrey disse, Draco estava dormindo, encolhido, quase sumindo entre os cobertores.
Na mesa de cabeceira, perto da janela, estava um pequeno vaso, com o botão dourado, brilhando mais ainda com a luz alaranjada das velas. Harry se aproximou da planta, sentando no parapeito da janela, pensando nas palavras de Cho. Se virasse o rosto poderia ver um caminho de varinhas iluminadas, lá embaixo, tentando abrir caminho através das árvores da floresta.
Apesar de tudo, Harry entendia bem o que Cho sentia. Sentiu-se da mesma forma que ela quando teve que apagar a memória do muggle que matou Voldemort. Afinal, não fora ele quem salvara o mundo bruxo. Diante de tantos problemas e preocupações, Harry deixou de sentir a mesma angústia e frustração que Cho, mas mesmo assim, sabia que algumas pessoas, depois de lerem a verdade no Profeta Diário, provavelmente estariam desejando a sua morte... perguntando-se por quê ele também não morreu.
Ficou só assistindo, ficou frente a frente com Voldemort e vários death eaters... e não fez nada... como ele sobreviveu? Como ele continuava vivo enquanto tantos outros, que lutaram ou que não tinham nenhum envolvimento na história... como eles morreram e Harry Potter continuava vivo?
Essas perguntas ainda estavam incomodando-o, no fundo de sua mente. Realmente, o que dissera a Dumbledore era verdade, não se importava com a opinião e reação do mundo bruxo quando soubessem da verdade. Mas, mesmo assim, a verdade insistia em machucá-lo por dentro, com ele mesmo, para ele mesmo, dele mesmo.
Harry podia sentir-se grato pela quantidade e qualidade dos problemas que tem aparecido nos últimos dias. Com eles, não houve tempo e energia para serem gastos com essa outra questão, da sobrevivência dele.
Malfoy mexeu-se na cama e atraiu, por alguns segundos, a atenção de Harry, quebrando-lhe a linha de pensamentos. E, nesse instante, observando a tranqüilidade e inocência infantil naquele rosto, que, se não fosse um suposto trauma, estaria se contorcendo de ódio atrás de uma prisão, Harry desejou que o mesmo destino pudesse ter sido aplicado a ele.
Mesmo que ele não tenha conhecido a verdadeira infância, seria quase uma benção poder desligar-se de tudo e viver em um mundo de mentira, deixando para os outros a tarefa de preocupar-se. Principalmente, deixando para os outros, as enxaquecas que acompanhavam a tarefa de preocupar-se, Harry pensou sarcasticamente, massageando a própria testa.
Com um suspiro, ele fechou os olhos e esperou até a volta de Pomfrey.
Continua...
N/A: A minha busca por um nome bacana para o avô do Draco continua... ALGUÉM, POR FAVOR, ME AJUDE!!!
