Título: Epílogo - cap 13
Autora: Umi no Kitsune (uminokit@ig.com.br)
Disclaimer: Harry Potter e suas personagens são propriedade de JK Rowling.
Avisos: Se você gostou da fic e a quer em seu site, peça permissão.
"Meu Deus...", Harry sussurrou, correndo até Draco, mas com medo de tocar nele, "O que eu fiz? O que eu fiz?"
Sentindo que ele mesmo começava a tremer, Harry aproximou-se, erguendo o braço, tocando-o de leve no ombro. No mesmo instante, o loiro estremeceu, como que levando um choque, e o olhou assustado, piscando várias vezes. Num átimo, ele empurrou Harry com força, jogando-o no chão, e saiu correndo, com uma expressão desesperada no rosto.
Antes que os dois pudessem se aproximar da grande porta, ela foi aberta, claridade penetrou imediatamente no corredor e duas silhuetas se formaram no caminho.
Harry conseguiu brecar, parando não muito distante, mas não tão perto para que pudesse reconhecer as duas figuras. Draco, ao contrário, chocou-se bruscamente com a mais alta delas, fazendo-a recuar um passo.
A silhueta mais baixa e mais larga, livre do choque, deu um passo à frente e Harry pôde reconhecer seu familiar sorriso e óculos de meia-lua, "Olá, Harry.", Dumbledore se aproximou, colocando uma mão no ombro dele, "Parece cansado.", ele notou, pois sua mão subia e descia no ombro de Harry, conforme este tentava recuperar o fôlego respirando profundamente, "Melhor descansar um pouco, não acha?"
"Não enquanto não me explicar o que está acontecendo.", fechando a porta atrás de si, Snape disse friamente, enquanto Draco, tremendo e chorando, agarrava-se aos seus robes, murmurando algo bem baixinho.
Suspirando, Harry tentou molhar a garganta, seca, "Er... a culpa foi minha...", ele respondeu, rouco, "Eu estava tentando conversar com Draco... sobre o que aconteceu, a morte dos pais dele...", Harry tentou não fazer uma careta diante do olhar que o professor de poções lhe lançou, "Mas... eu acabei erguendo minha varinha, para destrancar a porta... Eu a tranquei para que ninguém me interrompesse... mas Peeves entrou e disse algumas coisas, por isso eu resolvi abrir a porta--"
"O quê?", Snape perguntou, quase num sussurro, seus olhos estreitados e o queixo tenso.
"Eu sinto muito... não devia ter erguido a varinha, não devia nem mesmo ter pensando em--"
"Maldição!", Snape esbravejou, colocando uma mão protetora nas costas de Draco e virando-se para Dumbledore, ignorando Harry por completo, "Eu quero lidar com isso pessoalmente, Albus. Não tente defendê-lo."
Dumbledore apenas sorriu simpaticamente para o professor, erguendo um braço na direção dos dois, "Deixo-o comigo, então."
Snape olhou, não desconfiado, mas pensativo. Depois disse alguma coisa para Draco, soltando-o de si e entregando-o ao diretor.
"Vamos, Harry.", o velho bruxo disse, segurando Draco pela mão, afastando-se de Snape, "Vamos conversar mais calmamente sobre isso.", ele virou-se para Draco, e perguntou sorrindo, como se nada tivesse acontecido, "Que tal um delicioso sapo de chocolate, hm? Uma boa idéia, não acha?"
Olhando os dois bruxos, sentindo-se muito confuso, Harry virou-se para Snape, "Eu sinto muito mesmo.", mas foi interrompido.
"Peeves!!!", Snape gritou, sua voz ressonando por todas as paredes como um rugido bravo.
Achando que o fantasma iria ser chamado para testemunhar o que viu, Harry tentou mais uma vez, "Senhor, eu queria dizer--"
"Não se intrometa, Potter."
Pego de surpresa pelo tom, frio e indiferente, Harry assustou-se quando uma mão puxou a manga de seu robe. Draco o segurava, com os olhos vermelhos e inchados, puxando-o na direção de Dumbledore. Deixando-se levar, sem entender nada do que estava acontecendo, Harry seguiu-os até o gabinete do diretor, nem imaginando o que Snape iria fazer.
"Outro?"
Dumbledore passou um segundo sapo de chocolate a Draco, que abriu a embalagem e quase deixou escapar a pequena delicia saltitante. Ele ainda estava pálido, com o rosto úmido de lágrimas e as mãos um pouco trêmulas, mas muito mais calmo do que se poderia esperar depois de uma reação tão dramática como a que teve.
"Chá, Harry?", a voz do diretor soou novamente na sala.
"Não, obrigado."
"Tem certeza?"
Sem conseguir evitar o embaraço, ele respondeu, "... um pouco, por favor."
Depois de devidamente servido, Harry estava muito mais calmo, com o fôlego recuperado, mas com as dúvidas ainda correndo por sua mente. Dumbledore ria e brincava com Draco, que já estava sujo de chocolate nos dedos, e admirava fawkes de longe.
"Será daqui a uma semana, se não me engano, não é?"
Harry voltou sua atenção novamente para o diretor, "Sim... eu sinto muito mesmo. Não pensei... quer dizer, eu já imaginava que talvez...", ele suspirou e depois continuou, "Eu sinto muito."
Dumbledore sorriu, como era de se esperar, "Não acho que haja dúvidas quanto a sua boa vontade, Harry.", ele disse calmamente, tomando um pouco mais de chá, "Não se preocupe quanto a Severus. Ele sabe discernir o certo do errado quando a situação assim o pede.", ao olhar desconfiado de Harry, ele emendou, "Oh, é verdade. Você apenas não teve oportunidade de estar presente em uma situação dessas antes."
Sem querer discutir mais o assunto, Harry apenas acenou com a cabeça.
"Creio também que a senhorita Hermione tem um pouco a ver com isso.", ele afirmou, sem esperar resposta, "Grande moça. Você deve prezar muito a amizade que tem com ela.", Harry respondeu com outro aceno, "Bem... já que os dois oferecem ajuda, não vejo porque não oferecer ajuda também."
"Ajuda?", ele ergueu a cabeça ao ouvir.
"Sim, ajuda. Você nos ajuda e nós te ajudamos. Está bom assim?"
Harry arregalou os olhos para a coincidência nas palavras, "Sim... claro."
Alguns minutos de silêncio se seguiram, cortados apenas por Draco, que volta e meia fungava um pouco o resto do choro ou soltava alguma exclamação enquanto observava a fênix.
"Eu não sei como não incriminá-lo.", Harry disse por fim, "Eu revi tudo o que podia lembrar dele, mas não consigo achar nada que pudesse absolvê-lo."
"Hmmm...", Dumbledore coçou a longa barba branca e, de repente, virou-se para o loiro, "Draco, você se lembra do que me disse outro dia? As coisas que você não gostava, lembra?"
Voltando a atenção para o diretor, Draco assentiu com a cabeça e ergueu o braço, afastando a manga até mostrar o punho machado pela queimadura na forma de uma antiga tatuagem, que se perdeu quando Voldemort fora morto, "Quero tirar...", ele arranhou com as unhas a pele branca, deixando-a vermelha.
"Sim, sim, mas não adianta arranhar, Draco, não vai sair assim.", Dumbledore disse rapidamente, fazendo o loiro parar, "Quais eram as outras coisas que não gostava? Lembra? Tinha mais duas coisas."
Draco olhou para o diretor, olhou para Harry, desconfiado, e voltou a olhar para o diretor, que sorriu encorajador, "Mudbloods... não são puros...", ele disse baixinho, e depois, quase num sussurro, que eles mal puderam ouvir, "... Malfoy..."
Franzindo o cenho, confuso, Harry encarou Dumbledore pedindo explicações com o olhar. Mas, uma voz cansada respondeu atrás dele:
"Victor Malfoy, o avô de Draco."
Hermione respirou fundo, andando até a cadeira ao lado de Harry e sentando-se, agradecendo um pouco do chá oferecido por Dumbledore, "Olá, Draco.", ela disse depois, sorrindo para o loiro, que abaixou o rosto, desviando o olhar.
"Senhorita Hermione! Vejo que já leu o último Profeta Diário."
"Sim, diretor.", ela estendeu o jornal para Harry, "Mas não adianta ler isso apenas. Eu tive que fazer uma pequena pesquisa sobre o assunto... Descobri coisas muito interessantes."
"Não duvido.", Dumbledore concordou, sorrindo.
Enquanto os dois conversavam, Harry tinha os olhos arregalados sobre o jornal, não acreditando no que estava lendo. Sem perceber, Draco se aproximou dele, olhando por cima de seu ombro, tentando ler o que estava escrito.
"Encontrados os corpos de Lucius e Narcissa Malfoy."
"Nesta madrugada, foram encontrados os corpos de Lucius Malfoy e sua esposa, Narcissa. Eles estavam desaparecidos desde o final da guerra contra Voldemort, mas, por determinação do chefe do departamento dos aurores, essa informação foi omitida por medidas de segurança, sendo que o declarado a população era que eles foram mortos durante a guerra e já estavam enterrados."
"Segundo o auror Tomnew, que está investigando o caso, os dois foram mortos dois dias antes da morte de Voldemort. O modo como eles foram mortos e o nome do assassino ainda é um mistério, mas a justiça e o auror Tomnew já têm dois suspeitos: Draco Malfoy, único herdeiro da fortuna da família e Victor Malfoy, pai de Lucius, fantasma residente da mansão da família."
"Draco Malfoy atualmente tem 20 anos e está sob os cuidados de Severus Snape, professor de poções titular da Escola de Magia e Bruxaria Hogwarts. Snape, vale lembrar, está sendo julgado pelo Ministério da Magia, acusado de envolvimento com Voldemort e de praticar bruxaria proibida. Seu veredicto sairá esta tarde. Um detalhe, porém, poderá eliminar ou aumentar as suspeitas contra Draco: desde a morte dos pais ele está em estado de choque e sua idade mental regrediu para a de uma criança de oito a dez anos. No dia seguinte à morte dos pais, Draco foi encontrado inconsciente e muito ferido perto dos terrenos de Hogwarts. Ele ainda tem o apoio de pessoas influentes no processo, como o diretor de Hogwarts, Albus Dumbledore e Harry Potter, principal oponente de Voldemort e testemunha-chave do Ministério."
"Victor Malfoy foi morto com 107 anos e transformado em fantasma na guerra de ... habitando a Mansão Malfoy desde então. É muito raro, mas o Ministério tem registros de fantasmas assassinos. Porém, é de conhecimento geral que um fantasma, para poder matar, deve abdicar sua condição de espírito, sendo banido totalmente do mundo vivo. Até a data de publicação desta edição, não foi encontrado nenhum vestígio do fantasma de Victor Malfoy na Mansão. O auror Tomnew não descarta a possibilidade dele ter fugido para outro lugar, mesmo sendo improvável um fantasma residente sair de sua morada. Ele é suspeito, ao lado de Draco Malfoy, não apenas pelo seu súbito desaparecimento, mas também, por suas famosas e lendárias brigas com o filho, Lucius, no que dizia respeito aos negócios da família."
"A mansão ainda tem mais dois fantasmas residentes: Emílio Malfoy, o primeiro fantasma da mansão, morreu com 6 anos após tentar cavalgar um pesadelo, os famosos cavalos de raça da família, em 1468; e Natalie Malfoy, morreu com 17 anos, por motivos desconhecidos, em 1893. Os dois fantasmas serão ouvidos dentro da própria mansão, assim como alguns elfos domésticos e o próprio Draco, únicas testemunhas encontradas até agora dos acontecimentos da morte de Lucius e Narcissa Malfoy."
Na página seguinte havia uma outra matéria, complementando a da capa, que fazia uma retrospectiva da vida de Lucius e Narcissa, lembrando que eles eram possuidores de umas das maiores fortunas do mundo bruxo e também estavam envolvidos, mesmo que ainda não comprovado pelo Ministério, com Voldemort e os Death Eaters.
Na capa, havia uma foto grande da família reunida, posando elegantemente, com o nariz empinado e olhar superior. Quase não se percebia a movimentação na foto. Na outra página, fotos menores de cada membro da família, tomando closes do rosto, evidenciando os sorrisos confiantes de quem sempre conseguiu tudo na vida.
Harry lia atentamente o resto da matéria, quando uma mão, com dedos sujos de chocolate, passou por cima de seu braço, tocando na foto de Narcissa Malfoy. Primeiramente fazendo uma careta de desgosto pela sujeira que lhe era infligida, Narcissa olhou brava, mas depois sorriu, de uma forma diferente e calorosa, quando viu o rosto de Draco apoiado no ombro de Harry, que estava tenso, evitando se mexer desde que percebera a presença dele.
Draco limpou o rosto de uma lágrima que escorria, deixando sua bochecha suja de chocolate, "Desculpa...", ele sussurrou baixinho, de tal modo que somente Harry ouviu.
A Narcissa da foto sorriu, sua boca se mexeu muda, mas Harry conseguiu identificar o "eu te amo" claramente.
De repente, o peso da cabeça de Malfoy em seu ombro saiu, e Harry percebeu uma sombra sobre si, assim como o silêncio de Hermione e Dumbledore, que pararam de falar. Snape estava atrás deles, abraçando Draco.
"Eu acho melhor deixá-lo dormir por hora.", ele disse, olhando apenas para Dumbledore, "Eu volto daqui alguns minutos, então poderemos todos conversar em paz. Peeves está aqui.", ele jogou uma pequena bola multicolorida na escrivaninha do diretor, que começou a chacoalhar-se para um lado e para o outro enquanto um barulho agudo, como pequenos sinos, tocava a cada movimento.
Do mesmo modo silencioso como entrou, Snape saiu, levando Draco consigo.
No mesmo instante, Dumbledore ergueu sua varinha e tocou de leve na bola em sua mesa. Uma chuva de cores e brilhos explodiu na direção do teto, até que Peeves apareceu com toda a sua indignação.
"Um absurdo, eu lhes digo, um absurdo!", ele bufou, ajeitando seu traje exótico, "Quando eu penso em fazer algo de bom, sou tratado dessa forma humilhante e...", ele virou o pescoço 360º, suspirando depois, "... dolorosa! E pensar que foi você o culpado disso tudo, rapaz!", uma pena amarela coçou o nariz de Harry, acusadora.
"Peeves, mesmo que Severus não lhe tenha dado as razões para o seu comportamento, eu sugiro que você evite ficar, ou sequer entrar, no mesmo ambiente onde o senhor Malfoy estiver presente.", Dumbledore disse, sorrindo atrás de sua barba, "E, por favor, não culpe o senhor Potter aqui. Ele já está se dando castigos demais pelo que pensa que fez."
"Oh, é mesmo? Bem feito pra você, rapaz. Se culpe bastante, pois quem sabe assim não entramos todos em acordo, não?", o fantasma colorido disse, sumindo logo após.
"Não dê ouvidos, Harry.", Hermione disse calma do seu lado, "Snape e Dumbledore sabem que você não tem culpa de nada... Draco também sabe disso."
Havia um senso comum, nos dias de escola, que Harry não ousava desconfiar. Ele dizia que Hermione estava sempre certa, não importava o que fosse. Mesmo assim, depois desses fatos, Harry não tinha tanta certeza assim da verdade nas palavras da amiga e, desanimado, suspirou.
Continua...
