Título: Epílogo - cap 15
Autora: Umi no Kitsune (uminokit@ig.com.br)
Disclaimer: Harry Potter e suas personagens são propriedade de JK Rowling.
Avisos: Se você gostou da fic e a quer em seu site, peça permissão.
"Parkinson!"
"Não, não! Potter, por favor!!!"
"Deixe...", Harry disse, impedindo que o Auror fechasse mais os vãos da porta de Pansy, "Será que tem algum problema se eu ficar mais algum tempo aqui?"
"Sim! Sim!", Pansy gritou, pulando e sorrindo em sua cela.
O Auror olhou Pansy, desconfiado, mas depois, suspirou, voltando-se para Harry, "Não vejo nenhum problema... mas tem certeza que quer ficar na companhia deles?"
"Ora, seu aborto insolente!", Pansy parou, com as mãos na cintura, "Como se atreve?"
Harry virou-se bruscamente, sentindo-se muito irritado de repente, "Você é quem não deveria se atrever, Pansy. Lembre-se que é você quem está presa."
A garota apenas deu de ombros, impertinente, "Pois então, Potter, por isso mesmo que eu me dou o direito. Já estou presa."
O Auror virou-se para Harry, com uma sobrancelha erguida, repetindo, "Tem certeza?", parecia já estar acostumado com Pansy.
Harry sorriu de lado, "Por razões inteiramente pessoais, não se preocupe."
Quando o Auror se afastou, dando de ombros, uma outra voz soou, "Quase que você estraga tudo de novo, Pansy!", Harry olhou para a cela em frente e surpreendeu-se ao ver Blaise Zabine, em muito melhor estado que Pansy, "Olá, Potter.", ele sorriu tranqüilamente.
"Zabine? Você se rendeu também?"
O moreno riu, apoiando os braços nas barras de sua porta, com vãos bem mais espaçosos do que os de Pansy, "Você diz como se eu tivesse cometido um pecado..."
"E pensar que ele está na mesma situação dos iniciados...", Pansy comentou, cruzando os braços e rindo para si mesma.
Harry, confuso e curioso, voltou a olhar Zabine, que explicou, "Os iniciados são, na maioria, alunos de Hogwarts com, no mínimo, quinze anos. São aqueles Death Eaters que ainda não usaram nenhuma magia negra ou feitiço proibido..."
"E se entregaram.", Pansy acrescentou sarcástica, com um resmungo.
Zabine deu de ombros, "Não sou slytherin à toa. Meu maior objetivo era sobreviver... e eu consegui. Minhas chances de sair daqui são potencialmente grandes, graças a isso."
A garota descruzou os braços, apontando um dedo acusador ao companheiro, "Você é praticamente um traidor! Enganou até seus pais!"
"Você sabe muito bem o que é nascer com seu futuro traçado por outros, Parkinson.", ele respondeu, ignorando o rosto vermelho da companheira, "A diferença é que eu percebi que o futuro que o meu pai escolheu pra mim seria bem desagradável... veja o que aconteceu com Vicent e Greg."
Pansy contorceu o rosto em uma careta, "Não me lembre..."
"E com Draco..."
Os olhos dela arregalaram-se, "É mesmo! Potter, nos diga! O que aconteceu com Draco?"
Harry, que estava assistindo a tudo com muito interesse, olhou-a seriamente, "O que quer saber?"
"É verdade o que o Profeta Diário disse?", ela perguntou novamente, ansiosa por respostas, "Ele ficou louco?", Harry apenas acenou afirmativamente. Ainda conseguiu lembrar a si mesmo que um Draco Malfoy louco era terrível para Pansy, quanto que para ele era quase um alívio, "Oh... e você vai mesmo tentar ajudá-lo? Mesmo depois de tudo?"
"Por favor, Pansy...", Zabine riu, "Ele é o Harry Potter... iria ajudar Voldemort se este pedisse com educação."
"Na verdade... Hermione pediu que eu o ajudasse.", Harry disse, mentindo levemente.
Os dois slytherins se aproximaram de suas respectivas portas, interessados, "Mesmo?", Pansy perguntou, incrédula, "Aquela mud--", ela se calou diante do olhar de Harry, "Bom, me desculpe por achar sua explicação absurda demais."
"Isso não importa.", Harry desconversou, alternando sua atenção entre Zabine e Pansy, "Eu gostaria de fazer algumas perguntas."
"Não vamos responder nada, Potter. Não estamos em um interrogatório.", Pansy respondeu infantilmente, cruzando os braços e ficando de costas para os dois rapazes.
"Não estamos mais em Hogwarts! Dá um tempo, Pansy.", Zabine a repreendeu, "Não era você quem queria ele aqui?"
"Um traidor pode falar o que quiser, claro...", a garota retorquiu, olhando-o por cima do ombro.
Blaise apenas riu, "Não quer comprometer sua imagem com o Auror?", Harry percebeu que as palavras do moreno deixaram Pansy vermelha, "Você me considera um traidor... mas o que esse palhaço já fez com você a torna tão traidora quanto eu."
"Quieto!", Pansy gritou, virando-se para Blaise vermelha de raiva ou vergonha. Olhou Harry receosa e, ajeitando os cabelos, disse, "Não é só você que sabe usar suas qualidades de slytherin, Zabine.", ela olhou Harry novamente, e lançou um olhar furioso para Blaise, em um diálogo mudo.
Virando-se para Harry seriamente, o garoto continuou, como se nada tivesse acontecido, "Pode perguntar o que quiser, se iremos responder ou não é um risco seu."
Desconfiado dos olhares que os dois slytherins trocavam e da conversa confusa que travaram, Harry concordou, achando que já estava bom demais. Então, com um suspiro, ele começou, "Vocês conheciam bem o Malfoy?"
"Qual deles?", foi a dúvida imediata dos dois.
"Draco."
"Mas é claro! Somos seus amigos!", Pansy respondeu, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
Apesar de não ter esperado tal resposta, Harry escondeu a surpresa e continuou, "Bom... vocês sabem como era o relacionamento dele com o pai?"
A garota ergueu o rosto, "Como qualquer relacionamento de uma família exemplar."
"Normal.", Zabine respondeu, não dando chance de frustrações com Pansy.
"Normal?", Harry tinha suas dúvidas quanto a relacionamentos entre Death Eaters ser normal.
"Você não sabe porque nunca teve pais, Potter.", Pansy explicou, do jeito dela, direto e reto.
Harry ia responder, a paciência já desaparecendo, quando Blaise falou, "O que ela quis dizer é que você nunca teve uma figura paterna que lhe impusesse objetivos a alcançar.", ele emendou rapidamente, "Dumbledore e os pais do Weasley não contam."
"Não ia dizer isso.", Harry respondeu calmamente, vendo que Blaise falava francamente sem tentar ser maldoso como Pansy, "Mas eu recebo objetivos impostos por todos. Até mesmo de você Zabine, que acha que eu ajudaria Voldemort se ele me pedisse com educação. Eu sei bem como é o sentimento."
"Não, não sabe...", Pansy interviu, mas, como não disse mais nada, Blaise continuou.
"O mundo bruxo e suas especulações nunca poderão substituir o seu pai.", ao ver a expressão de entendimento passar pelo rosto de Harry, ele acrescentou, "Não disse?"
"Entendo... mas e os Malfoys?"
"Isso é simples: Lucius sempre esperou o melhor de Draco e Draco sempre fazia o seu melhor para agradar Lucius, o que, algumas vezes, não era suficiente... De qualquer forma, os dois pareciam satisfeitos com isso, pelo menos em público."
"Draco sempre teve um respeito muito grande pelo pai.", Pansy falou alto, atrevendo quem ousasse desconfiar dela, mais especificamente, Harry, "Eu duvido que ele tenha matado os pais."
Harry desviou o olhar de Pansy, com uma franqueza muito palpável na voz dela, para Blaise, que concordou, "Draco nunca faria nada contra os pais. Ele não só os respeitava, mas, mesmo que nunca admitisse, os amava."
"Como nós dissemos, Potter: é uma relação normal."
"Era, Pansy...", Blaise a corrigiu, sem muita disposição para tal na voz.
Harry mudou o assunto, concluindo que já conseguira informações suficientes, "O que vai acontecer com vocês?"
"Vamos ficar aqui até nossos julgamentos acabarem.", Pansy respondeu, meio sem ânimo, "Eu irei para alguma prisão por aí... ou não.", ela sorriu sozinha, "E Blaise, provavelmente, será solto."
"Iremos participar do julgamento dos Malfoys, hoje...", Zabine comentou, sorrindo de lado, "Nos reencontraremos mais tarde, Potter."
"Espere!", Harry pediu, ao ver os dois slytherins andando de volta para a escuridão de suas celas. O que Blaise falou, lhe fez lembrar de algo muito importante, "Você sabe que o julgamento é da família Malfoy e não apenas de Draco?"
"Claro.", Blaise o olhou seriamente, e continuou, com obviedade na voz, "Quer saber sobre o avô do Draco?"
O suspiro de tédio de Pansy preencheu o corredor, "Era um velho... pior do que Dumbledore. Onde já se viu? Ser um mestre em Magia Negra tão poderoso como ele foi... e ainda assim... argh! Não gosto de falar dele. É extremamente desagradável.", ela concluiu com uma careta.
"Você já deve saber que ele é um fantasma...", Blaise esperou o aceno afirmativo de Harry para continuar, "Bom... digamos que ele era a vergonha da família Malfoy."
"Uma de suas manias era ficar importunando as visitas.", Pansy continuou, "Falando nos nossos ouvidos que usassem as magias negras para algo útil: como pregar peças, veja só!"
"Acho que na época dele...", Blaise disse, pensativo, "Não... com certeza ele era pior do que os gêmeos Weasley, afinal, ele usava magia negra."
"Tinha umas idéias completamente malucas!", Pansy disse, "Primeiro, dizia que o mundo bruxo não devia se misturar com o muggle. Até aí, tudo bem.", Harry segurou o impulso de suspirar, "Mas também dizia que devíamos deixar os muggles e os mudbloods em paz! Quer maior loucura que isso?"
"O que ela quis dizer é que, sendo um Malfoy e mestre em Magia Negra, é um absurdo ele ter essa posição.", Blaise explicou, como interpretando cansativamente as palavras tatibitates de um bebê.
Harry, apesar de tudo, achou graça na resposta de Pansy e disse, "E Snape? A posição dele não é absurdo?"
"Não sabe quando ser um slytherin de verdade e quando ser uma manteiga derretida.", a garota respondeu simplesmente.
"Manteiga derretida? Snape?"
"Vai me dizer que você nunca reparou como ele trata o Draco como se fosse o próprio filho? O Draco consegue ter o Severus aqui, ó...", ela indicou a palma da mão, "O problema do Severus é um só: precisa desenvolver sua própria identidade."
Depois dessa, Harry deu uma forte gargalhada, mais por liberação do nervosismo do que por ter achado graça na afirmação de Pansy.
Ao sair da prisão, recebeu de volta a varinha, reencontrando o Auror e, por pura curiosidade, perguntou, "Desculpe, qual é o seu nome?"
"Épine Parkinson.", ele respondeu de imediato, já sorrindo ao prever a reação de Harry, "Sou primo de Pansy. E não sou um aborto, claro... ela gosta de me chamar assim porque eu entrei na Hufflepuff e... fui deserdado.", como Harry continuou em silêncio, com os olhos arregalados e o queixo caído, ele explicou mais, "Quando Pansy se entregou, ela me procurou na minha casa. Foi a minha sala e não o saguão do Ministério que ela destruiu."
Percebendo que o Auror Épine olhava-o já aflito, Harry tentou dizer, "Bom... er... Eu ia dizer que ela insinuou poder escapar da prisão..."
"E ela vai.", Épine respondeu calmo, "Não tenho medo de dizer isso a você, pois tenho certeza que nada irá mudar meus planos... Pansy vai sair da prisão..."
Se não fosse o jeito, o olhar e a voz embargada de Épine ao falar, Harry sabia que teria sacado sua varinha na mesma hora e chamado outros Aurores para explicar-lhes o absurdo da situação. Mas algo lhe dizia, no olhar cansado porém determinado do Auror, que lhe fez dizer, "Você vai salvá-la...", ele afirmou, "Eu já quis salvar alguém... mas sou muito incompetente pra isso. Ao contrário de mim, você tem tudo para salvá-la."
"Quer saber uma coisa interessante?", Épine perguntou, sorrindo novamente, "Nós ainda não saímos daqui apenas porque ela faz questão de participar do julgamento dos Malfoys. Disse que, quando estiver livre, quer poder se reencontrar com o amigo... porém, para isso, ele também precisa estar livre, não é?"
Surpreendido do jeito que estava, Harry apenas acenou com a cabeça para não deixar o rapaz sem resposta. E, enquanto andava de volta ao saguão principal, as palavras de Épine ecoaram na sua mente, tanto, que ele mesmo as repetiu sem perceber, "... ele também precisa estar livre, não é?", ele repetiu novamente, com um tom mais determinado, "Também precisa estar livre.", decidido, com o queixo tenso e os punhos cerrados, ele entrou no saguão, com a mente ocupada com as novas informações.
Seus pensamentos foram interrompidos quando Hermione, seguida de uma esbaforida Poppy, o pararam no meio do caminho, "Harry! Oh, Harry, onde estava?", não deram tempo para ele responder, "Descobri tudo, Harry!"
Sem entender nada, Harry deixou-se abraçar por Hermione, olhando confuso para Poppy, que tinha lágrimas nos olhos, "Se tudo der certo, Draco ficará livre!"
"O quê?", ele perguntou, de imediato, achando não ter entendido direto as palavras da enfermeira.
"Vamos conseguir salvar Draco, Harry!", Hermione disse, sorrindo de orelha a orelha, "Draco ficará livre!"
Continua...
N/A: Épine, em francês, significa espinho. Achei que combinaria, vendo que na família de Pansy, todas as mulheres tem nome de flor... pensei que seria interessante brincar colocando em um homem um nome desses. ^^"
