— Onde está sua tiara, Diana? — inquiriu Clow.

— Você sabe muito bem. Você é o responsável por ela não estar aqui. — decididamente, ela estava a um passo da fúria. Atirou de novo o mago contra a parede, como se fosse de brinquedo.

— Espere... — ou ele a detinha ou iria perder a consciência, e tudo estaria perdido. Mas ainda não podia usar a magia... Teria de tentar algo drástico.

— Chega dessa brincadeira. Tenho algo importante a fazer, você sabe muito bem, aliás. — Ela parou diante dele, que começou a cair de novo sobre seus joelhos. Segurou-o pelos ombros, mantendo-o em pé. Era a chance de Clow.

— Mulher Maravilha ouça-me... — essa deixa sabia que ela não ignoraria. Ouvir seu nome de heroína não a deixava perder o controle nunca. Mas não esperava que ela tomasse a atitude que tomou.

— Cale-se! Limpe a boca ao falar o meu nome, mago! — virou-se de costas, andou alguns passos... — Você é tão observador, Reed... Não notou a falta de algo?

— O que seria? — murmurou ele, intrigado. Logo após, arregalou os olhos, já sabia o que lhe esperava...

— LAÇO MÁGICO! — estrategista, Diana o deixara em pé sobre sua arma baseada em magia, confundindo-o com a própria condição física enfraquecida. Uma vez guerreira, sempre guerreira. — Agora você me dirá somente a verdade, não importa quão poderoso você seja. — Caminhou até ele, e não pode deixar de rir diante do imponente Clow preso, sem se mover. — Mas antes, minha vingança deve ser completada... — dizendo isto, deu a volta por trás dele e ficou vários minutos parada, baixando sua respiração. Reed começou a se preocupar, esse comportamento não era típico dela. Sentiu então seu rabo-de-cavalo sendo fortemente puxado, o que o obrigou a abrir a boca e exercitar um autocontrole sobre humano para não gritar.

No segundo seguinte, era fortemente abraçado por trás e imobilizado por Diana. Ela começou mordiscando seu lábio inferior, e depois completou um beijo selvagem e absolutamente fogoso, excitando-o imediatamente e fazendo-o desejar com todo o seu ser que estivesse livre da magia dela.

Diana não demonstrava nenhum recalque e nem pressa, deixava bem claro quem é que estava mandando. Por fim, liberou-o e voltou a ficar de frente para ele, depois de mais alguns minutos. Com um altivo sorriso, divertia-se vendo toda a decepção dele estampada no rosto.

— Perdeu algo, Reed? — dizia isto com um verdadeiro troféu nas mãos, ria-se... — Eu disse que faria você perder seus óculos, lembra-se? — Ante a mudez esperada, continuou: — Muito bem. Sei que você me disse até agora o que queria dizer. Diga-me então o que realmente aconteceu na ilha de Themyscira no passado, e porque roubou o Rubi Eternal.

— Eu precisava do Rubi Eternal para completar a fabricação de um artefato mágico. — sem alternativas, Clow começou a responder. — Um báculo com poder para controlar o poder contido nos elementos formadores da natureza, que eu reproduzi em cartas mágicas que eu mesmo criei. Mas sem ele, não seria possível controlar todo o poder contido nelas, pois esta é a grande característica da magia desta jóia: equilíbrio.

— Você sabe que o Rubi também era importante para nós, amazonas, não sabe?

— Sim. Mas a magia utilizada ali pode ser reproduzida. Para a aplicação que eu queria, não.

— Como assim? Explique-se melhor... — inquiriu Diana, intrigada.

— Eu mesmo tenho poder suficiente para resolver este problema.

— E porque não fez isso em Themyscira então?

— Porque eu precisava de você aqui. Sabia que me encontraria.

— Então planejou tudo...

— Não planejei ser preso.

— Não esperava que eu me vingasse, não é?

— Não.

— Mas queria...

— Sim... — um maquiavélico sorriso surge no rosto de Clow...

— Muito bem. Se você reverter com sua magia os problemas causados pela perda do Rubi Eternal, eu ajudo você a recuperá-lo. — propôs Diana.

— Não posso agir preso.

— Eu sei. Laço mágico retorne! — ao comando da Mulher Maravilha, o item foi recolhido.

— Obrigado. Onde está sua tiara? — alisando sua roupa levemente amassada, Clow inquiriu.

— Aqui. Está sem o efeito protetor do Rubi. — retirou-a da mochila militar que a acompanhava.

— Ela será agora o centro da magia de Themyscira. Afaste-se.

Diana seguiu a recomendação, deixando sua tiara no chão. Ele se aproximou, e com o báculo começou a invocação de sua magia. Pura, sem cartas ou outros recursos a não ser sua própria voz.

— PELA VITÓRIA DA JUSTIÇA, VERDADE, BONDADE E AMOR, QUE ESTE SEJA O CENTRO DO PODER MÁGICO QUE PROTEGERÁ A ILHA DAS AMAZONAS E SUA GUARDIÃ. ESPÍRITOS DA ORDEM, DEUSES DA GUERRA E DA BATALHA, OUTORGUEM SUA MAGIA A ESTA TIARA AGORA! — após a pronúncia pausada de cada palavra, sendo a última proferida com voz de comando, a sala iluminou-se com uma luz branca e intensa. Pequenos globos de luzes coloridas surgiram suspensos no ar, alguns soltavam pequenos raios coloridos. Em dado momento, todos se concentraram de uma só vez no destino proferido pelo mago. Um brilho multicor cresceu, e o adorno levitou até as mãos de Clow, que a colocou com muito cuidado sobre a cabeça de sua legítima dona: a Mulher Maravilha. — Enquanto você usá-la, será por símbolo e origem da força protetora de sua ilha natal. Está feito.

— Muito bem. O que quer de mim, mago? — ao receber de volta o símbolo de sua terra natal, sentiu realmente a presença do poder que nela residia.

— Logo saberá. Venha.

Seguiram pelos corredores e salas do palácio. Os sons da guerra estavam cada vez mais altos. Bombas explodiam como se estivessem na sala ao lado, as paredes tremiam... Chegaram ao que parecia ser o final do segmento norte, uma grande sala em formato retangular. Clow sabia que era exatamente ali que tudo se definiria. Não poderia cometer erros.

A porta por onde entraram sumiu. Um raio azul e vermelho incidiu sobre Diana, que cruzou os pulsos e protegeu-se com seus braceletes. Dessa forma permaneceu até desaparecer no segundo seguinte.

— Boa sorte, Mulher Maravilha. Vai precisar. — murmurou ele. Um raio negro foi disparado nele, que não tentou se defender, apenas foi envolto por ele e desapareceu também.

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— Clow, seu miserável! Vou colocar você e Mytzplyck na mesma sala e deixar vocês juntos pela eternidade! — esbravejou ela. Encontrava-se num descampado próximo a uma floresta. Uma paisagem muito familiar.

— Você retornou, finalmente... — uma voz conhecida, mas que Diana preferia considerar esquecida.

— Sim. Antes do que eu queria. O que faz aqui, Aletea?

— Eu fugi de meu calabouço. E encontro pela frente justamente quem me colocou lá... Não é uma sorte muito grande? — a bela guerreira sorriu. Cabelos castanhos e curtos, olhos verdes estonteantes, não muito alta, mas rápida e implacável, com trajes de batalha e armada com sua temível Adaga Milenar, Aletea fora a primeira inimiga de Diana. Finalista do concurso para definir quem seria a embaixatriz de Themyscira no mundo mortal, fora derrotada por circunstâncias. Ambas sabiam que, se não tivesse se desequilibrado e caído, poderia ter vencido o combate. Mas não o fez, e Diana foi a vencedora, conquistando o direito de vestir o manto azul e vermelho, e tornar-se a detentora de todas as armas mágicas da Mulher Maravilha.

— A sorte não acompanha os corações malignos, Aletea.

— Meu coração não é maligno. É guerreiro.

— Guerreiros não matam por prazer.

— Tem certeza, Diana?

— Não matei ninguém para me tornar a Mulher Maravilha. Você matou duas concorrentes!

— A morte faz parte da realidade de um guerreiro. Se você não admite isso, não é digna de ser a Mulher Maravilha. Eu sou! — dizendo isto, iniciou seu ataque, silencioso e preciso. Diana desviou-se. Não possuía armas de ataque, só seus braceletes para defesa. Não sabia ao certo se eles poderiam resistir ao poder da Adaga que Aletea portava. Era clara sua desvantagem nesta luta.

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Clow não fechou os olhos. Portanto estava na mesma sala onde fora atingido. Só que agora tinha companhia. Quatro figuras humanas. Os quatro gênios elementais, os mais fortes. Kazaam, gênio do ar, vestido de amarelo; Hiron, gênio da terra, vestido de verde; Naamon, gênio da água, vestido de azul; finalmente, An-Hamed, gênio do fogo, vestido de vermelho. Teria que bani-los daquela sala para chegar ao Rubi Eternal.

Os quatro gênios colocam as mãos na testa simultaneamente, e cada um deles desprende de si uma bola de energia de cor semelhante à de suas vestes. Elas explodem sobre o mago, formando uma barreira mágica. Este toca a barreira, sentindo um pouco de desconforto. A barreira repele ataques mágicos, então teria que quebrar essa defesa para depois desfazê-la. Um agravante: a prisão mágica ia se contraindo gradativamente, num ritmo lento e constante. Além de prender a vítima, iniciava-se ali mais uma pressão psicológica. Tentou três encantamentos de eliminação de magia, sem resultado. A barreira mágica já o obrigava a abaixar-se um pouco...

Alguns minutos se passaram, e Clow já estava quase agachado. A magia de expansão de ambientes falhara também. Ele não conseguira sair se desmaterializando, a barreira mágica não deixava. Suando frio, procurava outra solução diferente. Logo estaria tão apertado ali que seria forçado a tocar diretamente a prisão de energia. Isso faria com que sua magia fosse pouco a pouco drenada, e logo depois seria sua energia vital. Teria que apelar, e usar o recurso que ele tinha protelado por tanto tempo. Colocou a mão na testa e, concentrando-se ao máximo, contatou de maneira mais intensa a única pessoa que poderia ajudá-lo.

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Diana não poderia se esquivar sempre, em algum momento deveria atacar. Aproveitou mais uma estocada inimiga e socou-a sem dó como contra ataque. A força das duas era equivalente, mas o elemento surpresa a favoreceu, fazendo a oponente cair. Irritada, Aletea levantou-se de um pulo e atirou a adaga, após revidar com um chute frontal o último golpe.

Isso produziu um efeito melhor que o esperado: desequilibrada pelo chute, não houve como Diana defender-se da arma atirada contra ela, a não ser com o seu bracelete. O que mais temia se concretizou neste momento.

— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHH! — num grito de dor, ela viu seu pulso esquerdo varado pela Adaga Milenar. Nunca havia sido ferida em combate dessa forma. A dor era lancinante, seu pulso começava a latejar, e o sangue descia pelo seu braço e para sua mão esquerda ao mesmo tempo.

— Como pode ser chamada de Mulher Maravilha se não agüenta ferimentos? — demonstrava uma ponta de decepção, ao mesmo tempo em que aliviava-se por conseguir alguma vantagem sobre a heroína. Dessa vez, parecia que a vitória lhe sorriria... Impiedosamente atacou-a, com um arsenal de golpes curtos e duríssimos. Diana tentava defender-se somente com o braço direito, sem sucesso. Tentou separar-se e foi segura pelos cabelos, levando uma violenta joelhada no meio das costas que a fez cair.

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Sakura virou-se para a frente, mesmo dormindo. Shoran, que estava quase cochilando, abriu os olhos e esperou, pois ainda estava abraçada a ela. O símbolo de magia dela apareceu no chão, brilhante como sempre. O poder que emanava dela era MUITO FORTE, ele nunca a sentira tão poderosa! As cartas Sakura saíram do livro e levitaram todas ao mesmo tempo em volta da cama.

— Shoran, me abraçe forte... Não me deixe ir... — ela não precisava nem pedir, mas ele atendeu e colocou seu rosto ao lado do dela, abraçando-a bem apertado. Percebeu que ela continuava de olhos fechados, parecia estar dormindo ainda.

Uma das cartas veio para cima dela e parou bem perto do rosto deles. Brilhava muito, ele não conseguiu perceber qual delas era. Sakura ordenou que ela fosse, fazendo-a sumir num último brilho mais intenso.

A mesma coisa se repetiu com mais três cartas logo em seguida.

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— ADAGA MILENAR! — com esse comando, a guerreira revelava novas características de sua arma. Ela soltava raios cortantes, como se fossem extensões afiadíssimas de sua lâmina. Isso já derrubara pequenas árvores e galhos de outras maiores. Diana já estava ferida, e sangrara muito... Com muito custo soltara-se dos braços dela, e não resistiria a mais um corte grande, aquele já lhe dava muitos problemas. Os novos ataques de sua inimiga, porém, a mantinham distante. A situação cada vez mais se complicava, tinha que agir rápido. Já sentia sinais de fadiga...

— Vamos acabar com isso de uma vez! — decidida, Diana correu em direção a ela desviando-se de todos os golpes desferidos, atingindo-a violentamente na barriga. O impacto do golpe jogou Aletea longe, quase a fazendo desmaiar. Diana sorriu, apesar de fatigada ela conseguira um bom resultado, parece que voltara ao jogo. Percebeu que sua dor diminuíra. Olhou para seu pulso esquerdo, parecia que a hemorragia estancara... Que interessante...

— Terá que fazer melhor do que isso, Diana... — a guerreira só proferiu estas palavras após atingi-la no rosto com um soco. A luta se tornava mais séria a cada instante...

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Clow sentiu a chegada das cartas na sala. Agiu rapidamente, pois só teria alguns minutos para isso... Ou segundos?

— Fogo! Água! Vento! Terra! Ataquem a barreira e drenem sua energia! AGORA! — ao mesmo tempo, as cartas Sakura atenderam a voz do mago e lançaram cada uma um feixe de energia de suas mãos sobre a prisão que o envolvia, iniciando o processo de enfraquecimento e extinção dela, completado logo a seguir.

Reed Clow ergueu-se, estava agora em pé e encarava os gênios. Eles não demonstravam nenhuma reação com o que acontecera. Muito estranho... O nível de magia deles era tão superior assim?

— Ninguém havia escapado da barreira mágica antes. Qual o seu nome? — perguntou Kaazam.

— Reed Clow.

— O mago que devemos impedir... Finalmente ele apareceu. — acrescentou An-Hamed.

— Você deve morrer, mago. — ameaçou Hiron.

— Mas se ele passou pela Barreira dos Quatro Elementos, ele não é digno de possuir o Rubi? — inquiriu Naamon.

— É um ponto importante a se considerar... — Hiron coçou o queixo.

— Vamos ver se ele é bom mesmo... — dizendo isto, An-Hamed deu um passo à frente. Clow seria testado agora individualmente...

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Sakura suava mais ainda. Sua temperatura corporal aumentara. Passaram-se alguns minutos do desaparecimento das cartas, e Shoran sentia que aquilo estava agredindo-a fisicamente. Preocupado, mantinha-se abraçado à namorada. Neste momento ela parecia dormir de maneira mais relaxada. No instante seguinte, seu corpo retesou-se, ela ordenou mais uma vez e novamente mais cartas vieram à sua frente. Desapareceram como as outras anteriores, e a pequena feiticeira relaxou. Ele podia jurar que corpo dela aquecera-se mais ainda...

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Diana Prince® e a Mulher Maravilha® são personagens da DC Comics™. Todos os direitos Reservados.