Capítulo 2
A faculdade de Tomoeda era uma das melhores do Japão, com uma estrutura de dar inveja a qualquer país, além dos seus enormes prédios repletos de salas e laboratórios, possuía um ginásio, piscina olímpica, quadras esportivas e uma enorme área onde os alunos se espalhavam para estudar, lanchar ou namorar. O acervo de livros de sua biblioteca era um dos mais completos do país.
Chiraru, Tay e Kaoru estavam em baixo de uma das árvores do campus, conversando no horário de intervalo.
"Eu odeio Segunda-feira." - Reclamou Kaoru.
Chiraru encarou a amiga que estava com a cara amarrada, com certeza alguma coisa havia acontecido.
"Por que está tão revoltada?" - perguntou a amiga.
Tay estava sentado ao lado de Kaoru, mexendo em seu inseparável notebook. Sabia muito bem o porque da mal humor dela.
"É por que levou pau na prova de anatomia." - Falou sem parar de digitar.
"Cala esta boca. Foi prova surpresa, eu não estava preparada." - retrucou dando-lhe um soco na cabeça.
"Sakura deve estar desesperada. Além de detestar aula de anatomia, ela odeia prova surpresa." - exclamou Chiraru.
"Isso que você pensa. Ela está feliz da vida." - Kaoru emburrou novamente a cara.
"Por quê?"
"Parece que ela conseguiu convencer Li de fazer uma festa pra ele." - respondeu Tay.
"Nossa! Milagre. Há anos que eu o conheço e nunca o vi comemorar seu aniversário."
Kaoru ficou pensativa, o que será que Sakura havia feito para ele mudar de idéia?. Apesar de ser amiga de Sakura não podia negar que desde o primeiro momento em que viu Shaoran seu coração acelerou, sendo ignorada completamente por ele.
Kaoru olhou para frente e avistou Sakura correndo na direção deles. Ela se jogou de joelhos na frente de Tay.
"Oi... pessoal..." - cumprimentou ofegante.
"Que desespero é esse?" - perguntou Chiraru.
"Tay você sabe onde está o Shaoran? Eu já o procurei pela faculdade inteira e não o achei."
"Ele está na biblioteca junto com o Yamazaki." - respondeu sem tirar os olhos do notebook.
Sakura deu um soquinho na mão, pensando em por que não teve a idéia de procurá-lo lá. Levantou-se depois de agradecer e se pôs a correr novamente.
"Aconteceu alguma coisa?" - perguntou Kaoru correndo atrás ela.
"É que eu esqueci a lista dos convidados no bolso dele. A gente se vê." - falou correndo de costas.
"Espere eu vou com você."
Tay olhou as duas se distanciarem e suspirou. Quando que Kaoru perceberia os sentimentos dele por ela?
"Ela não tem jeito." - resmungou.
"Deixa-a." - Defendeu Chiraru.
A Biblioteca era enorme. Se alguém quisesse se esconder era só ficar lá dentro. Yamazaki estava sentando em uma das mesas gigantescas rodeado por livros, enquanto Shaoran encontrava-se em frente a uma estante procurando por um livro de Administração financeira, encontrou-o na última prateleira. Olhou para um lado e para o outro certificando-se que estava sozinho. Levantou sua mão que brilhou fazendo o livro flutuar, pousando suavemente em suas mãos.
"Bem mais fácil." - falou sorrindo de lado.
"Só você pra ficar feliz neste lugar."
Li olhou surpreso para o lado, onde Megumi encarava-o.
"Hã?.. Oi Megumi." - cumprimentou sua colega de classe.
"Não entendo por que você passa tanto tempo nesta biblioteca?" - A garota aproximou-se jogando-lhe charme.
"Acho que isso é normal sendo um estudante" - respondeu secamente.
"Você não precisa disso. É o mais inteligente da sala." - Rebateu Megumi não se importando com as respostas irônicas de Li, mal sabia ele que era isso que a atraía mais.
"Isso por que eu passo muito tempo aqui." - Shaoran folheava o livro não dando muita importância para ela.
Megumi era uma garota que não podia passar desapercebida. Dona de um corpo escultural e bem farto, tinha cabelos longos da cor dos de Sakura. Seus olhos eram azuis claros deixando qualquer homem de boca aberta. Acostumada a ser cobiçada por todos os rapazes da faculdade não tinha aceitado o desprezo de Li, por isso sempre o rodeava. Não iria desistir tão fácil. Li continuou a folhear o livro menosprezando a garota. Ela sorriu de lado e caminhou em direção a ele, se jogando em cima, fingindo que tinha tropeçado.
Shaoran segurou-a acreditando no falso tropeço.
"Você está bem?"
"Acho que machuquei o tornozelo." - Feliz por ter conseguido enganá-lo, abraçou-se ao corpo do rapaz fingindo sentir dor. Aproximou o rosto de Li quase tocando-lhe os lábios dele.
'"Shaoran Li. O que significa isto?" - Um grito ecoou pela biblioteca.
Shaoran tomou um susto deixando o livro cair no chão. Sakura estava em pé com as mãos pousadas na cintura e com uma cara de poucos amores. Kaoru também estava ao lado da amiga com a mesma expressão de indignação. Educadamente Li afastou Megumi.
"Sakura, você não pode gritar na biblioteca." - Sussurrou Li.
"Ah é.. mas ficar se agarrando pode?" - retrucou sem abaixar a voz.
"Quem está se agarrando aqui?"
"Você e essa.... nojentinha." - Gritou Kaoru apontando para Megumi.
Megumi fez cara de pouco caso. Sem perder o charme resolveu bater retirada.
"Sobrou para mim. A gente se fala depois Li."
"Ei, não vai fugindo não." - Kaoru parou em frente a ela encarando-a.
"Isso mesmo. Pode ir se explicando" - concordou Sakura.
"Olha aqui garota, não tenho que ficar explicando nada, por que não aconteceu nada. Vocês que estão vendo demais. Dá licença." - Megumi empurrou Sakura de lado e passou pelas duas. Kaoru a seguiu falando poucas e boas com a menina que ignorava. Sakura olhou brava para Shaoran que olhava tudo aquilo sem entender nada.
"E então Shaoran?" - perguntou.
"E então o quê?"
"Por que você estava agarrado naquela garota?" - Sakura novamente levantou a voz, fazendo Li perder o pouco de paciência que ainda restava-lhe.
"Não tinha ninguém se agarrando aqui. Ela tropeçou e eu a segurei para não cair."
"Ah! que lindo! O herói da Faculdade protegendo todas as mocinhas indefesas do campus." - debochou. - "Conta outra."
A bibliotecária, uma senhora muito respeitada na faculdade, aproximou-se desesperada, com os gritos de Sakura.
"Por favor, não podem ficar gritando dentro da biblioteca." - pediu educadamente em aos sussurros;
"Você está insinuando que... não acredito Sakura." - continuou Shaoran, ignorando completamente a bibliotecária.
"Quem não acredita sou eu. Como pode me trair desta forma Shaoran?"
"Por favor. Resolvam seus problemas fora daqui." - pediu novamente a pequena senhora.
"Mas eu não fiz nada." - Não controlando mais a raiva, Shaoran gritou.
"Não foi o que meus olhos viram." - Sakura gritou mais alto ainda.
A Bibliotecário não agüentando mais, resolveu levantar a voz com os dois, já que estava sendo ignorada.
"Chega. Isso é um absurdo. Peço que os dois saiam daqui imediatamente."
Shaoran respirou fundo, abaixou-se e pegou o livro socando-o na estante. Havia vários curiosos que aglomeraram-se para ver a confusão. O rapaz fitou magoado para a namorada que surpreendeu-se. Realmente ela tinha se excedido demais sem necessidade. Não era a primeira, nem a segunda vez que alguma menina armava para agarrar Li, que sempre se manteve fiel.
"Se é isso que você acredita. Eu só posso lamentar." - Falou Li ao passar por ela.
Ela sentiu seu peito doer com a palavras de Li. Olhou para trás e viu seu amado pegar suas coisas em cima da mesa e sair. Seus olhos encheram-se de lágrimas. Kaoru e Yamazaki que viram a discussão pegaram a menina desnorteada e levaram-na para fora.
"Que garota nojenta." - Retrucou Kaoru com os punhos fechados. Se não fosse Yamazaki intervir teria dado um soco na cara debochada dela.
Sakura deitada no colo de Chiraru tentava acalmar-se.
"Tenho certeza que Li não teve culpa nenhuma." - Exclamou a amiga.
"Claro que não. Essa não é a primeira vez que ela faz isso." - Falou Yamazaki, sentado ao lado da namorada.
"Ela tentou outras vezes?" - perguntou Kaoru impressionada.
"E muitas. Desde o ano passado ela corre atrás dele. Mas ele nunca deu moral." - respondeu Tay.
"Sakura eu posso garantir que Li sempre foi muito fiel a você." - defendeu Chiraru.
Sakura levantou a cabeça e sentou-se. Não entendia o que tinha acontecido com ela horas atrás, nunca tinha dado uma crise de ciúmes tão forte nela, mas quando deu por si já estava aos berros.
"Ele deve estar com raiva de mim."
"Claro que não. Ele te ama muito." - tentou amenizar Kaoru.
"Mas.. eu gritei com ele e disse coisas horríveis."
"Isso é verdade. Ele saiu com uma cara...' - exclamou Yamazaki fazendo um careta.
"Ele passou por mim e quase me derrubou. Ele deve estar fulo da vida.'" - completou Tay.
"Ultimamente ele está meio sensível." - Falou Yamazaki lembrando-se do episódio no vestiário.
Chiraru não agüentando mais, socou a cabeça de Yamazaki e Tay, os dois haviam conseguindo fazer Sakura senti-se pior ainda.
"Dá pra vocês calarem a boca? Não estão ajudando em nada."
"É mesmo." - Kaoru olhou-os emburrada. Virou-se para Sakura pegando as mãos da amiga. - "Olha!! Eu tenho certeza que se você pedir desculpas para ele, ele não vai negar. Se você quiser eu vou com você."
"Não. Muito obrigada Kaoru. Mas tenho que fazer isso sozinha."
Sakura sorriu ao ver como era querida por seus colegas, mas não pode disfarçar seu desânimo.
A menina caminhou desanimadamente pelas ruas e foi até a casa do namorado. Não podia negar que sempre nestas horas sentia muita falta de Tomoyo, provavelmente ela estaria junto para apoiá-la.
Parou em frente a porta do apartamento de Li e tocou a campanhia. Um senhor que estava no corredor caminhou até a jovem.
"Boa tarde Srta Kinomoto." - Falou o velho senhor.
"Boa tarde Sr. Takamato. Como vai o senhor?" - respondeu Sakura sorrindo.
"Estou ótimo. Veio visitar o Sr. Li."
"É. Vim sim." - Sakura ficou um pouco sem graça. Se Touya soubesse que às vezes ela e Li ficavam sozinhos no apartamento dele, com certeza iria matá-la.
"Sinto dizer mas ele não está."
"Não?" - estranhou Sakura
"Não. Ele saiu. e pelas suas roupas foi para o dojô."
"Engraçado. Hoje não é dia dele ir para o dojô. Muito obrigada Sr. Takamoto e boa tarde" - Sakura inclinou-se para o senhor e foi a direção às escadas.
"Disponha minha querida." - respondeu o senhor acenando.
Sakura saiu do prédio mais apreensiva do que nunca. Sabia que quando Shaoran estava muito irritado ia para o dojô descarregar sua raiva. Lembrou-se da vez que a mãe dele havia ligado dizendo que os anciões do Clã Li exigiram que ele comparecesse na reunião de família do ano passado, e ele não queria ir. Ficou tão irritado que deu uma surra até no mestre dele.
Vários rapazes pararam com seus exercícios levados pela curiosidade. O dojô Miuya não era muito moderno, mas era um dos mais freqüentados em Tomoeda pela sua tradição, sem contar que era um dos poucos que ensinavam todos os estilos de lutas marciais.
A enorme sala estava lotada de curiosos, que espantados tentavam assistir a luta incrível de um aluno e seu professor. Os movimentos deles eram tão rápidos que a platéia tinha dificuldade de acompanha-los.
"Não está concentrado hoje Li. Está lento" - brincou o professor para Li.
"Ah, é? Então veja se isso é lento." - Shaoran deu uma cambalhota passando por cima do homem. Ao pousar no chão, chutou com a perna direita mirando o peito dele, que por sua vez bloqueou o golpe com as mãos. Shaoran sorriu de lado vendo que teria que usar truques especiais se quisesse vencer a luta. Movimentando-se o mais rápido possível, sumiu diante dos olhos de todos. (N/A: para quem não entendeu, esse golpe é mais ou menos parecido com o que o Soujirou usou na luta com Kenshin, em Samurai X. Se você continuou boiando me mande um e-mail que eu explico melhor. ^_^)
O homem concentrou-se ao máximo esperando Li atacar. Conhecia muito bem esse golpe, já que fora ele que havia lhe ensinado. Depois de alguns segundos o sensei colocou o braço do lado direito para se defender, mas para sua surpresa Li surgiu do outro lado, lançando-o contra a parede.
Os alunos foram ao delírio com palmas e assobios. Shaoran ficou ruborizado pois não tinha percebido que tantas pessoas estavam observando a luta. Foi até o seu sensei que ainda estava no chão tentando respirar, estendendo a mão para ajuda-lo a levantar.
"É incrível que mesmo tão desconcentrado consegue ser ágil." - elogiou o sensei
"Você baixou a guarda." - Shaoran não acostumava-se com elogios, e sempre achava um desculpa para rebater.
"De modo algum. Lutei com todas as minhas forças. Acho que estou ficando velho para isso." - brincou o mestre.
"Talvez.." - Os olhos de Li tornaram-se melancólicos, chamando a atenção de seu mestre.
"O que está acontecendo Li? O que atormenta sua alma?"
"Não é nada." - falou tentando disfarçar.
Sensei sorriu.
"Conheço você desde o momento em que começou a treinar. Acho que sei o bastante para saber que não está bem."
Sensei Kenji era muito respeitado por Shaoran. Ele fora seu mestre desde os seus quatro anos de idade, e conhecia-o muito bem. Sorriu ao lembrar-se do dia em que o clã Li exigiu que Shaoran continuasse seu treinamento de Artes marciais e Magia, caso contrário não permitiriam que ele fosse morar no Japão, Kenji não hesitou eu dizer que iria acompanha-lo. Ele era um amigo precioso.
Mas Shaoran não estava a fim de conversar, caminhou até o centro do tatame e se posicionou para retornar a luta.
"Eu só estou precisando gastar energia. Mais uma vez." - convidou seu mestre. Esse por sua vez balançou a mão não aceitando o convite.
"Não.. eu não agüento mais. Você me deu uma surra."
Shaoran suspirou e inclinou-se em respeito ao seu mestre.
"Então vou para o saco de areia." - Shaoran virou-se em direção a porta de saída da sala.
"Vá com calma. Já é o terceiro este ano." - comentou o mestre, lembrando-se do puxão de orelha que recebeu do dono da academia, pelos sacos que Li estourava.
"Eu compro outro."
Shaoran caminhou até a sala ao lado, onde era mais escuro, tendo apenas o saco no meio da sala e alguns bancos em volta. Li tirou a camisa que estava ensopada de suor e começou a socar o objeto. Seu sangue fervia. "Como ela pode achar que eu seria capaz de traí-la? Logo eu. Que não dou nenhum motivo." Pensou, aumentando a intensidade dos socos.
Mas isso não era a única coisa que incomodava-o. A pressão que sentia no peito, desde a semana passada já estava insuportável. Tinha impressão que algo queria sair de seu peito, e isso não iria demorar muito a acontecer.
Novamente o estranho grupo estava reunido no grande salão escuro na Inglaterra, mas desta vez no centro havia duas pessoas que mantinham-se ajoelhadas perante os maiores magos do mundo. Apesar da escuridão podia-se perceber que eram uma casal bem jovem, com roupas de batalha.
"Agradeço por terem atendido ao nosso chamado." - exclamou Montesumo.
"Nós estamos honrados por termos sido escolhidos, Senhor." - falou o rapaz.
"Tem certeza que darão conta?" - perguntou Aieméé
"Faremos o nosso melhor."
"Mas o seu melhor não será suficiente." - resmungou Ramiel.
O rapaz encolheu-se ao ouvir a voz ameaçadora do homem. Montesumo olhou com reprovação para Ramiel.
"Lembre-se que de maneira nenhuma poderão perceber a presença de vocês antes do combinado. Por isso sejam cautelosos" - continuo Montesumo.
"Faremos como desejam."
"Agora vão... e cuidado."
Os dois cumprimentaram a todos e como sombras sumiram na escuridão. Ramiel levantou contrariado com a situação.
"Não me agrada deixar algo tão importante nas mãos de um garoto."
"Mas ele é o mais qualificado para a missão." - retrucou Montesumo.
"São poucos os guerreiros que possuem poderes mágicos." - falou Eriol com seu sorriso enigmático.
"Será que ele aceitará?" - Perguntou Aimée olhando discretamente Yelan que sorria.
"O único empecilho será a nova dona das cartas Clow. Sinceramente sua herdeira deixa a desejar Clow." - Ramiel virou-se para Eriol, odiava o sorriso do jovem mago. - "No meu tempo...."
"Chega de discussões sem sentido, agora precisamos preparar tudo para a vinda do Sr. Li." - falou Montesumo, cortando mais reclamações de Ramiel.
"Pode confiar! Ele virá." - exclamou Yelan.
Sakura entrou no dojô olhando para os lados na esperança de ver o seu namorado. Foi até a recepção e uma bela moça a atendeu com um grande sorriso.
"Pois não?"
"Você poderia me informar se o aluno Shaoran Li está aqui?" - perguntou Sakura, retribuindo o sorriso.
"Só um momento que vou verificar."
"Mas que honra."
Sakura virou-se já sabendo que era o sensei de Shaoran, devidamente tomado banho e trocado de roupa.
"Como vai Sr. Kenji?"
"Muito melhor agora ao receber tão linda flor em meu humilde trabalho." - falou segurando a mão da jovem. Sakura sorriu ruborizada.
"Obrigado! O Shaoran esta aí?"
"Sim. Mas antes você não poderia desperdiçar um minuto de seu tempo comigo?"
"Claro."
Kenji a levou para os fundos da academia onde tinha um lindo jardim com uma fonte. Caminharam até um banco e com um gesto pediu a ela que se sentasse. Sakura começou a ficar incomodada pois a expressão do Sensei demonstrava preocupação.
"Aconteceu alguma coisa?" - perguntou curiosa.
"Eu é que quero saber." - perguntou virando-se para ela.
"Como assim?"
"Bem! Shaoran é o melhor aluno que tive em toda a minha vida. Ele se tornou um homem forte, tem uma perfeita concentração, determinado, esforçado, um perfeito guerreiro. Me ultrapassou a muito tempo. Mas hoje ele está muito estranho.'
"Ele está tão nervoso assim?"
"Ele quase me arrebentou." - sorriu esfregando o estômago.
"É que hoje nós brigamos. Foi culpa minha.. eu disse coisas horríveis pra ele. Ele deve estar morrendo de raiva de mim." - falou a menina constrangida.
Kenji deu uma gargalhada. Sakura olhou-o espantada não entendendo.
"Srta Kinomoto. Uma coisa que você jamais irá conseguir de Li é que ele tenha raiva de você. Eu o conheço muito bem. Ele a ama mais do que qualquer coisa na vida."
"Mas é que..." - retrucou Sakura que foi interrompida.
"Preste atenção. Shaoran encarou todo o Clã Li só para vir a Tomoeda. Mora sozinho desde os 17 anos, longe da família. Passou tudo isso por você. Ele pode estar um pouco magoado mas com raiva não.'
Sakura sorriu. Ele tinha razão, jamais Shaoran iria ficar com raiva dela.
"Obrigado Sr. Kenji."
"Ele precisa de uma mulher doce como você para quebrar um pouco aquele coração duro. Agora vá. Ele está no salão do saco de areia."
Sakura agradeceu novamente e saiu do jardim.
Logo no corredor a menina ouviu o barulho dos socos de Li, caminhou apreensiva até chegar a porta, lá parou contemplando o corpo perfeito e suado de seu namorado. Os socos eram tão intensos que podia-se ver todos os músculos de seus braços e costas contraindo a cada investida, demonstrando a irritação do rapaz.
Ele já estava quase arrebentando outro saco quando percebeu a presença da garota. Virou-se ofegante.
"Sakura??!! O que está fazendo aqui?"
"Desculpe! Eu não queria atrapalhar." - Sakura abaixou a cabeça fitando o chão. Shaoran olhou-a com curiosidade, pegou uma toalha e começou a se secar.
"Eu já terminei."
"Shaoran... eu... eu queria te pedir desculpas. Eu estava errada. Você me perdoa?"
"Tá bom." - falou secamente.
Sakura olhou para Li sentindo um aperto no coração. Para ele trata-la com indiferença com certeza estava muito chateado.
"Você está muito magoado?"
"Estou."
"Eu sinto muito. Eu sei que você nunca seria capaz de fazer aquilo comigo. Mas é que ela é tão linda e eu..."
Sakura foi impedida de terminar. Shaoran com um passo pegou-a pelos braços e beijou-a ardentemente, deixando a garota zonza. Se não fosse ele estar segurando seu corpo com certeza iria ao chão. Ela enlaçou o pescoço do rapaz entregando-se ao desejo de tê-lo em seus braços, separando-se apenas quando estavam sem fôlego. Shaoran passou carinhosamente sua mão calejada de treinar no lindo rosto de sua amada e sorriu, fazendo-a ir as nuvens.
"Não há nada no mundo que se compare a sua beleza."
"Então você me perdoa?" - perguntou sorrindo.
"Vamos esquecer isso tudo tá?" - Sakura acenou com a cabeça positivamente.
"Eu nunca mais vou desconfiar de você. Eu prometo."
"Eu vou trocar de roupa e depois te levo pra casa. Você me espera?" - falou separando-se de sua amada.
"Sempre esperarei." - sorriu docemente.
Li chegou em casa já era noite. Tinha jantado na casa de Sakura a pedido do Sr. Fujitaka. Estava sentindo o seu corpo um pouco dormente, talvez fosse por que tinha treinado mais do que o normal, mas era necessário. Era incrível como Sakura tinha a capacidade de deixa-lo mais tranqüilo. Seu jeito de menina o deixava cada vez mais apaixonado, tão linda e tão perfeita, que sentia seu corpo esquentar por dentro, de desejo, só de pensar nela. Mesmo tendo três anos de namoro, nunca tocara em um fio de cabelo de sua flor, não por vontade própria mas por que Sakura gostaria muito de se casar virgem, como sua mãe. Ele respeitava o desejo de sua amada.
De repente Shaoran sentiu uma forte pontada no peito que o fez contrair-se. Elevou a mão a altura do coração, que batia freneticamente.
O telefone tocou. Sakura estava em seu quarto lendo um livro, enquanto Kero se acabava em um prato de doces, reclamando por não poder ir ao aniversário de Shaoran.
"Mas isso não é justo. Eu nem fui convidado para a festa do moleque." - reclamou com a boca cheia.
"Acorda Kero, nossos amigos da faculdade vão estar todos lá." - explicou Sakura.
"Mas eu iria ficar quietinho, ninguém ia me perceber."
"Claro! Ninguém nem ia perceber um bicho de pelúcia comendo doces." - debochou.
"Sakura! Telefone.. é a Tomoyo." - Gritou seu pai.
"Já vou pai."
"Só de raiva eu vou comer todos os doces da despensa." - reclamou Kero, vendo Sakura correndo para fora do quarto.
Sakura desceu as escadas de dois em dois degraus, foi até a sala e pegou o telefone.
"Oi! Tomoyo. Como você está?"
"Estou com muita saudade." - falou Tomoyo animadamente.
"Eu também. Não sabe como sinto sua falta."
"É. E como vão os preparativos?'"
"Esta tudo certo. Kaoru convenceu a avó dela de passar o final de semana na casa da filha. Já compramos tudo." - falava Sakura quase tropeçando nas palavras, de tão empolgada.
"Realmente Shaoran está mudando. Quem diria que ele iria concordar com uma festa de arromba!"
Sakura franziu a testa. Não tinha falado para Tomoyo como tinha conseguido isso.
"Bem. Mais ou menos."
"Sakura, não me diga que ele não está sabendo da festa?" - perguntou Tomoyo preocupada.
"Não, ele sabe. É outra coisa?"
"O que é Sakura?"
"Bem... é que... ele acha que só vão alguns amigos nossos."
"Mas você convidou praticamente a Faculdade inteira" - gritou do outro lado.
"É que a Kaoru disse que quando ele chegasse lá e visse não poderia fazer nada, e então concordaria."
"Isso não vai dar certo Sakura. Você sabe como ele odeia essas coisas."
"Você acha que ele vai ficar com muita raiva?" - Sakura ficava cada vez mais preocupada.
"Bem. Tenho certeza que na hora ele vai ficar um pouco sem graça. Mas eu sei que você sabe fazê-lo relaxar." - Tomoyo sorriu maliciosamente fazendo Sakura ruborizar.
"Para Tomoyo. Assim eu fico sem graça."
"Na casa da Kaoru tem quintal?"
"Na parte de trás tem um enorme. Por quê?"
"Sábado a noite terá uma chuva de estrelas bem em cima de Tóquio. Dá para vocês verem."
"Boa idéia. Ele adora estas coisas. Assim ele ficará calmo. Obrigada Tomoyo."
"É. Pena que não estarei aí para filmar esta cena tão romântica." - falou com uma voz triste.
"Aiaia... Tomoyo você nunca vai mudar."
"Dê um abraço nele e diga que o presente dele eu dou nas férias."
"Tá bom. No Domingo eu ligo para contar como foi a festa."
"Estarei esperando."
"Tchauzinho"
Continua...
N/A.: Gente, esse negócio de esconder para o Shaoran a festa não vai dar certo. u.u E a dor que o nosso lindinho está sentindo no peito, será que ele está sofrendo de algum problema cardíaco? Novas emoções no próximo capítulo de "Flor Púrpura". Cruzes! Estou parecendo aquele cara que fala no final de Dragon Ball GT. Hehehe
Essa semana aconteceu uma coisa MA-RA-VI-LHO-SA, falei ao vivo e à cores por telefone, com a minha amiga Rô, eu fiquei tão feliz.... ^________^ E os agradecimentos vão todos para ela. Gente, ela revisou esses primeiros capítulos acho que umas três vezes. Tadinha!!!! Obrigado amiga. ^_^
Quero agradecer tb aos reviews que recebi da Midori ("Obrigado por ter me perdoado, amiga!!") e para a Miaka (Quem me dera que eu fosse igual a Kath!!! Mas obrigado!!!!)
Beijinhos para minhas amigas Cherry e Kath, e para o meu irmão em cristo Celo.
Criticas? Sugestões? Estou aguardando o seu review.
Um grande abraço para todos e até a próxima semana.
Andy
Pensamento: "A ignorância é bela."
(Daqui por diante, estarei sempre deixando um pensamento para vcs refletirem, espero que gostem!)
