APUROS EM HONG KONG
– CAPÍTULO CINCO –
A semana foi bem corrida, passavam parte do dia estudando, Sakura passava as tardes tomando conta de pequenos detalhes do noivado enquanto Shaoran era perseguido e pressionado pela imprensa para que revelasse a identidade de sua noiva. O único tempo que tinham para namorar um pouco era antes de dormir.
Sakura aproveitou que era sábado e permaneceu na cama mais alguns minutos. Shaoran, no entanto, já estava de pé. Tinha alguns negócios relacionados à empresa para resolver com sua mãe antes do almoço, e no início da tarde atenderia o grupo de luta da universidade, que vem perseguindo-o desde que um de seus membros apanhou em público de uma 'simples garota'. E assim que terminasse a reunião com a equipe de luta, iria com Sakura para uma casa de campo em Shangrao, onde passariam o final de semana, sem se preocupar com a imprensa, com manter sigilo da identidade da jovem ou qualquer tipo de inconveniência.
Sakura sabe que, assim que sua identidade for revelada, não terá mais liberdade para sair sozinha, terá que andar acompanhada pelos seguranças do clã e, por isso, concordou com Shaoran em manter sua identidade incógnita até o noivado.
Shaoran estava descendo a escadaria para se encontrar com sua mãe na sala de recepção, onde encontrariam alguns sócios das Empresas Li, quando ouviu Sakura lhe chamar. Ele se voltou para trás e a viu usando um conjunto tradicional chinês, composto por uma calça vermelha com detalhes em amarelo, assim como a blusa, de gola alta sem mangas. No ombro esquerdo estavam desenhadas três 'sakuras' em amarelo, os botões da blusa tinham o formato de pétalas das flores que deram nome a jovem.
"Onde estava minha flor que não te vi a manhã toda?" – perguntou enquanto ela se aproximava.
"Na biblioteca estudando Estatísticas" – sorriu constrangida – "Matemática nunca foi meu ponto forte!".
Ele a enlaçou a cintura e a beijou ternamente. Depois seguiram de braços dados até a porta da sala onde Yelan o aguardava, junto com os sócios da empresa.
"Tenho que cuidar de alguns negócios agora amor!" – levantou o rosto da noiva e a beijou – "Nos vemos no almoço!".
"Tudo bem, eu vou até a casa de Meilin, ela disse que queria falar comigo antes de irmos para Shangrao!" – sorriu e seguiu em direção à porta do jardim, que servia também para separar as diversas casas do clã. Assim que ela saiu da casa, Shaoran bateu duas vezes na porta e a abriu.
"Desculpe-me o atraso!" – entrou na sala e todos os homens lá presentes se colocaram de pé e o cumprimentaram. Ele foi até sua mãe a beijou no rosto e depois sentou ao seu lado.
"Antes de iniciarmos a reunião propriamente dita, gostaríamos de parabenizá-lo pelo seu noivado, Sr. Li!" – disse Hiang Bjang o mais importante de todos os sócios presentes na sala.
"Agradeço por seus votos senhores!" – disse educadamente, já sabendo o que viria a seguir.
"Estamos muito curiosos por conhecer, sua futura esposa, Jovem Li!" – Bjang, se pronunciava mais uma vez.
"Todos estão!" – respondeu em tom de brincadeira – "Mas ela será apresentada apenas em nosso noivado, dentro de duas semanas, creio que todos receberam seus convites, então conto com a presença de vocês!" – sorriu gentilmente – 'Se bem não faria menor diferença se vocês não comparecessem!' – pensou por final.
"Vamos tratar dos negócios!" – Yelan deu início à reunião.
No jardim da mansão…"Acalme-se Meilin!" – Sakura tentava controlar a amiga que estava eufórica falando, alguma coisa sobre alguém que ela conheceu, mas não estava entendendo nada – "Você está falando muito rápido, eu não consegui entender metade do que você disse!".
"Está bem,…" – respirou fundo e abriu um lindo sorriso, seus olhos brilhavam – "Eu estava andando pelo campus ontem e vi um rapaz sendo importunado por alguns caras da Administração!" – fez um pausa – "De início eu pensei que fosse um calouro, mas não era, ele está no mesmo período que o Shaoran, até faz algumas matérias com ele!" – se sentou na grama do jardim – "Eu defendi ele e passamos algum tempo conversando, ele é tão simpático e educado, Sakura!" – suspirou e levou a mão ao coração – "Eu nunca fui tratada com tanta cortesia antes!".
Sakura olhou para a amiga chinesa e balançou a cabeça.
"E qual o nome desse rapaz?" – sentou-se ao lado da 'futura prima'.
"Lang!" – Meilin pronunciou bem devagar o nome dele – "Mai Su Lang!".
A jovem arregalou os olhos verdes e sorriu.
"Eu acho que você está apaixonada, minha amiga!" – de repente o sorriso de Meilin 'murchou' – "O que foi Meilin?".
"Só tem um problema…" – olhou para a amiga com tristeza nos olhos – "…ninguém pode saber de nada, Sakura!".
"Por que?".
"Ele é família simples, os anciões do clã não iriam aceitar que eu tivesse qualquer tipo de relacionamento com ele!" – abaixou a cabeça – "Nem mesmo amizade!".
"Mas não tem como contornar essa situação?" – sabia que sim, ela conhecia muito bem os costumes dos clãs chineses, passara anos estudando sobre isso.
"Tem! Se o líder do clã aceitá-lo!".
"Então?" – Sakura sorriu, mas a expressão de Meilin não se modificou.
"Shaoran também não o aceitaria!" – suspirou.
"Como você pode ter tanta certeza?" – inquiriu.
"Ele é bolsista na universidade,…" – sorriu melancólica – "não seria considerado digno, nem mesmo aos olhos de Shaoran!".
"Mas Meilin…" – foi interrompida.
"Me prometa Sakura! Me prometa que não vai falar disso nem com Shaoran, nem com ninguém!" – suplicava. A japonesa respirou pesadamente e vendo que não poderia convencer a amiga, levantou os ombros.
"Eu prometo!".
"Muito obrigada!" – abraçou-a – "Vamos que o almoço deverá ser servido dentro de pouco tempo!" – se levantou e puxou a feiticeira pelas mãos.
Enquanto era arrastada, Sakura sorriu ao lembrar de algo que Shaoran lhe disse quando faziam a lista de convidados.
*… do pessoal da faculdade, por mim, somente uma pessoa seria convidada, mas é necessário que sejam enviados convites aos filhos dos sócios da empresa e dos membros de famílias tradicionais!…*.
'Creio que terá uma surpresa em breve Meilin!' – pensou enquanto entrava na mansão, seguindo a amiga que soltara sua mão.
Logo após o almoço Shaoran seguiu para a biblioteca onde a equipe de luta já o aguardava.
"Boa tarde!" – entrou no cômodo e foi até uma poltrona que havia ali, sem se importar com os ataques dos rapazes reclamando de sua demora – "Sentem-se!" – disse em tom autoritário. Os quatro rapazes obedeceram – "Poderiam ser breves?" – perguntou ao capitão do time.
"Claro! Precisamos que você entre para a equipe Li!" – disse simplesmente.
"E por que?" – cruzou os braços sobre o peito e o encarou seriamente.
"Porque esse idiota aqui…" – apontou para Tong – "apanhou para uma garota e nossa credibilidade caiu muito, não só na universidade como fora dela também!".
Ele levantou a sobrancelha ao ver o estrago que sua Sakura tinha causado no orgulho de Tong, que simplesmente se encolheu ao ser apontado por Wang Kim Lei.
"Não posso ajudá-los!" – se levantou e foi até a janela.
"E você vai deixar que aquela japonesa…" – Lei não terminou de falar, Li já o estava segurando pela gola da camisa.
"Olha bem o que você vai falar sobre ela!" – o soltou e este quase desabou no chão – "Se Tong não tivesse mexido com ela, nada disso teria acontecido!" – olhou para Shang Tong que estava, literalmente, encolhido no sofá – 'E ele teve sorte não ter sido eu a bater nele!' – pensou indo novamente para a janela. Alguns minutos de silêncio na biblioteca, Lei observava a figura estática na janela com certa curiosidade, que só aumentou quando este sorriu.
"De qualquer maneira eu já disse minha decisão!" – se voltou para os rapazes que não escondiam a decepção. Ouve-se três batidas na porta – "Entre!".
Wei entrou na biblioteca.
"Sua noiva o aguarda jovem Shaoran!".
Ele sorriu e agradeceu. O senhor se retirou.
"Como vêem tenho assuntos a resolver agora!" – pediu aos jovens que o acompanhassem. Ele os acompanhou até a porta e se despediu seguindo para o próprio quarto, onde algumas malas esperavam ao lado da cama. Pediu a alguns criados que as levassem para o carro e foi até o quarto de Sakura onde bateu levemente na porta.
"Entra!".
Ele abriu a porta e viu Meilin tirando algumas roupas da mala de Sakura que ainda estava aberta.
"Você não vai levar isso aqui!" – dizia segurando duas calças jeans e algumas camisetas.
"Me devolve isso, Meilin!" – saiu correndo atrás da amiga que corria com suas roupas pelo quarto – "É uma casa de campo, eu não vou levar apenas roupas chiques para ter que ficar dentro de casa!".
"Deixe-a levar o que quiser Meilin!" – Shaoran parou atrás da prima que abaixou a cabeça e devolveu as roupas para a amiga.
"Obrigada!" – sorriu para o noivo.
"Eu não te entendo sabia Sakura!" – a chinesa se dirigia para a porta do quarto.
Sakura fechou a mala e olhou em seguida para o belo jovem que estava sentado sobre sua cama.
"Está pronta?" – ela balançou a cabeça confirmando – "Vou pedir que levem sua bagagem para o carro!" – levantou e agarrou-a pela cintura dando-lhe um breve beijo nos lábios. Saíram do quarto de braços dados.
Shangrao, duas horas depois…
Sakura estava maravilhada com a casa, percorria os cômodos com grande animação. A casa não era grande como a mansão de Hong Kong, mas a arquitetura tradicional fazia da construção uma obra de arte.
"Papai certamente iria adorar conhecer essa casa!" – saiu da sala de jantar e parou diante de Shaoran – "Ele sempre diz que as construções antigas têm muitas histórias para contar e nada melhor para um historiador, mesmo que de férias, que entender essas histórias para poder contá-las!".
"Podemos convidá-lo para vir aqui qualquer dia!" – sorriu com o entusiasmo que a noiva passava.
"Claro!" – se aproximou e o abraçou – "Mas em outra ocasião,…" – aproximaram mais seus rostos – "porque agora estamos aqui para fugir um pouco da agitação que se formou em Hong Kong por causa do noivado do futuro líder do clã Li com…" – ele a interrompeu com um beijo.
"Com a mais bela Flor de Cerejeira do mundo!" – ele completou depois de se separar – "Venha, vou mostrar teu quarto!".
Ela o acompanhou até um dos quartos principais. As malas dela já estavam sobre a cama.
"É lindo!" – foi até a janela e a abriu deixando os raios do sol de fim de tarde entrarem no cômodo. Depois foi até o jovem chinês e se jogou nos braços dele – "Sabe o que é melhor nisso tudo?".
"Não, o que?" – apertou-a forte contra o peito.
"Eu não preciso calcular todas as minhas ações aqui" – sorriu enquanto encarava os lindos olhos chocolate do chinês – "Eu posso ser eu mesma sem me preocupar tanto!".
Eles se beijaram apaixonadamente durante alguns minutos, emendando um beijo no outro. Depois foram para a janela apreciar o pôr-do-sol.
Shaoran foi para o seu quarto se instalar melhor e desfazer as malas, Sakura fez o mesmo e se encontraram no andar de baixo após pouco mais de quinze minutos para jantar.
Os criados que trabalhavam na casa ficaram encantados com Sakura, ela conversava normalmente com eles, sem esnobá-los por serem subordinados. E todos se alegraram muito ao ver o jovem mestre feliz, como nunca haviam visto antes.
Após o jantar, Shaoran levou Sakura para um passeio em parte da propriedade. Foram até o estábulo, onde ela se encantou com os cavalos que eram muito bonitos e bem tratados. Depois seguiram para o quintal com as flores bem dispostas e arranjadas. Seguiram até o riacho que ficava ao lado do jardim. Um córrego de água cristalina que era iluminado apenas pela luz das estrelas e do último vestígio da lua minguante que aparecia no céu. Sentaram próximo ao riacho, Shaoran com as costas apoiadas no tronco de uma árvore e Sakura apoiada no peito dele, ficaram observando as estrelas e sentindo o aroma que exalava das damas da noite parecendo querer saudá-los com seu perfume.
Ficaram conversando. Já haviam avisado ao criados que podiam se retirar, não tinham pressa de voltar para a casa.
"Eu adorei esse lugar!" – sorriu. Ele lhe beijou a testa – "Podemos voltar aqui mais vezes?".
"Claro que sim, Meu Anjo!" – ficaram frente a frente e se beijaram mais uma vez – "Acho melhor voltarmos! Deve ser quase meia-noite!".
Levantaram e caminharam lentamente de volta para a mansão. Shaoran acompanhou-a até seu quarto.
Parou do lado de fora do quarto, se inclinou para beijá-la e lhe desejar uma boa noite. Quando deu por si estava dentro do quarto beijando-a intensamente, então parou.
"O que foi?" – perguntou quando ele se afastou, indo em direção à janela.
"Desculpe-me!" – se virou para fitá-la, os olhos cheios de amor e culpa pelo que poderia ter acontecido. Ela se aproximou e o abraçou – "Perdi o controle agora pouco Sakura, desculpe-me, eu…".
Ela encostou a ponta dos dedos em seus lábios.
"Shhh… está tudo bem!" – sorriu gentilmente e encostou a cabeça no peito do rapaz que a segurava firmemente – "Eu também perdi o controle meu amor, eu também perdi…" – levantou a cabeça fazendo com que seus olhos se encontrassem – "Eu te amo!".
"Eu também te amo Sakura!" – não conseguia resistir àquelas duas piscinas esmeralda. Voltou a beijá-la, quando estavam sem ar se separaram e ele se afastou um pouco dela – "Acho melhor eu ir para o meu quarto, minha Flor!".
Antes que pudesse se afastar sentiu uma mão delicada segurando suavemente a sua, olhou para a mulher que era sua noiva e a viu balançando lentamente a cabeça discordando do que havia dito. Arregalou os olhos, seu coração estava disparado.
"Tem certeza Sakura?".
Ela se aproximou devagar passando os braços por seu pescoço, encostou seu rosto no dele e sussurrou junto ao seu ouvido – "Eu confio em você Shaoran!".
Ele a beijou e, erguendo-a em seu colo, a levou até a cama, onde teriam uma noite inesquecível…
Enquanto despertava, Shaoran sentiu um temor enorme de tudo não ter passado de um sonho. Abriu lentamente os olhos e sorriu ao ver o corpo esbelto de Sakura repousando suavemente em seus braços. Beijou-lhe a fronte, fazendo-a despertar.
"Bom dia!" – disse com o mais belo sorriso que já vira, antes de lhe beijar.
"Bom dia, Sakura!" – sorriu. Ela o abraçou, deitando a cabeça sobre o peito nu do rapaz.
"Sabe, acho que só por essa noite, já valeu a pena termos vindo para cá!" – suspirou.
"Que bom! Fiquei com medo de acabar se arrependendo!" – disse, fazendo-a erguer a cabeça e fitá-lo com um sorriso.
"Me arrepender de que?" – beijou-lhe brevemente os lábios – "De me tornar tua mulher?".
'Minha mulher…' – pensou abrindo um imenso sorriso.
Permaneceram deitados por mais algum tempo, curtindo o momento e a sensação de estarem nos braços um do outro. Sakura usou o Através para que Shaoran chegasse ao seu quarto, que era ao lado do dela, sem precisar sair no corredor. Tomaram um banho e desceram juntos para tomar o desjejum.
Todos estavam estranhando o fato do Jovem Mestre estar demorando a descer. Ele sempre acordava cedo e fazia seu treinamento com a espada. Mas entenderam bem o que estava acontecendo ao vê-lo descer com a futura matriarca do clã.
O casal divertiu-se durante o dia inteiro, passearam a cavalo, nadaram no riacho, fizeram um piquenique no almoço, no início da tarde foram visitar uma caverna, que ficava mais afastada, no meio do bosque e voltaram a tempo para arrumarem suas coisas. Depois de estarem prontos e com as malas arrumadas, ficaram namorando um pouco.
Sakura dormiu durante quase toda a viagem de volta apoiada no peito de Shaoran, que não se cansava de admirá-la.
'Prometo fazer tudo para que você seja feliz, Sakura!' – pensou com um tímido sorriso – 'Minha Sakura!'.
Continua…
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N/A- Oi gente!… Espero que tenham gostado do capítulo, escrevi com muito carinho!…
Eu decidi mudar um pouco o estilo 'santinha' com que escrevia. Mas nada muito pesado.
Só queria agradecer a quem enviou reviews,... A quem tem lido,… a quem ainda vai comentá-los… Por favor, COMENTEM!…
Citando 'nomes' Cherry, Merry, Diu-chan, Miaka e Felipe... Valeu pelo apoio que vocês tem me dado!...
Beijos e até a próxima com a continuação de Apuros em Hong Kong.
Yoruki.
