APUROS EM HONG KONG
– CAPÍTULO SEIS –
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Uma lua cheia imponente nos céus de uma noite sem estrelas. Um grito estridente se faz ouvir.
Em cenas desconexas as cartas e guardiões vão aparecendo, pouco a pouco, caídos no chão enquanto uma sombra se apossa da lua em um eclipse lunar. Gritos, mais gritos. Estridentes, de horror, de medo e de dor.
Gargalhadas se misturam aos berros, que aos poucos vão morrendo, até que apenas os risos malévolos se tornam o único e terrível som a permanecer no ambiente escuro e sombrio do ápice do eclipse.
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Ao abrir os olhos, se vê em seu quarto na mansão que logo mais poderá chamar de 'sua casa'. Respira fundo e senta na cama relembrando os detalhes do confuso sonho que teve ainda pouco.
'Preciso falar com Yelan a respeito disso!' – pensa deitando–se novamente ainda muito cansada. Começa a fechar os olhos pesados de sono, mas um som irritante soa pelo quarto fazendo–a quase cair da cama – 'Droga de despertador!' – se coloca de pé, desligando o aparelho. Abre o closet e olha rapidamente as peças de roupa contidas ali. Pega uma saia comprida, em estilo chinês, verde escura com detalhes brancos, uma única e solitária estrela estampada na barra, contém rachas nos dois lados a partir de um palmo acima dos joelhos e uma blusa que faz conjunto com a saia, era branca e tinha os detalhes em verde escuro com três pequenas estrelas sobre o ombro esquerdo, sem mangas e com gola alta. Se troca seguindo para a penteadeira arrumar os cabelos. Desfaz a trança que usa, às vezes, para dormir e começa a penteá–los pacientemente. Decide usá–lo preso em um coque. Depois de pronta sai do quarto e encontra Shaoran encostado à parede oposta à porta. Sorri.
"Bom dia!" – se aproxima agarrando–a pela cintura – "Como dormiu?".
"Muito mal…" – disse fazendo manha – "…senti sua falta ao meu lado!".
"Eu também!" – a beijou intensamente – "Vamos descer!".
Ela concorda com a cabeça e o acompanha.
Todos estavam em silêncio fazendo alguns exercícios e o professor C'esteau caminhava pela sala. Ele parou ao lado de Sakura e se inclinou como quem quisesse ver o que ela estava escrevendo.
"Senhorita Kinomoto…" – sussurra bem próximo ao ouvido da garota fazendo–a levar um susto – "Desculpe,… mas será que poderia permanecer na sala alguns minutos após a aula para conversarmos?" – ela apenas concorda com a cabeça após alguns segundo de reflexão, voltando a fazer sua atividade. Assim que o professor se afastou olhou para Shaoran que estava ao seu lado combinando algo com o olhar. Este apenas concordou.
Sakura permaneceu na sala após a aula, mas Shaoran também estava ali, observando tudo de uma das portas.
"O que gostaria Sr. C'esteau?" – pergunta tentando diminuir a desconfiança de sua voz.
Ele sorri e retira algo do bolso do paletó.
"Apenas queria entregar–te isto!" – colocou uma caderneta antiga, com o desenho de uma ampulheta sobre uma chama, dentro de um aro formado por duas serpentes unidas de maneira a suas caudas ficarem unidas e suas cabeças impedidas de se tocarem pelo símbolo do infinito.
"O que é isso?" – pegou a caderneta com certo interesse.
"Você saberá quando chegar o momento!" – se virou para sair.
"Espere!…" – chamou ao vê–lo se afastar. Ele pára sem se virar – "Quem é você?".
"Tudo será revelado em seu devido tempo!" – olha para ela – "Tenha paciência Mestra das Cartas!" – e sai da sala.
"Quem é você?" – Shaoran repetiu a pergunta, segurando o homem pelo colarinho e o empurrando contra a parede do corredor.
"Shaoran pára! Não use violência sem ser necessário… Vamos ter problemas se o ferir na área da faculdade!" – os olhos dela brilhavam, ela estava irritada – "Sabe bem que nunca aprovei esse seu gênio impulsivo!".
"Deu sorte… Da próxima não vou ter piedade…" – Shaoran o soltou devagar e se afastou dele.
"Da próxima vez isso não será necessário, caro descendente de Clow…" – ele arrumou a gola da camisa se afastando dos dois.
"O que ele quis dizer com isso?" – questionou Shaoran.
"Não sei… Mas talvez, da próxima vez que conversarmos, tudo será esclarecido, ou assim espero…" – disse Sakura. – "Não há nada que possamos fazer a não ser falar com sua mãe sobre esse caderno…".
"Tem razão… vamos comer alguma coisa, não adianta se preocupar com coisas que requerem tempo…" – ele pegou a caderneta das mãos dela – "Deixa que eu cuido disso, nos encontramos no bosque!" – sussurrou se afastando. Ela saiu do Bloco A–2 assim que Shaoran desapareceu, seguindo para o bosque.
No outro lado do campus…Meilin caminhava acompanhada de Mai Su pelo pátio da Universidade. Eles conversavam alegremente e formavam um casal um tanto quanto estranho. Mai Su devia ser um ou dois centímetros mais alto que Meilin apenas e era franzino, mas apesar disso era simpático, inteligente, gentil, elegante, embora simples e, por que não? Atraente também!
O que mais impressionava Meilin, no entanto, era o fato dele admitir suas origens e não ter vergonha de dizer que é bolsista.
'Por que teria vergonha?… É muito difícil se conseguir uma bolsa,… ainda mais para Administração!' – pensava cada vez mais encantada. Estava adorando passar aquele tempo com ele.
E no ginásio…Wang Kim Lei conversava aos sussurros com alguém no canto do ginásio.
"Então estamos combinados?" – estendeu a mão para essa pessoa misteriosa.
"Sim!" – apertou sua mão – "Integrarei a equipe de luta até conseguir humilhar completamente Shaoran Li!" – sorriu maquiavelicamente e se retirou deixando Lei com uma expressão de vitória no rosto.
No bosque…Sakura sorria entre cada beijo.
"Você vai acabar me acostumando mal desse jeito!" – disse ofegante com um sorriso maroto. Estava com as costas no tronco de uma árvore e Shaoran a mantinha bem presa em seus braços fortes, fazendo–a se sentir segura e, principalmente, desejada.
"Não sei do que você está falando!" – riu se fazendo de desentendido. Ela se aconchegou no peito dele sentindo o bálsamo que exalava.
'Como eu amo esse homem!' – pensou ainda envolvida no abraço dele.
"Sabe Sakura…" – ele disse abraçando–a veemente – "…estou preocupado com Lang!".
"Por que?" – levantou a cabeça encontrando os olhos cor de âmbar do rapaz.
"Ele estava estranho hoje!" – se afastaram um pouco – "Estava distraído, calado e acho que você percebeu que não veio passar o intervalo conosco…" – riu divertido vendo uma expressão indignada se formar na fisionomia da noiva.
"Nem vou comentar com você o que achei dessa sua brincadeirinha!" – ficou séria e, como que se lembrando de algo, voltou a sorrir murmurando – "Distraído… hum…" – olhou para ele – "Será que o Lang não está… apaixonado?".
Ele foi abrindo aos poucos um sorriso – "Apaixonado… é acho que sim!" – puxou a Flor de Cerejeira para seus braços, aproximando seus lábios do dela – "Afinal,… ficamos parecendo bobos quando nos apaixonamos não é?" – a beijou afetuosamente. O intervalo acabou e eles voltaram para o campus, cada um seguindo para o bloco de sua respectiva aula.
Assim que chegaram em casa depararam–se com Meilin, que foi logo até Sakura e a puxou pela mão tentando arrastá–la para o jardim.
"Hei… Meilin… onde pensa que vai com minha noiva?" – a segurou pela outra mão rindo.
"Deixa de ser chato!" – olhou com ira para o primo – "Eu tenho que falar com a Sakura!".
"Calma Meilin!" – se solta da amiga abraça o noivo sussurrando – "Não esqueça de dizer para sua mãe que temos que falar com ela!" – beijaram–se rapidamente – "Eu te amo!".
"Eu também te amo!" – diz em seu ouvido, fazendo–a se arrepiar, ela morde o lábio inferior e depois se separam. Shaoran fica olhando a noiva se afastar acompanhando a prima absorto – 'Meilin está tão esquisita…' – vê a garota dando pulinhos de alegria enquanto junta as duas mãos e Sakura apenas balança a cabeça demonstrando uma felicidade desmedida enquanto a escuta falar. Abre um tímido sorriso – '…quem será o rapaz que a deixou assim?'.
Segue para seu quarto contente com a felicidade da prima.
Sakura estava em seu quarto lendo um livro quando ouve alguém bater na porta.
"Já vai!" – levanta e marca o parágrafo onde estava, colocando o livro sobre a prateleira ao lado da penteadeira. Depois vai até a porta e a abre. Sorri – "Sra. Yelan…" – abre caminho para que a mulher entre. O que ela de fato faz, Sakura fecha a porta logo em seguida – "Que bom que atendeu meu pedido!".
A anciã sorri seguindo a garota até um sofá que se localizava próximo à janela.
Shaoran e Sakura haviam conversado com a Sra. Li logo após o jantar na biblioteca sobre a caderneta. Ela disse nunca ter visto o emblema da capa antes. Conversaram sobre a figura misteriosa que é o professor de psicologia, mas não conseguiram chegar a conclusão nenhuma. Li disse que iria ler as anotações da caderneta e Yelan teve que resolver alguns problemas da casa, por isso Sakura pediu que ela passasse em seu quarto para conversarem.
"Seus sonhos a perturbam novamente não é minha querida!" – a jovem de olhos esmeralda balança a cabeça. Sabia que a mãe de Shaoran teria conhecimento de seu problema – "Conte–me com detalhes seu sonho para que eu possa ajudá–la, pois dessa vez minha previsões não foram claras!".
Depois de contar o sonho ficam alguns minutos em silêncio, enquanto Yelan refletia. Ela encara a jovem com o semblante preocupado.
"Obviamente vai acontecer algo na próxima lua cheia, durante o eclipse lunar!" – levanta e se põe a caminhar pelo quarto – "Tenho que fazer uma pesquisa para ver quais os planetas que estarão alinhados neste eclipse Flor de Cerejeira, para poder medir a gravidade do problema!" – suspira. Sakura se mostra aflita e abaixa a cabeça. A mulher sorri gentilmente observando–a e se ajoelha diante da 'menina' que está sentada no sofá – "Não deve se preocupar meu bem!… Tudo vai dar certo, contanto que não perca a esperança!".
"Creio que a Senhora tem razão!" – sorri melancólica – "Obrigada!".
"Não me agradeça…" – dá um beijo na bochecha da garota que fica levemente enrubescida – "…minha filha!" – levanta e vai até a porta – "É melhor contar ao Shaoran sobre seu sonho querida!… Pode ser que ele descubra alguma coisa lendo aquela caderneta!" – e sai.
'Acho melhor eu ir falar com ele!' – suspira e levanta indo até a porta. Assim que a abre vê Shaoran que estava quase batendo na porta.
"Sakura?" – a olha espantado, pois estava escondendo sua presença – "Como sabia…".
"Não sabia!…" – o interrompe permitindo que ele entre – "Estava indo falar com você!" – fecha a porta e fica encarando–o.
"Bem,… e o que você queria falar comigo?" – pergunta arrancando–a do torpor que a engolfa sempre que encontra os profundos olhos chocolate do namorado.
"Eu tive um sonho nada agradável essa noite!" – se aproxima dele e pega sua mão – "Tenho quase certeza que se trata de uma premonição!" – ele arregala os olhos e a puxa até a cama sentando ao lado dela.
"De que se trata?" – ela conta sobre o sonho e sobre a conversa que teve com Yelan. Ele fica receoso de que algo possa acontecer com sua Flor. A abraça.
"Shaoran… O que foi?" – pergunta sem entender muito bem a ação dele. Ouvia o coração acelerado e sentia que ele estava apreensivo.
"Sakura… Eu não quero te perder!… Não sabe como eu fiquei quando te vi desmaiada naquele dia e agora tenho medo de que aconteça algo mais sério!".
"Shaoran…" – ela sorri, se sentia lisonjeada pela preocupação dele – "Não se preocupe comigo, posso me cuidar… E estarei bem enquanto souber que você está bem…" – ela se afastou do peito dele e olhou fundo nos olhos dele – "Não é o único paranóico aqui, também estou com medo, mas sabe que faria de tudo para evitar o pior e, no final, tudo vai dar certo!".
Shaoran sorri, eram essas as palavras que ele precisava ouvir naquele momento, e vindas dos lábios mais doces e com a voz mais suave do mundo. Não resistiu à tentação de tomar aqueles lábios nos seus e aproveitar o momento como se fosse o último.
Sakura correspondia ao beijo, queria curtir cada momento que tinham em paz, que já eram poucos.
'E agora está prestes a diminuir ainda mais!' – pensou, mas logo afastou esse pensamento e se concentrou nas sensações maravilhosas que aquele beijo trazia. Logo se afastaram e, por mais que quisesse ficar, Shaoran disse que era melhor ele ir para seu quarto.
"Mas já? Queria tanto que ficasse essa noite… Já não ando conseguindo dormir e com esse sonho estranho você é o único que consegue me fazer relaxar o suficiente para dormir tranqüila…".
"Sakura… Por mais que eu queira ficar,…acho melhor eu ir…". – passa os dedos, acariciando as belas feições do rosto da garota. – "Boa noite!" – lhe dá um leve selinho e se retira do quarto.
Continua…***************************
N/A - Oizinho... O Capítulo seis está aqui explicando algumas coisas... ou confundindo-as??... não sei dizer... por isso que eu gostaria que vocês enviassem reviews... Vou ficar esperando e agradeço a quem já enviou e a quem vai enviá-los e você que lê e não comenta... OBRIGADA também.
Miaka… sabe que sem
você este capítulo não estaria aqui… então… Muito Obrigada por tudo amiga… te
devo mais essa.
Até a próxima...
Yoruki.
