Capítulo três – Talvez assim

Uma lágrima escorregou por seu rosto, manchando as palavras "totalmente proibida de" do pergaminho que Gina segurava. Talvez tivesse sido precipitada demais ao escrever para seus pais. Talvez devesse ter esperado as férias de Natal para lhes contar sobre seu romance com Draco Malfoy. Mas já estava feito.

Palavras rudes lhe eram dirigidas na carta, palavras que nunca esperara ouvir de seus pais. "Estamos pensando no seu bem" foi a finalização. No seu bem. Agora ela questionava se os pais sabiam mesmo o que era melhor para os filhos.

Talvez tivesse errado quando escondeu que Draco lhe protegera de um Dementador no dia da batalha em Hogwarts. Talvez devesse mostrar como ele não era aquele monstro que todos pensavam ser. Assim seus pais poderiam aceitá-lo, poderiam permitir seu namoro.

-Gina?

É incrível como o simples som de uma voz pode acalmar um coração. Incrível que muitos odiassem e repugnassem o dono daquela voz tão perfeita e bela para Gina. Ninguém o conhecia realmente, talvez nem ela mesma também. Mas poderia dizer o que ele não era.

-Oh, Draco... Meus pais, eles...

-Não permitiram... – chutou.

-Pior. Eles proibiram. Disseram que estão enviando uma carta a Rony também, para me vigiar. Se... se estou hoje aqui é porque Ron ainda não a recebeu. Mas eu sei que até amanhã... – ela secou uma lágrima – até amanhã ele já a terá nas mãos e....

-Nada vai me manter longe de você. – ele afirmou. – E eu disse que era precipitado mandar uma carta.

-Eu sei, eu sei... Mas você não sabe como é difícil esconder isso.

-Sei, eu também o faço. Esqueceu?

-Não... Eu só não sabia que o astuto Draco Malfoy achava difícil mentir um pouquinho. – ela disse.

-Agora sabe. – ele sorriu. – Espere até o Natal. Falarei com meus pais e...

-Oh, Draco, pare de mentir. Você sabe que com seus pais a coisa será muito pior. Você sabe que se minha família abomina o meu namoro com você, a sua família me rejeitará também. Não adianta nem tentar...

-Ora, Weasley, desde quando você desiste fácil assim? Onde está aquela garotinha que enganou um Malfoy e roubou sua capa para ir atrás do irmão bobão? – ele falou brincando, mas sério na intenção.

-Sabe, aquela garotinha faz tudo por sua família. E agora ela está contra mim.

-Então lute contra ela. – falou áspero – Podemos continuar o namoro, nem que seja escondido mesmo.

-Não. Você verá que no momento que Rony souber eu não terei mais sossego. Você verá. Acho que seria melhor se nós terminássemos tudo, se desistíssemos...

-Não! – exclamou – Não seja fraca assim, Weasley.

-Pare de me chamar de Weasley... Malfoy.

-Sabia que gosto de ver você brava? – ele sorriu.

-Sabia, Malfoy. – sorriu de volta. Um sorriso triste.

=*=

No Natal, como Gina havia decidido, tentou novamente falar com seus pais, usando argumentos novos para provar que o namoro com Draco era forte o suficiente para que ficassem juntos. Mas ao contrário do que imaginava, os pais novamente se colocaram contra qualquer envolvimento com Malfoy. E ponto.

Gina não queria ir contra a família, mas também não queria abandonar seus sentimentos por Draco. Então, se decidiu.

Foi com Carlinhos para Romênia, onde havia uma ótima escola de bruxaria no interior. Talvez assim esquecesse Draco, talvez assim pudesse aceitar o que a família estava provocando. Mas sabia que na verdade estava fugindo. Fugindo de todos.

Terminou seus estudos, sendo, alguns anos depois, uma bruxa formada. Visitava os pais nos feriados, mas decidira viver naquele país, junto do irmão. Longe de pessoas que lhe trouxeram dor. Longe de Draco também. Mas subjugara a força dos sentimentos de Malfoy...

"N/A: Este daqui vai para o meu pai. Mesmo que ele não saiba que eu escrevo fics, e também possa não fazer idéia de que eu goste de Harry Potter, tamanho é o seu conhecimento pelos meus livros. Vai para ele porque, apesar deu achá-lo um pai desligado, também acho que é uma pessoa importante para mim e por ele nunca ter me proibido de fazer as coisas do meu jeito – talvez só se intrometa um pouquinho".