Capítulo 3
Sakura apesar do cansaço, voou com Alada durante um bom tempo, quando finalmente chegou em casa, já anoitecia, o que foi ótimo, pois a escuridão serviu para acobertar seu pouso.
Morava ainda na casa em que crescera. Seu pai passava poucos dias por ano na cidade, vivia às voltas com suas escavações, com os filhos já crescidos ele não necessitava mais ficar a maior parte do tempo em casa. Quando ela decidira pela vida na agência convencera Kero a ir morar com Eriol, não precisara de muita insistência, pois ele adorava competir em tudo com Spinel, e estando ao lado dele as coisas ficavam mais fáceis,
Sakura sorria mansamente, ante essas lembranças. A casa era grande somente para ela, mas não importava-se, ali sentia-se segura.
Ela mudaria de opinião se soubesse que alguém a espreitava na escuridão. Dois olhos castanhos acompanhavam-na pelas janelas. Em cima de uma árvore o agressor da garagem a espiava entrando e saindo dos vários cômodos, ele esperaria a melhor hora para agir, enquanto isso analisaria sua presa.
Sakura tomou um banho de imersão que deixou-a relaxada, colocou uma música suave, e deitou-se na cama, sonolenta. Os acontecimentos do dia invadiram sua mente, ela repassou os detalhes da luta, tocando o ferimento no pescoço pensou no estranho com a espada. Ela só conseguira ver seus olhos, cheios de desprezo, como se ele a considerasse uma ninguém, vazios de sentimentos, mas a cor, mesmo na penumbra da garagem ela percebera, um tom de castanho, muito parecidos com os de.... "Não!" – ela falou alto levantando-se da cama. – "Não eram iguais aos de Syaoran."
A última vez que o vira seus olhos estavam repletos de amor, amor por ela, os dessa pessoa não transmitiam nada a não ser ódio, não havia comparação.
"Syaoran..." – ela suspirou agarrando-se a um ursinho cinzento, já gasto em alguns pontos, pois todas as noites ele era abraçado, e às vezes encharcado por suas lágrimas de saudade, e ficou a olhar o anel dourado, com uma flor de cerejeira em cima tendo ao centro uma pedra rosa.
E mais uma vez Sakura deixou-se levar pelas lembranças do passado, os pensamentos em seu grande amor perdido.
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"Sakura, não fique triste, são só 3 dias. Preciso comparecer a essa reunião com os anciões para a mudança dos negócios aqui para o Japão, e se tudo der certo, essa será a última."
"Eu sei Syaoran. Mesmo assim eu vou sentir sua falta." – ela disse tentando controlar as lágrimas, e a estranha sensação de perigo, que quase a sufocava. – "Eu prometi a mim mesma que não iria chorar, mas você sabe que eu sou uma bobona. "– fungou ela.
"Uma bobona linda. A minha bobona" - ele disse sorrindo, deslizando o dedo por sua face, e enxugando as lágrimas no caminho.
Os dois olham-se, esse gesto dizendo mais que mil palavras. Os rostos aproximando-se lentamente, culminado em um beijo, de início terno, e que Syaoran interrompeu, quando começou a sair de controle.
"Não há mais nada que eu gostaria de fazer do que ficar com você agora." – disse ele matreiro.
Sakura sorriu, levemente enrubescida.
Syaoran pegou a mão direita dela, e deslizou um anel pelo seu dedo anelar. Sakura olhou-o espantada, então fitou o anel, um aro dourado, com uma flor de cerejeira em cima, tendo ao centro uma pequenina pedra rosa.
"Quando eu voltar, conversaremos sobre isso." – disse sorrindo. – "Eu te amo Sakura. Eu te amo."
"Syaoran..." – ela sussurrou antes que ele lhe desse outro beijo.
Sakura ficou observando da janela do aeroporto o avião decolar, levando seu Syaoran para a China. Ela segura as lágrimas desdenhando a sensação ruim que a acompanhava desde a manhã, aperta forte a mão direita onde estava o anel que ele lhe dera. Fica olhando o avião distanciar-se, até ser apenas um pequeno pontinho ao longe.
Sakura chega em casa ansiosa. Syaoran prometera ligar assim que desembarcasse, faltava ainda muito tempo, mas já ficaria de plantão no telefone. Esperava há horas, e começava a se inquietar com a demora, seu pai e Touya a observavam andar de um lado a outro, agitada, mas ficaram em silêncio. O telefone tocou assustando a todos, Sakura voou para atender, rindo com alegria, também trazendo sorrisos ao pai e irmão, este involuntário, pois sabia o motivo da felicidade.
"Até que enfim, Syaoran, já estava preocupada..." - Sakura parou no meio da frase, seu sorriso sumindo. – "Mei Lin? O que houve? Cadê o Syaoran?" – Sakura pergunta com um toque de pânico na voz.
Touya e Fujitaka se levantam ao ouvirem Sakura.
"Não, não." – Sakura sussurrava, deslizando para o chão, Touya move-se rapidamente para impedir a queda da irmã, e Fujitaka pega o telefone que cai de suas mãos.
"Sakura." – Touya chamava a irmã, que chorava baixinho. Seu rosto expressando a mesma preocupação de seu pai ao desligar o telefone depois de alguns minutos de conversação.
Sakura abre os olhos, focalizando os do pai.
"Ela se enganou não é? Syaoran não pode estar..." – disse baixinho.
"Eu sinto muito minha filha." - Fujitaka olhava para a filha não suportando ver seu sofrimento. – "O avião caiu no mar, estão fazendo as buscas, mas..." – ele não completou a sentença.
"Ele está vivo. Ele não morreria em um estúpido acidente de avião. Ele não faria isso comigo." – completa para si olhando o anel em seu dedo.
Touya a olha preocupado, Sakura percebendo vira-se para ele, ainda em seus braços.
"Não acredita em mim Touya? Eu não sinto que o Syaoran se foi. Eu sentiria, não é mesmo?" – ela pergunta, querendo que alguém confirmasse suas esperanças.
"Sakura..." – ele começou, mas não sabia o que dizer.
Ela levanta-se, com uma expressão determinada no rosto, contrastando enormemente com seu desespero de início. Nada lhe tiraria da cabeça que Syaoran estava vivo.
Mas os dias transformam-se em semanas, e nenhum sobrevivente foi encontrado. Muitos corpos estando desaparecidos, inclusive o de Syaoran.
Meses se passam, Sakura emagrecia, na mesma medida em que suas esperanças a abandonavam. Se ele estava vivo, por que não dava notícia? Por que não voltava?
Um dia quando descia as escadas, sentiu a vista escurecer, e o chão sumir de sob seus pés, já ia caindo quando sentiu-se segura por dois braços fortes. Abriu os olhos lentamente.
"Touya."
Ele a olha durante alguns segundos, então leva-a para a cozinha colocando-a em uma cadeira. À sua frente um prato de panquecas com mel e um copo de suco de laranja.
"Coma."
"Não sei se posso." – ela fala olhando desanimada para a comida.
"Coma agora." – seu tom não admitia ser desobedecido. – "Não levante daí enquanto não comer tudo."
Sakura não teve outro jeito ao ver o olhar determinado do irmão. Quando ela acabou ele começou a falar.
"Você não pode continuar assim. Sem comer, sem dormir. Quer se matar também?"
Sakura levantou rapidamente a cabeça para contradizê-lo.
"Não. Não diga nada. Ele está morto. E você também estará se continuar assim. Isso não é vida Sakura. Acha que ele iria gostar de vê-la se acabar desse jeito? Olha para você, abatida, com olheiras, mais parece um fantasma. A partir de hoje você vai comer em todas as refeições e vai dormir a noite toda, nem que eu tenha que dormir em seu quarto para vigiá-la."
Ele parou de falar ao vê-la de cabeça baixa, abrandou o tom quando viu uma lágrima pingar em suas mãos cruzadas sobre a mesa.
"Sakura, eu te amo muito, e não suporto vê-la assim. Ele se foi minha irmã. Aceite isso e siga sua vida."
Touya ficou em silêncio, sem saber mais o que dizer. De repente Sakura foi sacudida por soluços, e disse com voz entrecortada.
"Eu não posso. Não posso Touya." – levantando o rosto banhado de lágrimas para ele. – "Não posso aceitar viver uma vida sem o Syaoran. Que vida seria essa?"
Touya abaixa-se ao lado da cadeira da irmã e abraça-a.
"Pelo menos você estaria viva Sakura."
"Eu não vou deixar de amá-lo."
"Eu sei."
"Eu não poderia esquecê-lo nunca."
"Eu sei."
"Eu não quero desistir."
"Mas é preciso."
"Sinto que estou abandonando-o."
"Ele nunca pensaria isso de você Sakura."
Sakura afasta-se do irmão e encara-o nos olhos.
"Você desistiria do Yukito?"
Touya olha-a, somente nesse momento percebendo a extensão da grande perda de sua irmã. Ele abraça-a durante longos momentos, e ela se deixa consolar, sabia que ele estava com razão, mas era tão difícil.
Depois dessa conversa Sakura começou a alimentar-se melhor, não queria que o pai e irmão ficassem preocupados. Voltou para a faculdade e tentou continuar a viver. Não era fácil, tudo lhe lembrava Syaoran. Ela ainda guardava uma esperança dentro do peito de que algum dia em algum lugar, ela o encontraria.
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Ela abre os olhos lentamente, lágrimas silenciosas a deslizar por sua face, aperta ainda por mais alguns momentos o urso cinzento e coloca-o na beira da cabeceira de sua cama, de onde nunca saía. Enxugou o rosto, respirou fundo e deitou-se.
Lá fora, o observador viu tudo que se passou dentro do quarto da garota, uma estranha sensação impede-o de agir, desce ágil e silenciosamente da árvore e vai embora. Haveria outro dia para dar cabo em sua missão.
The Calling
Could It be any harder
Poderia Ser Mais Difícil
Você me deixou com um adeus e braços abertos
Um corte tão profundo eu não mereço
Você sempre foi invencível aos meus olhos
A única coisa contra nós agora é o tempo
Refrão:
Poderia ser mais difícil dizer adeus e sem você,
Poderia ser mais difícil te ver partir, encarar a verdade
Se eu tivesse só mais um dia
Eu deito e me perco em sorrisos
Uma rápida restauração na minha esperança é o que preciso
E como eu desejo que pudesse voltar no tempo
Mas eu sei que não tenho esse poder
Refrão
Eu pularia se tivesse chance
Nós beberíamos e dançaríamos
E eu ouviria com cuidado cada palavra sua,
Como se fosse sua última, eu sei que são as últimas,
Porque hoje, oh, você se foi
Refrão
Como areia nos meus pés,
O cheiro do doce perfume
Você fica comigo pra sempre
Eu não queria que você fosse
Eu não queria que você fosse, eu não queria que você fosse embora
Pra te tocar novamente,
Com a vida em suas mãos,
Isso não poderia ser mais difícil.. Difícil.. Difícil
NA: Oi pessoal, sinto muito pelo capítulo pequeno, é que não quis misturar com o outro, esse foi mais uma explicação de por que Syaoran não está com Sakura.
Agradecimentos a Miaka, Lally, Cherry, Diana, Mary, Andrea e Lupi, pelos reviews, obrigada meninas.
Quem perguntou do Kero, Tomoyo e Eriol, vou ficar devendo. Nessa primeira história eles não aparecem, mas na próxima eles estarão lá, OK? Só o Kero que eu deixei meio sumido, achei que ele iria atrapalhar muito...eheheh....
Desculpem-me não colocar a música original, mas eu adoro as traduções, e a escolhi pela letra. Patty muito obrigada por ter mandando para mim, ela é linda.
Ah Miaka, sua teoria está errada....eheheh.... depois me diz o que achou, Ok?
Bom, quanto às outras perguntas não vou dizer mais nada, a não ser, leiam..... e me digam se foi realmente o que esperavam, ou não...se ficaram muito desapontadas, ou muito bravas...eheheh
Escrevam...
robm@teracom.com.br
Rô
