Capítulo 5

Sakura colocou seus patins, trancou a casa e saiu em direção a um lugar muito especial. Tinha certeza que ele iria segui-la, e esse era seu plano.

Touya tinha dito para ela sumir de circulação por uns tempos, estava livre para se dedicar inteiramente a Syaoran.

Sentiu o exato momento em que ele apareceu, talvez por saber que era ele, agora podia sentir sua aura mágica, ou então era ele que queria justamente isso, que ela soubesse que ele estava por perto.

Ela continuou patinando com destino certo, só esperava que ele tivesse paciência em atacá-la, por que tinha certeza que ele faria isso. Ele podia não se lembrar que era seu Syaoran, mas ela tinha certeza que sua essência continuava a mesma, como também tinha certeza, de que se ele matara alguém, teve boas razões para isso.

Sakura chegou em frente ao lugar, que para os dois estava cheio de lembranças, o Templo Tsukimini.

Ela se lembrava como hoje, o dia em que tinha retornado no tempo, naquele mesmo lugar, fora Syaoran que com a carta Tempo havia trazido-a de volta. Ou quando perdera o relógio que ganhara de presente de Yukito, fora ele que a consolara dizendo que não iria embora enquanto não o achassem. Era sempre ele que estava a seu lado e que a ajudava quando começava a chorar.

Enquanto avançava Templo adentro, em direção a árvore de Cerejeira ela ia se recordando dos doces momentos que passaram ali, tão absorta estava, que quase se esqueceu do verdadeiro motivo de sua presença.

"Você escolheu um estranho lugar para morrer, mas tão bom, quanto qualquer outro." – ela ouviu a voz antes de vê-lo.

Ela se assustou quando ele pulou a sua frente, esse parecia ser era seu jeito preferido de se anunciar. Agora podia vê-lo perfeitamente, pois seu rosto estava descoberto.

"Eu não vou morrer, Syaoran." – disse ela tranqüilamente, não deixando transparecer o quanto seu coração estava sobressaltado ao ver-se frente a frente com ele.

"Ah, pode ter certeza que vai sim." – ele deixou passar o estranho nome pelo qual ela o chamou, e já foi pegando a espada. – "Pegue sua arma." – ordenou.

"Eu não vou lutar com você, Syaoran." – Sakura falava tranqüilamente, sempre repetindo seu nome, bem devagar.

"Pare de me chamar de Syaoran." – ele disse baixinho, ameaçadoramente, avançando em direção a ela empunhando a espada.

"Oras, Syaoran. Mas se esse é seu nome." – insistia ela, que para cada passo dado por ele em sua direção ela dava um atrás.

Ele parou a sua frente, com a espada erguida, pronto para desferir seu primeiro golpe.

"É a última vez que aviso para você pegar sua espada." – ela já estava irritando-o com essa insistência em chamá-lo de Syaoran.

"Mas, Syaoran. Como posso lutar com você, se te amo tanto!" – ela falou suave, com os olhos verdes brilhando intensamente.

Por alguns segundos ele ficou hipnotizado com aquele brilho verde. Uma imagem se insinuando em sua mente. Um garoto em uma escada, e uma menina de olhos verdes, com aquela mesma expressão de amor, pulando em seus braços, a sensação de ter vivido essa cena foi tão forte que ele cambaleou tonto.

"O que você fez comigo, sua bruxa? Que tipo de magia é essa?"

"Não é magia Syaoran. São suas lembranças, memórias de nossa vida juntos. O que você viu?" – ela pergunta esperançosa.

Quando a sensação passou, ele procurou se concentrar no momento presente, não mais se deixaria enganar.

"Você não vai conseguir me enrolar. Já que não quer lutar, eu não vou me importar de te matar mesmo que não se defenda. – empunhou a espada em direção à Sakura, mas esta se desviou, a arma resvalando em seu braço, fazendo um pequeno corte."

"Pare Syaoran. Olhe dentro de você, verá que não quer me matar." – ela tentava convencê-lo, mas ele não lhe deu atenção, e cada vez mais rápido desferia os golpes, obrigando-a a desviar.

"Não vai conseguir me enfeitiçar de novo com sua palavras. Eu quero matá-la sim. E vou conseguir." – gritou ele, atacando-a com fúria, mirando seu coração.

Sakura tentou se desviar, mas não conseguiu ser rápida o suficiente.

A lâmina penetrou fundo em seu ombro esquerdo, fazendo-a cair de joelhos, nenhum som saindo de seus lábios. Ela ergueu a cabeça lentamente, encarando-o, seus olhos rasos de lágrimas, deixando-o surpreso, pois ela olhava-o sem raiva.

"Eu sei... que você... não quis... realmente fazer isso... Syaoran." – ela ofegava de dor, as palavras saindo lentamente.

Ele puxou a lâmina, ela soltou apenas um leve gemido, erguendo a mão direita em direção ao ombro machucado, o sangue pingava, tanto da espada como do ferimento.

Ele encarava-a, não acreditando que ela não tivesse se defendido. Estranhamente seu coração começou a se apertar de dor. Dor por ela. Por vê-la naquela posição, machucada, sangrando, por culpa dele.

"Por quê? Por que não se defendeu?" – perguntou, a espada baixada, mas com raiva na voz, por ela deixa-lo com sentimento de culpa por tê-la ferido.

"Eu poderia machucá-lo, e não quero isso, Syaoran." – ela tentava falar normalmente, não querendo pensar no ferimento que doía muito, mas querendo aproveitar esse momento em que ele baixara a guarda.

"Pare de me chamar de Syaoran." - ele grita de repente, avançando de novo para ela, a raiva cegando-o por um momento por ela insistir em chamá-lo assim. Tão rápido quanto veio, a raiva passou. Ele não podia. Não conseguia. Não com ela encarando-o, com aqueles olhos de esmeralda, olhos que não o acusavam, cheios de dor, mas não pelo ferimento, uma dor que parecia vir de sua alma. Por ele. Ela estava sentindo por ele.

Abaixou a espada. O que ela havia feito com ele? Transformara-o em uma sombra do guerreiro que era. Ele nunca tivera um mínimo de sentimento por nenhuma de sua vítimas. Como ela passara por aquela couraça que ele havia erguido? Isso era um mistério. E essa teimosia em chamá-lo de Syaoran o estava levando a loucura, vozes do passado se erguiam, mas não conseguiam romper a barreira de sua mente.

Ele deu-lhe as costas, não podia mais encará-la, e se afastou.

"Syaoran." – ele ouviu, mas continuou a andar. – "Se você quiser respostas, sabe onde me encontrar." – ela continuou, com a certeza de que ele a procuraria, a semente fora plantada ele não a matara, algo o detivera, ela tinha certeza de estar no caminho certo. Mas fora por pouco ela pensou olhando seu ferimento, tinha que ir para o hospital, o corte fora muito profundo.

Lin entrou no quarto do hotel onde estava hospedado, batendo a porta com força, as paredes tremendo com a violência do golpe.

Ele falhara novamente. O que ela tinha que não conseguia matá-la? As insinuações que ela fizera, de uma vida em conjunto. A teimosia de chamá-lo de Syaoran. Quem era esse Syaoran? O que fora aquelas lembranças que tivera? Quem era aquele garoto? Seria ele? A dúvida estava matando-o. Ainda mais por ele não se lembrar nada de sua infância, não tinha sequer uma foto sua de garoto. Suas memórias datavam a partir de seus 18 anos. Quando estava em treinamento ele sofrera uma acidente, ferindo-se seriamente na cabeça, fazendo com que tivesse amnésia, os médicos tentaram de tudo para que ele voltasse a lembrar, mas nada surtira efeito. Ele conhecia sua história do que lhe contaram. Nascera na China, a 26 anos atrás, era órfão, seus pais falecendo quando era um bebê. Ele ficara até os 15 anos em um orfanato, quando fugira, vagando pelo País até que fora preso com 17 anos por furto. Deram-lhe uma escolha, cadeia ou exército, é óbvio o que ele escolhera. Ele se destacara rapidamente, tanto na parte teórica quanto na prática, além de ter seus poderes mágicos desenvolvidos, ele não sabia de onde eles vinham, mas eram bem vindos. Ele conseguira chamar a atenção de uma organização, na qual trabalhava até hoje. Isso é o que sabia sobre sua vida, ou pelo menos o que lhe contaram no hospital aos poucos, na tentativa de ajudá-lo a se lembrar. Mas será que era verdade? Céus, já estava duvidando das informações que tinham lhe passado, ela só poderia ter lhe jogado um feitiço, ele pensou deitando-se na cama com um dos braços sobre o rosto cobrindo-lhe os olhos.

Ele ouviu um sinal baixo vindo da mesa que ficava próxima a janela, seu notebook, aberto mandava sinais de que alguém queria lhe falar. Ele até podia imaginar quem seria. Seu chefe é claro. Com certeza não estaria nem um pouco satisfeito por saber que ele não completara a missão. Levantando-se resignadamente ele se aproximou do aparelho, e o abriu.

Um rosto muito sério apareceu a sua frente.

"O que está acontecendo?" – seu chefe não era de meias palavras, ia diretamente ao assunto.

"Boa tarde para o senhor também." – disse Syaoran com pouca paciência em ser educado depois do fiasco da manhã.

"Você ainda não deu cabo de sua missão Lin. Não é pago para ficar passeando pelo Japão interagindo com o inimigo. Mate-a, e não fique de papo com ela."

Pelo jeito ele tinha seus espiões para ficar de olho nele.

"Não estou inte....." – nem deu tempo de terminar a frase, foi cortado no ato.

"Eu não quero saber suas razões para essa demora, mas se você não for rápido em agir, as coisas se complicarão."

"O senhor está sabendo de mais algum plano dela?"

"Ela nunca para, nesse momento em que conversamos ela pode muito bem estar explodindo algum lugar. Aja rápido, essa mulher não pode ficar viva por nem mais um dia."

Syaoran duvidava de que ela andava planejando algo, ele não a vira entrar em contato com ninguém, além daquele ser alado que apareceu na garagem, e o homem que ajudara-a no parque, e nada houvera depois disso, ele até tentou dizer isso a seu chefe, mas ele não lhe deu ouvidos.

"Você sabe sua missão, não tem que ficar especulando sobre o que ela faz. Mate-a, é uma ordem."

Seu chefe já ia desligar mas Syaoran fez uma pergunta rapidamente.

"O senhor sabe quem é Syaoran?"

Ele nunca imaginara essa reação, mas viu o chefe perder o fôlego e ficar mais branco do que era, se fosse possível. Ele ficou em silêncio durante o que pareceu a Syaoran horas, mas não se passaram mais que alguns segundos, e esse silêncio lhe disse mais que mil palavras.

"Nunca ouvi esse nome." – o chefe disse, e desligou rapidamente, antes que mais alguma coisa fosse dita.

"Sei." – disse Syaoran.

CHINA

Depois de falar com seu melhor assassino, Kuan ficou alguns segundos pensativo.

"Venha até aqui." – disse depois de apertar uma tecla no telefone.

A porta se abriu e por ela entrou um chinês alto e forte, com cara de mau.

"Quero que você vá ao Japão. Mate a garota Kinomoto. Fique de olho em Lin, se ele se lembrar de alguma coisa, me avise. Talvez tenhamos que eliminá-lo também. Será uma pena perdê-lo, depois de todo o trabalho que tivemos para trazê-lo para nosso lado. Mas talvez seja necessário." – disse pensativo

O outro apenas fez um aceno com a cabeça, e saiu silenciosamente.

A garota tinha que ser eliminada o quanto antes.

De volta ao Japão

"Sakura."

A garota se virou ao ouvir se nome. Touya aproximava-se rapidamente pelo corredor do hospital. Ele a encarou os olhos cheios de preocupação, e olhou seu ombro enfaixado.

"Você está bem?"

"Estou Touya, foram só alguns pontos." – ela minimizou o problema.

Na verdade o médico queria mantê-la no hospital da agência, mas ela nem lhe deu atenção.

"Foi o moleque?" – ele perguntou tentando controlar o tom da voz.

"Não Touya. O Syaoran nunca faria isso de livre e espontânea vontade, foi aquela pessoa estranha que está dentro dele." – disse ela calmamente, começando a encaminhar em direção a saída.

"Sakura, você não tem que ficar em repouso?" – Touya ia acompanhando-a.

"Não. Preciso viajar." – ela disse sem saber como faria isso, pois o ombro doía terrivelmente.

"Viajar?"

"Eu vou para China."

"China?"

"Tenho que fazer algumas perguntinhas a umas pessoas."

"Perguntinhas?"

"Você hoje não está muito coerente não é? Só fica repetindo o que eu falo. Está se sentindo bem?" – ela pergunta ao irmão colocando a mão em sua testa.

Ele a afastou irritado, e segurando em seu braço bom a fez parar de andar.

"Sakura, o que você está pensando em fazer?"

"Eu já disse Touya, não me faça repetir por que isso é muito irritante." – e se livrando da mão do irmão que lhe segurava, continuou andando, tentando se firmar nas pernas trêmulas.

"Você está machucada, como é que vai para a China? E se acontecer alguma coisa? Quem vai te ajudar?" – ele começava a ficar aflito, por que parecia que ela ia mesmo fazer essa loucura.

"Não se preocupe Touya, eu tenho minhas cartas para me ajudar, elas nunca falharam antes."

"E hoje?"

Ela parou encarando-o seriamente, sabia que ele se preocuparia, mas tinha que saber o por que de Syaoran não lembrar-se dela, ou de sua vida anterior, e essas respostas ela só teria indo a China.

"Hoje elas não me ajudaram por que simplesmente eu não pedi." – disse calmamente. – "Touya, nada vai me impedir de ir a China. Uma vez eu abandonei o Syaoran. Por você e pelo nosso pai, eu aceitei que ele tinha morrido e desisti dele. Eu enterrei as minhas esperanças lá no fundo, para vocês não sofrerem junto comigo. Eu te agradeço pelo que você fez no passado, com certeza hoje eu estou viva por sua causa. Mas nada do que você me diga, fará com que eu desista. Eu vou fazer o impossível para ter o Syaoran de antigamente de novo ao meu lado, e ninguém irá me impedir. Ninguém." – ela terminou seu discurso encarando o irmão firmemente, pronta para rebater qualquer argumento em contrário.

"Tudo bem." – ele disse surpreendendo-a. – "Quando nós partimos?"

Ela encarou-o, nunca esperando que seu irmão quisesse lhe acompanhar.

"Touya...." - sussurrou, um leve sorriso se abrindo em seu rosto.

"Se você está mesmo determinada a ir até o fundo disso, eu não tenho nada a dizer em contrário, mas sozinha você não irá. Se você quer aquele moleque de volta, nós dois vamos traze-lo. Eu não acredito que disse isso." – ele falou resignadamente.

Sakura abraçou o irmão com o braço bom, e disse:

"Obrigada Touya. Mas você não me engana, sei que quer ajudar o Syaoran tanto quanto eu."

"Mas nunca diga isso a ele." – ele falou com uma cara entre a zanga e um meio sorriso que se formara. – "Eu só tenho uma condição." – ela ia retrucar que não haveria negociações, mas ele não deu-lhe tempo. – "Me ouça antes. Descanse pelo menos um dia, somente um. Você pode estar fazendo-se de forte mas sei que seu ombro deve estar doendo como o diabo, deixe-me aprontar tudo para nossa ida e iremos amanhã a noite, eu prometo."

Ela encarou-o, pesando o que ele disse. Talvez fosse melhor mesmo descansar durante um dia. Além do mais, o ombro doía muito mesmo.

"Está bem Touya. Aceito sua condição. "

Mas antes que o irmão pudesse externar seu alívio, ela cambaleou, fazendo com que ele a amparasse.

"Sakura, você não deveria ter saído do hospital." – ele pegou-a nos braços já indo em direção ao prédio.

"Me leva para casa Touya, eu não gosto de hospitais, eu só estou um pouco tonta pela medicação que me deram." – ele ia retrucar, mas a irmã olhou docemente para ele. – "Por favor."

Ele virou-se de novo, e encaminhou-se em direção ao carro, sem dizer nada. Ela sussurrou um obrigada e fechou os olhos, sentindo-se segura nos braços do irmão.

Continua

NA: fala verdade pessoal... quem é que não iria querer um super irmão como o Touya?

E aí que acharam desse capítulo? Curtinho né? É a velha mania de não querer embolar o meio de campo..... mas espero que vocês não desistam de lê-lo por isso.....

Meus agradecimentos a:

Miaka e suas teorias..rs..rs.. eu te frustrei?...eheheh.... bom, sabe que até pensei em fazer algo assim como vc disse? Mas será bem diferente a maneira que ele irá..... ah, não posso contar.... sinto muito....eheheh.....

Ah Kath, mas eu tenho que dizer que você é muito esperta...rs..rs... você iria arrasar no Jogo.....

Ei Lupi, de agora em diante os dois irão interagir mais, espero que continue gostando.

Merry, concordo que o Syaoran fica mais lindo sorrindo, mas não é muito a dele não é mesmo? Procuro postar todas as sextas feiras, a não ser que o FF dê pau, como na semana passada, mas também posto no Webfanfics, qualquer coisa está lá.

Dark Dragon, nunca vai ocupar meu tempo ao falar sobre minha fic, pode escrever o que quiser.

E finalmente meu descontente amigo. E aí Marcelo? Será que você está continuando a ler, ou ainda está desapontado (no masculino), pelos comentários girarem em torno das mulheres?

Sinto muito, mas se eu tiver mais algum comentário vai rolar no feminino...eheheh.....

Mesmo assim obrigada por ter deixado os reviews.

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Leiam a fic Quem é mais forte, o Amor ou o Ódio? do Dark Dragon, está muito legal.

E Um Amor de Academia, da Miaka, estou adorando o Universo que ela criou.

Caraca, quem é que lê tudo isso? Mas quando eu começo a escrever eu vou longe, a Cherry que o diga...rs..rs...

Valeu pessoal, por todos os reviews, elogios e críticas, não tenham medo de criticar, mas devo dizer que rebaterei a todas elas...eheheh......

Continuem a escrever.

robm@teracom.com.br