Capítulo 7

"Tem certeza que é aqui?" – pergunta Sakura olhando o cais escuro e silencioso, onde se viam várias construções.

Estavam no Porto de Hong Kong, o lugar era imenso, possuindo vários cais e pequenos edifícios, seria trabalhoso encontrar o lugar onde ficava a tal agência.

"Nossa fonte diz que esse é o lugar. Só não sabe qual prédio é o certo, aliás estará muito bem escondido." – ele olhava em volta falando baixo. – "Você não tem nenhuma carta que vê através das paredes não é?" – pergunta Touya tentando desanuviar o ambiente tenso.

"E sou a Card Captor Touya, não o Super Homem." – ela diz entrando na brincadeira.

Eles saem do carro silenciosamente e correm agachados até um dos prédios. Sakura faz um sinal dizendo que iria para o telhado Touya acena que sim, ela pega a carta Pulo saltando para cima. Através de uma clarabóia Sakura olhou para baixo, mas o lugar estava muito escuro, ela pegou a Carta Luz, mas ficou na dúvida pois se tivesse alguém ali em baixo essa Carta daria muito na vista, trocou pela Carta Luzes, bem mais discreta. Pontos luminosos parecendo neve fluorescente desceu pela janela envidraçada dando a chance a Sakura de ver o interior do barracão, apenas caixas e engradados, esse não era o lugar. Aproximando-se da borda do depósito ela olhou para baixo na direção do irmão, fez um sinal dizendo que iria seguir para o próximo, ele acenou que sim. Ela correu e saltou em direção a outra construção, dessa vez um pequeno edifício de três andares, circulou em volta dele com Alada, mas apenas via-se que eram vários escritórios, fez a mesma coisa que no anterior mas nada viu de diferente. Depois de pular de um prédio a outro ela já estava achando que as informações que passaram a Touya eram falsas, até que em um deles um detalhe lhe chamou a atenção, no térreo entre as várias mesas, havia uma porta como nos outros escritórios mas nesse uma tranca eletrônica a guardava, pelo que podia ver dali, não havia janelas para que pudesse olhar. Por que uma tranca na porta do escritório? E sem janelas ainda por cima? Ela tinha encontrado o lugar. Desceu com Alada e esperou o irmão que vinha correndo acompanhando-a através dos prédios pelo chão.

"É esse." – ela disse apenas. – "Tem alarme mas vou descer pelo teto, você espera aqui. Se vier alguém você avisa." – Sakura tinha um grampo eletrônico na orelha.

Touya ia falar algo, mas segurou-se dizendo apenas.

"Tenha cuidado."

Ela fez um aceno afirmativo e pulou novamente para cima. Abriu a clarabóia e com a Carta Flutuação desceu suavemente até o chão, mas sem encostá-lo. Ela não podia ver, mas tinha certeza que o chão estava coalhado de raios infravermelhos prontos para serem acionados ao menor contato. Desceu dois lances de escadas até chegar à sala onde estava a porta guardada. Para livrar-se da tranca eletrônica ela pegou a Carta Névoa fazendo com que ela derretesse. Ela abriu a porta lentamente e entrou em um escritório que aparentemente em nada diferia dos outros, a não ser a tranca eletrônica do lado de fora. Olhando atentamente procurou algo diferente, tocou nos caixilhos da estante tentando achar algum mecanismo de alguma passagem secreta, passou a mão por baixo da escrivaninha tateando a procura de algum botão, reentrância, algo que pudesse abrir alguma outra porta, nada. Parou dando um giro de 360° em torno de si mesma olhando todos os detalhes da sala, pelo jeito se enganara. Já ia retirar-se quando o painel atrás da mesa lhe chamou a atenção, de início ela achara que fosse um quadro pois tinha uma moldura, apesar de tomar toda a parede, mas foi a moldura mesmo que despertou sua curiosidade, estava muito colada a parede e normalmente os quadros ficavam a alguns milímetros da mesma, mas esse estava totalmente rente a parede, ela passou a mão lentamente por toda a extensão da pintura, e nada encontrou, então foi tocando lentamente a moldura até que na parte de baixo um clique se ouviu, ela deu um passo atrás quando a parede inteira abriu-se como uma porta de garagem, dando em uma passagem estreita que levava a uma escada iluminada, ela entrou, báculo na mão pronta para qualquer eventualidade, mas ninguém apareceu, nem um alarme foi disparado, provavelmente, achavam que a passagem estava muito bem escondida. Ela chegou a um corredor largo com portas dos dois lados, abriu uma que deu em uma sala, mas não viu nada de interessante, e assim foi abrindo porta a porta, chegou a uma sala com uma cadeira parecendo de dentista, os mais diversos aparelhos estavam ali, ela aproximou-se mas não tinha a menor idéia de para que eles serviam, ela abriu uma geladeira esperando ver refrigerantes e surpreendendo-se com os vários tipos de medicamentos, ela reconheceu alguns como Dopamina, o soro da verdade, e um usado em lavagens cerebrais. Lavagens Cerebrais? Deus, será que foi isso que fizeram com Syaoran? Sakura nunca tinha sido tão rápida em suas deduções, ela mesma se surpreendendo. No momento que esse pensamento passou pela sua cabeça ela ouviu barulho de passos, rapidamente pegou a Carta Invisível, e ficou a espera da pessoa passar pela porta, mas ao invés disso acontecer os passos pararam e entraram na sala onde ela estava. Um homem, vestido todo de branco, baixinho e de aparência asiática mas que não lhe pareceu chinês entrou distraidamente lendo alguns papéis. Talvez ele pudesse lhe responder algumas perguntas. Ainda invisível ela pegou a Carta Bosque, fazendo com que ela se enroscasse no seu surpreso "Doutor", recolhendo a Carta Invisível ela pegou Espada e apontou para a garganta do homem.

"Nem um pio, se você dá valor a sua vida."

Touya do lado de fora ao ouvir a irmã, preocupou-se, e pensou que ela andava vendo muitos filmes de policial.

"Quem é você?" – ele pergunta tremulamente.

"Não interessa quem sou eu, e sim o que eu quero." – ela falava friamente. – "Doutor Chang." – ela disse olhando para o crachá que ele trazia preso ao guarda-pó.

O homem estava ficando apavorado, também depois de vê-la sair do nada e ser enrolado por uma árvore, não era para menos.

"Vamos a algumas perguntas. Essa sala serve para quê?"

Silêncio. Sakura levantou apenas a sobrancelha esquerda, dando-lhe um aspecto irônico e ao mesmo tempo de que não admitiria uma recusa em não ter respostas. Rapidamente nosso bom doutor mudou de silencioso a falante.

"Usamos essa sala para fazer experimentos científicos."

"Tipo o quê?"

"Um prisioneiro que não quer falar, usamos o soro da verdade."

"Também fazem lavagens cerebrais em seus prisioneiros?"

Ele rapidamente desviou o olhar.

"Responda." – ela falou séria encostando ainda mais a lâmina da espada no pescoço do homem.

"Não em prisioneiros."

"Em quem?"

"Nos agentes da organização." – disse ele depois de alguns segundos de dor.

"Você tem algum arquivo desses agentes?" – ela perguntou esperançosa de conseguir uma prova para mostrar a Syaoran.

"Não aqui." – ele respondeu desviando o olhar.

Sakura não reparou na expressão do estranho homenzinho, animada que estava em conseguir tão facilmente o que viera buscar.

"Onde está?" – perguntou.

"Eu levo você até lá."

Nisso ela ouviu a voz do irmão, lhe dizendo para ter cuidado, que o cara estava muito cooperativo. Mas não via outro jeito de ter o que viera buscar. Rasgando os lençóis que estavam dobrados a um canto ela amarrou as mãos do homem para trás e recolheu a carta Bosque.

"Nem um movimento suspeito ou qualquer gracinha, estou logo atrás de você." – ela disse ainda empunhando Espada.

Os dois saíram pela porta, Sakura perscrutando toda a extensão do corredor a procura de algum movimento suspeito, mas o lugar estava deserto, deixando-a por um momento preocupada.

Chang seguiu em frente passando por várias salas, algumas com as portas abertas, onde Sakura pode ver mesas, cadeiras e um quadro negro a frente, em outras mapas por toda a parede, até que o homem parou à entrada de uma outra sala, esta cheia de computadores.

"Ali." – ele disse apontando para uma estante cheia de CD-Rs e VHSs.

Sakura colocou-o para dormir, assim poderia procurar o que queria. Os CDs e as fitas estavam em ordem alfabética, primeiramente ela procurou por Li, Syaoran, mas não encontrou nada. Então foi para Lin, o nome pelo qual ele agora atendia, e de fato ali estava um CD, ela inseriu no drive de um dos computadores e o que apareceu a sua frente lhe deixou espantada.

Estava tudo ali, desde antes da queda do avião. Todas as vezes que Syaoran fora contatado pela organização para trabalhar para eles, os planos do acidente de avião, o seqüestro de Syaoran antes do avião decolar, o isolamento em que ele estivera, as sessões de lavagem cerebral, durante dois anos. Meu Deus! Meu Deus! Sakura lia e a cada toque no teclado mais e mais assombrada ia ficando. Nisso ouviu a voz do irmão pelo comunicador.

"Rápido Sakura, está chegando alguém." – ele disse com urgência na voz.

Droga, será que acionara algum dispositivo de segurança quando ligara o computador?

Ela desligou-o rapidamente, pegou o CD-R e as duas fitas de VHS que se encontravam com o nome de Lin, enfiou de qualquer jeito dentro da blusa e saiu, quando chegou às escadas estacou com o som de passos que iam descendo, rapidamente ficou invisível, e entrou em uma sala para não esbarrarem nela por acidente, ela viu alguns homens em ternos pretos, verdadeiros armários passarem pela porta, e chegarem à sala de onde ela saíra. Escutou vozes iradas lá dentro. Saiu sorrateiramente e subiu as escadas, ainda invisível, a porta disfarçada de painel continuava aberta e mais alguns homens estavam ali. Ela viu um mais velho que os outros, entrando nesse momento, o rosto sério.

"Só pode ter sido ela que entrou. Encontrem-na, ela não pode sair viva daqui."

Sakura tinha certeza que era dela que estavam falando.

"Notícias de Tao?" - ela ouviu-o perguntar a um dos homens próximos que acenou a cabeça num gesto de negação.

"Droga. Com certeza ele falhou." – disse mais para si mesmo. – "E Lin?"

"Também nenhuma notícia Senhor Kuan."

Então Syaoran tinha sumido, interessante.

O homem deu um murro na mesa, fazendo-a dar um pulo de susto e quase soltar um grito, mas calou-se a tempo, e lentamente foi deslizando ao longo da parede em direção à porta. Estava quase lá quando outro daqueles armários entrou apressado, dizendo que já tinha feito uma busca mas não encontrara ninguém. Ainda bem pensou Sakura, Touya tinha se escondido. Mas como é que ela sairia dali, com aquele brutamontes a impedir sua passagem? Ela já estava ficando cansada e logo o poder da carta desapareceria. Mas naquele momento ela viu uma brecha por onde era possível sair e rapidamente resvalou o corpo retendo a respiração para nem encostar no homem, mas ele virou-se rápido depois de sua passagem, fazendo o mais velho levantar o olhar, estranhando sua expressão quando ele virou a cabeça para olhar de todos os lados.

"O que foi?"

"Senti um ar passando por mim."

"Rápido seu idiota. É ela. Chame os outros."

Uma agitação se fez ouvir com vários homens entrando na sala, luzes foram acesas, Sakura estava atrás de um arquivo, ainda invisível mas não seria por muito tempo, o poder da Carta já estava enfraquecendo, e ela mais ainda, com o ombro latejando de dor. Como faria para chegar à escada que a levaria para o teto? Por que nesse momento a única outra saída estava sendo fechada.

"Procurem-na, seus imbecis, para que estão sendo pagos?" – gritava o homem de nome Kuan.

Sakura já ia sair correndo em direção às escadas, quando Invisível escolheu justamente aquele momento para se recolher a sua forma normal. Sakura ficou visível, ainda estava protegida pelo grande arquivo, mas não seria por muito tempo, tinha que pensar em algo, e rápido.

Nisso ela viu um vulto se esgueirar pela janela. Touya! Ela pensou. Talvez eu ainda tenha energias para fazer com que todos durmam. Pensava Sakura. Mas antes que pudesse colocar seu plano em ação um dos atacantes a encontrou, mirou sua arma para ela, que não teve reação alguma, nisso o vulto que ela vislumbrara na janela entrou estilhaçando a vidraça, caindo em cima do homem, abatendo-o, Sakura ficou ainda mais surpresa quando viu quem era.

Continua

N.A.: Oi pessoal, e aí gostaram desse capítulo? Já deu para ter uma idéia do que aconteceu ao Syaoran, não é mesmo? Acredito que no próximo capítulo, mais dúvidas serão esclarecidas.

Um beijo para:- Miaka, Cherry, Andréa, Midori, Diana, Fantomas e a Kath (que já leu tudo e ainda deixa review. Valeu Kath!)

Escrevam quando quiserem, seja para falarem da fic, ou qualquer assunto.

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