Capítulo 8
Syaoran! Ali, em carne e osso. O que ele estaria fazendo ali?
"Corra!" – gritou ele.
Sakura, refeita da surpresa, saiu a toda em direção às escadas lançando um olhar rápido para trás, ele a seguia de perto. Os dois foram em direção ao telhado, Sakura pegou rapidamente Alada, e estendeu a mão para ele, mas Syaoran já pulava para o chão.
Lá em baixo o caos estava instalado com agentes inimigos por todos os lados, ela invocou a Carta Luta, dando um chute violento em um dos homens derrubando-o.
Syaoran lutava mais ao lado contra dois atacantes, ela foi em sua direção para ajuda-lo, mas um outro segurou-a por trás, ela tomou impulso dando a volta por cima dele, ficando às suas costas, apertou seu pescoço, e chutou seus joelhos que se dobraram fazendo-o ir ao chão, Sakura terminou o golpe dando-lhe um soco na garganta. Syaoran já tinha se livrado dos seus dois atacantes.
"Se manda daqui." – gritou para ela.
"E você?" – surpreendeu-se.
"Não se preocupe comigo, eu dou um jeito."
"Nem pensar. Esse tal Kuan quer você morto. Imagina se vou te deixar aqui sozinho com ele. Esqueça."
"Você não sabe seguir ordens?" – perguntou Lin irritado por ser desobedecido.
"Nem do meu chefe." – ela falou dando um soco num outro atacante que se aproximara.
Ele encarou-a durante longos segundos.
"Tem forças para usar outra carta?" – Lin perguntou a Sakura, pensando na Carta Sono.
"Claro." – disse ela já pegando a Carta sem que ele dissesse qual queria que fosse usada.
"Não use ainda." – disse ele. – "E esconda-se." – mandou antes de se encaminhar para a porta.
Nisso Kuan saiu por ela, seguido de mais alguns agentes, mal deu tempo de Sakura ir para trás de um contâiner.
"O que você está fazendo aqui? Seguiu a garota até aqui? Já a pegou?" – perguntou olhando ansioso para os lados.
"Vim em busca de respostas. E não. Não peguei a garota." – disse ele calmamente.
"E quem derrubou meus homens?" – ele perguntou espantado.
"Eu nem imagino." – mentiu descaradamente Lin. – "Temos que conversar." – continuou.
"Agora não é hora para isso Lin. Temos um invasor, e só pode ser a menina Kinomoto. Visto que você não a matou." - disse ironicamente.
"De onde eu vim?"
"Eu já disse que agora não Lin. Vá com os outros procurá-la, e dessa vez acabe com ela."
"Por que você quer tanto matar essa garota?"
"Você já sabe, ela é uma terrorista, matou milhares de pessoas em atentados."
Sakura, colocou a mão na boca, para conter uma exclamação de surpresa, e de revolta pela mentira dita.
"Eu tenho minhas dúvidas de que isso é verdade."
"Você nunca questionou nossos métodos ou nossos valores." – Kuan estava preocupado, depois de tanto tempo fora do País, Lin ficara sem medicação, ele começava a pensar por si só, e isso era perigoso.
"Talvez seja hora de começar a fazê-lo." – e dizendo isso acenou discretamente para Sakura.
"Que essas pessoas adormeçam. Sono!" – ela falou.
Kuan ainda fez cara de surpresa, mas entrou em estado de sonolência como todos os demais.
Lin pegou-o colocando-o ao ombro, e saiu com ele sem nem olhar para trás.
"Syaoran!" – gritou Sakura indo atrás dele.
Ele parou e encarou-a.
"Não me chame por esse nome. Eu não sei quem é essa pessoa."
"É você , é claro. E você deve ter lembrado de mais coisas, pois me ajudou lá dentro, e já é a segunda vez." – disse esperançosa.
"Isso não quer dizer que você possa me chamar assim. Eu tenho algumas dúvidas e ele irá esclarecê-las para mim." – e acenou com um gesto de cabeça em direção a Kuan.
"Você pode precisar de mais alguma coisa, e eu tenho aqui comigo." – Sakura falou sorridente mostrando as fitas de vídeo e os CD-Rs. – "Estão com o nome de Lin , eu vi um dos CDs, e tem os planos iniciais do seu seqüestro, as fitas devem conter o que aconteceu depois, talvez algum tipo de acompanhamento do que fizeram com você."
Ele olhou-a quase não acreditando que aquilo podia ser verdade. Ela viu a dúvida estampada em seu rosto.
"É verdade. Eu vim aqui só para isso, para descobrir o que te aconteceu." – ela falava com angústia, um aperto de medo de que ele não acreditasse.
Sakura ouviu seu nome ser chamado e virando-se para trás viu o irmão aproximar-se, preparado para a briga.
"Onde você estava quando nós precisamos de sua ajuda?" – ela pergunta ironicamente ao irmão.
"Eu estava dando conta de um bando de palermas do outro lado do edifício." – ele responde encarando Syaoran. – "O que ele está fazendo aqui?" – pergunta com cara de poucos amigos.
"Calma Touya, está tudo bem." – ela falou tranqüilizando-o, e virou-se de novo para Syaoran. – "Então? Que tal vir conosco? Você faz as perguntas que quiser para o cara aí, e eu te mostro o que as fitas contêm."
"Sakura...." - começou Touya.
Lin encarou-a durante longos minutos.
"Vamos ver o que você tem." – e dizendo isso foi afastando-se.
"Você tem certeza que quer isso?" – pergunta Touya preocupado. – "Se esqueceu do que ele lhe fez no último encontro? Por que eu não esqueci." – Touya falava encarando Syaoran, a expressão, além daquela de raiva que sempre sentira do 'moleque', acrescentada uma de quase pânico por estarem fazendo um pacto com o suposto inimigo.
"Touya, você não vê? Ele me ajudou lá dentro. Quer respostas, por isso pegou esse cara. E eu tenho fitas de vídeo que contêm a vida dele dentro dessa organização. E além do mais contaram uma baita mentira para ele, disseram que eu sou uma terrorista. Pode isso?" – Sakura ainda estava furiosa pelas coisas que tinham inventado a seu respeito, e saiu atrás de Syaoran ainda indignada.
Ela abriu a porta do carro para Syaoran, este depositou sua carga no banco traseiro e entrou em seguida, ela entrou na frente e ficou esperando o irmão. Touya sentou atrás da direção e lançou um olhar assassino em direção a Syaoran.
"Se você tentar alguma gracinha, eu mato você."
"Touya!" – disse Sakura, sorrindo timidamente como em desculpas para Syaoran.
"Você não terá tempo de me matar se eu quiser tentar alguma 'gracinha'." – disse Lin em tom provocativo.
Fez-se silêncio dentro do carro durante o percurso.
"Touya, aonde vamos? Acho que no hotel não é seguro. Como vamos entrar com ele sendo carregado?" – disse Sakura fazendo sinal para Kuan.
"Tem uma casa nos arredores da cidade, ela é segura e afastada de olhares curiosos. E tem equipamento eletrônico para vermos o que você conseguiu pegar." – ele completou.
Ela acenou que sim, e lançou um olhar para Syaoran.
"Por que você veio Syaoran?" – Sakura perguntou, estava ardendo de curiosidade. Mas não obteve resposta, ele ficou em silêncio olhando as ruas passarem pela janela do carro.
Ela ficou olhando para ele, mal acreditando que ele estava ali, não exatamente do seu lado, mas também não querendo mais matá-la. Ele virou-se para olhá-la e os dois ficaram encarando-se, um leve sorriso nos lábios de Sakura, e a expressão fechada marcava as faces de Syaoran. Touya olhava alternadamente para a irmã a seu lado e para Syaoran pelo espelho, bem lá no fundo ele queria que aquela situação terminasse da melhor forma possível, mas no momento ele não via como isso era possível.
Chegaram a uma casa, um sobrado, Touya guardou o carro na garagem, e fechou a porta automaticamente, saiu ajudando Syaoran a tirar Kuan, ainda desacordado, do carro, subiram para o primeiro pavimento por uma escada que saía da garagem.
Lin colocou sua carga em uma cadeira, ele já estava acordando. Sakura chegou com uma corda que trouxera da garagem e deu a ele que enrolou em torno da cadeira e no corpo de Kuan prendendo-o bem.
"O que é isso?" – perguntou Kuan já totalmente acordado. – "Lin, o que você está fazendo?" – continuou olhando-o, começando a ficar nervoso.
"Eu trouxe você a um lugar mais tranqüilo para obter as respostas que quero." – Lin falou devagar.
"É essa garota. Ela o enfeitiçou de alguma maneira. Você não vê, ela é uma bruxa." – Kuan começava a ficar nervoso.
"Ué, você não disse que eu sou uma terrorista? Agora sou bruxa também? Aliás, que provas você tem de que sou uma terrorista?" – Sakura queria é quebrar a cara desse Kuan por todas as coisas que ele andou inventando a seu respeito, já ia aproximando-se dele quando Touya segurou seu braço.
Lin olhou-a, tendo certeza nesse momento de que aquela garota nunca matara ninguém na vida dela. Talvez essa fosse a primeira vez que realmente sentia raiva de alguém.
"Você não vai acreditar nela não é mesmo Lin?"
"Syaoran! O nome dele é Syaoran." – ela falou avançando para Kuan.
"Vamos ver as fitas." – disse Lin.
Touya preparou o vídeo na sala de modo que pudessem ficar de olho ao mesmo tempo em Kuan, e este também veria a TV.
A primeira mostrava Syaoran sendo levado encapuzado, e trancado em um quarto escuro, a fita mostrava que ele estivera durante dez dias nesse isolamento, somente lhe colocavam comida por uma fresta na porta. Apareceu um homem vestido de branco, Sakura o reconheceu como o Doutor Chang, ele explicava que o paciente fora isolado, em completo silêncio, para que ficasse com dúvidas e inseguro, e que gradativamente teria sido possuído pela angústia, mas as reações que se viram em outros indivíduos com o mesmo tipo de tratamento nesse caso em particular se mostrou nulo. O médico continuava suas explicações dizendo que não tinha sido exatamente uma surpresa ele ter agüentado pois era de conhecimento que a pessoa enclausurada era extremamente forte e de personalidade combativa.
O passo seguinte no tratamento, termo usado por Chang, foram sessões diárias de doutrinação, Syaoran era amarrado em uma cadeira e uma fita era rodada durante horas dizendo as mesmas coisas, qualquer um teria ficado maluco com isso, mas não Syaoran, aparentemente sua mente fugia para outro lugar, ele tinha até a audácia de sorrir, o médico aparecia na fita, explicando suas reações e já demonstrava uma leve irritação por seu tratamento não ter o menor efeito no paciente. Exercícios foram empregados, e era visível seu estado de dor devido às práticas físicas estafantes, e ainda por cima era provocado com intimidações, e apesar do aparente cansaço físico de Syaoran, sua mente continuava lúcida.
Então Doutor Chang dizia na fita que eles tiveram que apelar para outras formas de pressão para dobrar Syaoran, ele continuava amarrado na cadeira e fora colocada uma TV e vídeo cassete a sua frente, inseriram uma fita, na TV apareceu uma casa amarela, foi notada em sua expressão uma leve alteração ele já sabia o que viria, a porta da casa foi aberta e uma bonita garota de longos cabelos castanhos apareceu, estava magra triste e abatida, mas sem sombra de dúvida era Sakura, Syaoran foi ficando nervoso, até conseguir arrebentar as cordas que o amarravam na cadeira, nisso a fita que eles assistiam hoje foi desligada, Lin estava em pé, com o controle na mão, virou-se lentamente para Sakura, encarando-a com uma expressão carregada de sentimentos diversos, raiva, dor, descrença, e uma pontinha de esperança. Virou-se e saiu intempestivamente da sala. Sakura ergueu-se para segui-lo, mas Touya segurou-a pelo braço.
"Deixe-o Sakura."
"Mas Touya..." – ela começou.
"Ele precisa de um tempo sozinho, é muita coisa para a cabeça dele. Paciência minha irmã."
Sakura soltou um suspiro, sua vontade era correr atrás de Syaoran, ficar perto dele, dar seu apoio dizer que estava ali para ajudá-lo, mas ela segurou-se. Virou-se para Kuan, seus olhos, duas safiras de ódio, se fosse possível Sakura sentir ódio de alguém, esse era o momento e essa a pessoa. Chegou perto dele, sem dizer nada, e deu-lhe um soco no rosto.
"Sakura?" – Touya correu para a irmã, segurando-a por trás quando ia desferir outro golpe. – "No que isso vai adiantar? Você se sentirá pior depois, essa não é você." – ele disse tentando convencê-la, nunca tinha visto a irmã com tanta raiva.
"Essa sou eu sim Touya, sou a pessoa que esse ser desprezível transformou, uma pessoa com sede de vingança, eu acho que poderia mata-lo com as minhas mãos." – ela estava transtornada, nem sabia o que dizia.
"Sakura!" – Touya chacoalhava a irmã, tentando com isso enfiar algum bom senso em sua cabeça. – "Pare! Você não é assim. Não vê que está deixando-o governar a sua vida, seus sentimentos, assim ele sairá vencedor, não deixe que isso aconteça."
Kuan olhava a garota tentando prever sua próxima reação, num primeiro momento ficara com medo do que vira em seus olhos.
Sakura libertou-se dos braços do irmão e passando as mãos pelos cabelos, numa clara indicação de busca de controle, afastou-se em direção às escadas indo até um dos quartos, entrou encostando-se na porta, de olhos fechados, tentando controlar-se. Meu Deus, o que fizera? Quase perdera o controle, isso nunca acontecera, ela que sempre orgulhara-se de sua calma, paciência, que sempre via o lado bom das pessoas, batera em outro ser por pura raiva. Deixando as mãos caírem ao longo do corpo seguiu para o banheiro, abriu a torneira de água fria e jogou sobre o rosto, encarou-se no espelho, e quase não reconheceu a figura que ali viu, cabelos desgrenhados, faces coradas, e um brilho mortal nos olhos. Respirou fundo e soltou o ar lentamente, várias vezes. Seus pensamentos foram para Syaoran. O que seu amado passara nas mãos daquele médico louco, e desse outro que estava na sala, e tudo para quê? Por quê? Por que eles queriam de todo jeito que ele trabalhasse para eles? Que motivo mais torpe e distorcido, quase mataram-no no processo, quase mataram a ela, ai que raiva. Calma Sakura, controle-se. Syaoran precisava de sua força agora, e não de uma maluca descontrolada e assassina. Andou pelo quarto até que passando pela janela avistou um vulto nas sombras sentado no muro baixo do jardim. Syaoran. Pensativo e solitário. Que vontade de abraçá-lo, sentir seu corpo de novo pertinho do dela, fazia tanto tempo. Meu Deus, a quanto tempo não sentia seus lábios, seus braços a rodeá-la com carinho, seus olhos brilhando de amor quando a fitavam. Ele olhou para cima, como se ouvisse seus pensamentos. Ficaram olhando-se durante muito tempo até que ele levantou-se e entrou. Sakura penteou os cabelos prendendo-o em uma única trança e desceu.
Continua
N.A.: Oi pessoal! A Sakura não é demais brava? Eu adorei fazê-la perdendo o controle. Caraca, afinal ela também é humana. E o que esse pessoal dessa organização fez a seu lobinho é para deixar qualquer um com sede de vingança. Com certeza eu teria feito pior, meu marido que o diga, ele disse que eu teria batido nesse Chang e Kuan na primeira vez que me deparasse com eles...... hê temperamento terrível.....
Bom, espero que vocês tenham gostado das explicações, no próximo capítulo ainda terão algumas.
Muito Obrigada a quem está acompanhando, deixando review, e a quem está lendo e não deixando, só espero que estejam gostando também.
Miaka, Midori, Andréa, Diana, Fantomas, meus agradecimentos pelos comentários.
Kath e Andy, você são lindinhas por ainda deixarem reviews.
Patty, minha amiga sumida, você não sabe como foi bom ver o seu review, afinal essa história saiu com a sua ajuda, e você me abandonou na dois. Mas está de volta, finalmente, para botar censo nas minhas loucuras. Bem vinda ao lar.
Bom, garotas e garotos (se não o Marcelo briga), estou adorando ter vocês como acompanhantes da minha história, que continuem lendo, e mandando reviews e e-mails, agradeço os elogios e espero que as críticas sejam doces......
Rô
robm@teracom.com.br
