Capítulo 10
Amanhecia, Sakura olhava através da janela da sala, não pregara o olho um minuto sequer. Syaoran entrou na sala vindo da cozinha, fitou-a por longos instantes, não sabendo o que faria a partir desse momento, só sabia que para a vida de matador não voltaria jamais, já chegava os inocentes que tinham morrido pelas suas mãos. Mas e ela? O que ele faria com ela? Não poderia dar-lhe esperanças, pois talvez sua mente nunca mais voltasse a ser como antes. Ele não sabia se os dois tinham um futuro juntos. Tomando uma decisão ele chamou-a.
"Sakura."
Ela virou-se sorrindo, ao ouvi-lo chama-la pelo nome pela primeira vez. Mas seu sorriso morreu em seus lábios ao ver sua expressão séria, nada mudara.
"Você me leva até a casa de minha família?"
"Claro Syaoran. Deixa eu dar um jeito nos cabelos OK? Vai tirando o carro da garagem." – disse já subindo até o banheiro.
Ele a esperava ao lado do carro, virou-se quando ouviu-a aproximar-se, ela vinha com um doce sorriso nos lábios, era tão linda, tão doce, tinha os olhos verdes mais lindos que já vira... Céus, aqueles olhos verdes. Olhando-o com carinho de amiga, com preocupação quando ele estava em perigo, e com amor, o mesmo amor que ele sente por ela. Ele apenas ficou encarando-a de boca aberta, sem dizer uma única palavra.
"Syaoran." – ele ouvi-a dizer, impaciente. – "O que foi? Está parado me encarando, aconteceu alguma coisa?"
"Não....não." – ele diz meio sem graça em ter ficado contemplando-a embasbacado. – "Você está pronta?"
Ela o olha durante alguns segundos tentando entende-lo, mas resolve não dizer nada, e entra no carro.
Os dois seguem em direção a Mansão Li, um silêncio tenso paira no carro. Sakura ia pensando no que aconteceria agora, e Syaoran perguntando-se o que ele faria a partir de agora, de vez em quando lançava olhares de esguelha para Sakura. Os dois com pensamentos parecidos mas sem querer colocá-los em voz alta, as dúvidas assaltavam suas mentes.
Sakura estacionou diante de uma mansão enorme, mas a expressão de Syaoran não alterou-se.
"Acho melhor eu entrar primeiro, prepara-los para sua inesperada aparição. Tudo bem para você?" – pergunta preocupada.
"Acho que é melhor mesmo." – concorda Syaoran.
Ele continua dentro do carro, enquanto ela entra, se passam alguns minutos, e ele vê de repente uma senhora sair de dentro da mansão, muito bonita, apesar de já ter uma certa idade, ela vinha em direção ao carro, seu rosto trazendo uma ar de esperança, ele sai do carro e fica a espera-la. Ela aproxima-se coloca a mão em sua face, seus olhos cheios de lágrimas que ela não se permitira derramar.
"Syaoran....meu filho, é você mesmo." – diz como se com isso confirmasse o que estava diante de seus olhos.
Então ela faz uma coisa que muitos que a conhecem, ficariam surpresos e que nunca a viram fazer, demonstrar seu carinho por um filho, ela abraça Syaoran. Não que Yelan não gostasse de seus filhos, ela simplesmente fora criada a não dar nenhuma demonstração de afeto, mas ver seu filho desaparecido e acreditado morto a sete anos atrás, foi demais até mesmo para essa mulher muitas vezes considerada fria. Syaoran encara Sakura que estava um pouco afastada, lágrimas deslizavam por suas faces, e um sorriso luminoso brilhava em seu rosto. Ela estava linda. Como sempre fora. Ele sorri para ela e retribui o abraço da mãe.
Depois de explicado o que lhe acontecera, mas deixando a participação de Sakura no caso um tanto obscura, Syaoran foi levado até seu quarto, andou por ele vendo as coisas arrumadas com zelo, como sempre fora. Em cima de um uma mesinha ao lado da cama pegou um porta retrato, ele bem mais jovem e com uma expressão de felicidade plena, tinha uma Sakura sorridente nos braços. Essa imagem o transportou para aquele passado, mas de repente a porta se abre batendo com estrondo na parede, uma garota de longos cabelos negros entra jogando-se em seus braços, e quase derrubando-o no chão.
"Syaoran." – ela grita em seus ouvidos quase lhe estourando os tímpanos.
Sakura entra logo atrás, Graças a Deus, para lhe salvar daquele pequeno furacão.
"Essa é a Mei Lin, Syaoran, sua prima."
"O que é isso Sakura, é claro que Syaoran se lembra de mim, afinal crescemos juntos. Não é mesmo, Syaoran?" – pergunta encarando o primo.
"Sinto muito, mas não me lembro de você." – diz tentando ser educado, mas quase deixando escapar um meio sorriso.
"Ah, mas logo se lembrará, eu vou contar tudo a você, nós crescemos juntos, treinamos juntos, éramos namorados, até você ir ao Japão, mas eu fui atrás de você..." - ela foi interrompida.
"Éramos namorados?" – ele disse irônico.
"Claro, mas aí você conheceu a Sakura e decidiu ficar com ela, eu até ajudei..."
Sakura divertia-se com a animação de Mei Lin, mas Syaoran estava com uma cara muito estranha, talvez estivesse atordoado com as coisas acontecendo rapidamente.
"Mei Lin, que tal nós passarmos as informações a Syaoran aos poucos? Assim ele pode ficar confuso, mesmo por que ele já teve novidades demais por um dia. Que tal o deixarmos descansar?"
Syaoran olhou-a agradecido. Quando as duas garotas saíram ele deitou-se na cama os braços cruzados atrás da cabeça. O que estou fazendo aqui? Esse não era seu lugar, apesar de todos estarem contentes por sua volta. Tinha que pensar muito bem no que faria, por que não gostaria de magoar ninguém, especialmente Sakura.
"Touya. Então? Entregou Kuan? Está tudo bem? Ele já está encarcerado para sempre?" – Sakura atropelava as perguntas ao telefone.
"Sim. Sim. Sim." – respondeu o irmão. – "E você e o moleque? Tudo em ordem?" – ele ainda estava preocupado de que Syaoran machucasse Sakura.
"Estamos na casa da mãe dele. Ele não parece muito feliz, mas imagino que deve ser difícil estar em um ambiente em que todos o conhecem mas ele não lembra de nada. Acho que as coisas não serão muito fáceis." – ele ouve a irmã suspirar ao telefone.
"E o que você pretende fazer?"
Silêncio. Sakura sabia o que tinha vontade de fazer, mas sabia também que não seria o que faria.
"Sakura?" – insiste Touya.
"Vou voltar para casa Touya. Não tenho mais o que fazer por aqui. Eu fiz tudo o que podia, e ele não se lembra. Quem sabe convivendo com a família, aos poucos suas memórias não retornem?" – Sakura tinha um nó na garganta ao dizer isso ao irmão.
"Sakura. O que é que você sempre diz? Tudo dará certo. Tenha fé minha irmã."
"Tá." – disse, não conseguindo dizer mais nada. Engoliu em seco. – "A gente se encontra no aeroporto?"
"Sim. Vamos à noite. Estou esperando a equipe que foi até o Porto para pegar Dr. Chang e o resto dos homens de Kuan."
"Está bem. Te encontro no aeroporto." – disse despedindo-se do irmão.
Ela virou-se dando de cara com Syaoran.
"Você vai aonde?" – pergunta ele.
"Para casa." – diz sem encara-lo.
"Por quê?"
"Você está com sua família, vai ser mais fácil lembrar-se de sua vida de antes. Eu já fiz minha parte." – conclui desviando-se dele.
Syaoran não a deixa ir, segurando-a pelo braço.
"E se eu nunca me lembrar?"
Sakura não queria pensar nessa possibilidade, mas ela existia. Encarou-o com os olhos cheios de lágrimas.
"Ficarei feliz em saber que você está vivo Syaoran. Para mim é suficiente saber que você existe nesse mundo." – disse tocando-o de leve no rosto.
Ele pegou sua mão, e beijou-a, Sakura aproximou-se e beijou-o nos lábios, um beijo doce, com um gosto de saudade.
"Eu estarei esperando." – falou baixinho, soltando a mão que ele ainda segurava, e saiu rapidamente.
Ele ficou olhando-a afastar-se, uma sensação de perda e angústia a apertar-lhe o peito. Mas sabia que deixa-la ir era o certo. Mal sabia ele que era exatamente aquilo que sua mãe perguntava a Sakura.
"Você acha que é o certo minha filha?" – pergunta Yelan para Sakura, em frente à mansão.
"Pode não ser o certo. Mas eu não agüento mais vê-lo olhando para mim e não sabendo quem sou. Me dói ficar perto dele e não poder abraça-lo." – diz olhando em direção a casa. – "Cuida bem dele. Por Favor. – pede não conseguindo conter-se."
Yelan abraça aquela garota, da mesma maneira que fizera com seu filho, pois Sakura também era um pouco sua filha. Palavras não são necessárias.
Sakura entra no carro que iria leva-la ao aeroporto dizendo ao motorista que estava pronta. Dá um último adeus a Yelan.
Syaoran estava à janela vendo Sakura despedir-se de sua mãe. Sua vontade era pedir a ela que não fosse, mas não teve coragem. Ficou ali durante vários minutos, pensando se fizera o certo. Foi interrompido por uma das empregadas.
"O Senhor Touya no telefone para senhorita Sakura. Eu disse que ela já tinha ido para o aeroporto, então ele pediu para falar com o senhor."
"Tudo bem. Eu atendo." – disse pegando o aparelho na mesinha ao lado. – "Sua irmã já partiu." – diz sem nem ao menos identificar-se.
"Droga. Faz muito tempo?" – ele parecia nervoso.
"Alguns minutos. O que houve?" – ele sentiu uma espécie de pânico inexplicável.
"Chang não foi encontrado." – Touya disse sem rodeios. – "Você tem guarda costas aí, não é mesmo?"
"Acho que sim. Você acha que ele pode vir para cá?"
"Tudo é possível. Mas agora tenho que ir ao aeroporto. Não quero deixar Sakura sozinha." – ele estava mais do que preocupado.
"Ele pode ir atrás dela? Ele não teria como saber onde ela está." – Syaoran tentava raciocinar com calma, mas a sua mente vieram as coisas que aquele lunático fizera, se ele pegasse Sakura.....
"Eu tenho medo que ele queira vingar-se dela, pois seu maior projeto saiu de suas mãos. Você!"
"Estou indo ao aeroporto." – disse desligando sem dar chance de Touya responder.
Syaoran saiu apressado esbarrando em Yelan no hall da mansão.
"Onde vai com tanta pressa meu filho?" – pergunta ela.
"Os carros ainda continuam com a chave na ignição?" – pergunta sem parar de andar seguindo para a garagem.
"Sim....mas como você sabe?" – Yelan se espanta.
"Depois mãe."
Syaoran entrou em um Mazda RX8, prata, conversível, o mais veloz da coleção, e saiu em disparada. Pegou o caminho mais óbvio para o aeroporto, um aperto no coração dizendo-lhe que chegaria tarde demais para ajuda-la, se não fosse tão orgulhoso de si, tão teimoso, arrogante, burro, estúpido, ela estaria agora em sua casa e não em perigo. Depois de uns quinze minutos pela auto estrada, ele reparou em um carro mais a frente parado no acostamento, o mesmo em que Sakura saíra de sua casa, encostou atrás parando bruscamente. Aproximou-se correndo, no volante, caído com um tiro na testa o motorista, no banco de trás as portas abertas lhe deixaram ver marcas de sangue, sua respiração parou por alguns segundos, ele tentou pensar friamente, mas era impossível. Sakura fora levada e estava ferida.
Nisso um carro aproximou-se velozmente, em sentido contrário, avançou e fez uma curva rápida retornando. Quando Syaoran ergueu a cabeça viu Touya aproximando-se. O irmão de Sakura não precisou perguntar nada ao chinês, estava escrito em seu rosto que o pior acontecera, sua irmã fora levada.
Depois de olharem a toda volta do carro para tentarem achar alguma pista, os dois se encararam.
"E agora?" – pergunta Touya, tentando controlar-se, mas o desespero era visível em sua expressão.
"Vamos para a mansão. Ele quer a mim, é lá que irá me procurar." – Syaoran falava tranqüilamente, mas por dentro sua raiva era tanta que poderia esmurrar alguém, descontou no capô do carro, sua mão machucando-se no processo, mas ele nem sentiu a dor.
Touya apenas olhou-o sem dizer nada. Em silêncio seguiu para o carro. Syaoran fechou os olhos suspirando profundamente, paciência não era seu forte, mas ele esperaria para torcer o pescoço de Chang, e faria isso lentamente, jurou com expressão de vingança.
Continua
N.A.: Oi Pessoal! Me desculpem pelo capítulo curtinho, mas tinha que ser assim.
Acho que vocês perceberam o que aconteceu nesse capítulo não é mesmo? Espero que sim, não sei se ficou muito na vista, mas dei várias dicas, como vocês são espertos, já mataram....eheheh...
Ah Diana, fala sério, a Sakura está se agüentando bem, mas tenho certeza que no dois ela está melhor ainda. No próximo capítulo vc irá admirá-la, ela teve muito sangue frio, bom eu sou suspeita né?
Ei Andy, não se preocupe com os reviews, não te acho uma amiga desnaturada, eu sei que é complicado deixar review em todos os capítulos, fica tranqüila.
Felipe, você sumiu mesmo, mas que bom está de volta, valeu por continuar a acompanhar a história.
Patty, só você mesmo para gostar dos capítulos curtos...eheheh.... saber que você está aí lendo de novo, me deixa muito feliz.
Oi Angel, obrigada por deixar um review, adorei saber que você está acompanhando a história. Vou continuar sim, não se preocupe.
Pessoal, obrigada pelos reviews, e-mails e comentários..... Escrevam
robm@teracom.com.br
Rô
