Capítulo 12

Sakura abriu os olhos devagar, estava em uma sala escura, apenas uma réstia de luz entrando por baixo da porta, sabia que estava em um navio, mas onde? O Porto de Hong Kong era enorme, tinha que dar um jeito de fugir, mas sem suas cartas, ela sentia-se insegura. Que é isso Sakura? Não é hora para dar uma de covarde, a vida de Syaoran depende de você sair daqui antes que ele chegue. Sua consciência não parava quieta desde o momento que acordara, ali naquela sala. Havia saído apenas para ouvir Chang marcar o encontro com Syaoran, seu ombro doía terrivelmente, devido ao tiro que levara, próximo ao outro ferimento, no momento em que fora pega, e ele ainda apertara o machucado, fazendo com que ela gritasse de dor, ele a usara para fazer com que Syaoran fizesse o que ele queria. Mas uma coisa estava deixando-a com dúvidas. Syaoran não se lembrava dela, por que motivos iria salva-la? Estava agradecido por ela ter ajudado-o a desvendar seu passado? Pena por saber que Chang era um lunático? Ou estava atrás de vingança? É, só podia ser isso. Mas ela tinha que parar de pensar e começar a agir, se bem que com suas mãos presas atrás das costas por algemas, seria um pouco mais difícil. Começou a olhar em volta, agora com a visão já adaptada à penumbra, a sala estava totalmente vazia, ela vasculhou cada canto, impaciente para achar um meio de se soltar, forçou as algemas tentando passar os pulsos, mas não conseguiu. Espere, se ela conseguisse encontrar alguma substância que fizesse com que as algemas deslizassem pelos pulsos seria mais fácil, passando os braços pelas pernas conseguiu com que suas mãos ficassem a sua frente, quase gritou de dor, devido ao ferimento, mas conseguiu controlar-se, levantou-se meio cambaleante devido a perda de sangue, mas tirou forças não soube de onde, e ficou em pé, respirou profundamente para espantar a vertigem e lentamente começou a vasculhar os canos à mostra, afinal estava no porão, deveria passar algum tipo de óleo por ali. Chutou um cano com toda sua força, mas apenas vapor saiu dele, depois de várias tentativas, ela escorregou para o chão desanimada, lágrimas subiram-lhe aos olhos, mas ela as engoliu, não iria chorar como uma criança. Olhou os pulsos machucados pelo aço da algema, manchados de sangue, seus olhos brilharam, como era idiota, procurando a saída quando ela estava ali mesmo na sua frente, tomando ar e juntando forças para o que iria fazer ela começou a torcer os pulsos em volta da algema, o ferimento abriu-se mais ainda, a dor era intensa, mas nada comparado a idéia de perder Syaoran. De novo. O sangue fez com que as algemas deslizassem pelo seu pulso e Sakura finalmente ficou livre.

Céus, como doía, mas colocou esse detalhe de lado, agora teria que sair dali, aproximou-se da porta. Droga! As dobradiças ficavam pelo lado de fora, já tinha visto em vários filmes quando tiravam os pinos da porta, mas sempre eram pelo lado de dentro. Deu uma volta pelo aposento tentando encontrar uma solução, mas nisso ouviu o som de passos, alguém aproximava-se. Rapidamente deitou-se com as mãos para trás, e fechou os olhos, a porta abriu-se e pelos olhos semicerrados ela viu um vulto abaixar-se deixando algo no chão, mais do que depressa, Sakura deu-lhe um violento chute no rosto, ele caiu pesadamente para trás, ficando desacordado, ela tirou sua arma do coldre e saiu para o corredor trancando a porta. Não gostava muito de armas, mas sem suas cartas não via outra solução. Olhou para os dois lados e não viu ninguém, silenciosamente esgueirou-se, atenta ao menor som, subiu as escadas para o convés, escondendo-se nas sombras. Ela não poderia sair sem suas cartas e a chave, mas onde poderiam estar? Provavelmente na cabine de comando no ponto mais alto do navio, já ia dirigir-se para lá, quando ouviu uma voz que fez com que petrificasse no mesmo lugar.

"Estou aqui Chang!"

Syaoran! Droga, ela fora muito lenta para soltar-se. E agora? Ela não conseguia vê-lo, correu abaixada até alguns barris encostados a um canto, ergueu a cabeça milímetros e o viu, pernas afastadas, expressão determinada, mas os olhos eram duas chamas de ódio. Chang não sabia o que o esperava, Syaoran iria mata-lo, estava escrito em seu rosto. Sakura não poderia deixa-lo fazer isso, não mais. Já ia sair de seu esconderijo quando viu um vulto a sua direita, ele embrenhava-se nas sombras, e olhava para os lados como se não quisesse ser visto. Homem de Chang? Ele poderia estar tentando aproximar-se de Syaoran, rapidamente deu a volta para interceptá-lo, quando ele ia passando por ela deu-lhe um chute no estômago, ele não soltou um som, mas dobrou-se em dois, ajoelhando-se, ela já ia chuta-lo na cabeça quando ele a segurou pelas pernas derrubando-a, ela sentiu a cabeça batendo no chão, mas se ele queria briga iria ter, antes que ele pudesse imobiliza-la rolou o corpo levantando-se agilmente, num salto mortal pulou por cima do atacante, e chutou-lhe suas partes mais sensíveis, fazendo com ele se dobrasse de dor, e segurando-o pelos cabelos passou o braço pelo seu pescoço.

"Um pio e quebro seu pescoço." – sussurrou em seu ouvido.

Ela sentiu a tensão se esvair do corpo do homem.

"Sakura?"

Ela relaxou o braço, surpresa, e ele virou-se para ela.

"Sakura! Eu não acredito! Você quase me aleijou, ficou maluca? Você pode nunca ser tia, sabia?" – Touya, sussurrando, descarregava parte da tensão ao saber que a irmã estava em perigo em forma de reprimendas, mas nunca ficara tão feliz em vê-la.

"Touya!" – ela atirou-se em seus braços.

Ele retribuiu apertando-a fortemente.

"Mas o que você está fazendo aqui? E com o Syaoran?"

"Que pergunta mais cretina. É claro que viemos busca-la. Enquanto Li distrai Chang eu a tiraria do navio. Agora ficou mais fácil. Vamos!" – disse segurando a mão da irmã a já puxando-a em direção a amurada do navio.

"Não!" – ela puxou a mão. – "Eu nunca sairia daqui sem o Syaoran. E você está esquecendo-se das minhas cartas. Eu tenho que recupera-las."

"O Syaoran sabe se cuidar, e quanto a suas cartas depois que ele acabar com o Chang ele as pega para você." – disse Touya pegando de novo sua mão, mas mais uma vez ela a puxou de volta.

"Acabar com o Chang? Quer dizer mata-lo? Eu sabia, aquele olhar dele.... Eu não posso deixar que ele o mate. Syaoran nunca se perdoaria. Ele já tem muitas mortes para carregar na consciência. Eu tenho que impedi-lo." – disse indo na direção de onde tinha ouvido a voz de Syaoran.

"Não Sakura. Você vai distrai-lo. Ele se preocupará com você e pode ser pior."

"Ora Touya, como ele pode preocupar-se comigo se não se lembra de mim." – o silêncio de seu irmão lhe disse mais que mil palavras. – "Ele se lembrou." – Sakura estava maravilhada.

"Eu não disse isso." – Touya desconversou.

Sakura olhou-o com dúvida, não acreditando nem por um momento, mas resolveu deixar passar.

"Não importa, eu não saio daqui de jeito nenhum."

Saiu correndo abaixada em direção a Syaoran, quando o viu ser agarrado por três brutamontes, e o que era mais estranho sem resistência.

"Sakura. Você só irá atrapalha-lo, vamos sair daqui."

"Não. Eu não posso Touya, eu já abandonei o Syaoran uma vez, agora eu vou ficar ao lado dele, não importa o que aconteça."

"E o que ele fez por você? Não conta? Está se rebaixando para aquele cara por sua causa, quer colocar tudo a perder?" – Touya sabia ter usado um recurso baixo, mas tinha que tirar sua irmã dali, sua palidez estava assustando-o. – "Você está ferida?"

"Só um machucado no ombro." – ela diz sem dar importância ao fato.

"No mesmo lugar do outro?" – perguntou notando o sangue. – "Sakura você tem que ir para o hospital. E suas mãos? Por que estão sujas de sangue?" – ele perguntou tentando aparentar tranqüilidade, mas não conseguia ver a irmã machucada sem ficar histérico.

"Foi para soltar as algemas." – ela falava como se aquilo não fosse nada. – "Touya, vamos subir, eles estão tão concentrados em Syaoran que nem darão conta de que estamos aqui."

"Não Sakura, eu prometi ao Syaoran que tiraria você daqui, ele só está esperando meu sinal." – Touya estava irredutível.

"Que sinal?" – ela pergunta inocentemente.

"Qualquer um... Não, Sakura, volta aqui sua maluca." – ele sussurra ao vê-la saindo em disparada em direção à escada que levava à cabine de comando do navio. – "Droga. Deus me livre de mulheres apaixonadas."

Sakura esgueirou-se em direção ao alto do navio, ficando abaixo de uma das amplas janelas da cabine, apurou os ouvidos.

"Ótimo. Era assim mesmo que eu queria vê-lo. Subjugado, como você nunca ficou antes, nem com os piores medicamentos. Sabe, você foi uma fonte constante de irritações para mim, mas esse momento está valendo por todas as vezes que você me embaraçou diante de meus superiores por não responder devidamente aos meus métodos de lavagem cerebral." – disse uma voz que Sakura reconheceu como a de Chang.

Sakura ergueu-se e viu Syaoran de joelhos, sangue escorria de um ferimento na boca, mas somente Chang não enxergava que ele não havia subjugado seu espírito, ele poderia estar no chão, mas não estava vencido. Era hora de agir, não deixaria seu orgulhoso guerreiro mais um segundo naquela posição, erguendo a arma que tinha retirado do guarda, ela ergueu-se, entrando na sala, surpreendendo a todos, veloz postou-se por trás de Chang, agarrando seu pescoço e apontando a arma para sua cabeça.

"É melhor vocês soltarem suas armas, meu dedo está fazendo cosquinhas de vontade de puxar esse gatilho." – mais do que sua atitude, seu tom de voz e seus olhos semicerrados, convenceram três dos bandidos a obedecerem-na, um quarto tentou pegar sua arma, mas foi impedido por outra voz.

"Acho que você ouviu a garota." – disse Touya.

Sakura sorriu para o irmão, sabia que ele não a deixaria sozinha.

"Syaoran, você está bem?" – ela pergunta.

Ele deu uma olhada para Sakura, somente agora percebendo como ela amadurecera, de garota tímida e insegura, a mulher forte e determinada.

"O que você acha?" – ele responde soltando-se das cordas que o amarravam.

"Você estava solto?" – surpreende-se Chang. – "Por que...." – não completou, tamanha sua surpresa.

"Por que não me soltei? Estava esperando Sakura estar em segurança." – e virando-se para Touya. – "Eu não disse para você tira-la daqui?" – gritou.

"Eu bem que tentei, mas fica impossível conversar com uma pessoa mais teimosa que uma mula."

"Você não tinha que dialogar com ela, pegasse-a pelos cabelos e tirasse daqui."

"É fácil para você falar, não tem que lidar com ela."

"Eu pedi que você fizesse uma coisa simples, e nem isso você foi capaz."

"Olha só como fala comigo, seu moleque super desenvolvido."

Os dois estavam tão concentrados na discussão que não perceberam que Sakura já estava no limite de suas forças.

"Chega!" – grita Sakura. – "O que é isso? Ficaram malucos?" – ao mesmo tempo que disse isso, sentiu seu corpo não respondendo mais à sua vontade.

Chang pressentindo seu relaxamento, livrou-se do braço que ainda estava em seu pescoço, batendo na mão em que ela segurava a arma, esta voou para longe, Sakura caiu no chão desequilibrada pelo golpe.

Várias coisas aconteceram ao mesmo tempo. Chang avançou em direção a arma, juntamente com Sakura, que buscou energias para esse último esforço. Touya atirou em um dos bandidos, acertando-o no peito enquanto derrubava outro com um poderoso chute. Syaoran invocou sua espada, derrubando um outro bandido, e quando avançou em direção a um quarto este saiu correndo, chamando o Deus do Trovão ele o derruba com a força de seu golpe.

Sakura e Chang ainda lutavam pela posse da arma, mas a garota muito fraca pela perda de sangue perde a batalha. Ele levanta-se apontando para ela, que ficou estendida no chão, Syaoran e Touya ficam estáticos no mesmo lugar, com medo de que ao menor movimento Chang disparasse a arma em direção a Sakura.

Ele respirava pesadamente.

"Eu sempre imaginei... que a maior humilhação para você... seria estar rastejando pela sua vida. Mas me dei conta agora que você nunca faria isso... Não por você. Mas por ela, sim."

Syaoran tremeu interiormente, mas não deixou que Chang percebesse seu estado de apreensão.

"E por que você diz isso? Eu não sei quem é essa garota. Só a conheço pelo que eles me disseram, e o que vi na fita. Eu posso ter tido algum tipo de relacionamento com ela no passado, mas hoje ela apenas é a mulher que me devolveu uma parte de minha vida, sou grato a ela, mas não lhe devo nada." – ele tinha que ser convincente. – "Tenho pena dela por ter perdido o antigo Syaoran, mas eu não sou ele, e talvez nunca mais volte a ser."

Chang ficou decididamente confuso, tinha certeza que ele nesse momento já teria lembrado de tudo, será que ele estava mentindo para salva-la? Olhou-o fixamente, mas a expressão dele não mudou, não viu o mínimo de sentimento pela menina. Droga. Ele tinha certeza que Syaoran já preocupava-se com ela. Tentou ainda.

"Então por que você veio salva-la?"

"Eu não vim salva-la. Ele é que veio." - disse apontando para Touya, que estava atordoado pelo moleque ser tão bom ator, estava até com dúvidas se ele se lembrava ou não. – "Eu vim aqui simplesmente para mata-lo. – terminou sem deixar dúvida que alcançaria seu propósito."

Chang ergueu lentamente a arma em direção a Syaoran. Sakura segurou a respiração, quase saíra correndo para os braços de Syaoran quando ele estava falando que não se lembrava dela, ele poderia ter enganado a Chang, mas não a ela, ele lançara-lhe um olhar tão rápido que somente ela percebera, mas nele ela viu o que esperara desde que o reencontrara de novo, amor, seus olhos brilharam do mesmo jeito que sempre a fitavam, com o mais puro amor, um brilho que somente ela reconheceria. E a estratégia dera certo, Chang estava apontando a arma para ele. Agora era sua vez de protege-lo.

Ergueu-se num salto pegando o braço de Chang e erguendo-o para cima, fazendo a arma disparar, ele tentou de todos os meios soltar-se, mas a menina tinha uma força impressionante, mesmo estando machucada e fraca pela perda de sangue. Ele apertou o ombro ferido dela, pensando que ela o soltaria pela dor, ela gritou, mas foi em vão, estava alucinada de raiva dele.

"Sakura!" – gritaram Syaoran e Touya ao mesmo tempo, avançando em direção aos dois.

Mas Sakura estava possessa, empurrou Chang e os dois passaram pela porta em direção às escadas, rolaram e caíram no convés principal, ambos atordoados pelo impacto. Chang recuperou-se mais rápido e de novo de posse da arma apontou para ela.

"Você já me atrapalhou muito." – e atirou em sua direção, mas ao mesmo tempo as cartas que estavam no bolso de Chang voaram em direção a sua mestra, formando uma barreira de proteção. Chang atirou outras vezes desvairado de raiva, mas foi impossível acerta-la.

As balas acabaram, deixando Chang olhando atordoado para a arma em sua mão. Syaoran chegou nesse momento, derrubando Chang no chão e encostando a espada em seu pescoço, um filete de sangue a escorrer do ferimento. Touya ajudou a irmã a levantar-se, ela estendeu as mãos e as cartas repousaram docilmente nelas. Ela aproximou-se de Syaoran.

"Não Syaoran. Não o mate. Por Favor!" – ela suplicou ao rapaz.

Mas ele não pareceu ouvir, por sua mente passavam, os sete anos de sofrimento, sob vários tipos de tortura, os homens inocentes que ele matara, Sakura sofrendo por ele, isso ia lhe dando uma raiva tão intensa, que ele cravou a espada com mais força, deixando o homem com os olhos arregalados de pânico.

"Você não é assim. Syaoran, você não pode mata-lo. Por Favor." – ela agora chorava desesperadamente.

"Por que não posso? Posso sim. Veja o que passei. Veja o que você passou." – disse encarando-a. – "Olhe para você. Machucada, sangrando..." – ele parou de repente. – "Você está sangrando Sakura!" – só agora percebendo os ferimentos da menina.

"Não é nada." – ela disse. – "Solte-o, por favor."

Mas Syaoran já tinha afrouxado a mão, deixando que o médico deslizasse para o chão em busca de ar, a espada esquecida a seus pés, rapidamente Touya prendeu as mãos de Chang para trás. Syaoran segurava os braços de Sakura.

"Você está machucada. Por que foi que não disse antes? Touya seu idiota, por que não me falou que sua irmã estava machucada?" – gritou em direção ao rapaz.

"Olha lá como fala comigo, projeto de guerreiro." – disse Touya, mas não bravo, pois afinal ele estava preocupado com sua irmã.

"Vamos!" – disse Syaoran pegando Sakura no colo. – "Para o hospital."

"Eu já disse que estou bem. A bala entrou mas saiu."

"BALA!" – gritam Syaoran e Touya juntos.

Syaoran já quase colocando Sakura no chão para terminar o que começou, mas dessa vez enfiaria a espada fundo no coração de Chang. Touya dando um cascudo no homem. Nisso chegam os agentes da divisão chinesa que Touya havia chamado pelo celular quando Sakura saiu atrás de Syaoran. Deixando o bandido nas mãos dos agentes ele saiu atrás de Syaoran com Sakura ainda nos braços.

"Você dirige." – disse Syaoran a Touya, entrando no banco de trás do carro.

"Vocês dois, me parece que ficaram muito amigos." – disse Sakura com ironia na voz.

"Amigos. Bah!" – resmunga Touya.

Syaoran afasta a camiseta de Sakura para olhar seu ferimento, e fica preocupado com o que vê, não sabia como ela estava agüentando, estava muito feio e havia sangue por todo lado, a bala tinha entrado justamente acima do ferimento anterior que ele mesmo lhe infligira. Praguejou entre dentes, sentindo-se o último dos homens.

"Está muito ruim?" – ouviu a voz dela suave quase um sussurro bem junto a sua orelha, arrepiou-se todo.

Como se isso fosse hora para sentir algo que não preocupação.

"Um pouco." – disse simplesmente, mas sem querer mentir.

"Estamos quase chegando." – ele ouviu Touya dizer ao mesmo tempo que trocavam um olhar preocupado pelo retrovisor.

Sakura fechou os olhos, estava ficando muito cansada, talvez antes na luta, a adrenalina estivesse a mil, e não sentisse a dor do ferimento ou o latejar insistente nos pulsos feridos, mas agora que seu corpo esfriara, sentia dor em todos os músculos, e até em alguns que nem sabia da existência.

"Não durma." – ela ouviu a voz de Syaoran de muito longe.

Abriu os olhos lentamente, ergueu a mão lentamente acariciando-o no rosto. Ele estava tão lindo. Seu Syaoran. Seu amor. Sua vida.

"Eu te amo Syaoran. Você mentiu muito bem para o Chang." – disse sorrindo suavemente, e fechando os olhos de novo.

Perdeu a expressão de surpresa que passou pelo rosto dele. Como ela sabia? Ele não falara nada. Olhou rapidamente para Touya.

"Eu não disse nada." – ele falou desviando os olhos do retrovisor.

"Touya tentou me enganar mesmo, mas quando você disse tudo aquilo para o Chang eu tive a certeza que você tinha lembrado."

"Eu não menti para o Chang." – tentou ainda convence-la.

"Eu não sei o motivo pelo qual você quer enganar-me, mas saiba que não vou força-lo a nada. Só de saber que você está vivo para mim já é a realização do meu mais profundo desejo. Mesmo que você não me queira mais." – terminou baixinho, uma lágrima traiçoeira a deslizar pelo canto de seus olhos.

Syaoran sentiu-se o último dos vermes, mas sabia que estava fazendo isso pelo bem dela. Sentiu o corpo dela relaxando de encontro ao seu e gelou.

"Sakura!" – ele chamou deixando Touya receoso de seu tom. – "Sakura!" – gritou desesperado, mas ela estava inconsciente.

Continua

N.A.: Oi Pessoal! Me perdoem a demora para postar, mas devido a alguns acontecimentos, andei sem muito tempo, ou até mesmo ânimo. E olha que eu estava louca para colocar esse capítulo no ar, pois é o meu preferido. Mas aí está ele, com um pouco de atraso, mas na íntegra.

É uma pena, mas essa primeira história está quase chegando ao seu fim, apenas teremos mais um capítulo.

Gostaria de colocar o nome da cada um aqui, que mandou review no capítulo anterior, mas essa semana eu me atrapalhei toda e não anotei quem mandou. Por isso me perdoem, mas agradeço de coração a você que está acompanhando e deixando seu comentário.

robm@teracom.com.br