Nome da Autora: Cindy "Lain-chan"
E-mail: fly2angels@yahoo.com.br
Sinopse: Dois anos após terminarem seus estudos em Hogwarts, o trio formado por Harry, Hermione e Rony faz parte da Ordem da Fênix. A Guerra contra o Lado das Trevas está chegando em seu ponto mais crítico, e um estranho dom que Harry adquiriu, o de premeditar certos atos que os Comensais da Morte iriam fazer, será a peça principal para o cheque-mate de um dos lados. Resta saber se isso será uma vantagem para o Lado de Voldemort ou para o lado de Harry.
Disclaimer: Ok, como diria um conhecido meu, alguém que não saiba sequer o significado de "fanfiction" provavelmente não vai saber me processar por estar fazendo uma inocente fanfic...
Nota da Autora: Eis a minha primeira fic em português no fanfiction.net e, como vocês, que lêem as fics em português do fanfiction.net já devem ter reparado, o público é bem menor do que o da seção em inglês. Portanto, se você conseguir ler essa fic até o final, por favor, deixe seu comentário. ^_^ Flames serão usados para tostar marshmallows, e tenho dito.
Segunda Nota da Autora: O nome desse capítulo é o nome da banda de um amigo meu ( que provavelmente nunca vai ler essa fic porque não curte Harry Potter, sniff... ;_;) , e eu acabei encontrando essa música com o mesmo nome e que eu acho que ele gosta. Aliás, eu acho que é por causa dessa música que ele nomeou a banda com esse nome.
Terceira Nota da Autora: OK, OK. Eu demorei uma eternidade para escrever este capítulo. Mas... sabecumequié, começaram as aulas, treinos de kung fu, aulas de pinturas, problemas pessoais... misture tudo e você não encontrará muito tempo ou inspiração para escrever. Mas, olhem pelo lado bom! O próximo capítulo provavelmente será o último, e eu acredito que ele vai ser escrito muito mais rapidamente do que este aqui. Ou talvez não. -_-" . Bem, eu só queria deixar registrado aqui um pedido de desculpas pra todo mundo que estava esperando por esse capítulo há meses. -_-"
Quarta Nota da Autora (aka Agradecimentos): dely_li, eu acho que quase te matei do coração com a demora, não é mesmo? =op O mesmo vale para a Li Hio... e Diana Prallon, eu juro que sequer pensei na possibilidade da poção Polissuco... @_@ eu acho que essa parte do enredo estava tão certa na minha cabeça que eu nem verifiquei todas as possibilidades. =op Kaolla Su foi outra que ficou esperando pelo capítulo... bem, espero que esse aqui não lhe decepcione. ^.^ Sylvia Malfoy, não, eu não estava zoando quando eu disse que não sabia o que era 'gira'... essa gíria não é usada no Brasil... =op E eu ainda não explico nesse capítulo o que aconteceu com o Harry... só no capítulo final, mesmo. =op Ártemis, eu não posso fazer nada, bloqueios criativos não escolhem momento para acontecerem! Zena, eu não tenho culpa de amar Cliffhangers! Falando sério, eu acho que é meu instinto maligno para com os leitores... =op E a herdeira é outra que não é muito esclarecida nesse capítulo... só no próximo, também =op Rogue, novamente, eu sou uma mente maligna que adora deixar seus leitores pendurados... mas não era a minha intenção que vocês ficassem pendurados por TANTO tempo =op Michiru Kaioh, tadinha, deve estar com os olhinhos girando, girando... =op KK-Watson, valeu pelo elogio! ^.^ Ah, e um aviso a todos os leitores: algo que me diz que vocês vão querer dar uma olhada no primeiro capítulo de novo depois de lerem esse daqui... é que algo acontece nesse capítulo que, bem, pode ser meio surpreendente para quem não prestou muita atenção num certo parágrafo do primeiro capítulo... =op Bom, chega de enrolar! Boa leitura! ^.~
E Eu Sonhei Com Campos Onde Choviam Gotas Carmesins
Capítulo VI: Ten Minutes
Ten minutes to downtown, is ten minutes too far.
When my friends all say I'm crazy,
Maybe I'm being selfish.
Maybe I'm just scared.
- The Get Up Kids, "Ten Minutes"
Ele deveria estar morto.
Mas não estava.
E isso quando Draco pensava que as coisas não poderiam ficar mais complicadas.
- Potter?
- Dez pontos para a Sonserina pela brilhante dedução, Malfoy – disse Harry, encostando-se no tronco daquela árvore solitária. – Sentiu saudades?
- Pare de falar assim! Você deveria estar morto, seu estúpido! – gritou Draco, dando alguns passos para trás num gesto de puro medo. Harry apenas deu de ombros.
- E...? – o maldito sorria! Se já não estivesse morto, Draco tinha certeza de que teria assassinado Potter por tal sorriso em tão maldita hora.
Espere. Mortos não falam com os vivos, falam? Potter estava morto, não estava? Então o que raios o garoto de ouro estava fazendo na frente de Malfoy?
A menos que Malfoy também tivesse morrido também e...
... ok, Draco estava precisando de um médico. Agora.
- Mortos não falam! – gritou novamente Draco, caminhando até Harry num ato de falsa coragem. Falsa, já que tremia a cada passo.
- Como você pode ter tanta certeza? – Harry novamente sorria. Por mais óbvia que parecesse a questão, já que Potter havia sido declarado morto e pronto para ser enterrado, Draco tinha de reconsiderar suas afirmações... afinal, o fato de Harry Potter, o Garoto Que Deveria Ter Morrido Mas Havia Voltado Só Para Lhe Importunar, estava bem à sua frente adicionava dados contraditórios à sua tese. Além do mais, Potter não estava questionando o fato de estar morto, e sim o fato de poder ou não falar.
Isso começava a estar parecido demais com algum tipo de filme de terror classe C para que Draco se sentisse à vontade.
- Pois bem, eu não tenho certeza de mais nada – Draco esperava que sua súbita sinceridade pegasse Potter de surpresa, pois ele não possuía mais nenhuma arma contra mortos que voltam do além. – O que você pretende, Potter? Tornar-se o monstro debaixo da minha cama?
- Oh, não... acabaram me oferecendo empregos muito melhores do que esse – disse Harry dando de ombros casualmente. – Eu vim aqui porque você está me devendo algo, Malfoy, e você não quer ficar com uma dívida não-paga com um bruxo póstumo, quer?
- Era essa a minha intenção, mas eu estou disposto a ouvir qual seria a sua sugestão – Draco começava a olhar para os lados, suspeitando que Potter talvez não tivesse voltado do além sozinho. Quem sabe se ele não teria trazido seus pais para lhe fazer companhia? No entanto, o ar quente de verão daquele lugar não escondia ninguém.
- Na realidade, não é uma sugestão – Harry deu um passo na direção de Draco, que instintivamente deu um passo para trás. – É sua obrigação.
- E o que lhe faz pensar que pode me obrigar a fazer qualquer coisa? – não, Draco definitivamente não perderia seus nervos com facilidade. Não que confrontar um antigo inimigo que deveria estar morto poderia ser classificado como uma situação fácil de se lidar, claro.
- Bem, talvez eu esteja redondamente enganado e você esteja com muita vontade de descobrir como eu voltei para cá... – disse Harry, passando despreocupadamente uma de suas mãos pelo cabelo. – Sabe, é o tipo de coisa que aparece em filmes de terror, e eu nunca acreditei que você fosse exatamente um fã de filmes de terror – fez uma pausa, sorriu. – Afinal de contas, você prefere fazer os horrores você mesmo, não é?
- De preferência – disse Draco, pensando – e não ousando falar isso para Potter – que definitivamente ele preferia fazer os horrores, jamais sofre-los. Afinal, sofrimento não era algo para gente como Draco Malfoy.
- Bem, mas você deve saber que eu não vim aqui para discutir suas tendências sádicas... – disse Harry, e pela primeira vez naquele encontro ele fechou sua expressão, olhando com sobriedade para Draco. – Eu vou lhe pedir apenas uma coisa... e isso deve pagar a sua dívida de traição. Eu quero que você faça novamente uma pequena traição.
- Nada muito difícil. Eu esperava mais de você, Potter – disse Draco, o cinismo escondendo o nervosismo em sua voz. – O que você quer? Fotos do Crabbe em couro? Eu aposto que devo ter algumas guardadas em algum lugar...
- Não troque os papéis, Malfoy – Harry permaneceu inexpressivo, nem sorrindo nem sombrio. – Eu faço as piadinhas cínicas. Você é o desregulado mental da história.
- Oh, obrigado por me lembrar desse detalhe – Draco manteve seu desdém no máximo. – Pois então, nós poderíamos ficar horas nesse joguinho de palavras e você demoraria séculos para me dizer o que você tanto quer – percebendo como estava submisso, Draco ergueu o nariz o mais alto que pôde. – Aí, eu digo que não vou fazer porcaria nenhuma e te mato de novo.
- Eu não tentaria algo tão idiota se fosse você. Afinal, seu mestre passou mais de dez anos vivendo como algo inferior a uma minhoca depois de tentar me matar – disse Harry, balançando a cabeça com decepção. – Pule para a parte onde você me obedece que você facilitaria a sua e a minha partes.
- Pois então, dê as cartas – não que Draco tencionasse obedecer ao maldito garoto de ouro, mas precisava livrar-se dele antes que seu estoque de cinismo e humor ácido se acabasse e ele estivesse totalmente vulnerável perante Potter. E com certeza ele não desejava isso.
- Na realidade, é algo bastante simples – disse Harry, caminhando com um andar calmo e quase flutuante na direção de Draco – Tudo o que eu preciso é que você traia seu Lorde Voldemort. Simples, não?
- E por que eu faria isso? – Draco deu outro passo para trás, mas, por mais que Harry parecesse mal estar caminhando, ele avançava sobre Draco mais rápido do que este conseguia recuar. Draco engoliu em seco, esperando que Harry não percebesse seu temor.
- Será que eu preciso mesmo responder a isto? – agora Harry estava tão próximo de Draco que este mal conseguia desviar do olhar de Draco. Harry colocou ambas as mãos sobre os ombros de Draco e sorriu. – Será que o modo como você está tremendo não diz o bastante? A questão agora, Malfoy, é saber quem você teme mais: Aquele-que-não-deve-ser-nomeado, ou Aquele-que-voltou-para-puxar-o-seu-pé...
- Isto não é muito difícil – Draco estava começando a deixar suas defesas caírem. Quando estava prestes a concordar com Potter, porém, lembrou-se de algo. – Você está bastante físico para um espírito, não é mesmo? – e ao dizer isto, encarou Potter, esperando por uma reação desesperada do mesmo. Tal reação nunca veio.
- Tendo controle sobre meu espírito – começou Harry, encostando sua cabeça ao ombro de Draco. – Você realmente acha que eu não daria um jeito de conseguir o controle sobre o meu corpo?
Draco fecha os olhos, pensativo e temeroso. Em seguida, abre-os novamente, apenas para encarar o ar cheio de si de Harry Potter. Este não era mais o garotinho quieto e rebelde de oito anos atrás, e Draco agora sabe bem disso. O garoto agora é um homem, que sabe o que quer e não vai ficar quieto num canto, lamuriando sua fama. Um homem que agora se tornaria o maior bruxo da Inglaterra se realmente conseguisse derrotar Voldemort.
E se ele fizesse isso, Draco estaria do lado perdedor da guerra. Mas, espere, um Malfoy nunca perde.
- O que você deseja exatamente que eu faça? – pergunta Draco, finalmente conseguindo encarar Harry com firmeza. – Diga-me! Sou todo ouvidos!
- Pouca coisa. Apenas faça com que Voldemort esteja aqui daqui a uma hora. – Harry parece levemente nervoso agora, mas sua expressão logo se dissipa. – E talvez eu não lhe incomode mais.
- E como eu posso ter certeza disso? – Draco ergue ambas as pálidas sobrancelhas, novamente incrédulo.
- Oh, é claro que você não pode ter certeza disso – disse Harry, dando um passo para trás e dando de ombros. – Mas eu não acredito que isso sirva para muita coisa. Afinal de contas, até uma hora atrás você não acreditava que os mortos poderiam voltar, não é mesmo? Com direito a corpo físico e tudo o mais. Você tinha certeza disso. E, no entanto, aqui estou eu.
- Uma hora – foi tudo o que Draco murmurou após um instante. – Está bem. Uma hora. Em uma hora, você terá Voldemort aqui, para fazer o que bem entender com ele. Mas eu espero que aja uma boa penalidade contra mortos que quebram promessas – Harry sorriu e fez sinal de promessa com os dedos. Draco suspirou. – Uma hora – e Desaparatou.
Ali, no meio do campo, Harry sorria. Seu plano ia muito bem. Era surpreendente que ele não tivesse tal idéia mais cedo, e, no entanto, ele teria ficado surpreso se tivesse tido essa idéia mais cedo.
Mas isso não importava agora. O que importava é que em uma hora tudo estaria terminado.
Nada mal.
Se soubesse que era necessário apenas morrer para derrotar Voldemort, ele já teria feito isso há muito tempo.
E então Harry sorriu-se de sua própria ironia.
De volta da onde tinha vindo, Draco novamente caminhava com pressa pelos corredores. Era, talvez, uma grande imprudência permitir a Aparatação naquela mansão, mas, de certa forma, apenas as pessoas certas sabiam da localização de tal mansão, de forma que esta era bastante segura.
Apesar de caminhar a passos firmes, sua decisão não era tão firme quanto poderia ser. Haviam apenas duas alternativas: trair Voldemort ou não. Mediu suas chances. Se traísse Voldemort e ele fosse destruído, talvez Draco conseguisse ajuda de Potter, já que ele ajudara o maldito. Se ele traísse Voldemort mas este vencesse a derradeira batalha, Draco estaria em maus lençóis. Se ele não traísse Voldemort, Potter voltaria para puxar o seu pé.
Espere um momento.
Como ele poderia ter tanta certeza de que Potter realmente estava morto?
Ah, claro. Os exames. Realizaram tantos exames que não era possível que ele ainda estivesse vivo. Quer dizer, alguns destes exames poderiam matar o paciente se ele já não estivesse morto. Obviamente esses testes só eram realizados por comparsas de Voldemort ou aspirantes, mas não deixava de ser uma técnica.
Fotos. Era óbvio que ele tinha de estar morto. Quer dizer, um dos testes era para verificar se o morto não havia tomado poção Polissuco! E não haviam outros meios de se transformar em outra pessoa, Draco tinha certeza disso.
Então, não ceder a Harry não era uma possibilidade. Afinal de contas, no momento, Potter representava um perigo para ele muito maior do que Voldemort.
Vamos ao trabalho, então. Draco abriu com força a porta dupla, procurando com o olhar ávido por Voldemort, e não encontrou apenas ele, como também Kimiko. Ambos conversavam animadamente sobre algo que Draco não conseguiu distinguir.
- Mestre – chamou Draco, mas Voldemort pareceu mal notar sua presença. Ou isso, ou ele estava simplesmente o ignorando. – Mestre... ? Mestre?!
- Draco? – Voldemort virou-se com certo desinteresse. – Você voltou bastante rápido. Encontrou alguma pista sobre o que aconteceu com o nosso Garoto Maldito?
Hora de interpretar. Draco fez uma pausa, reafirmando-se. Assim que voltasse a falar, teria de falar com convicção... Voldemort desconfiar de sua traição seria a sua perdição. E ele não podia tomar esse tipo de risco. Mas ele era um Malfoy. Mentiras e traições faziam parte de seu sangue. – Descobri.
Voldemort apenas o olhou de modo irritado, e foi Kimiko quem se levantou e caminhou até o lado de Draco, dando um soquinho em seu braço. – Fala, garoto. O que você descobriu?
- Você está pegando um pouco do sotaque americano... – murmurou Draco. Kimiko apenas arqueou ambas as sobrancelhas. – Sim, sim. Eu descobri quem foi o encarregado pelo servicinho sujo.
- Nome? – perguntou Kimiko, dando de costas e caminhando até a sua penteadeira, onde sua varinha jazia.
- Não sei – Draco deu de ombros, com casualidade. – Eu apenas o encontrei. Aliás, ele me encontrou – se você quer mentir, coloque toda a culpa em outra pessoa. Especialmente se a outra pessoa não puder lhe contradizer.
- E? – era Kimiko novamente quem falava. Voldemort apenas encarava Draco com um olhar pensativo, como se ponderasse sobre algo.
- Ele deseja se tornar um Comensal da Morte, mas somente se pudesse entrar diretamente na alta hierarquia. Para tanto, ele diz que precisa vê-lo pessoalmente – diz Draco, medindo cada palavra como se fosse algum tipo de advogado entre Voldemort e este suposto homem.
- Interessante – Voldemort finalmente se levanta e caminha até Kimiko. – É um tolo. Será um prazer acabar com aquele que acabou com Harry Potter.
- Você me mataria se eu tivesse conseguido exterminar Harry Potter? – Draco arqueou ambas as sobrancelhas. Por um momento, sua surpresa não era puro fingimento.
- Provavelmente – disse Voldemort, a expressão indecifrável. – Esse prazer é meu, e aquele que está no caminho de Lorde Voldemort deve perecer. Assim como este homem incógnito. O que mais ele disse?
- Que não promete lealdade eterna ao senhor – disse Draco, fazendo uma leve reverência. – Mas que provavelmente será seu servo mais fiel. Além disso, ele o estaria esperando em uma hora – faz uma pausa, olha para o seu relógio de pulso, com os ponteiros brilhantes e indicando, além das horas, temperatura e estado de magia, indicando que se tratava de um relógio de pulso mágico. – Ou melhor, em trinta minutos. No mesmo campo onde assassinou Potter.
- Que simbólico! – Kimiko virou-se na direção de Draco, um sorriso malicioso. – Pois bem. O que faremos, meu senhor?
- Nós vamos até lá – disse Voldemort. – Sem Potter, não existem muitos perigos para mim. Mas, antes disso, vamos tomar algumas providências.
- Que tipo de providências? – perguntou Draco, embora se não soubesse se perguntava isso por pura curiosidade ou se com o vil propósito de trair mais esta parte de Voldemort.
- Providências – Voldemort deu de ombros. – Agora que Harry Potter está realmente morto, eu finalmente posso fazer algumas coisas...
- Do gênero... finalmente entrar para o balé – disse Kimiko, um tom de sarcasmo tão grande que você poderia corta-lo com a ponta de sua varinha. – Este pobre órfão, desde criança, quis entrar para o balé, mas algo sempre o impedia! Coisas pequenas, como assassinar trouxas, seus pais, ou tentar conquistar o mundo, mas que sempre acabavam atrapalhando seu sonho maior – fez uma pausa após Voldemort lhe dirigir um olhar de Avada Kedavra, mas em seguida continuou. – Agora, como ele pretende se especializar em balé em menos de trinta minutos permanece um mistério...
- Ah, a ironia que me mata! – Voldemort suspira. Em seguida, tenta sorrir. – Oh, espere. Eu sou imortal. Corte-me com sua ironia! Ela não pode me ferir!
- Vamos ver isso – diz Kimiko, dando de ombros. – Mas, imagine! Lorde Voldemort de tutu rosado! Você seria capa do Profeta Diário por dias e não precisaria matar ninguém para isso! – em seguida, pensou sobre isto. – Quer dizer, talvez alguém tenha um ataque do coração ao ver você em poses de balé, mas...
- Oras, cale-se! – mas Voldemort –e Draco mal pôde acreditar ao ver isso – sorriu abertamente. – Vamos, Kimiko, Draco, nós temos muito que fazer em meia hora.
- Ouço e obedeço – murmurou Draco, dando de ombros. Mas, após Kimiko, seguiu Voldemort para fora do quarto. Andaram pelos corredores luxuosos, até chegarem em um ponto distante da mansão.
Pararam em frente a uma pequena porta trancada.
- Sabe, por detrás desta porta está alguém que por muito tempo acreditou poder lutar contra mim – disse Voldemort, como se refletisse sobre alguém que não via há muito tempo. – Alguém que acreditou ter a minha clemência – gargalhou, mas não foi acompanhado por Kimiko ou Draco, que apenas cogitavam quem seria aquele alguém. – Sim, este alguém é especial, e é somente por isto que essa pessoa permanece viva, apenas presa atrás destas portas.
- Quem é? – Kimiko jamais resistia a perguntar algo. Estendeu a mão para abrir a porta, mas Voldemort segurou seu pulso e o afastou da maçaneta.
- Deixe-me curtir este momento – disse Voldemort, e talvez tivesse fechado os olhos e ficado pensativo se fosse um ser humano normal. Como ele era Lorde Voldemort, apenas encarou a porta com um brilho malicioso nos lábios. – Eu tenho lembranças desta pessoa antes de qualquer um de vocês dois se conhecer por gente. Eu a conheci quando ainda não me temiam. Talvez ela tenha herdado deste conhecimento primordial seu ímpeto perante mim, talvez não.
- Pelo visto, é algum bruxo de terceira idade – disse Kimiko, balançando a cabeça. Há quanto tempo você o conhece?
- Oh, mais de sessenta anos – Voldemort respondeu após uma breve hesitação. – Estou ficando velho, mas, do ponto de vista da eternidade, ainda sou uma criança...
- Comovente – Kimiko revirou os olhos. – Hein, abra essa porta! Nossa meia hora está escorrendo pelas valas da eternidade...
- Espere. Resolveram falar como poetas e esqueceram de me avisar? – Draco disse, ficando apenas um pouco atrás dos dois. Voldemort olhou para Kimiko e Draco, e suspirou.
- O que há com essa geração de vocês que conhece apenas a beleza do riso fácil? – murmurou ele, meio para si mesmo, meio para os outros dois. Em seguida, abriu a porta, revelando um pequeno quarto escuro, iluminado magicamente por luzes bruxuleantes.
Mas o que Draco viu ao centro do quarto, deitado na cama com um ar doentio, ele não teria acreditado mesmo que as luzes estivessem acesas. Não, não era possível. Quer dizer, ele ouvira boatos, mas... e ele olhou para Voldemort, que agora caminhava até o vulto, este que permanecia tão estático que poderia ter sido confundido com material póstumo entre a mobília.
Voldemort sentou-se ao lado do vulto, e Kimiko e Draco o seguiram. Kimiko não parecia nem de longe tão surpresa quanto Draco, mas mesmo assim suas pupilas se dilataram. Culpa da fraca iluminação, claro. Afinal, ela não poderia estar tão surpresa quanto ele simplesmente porque ela não conhecia aquela pessoa tão bem quanto Draco.
Mas... esse pessoal mais velho costuma ter umas rugas muito iguais. Talvez fosse apenas alguém incrivelmente parecido... ! Draco, no entanto, a cada passo que dava tinha mais certeza de que não estava enganado. Quando essa pessoa levantou o olhar sonolento na direção de Voldemort, porém, Draco não teria mais acreditado se alguém dissesse que ele estava enganado. E quando o olhar de Voldemort, mesmo naquele ambiente escuro, iluminou-se com sadismo e finalmente adereçou aquele vulto, então não havia mais dúvidas.
- Bom dia, Minerva.
Pela Barba de Merlin! Justo agora que Draco estava começando a achar que nada mais de bizarro poderia acontecer...
- Oh, as coisas não são mais como costumavam ser – Minerva olhou para Voldemort com desprezo, e então para Draco e Kimiko. Talvez ela o tivesse reconhecido, talvez não. – Tom, quem são essas crianças?
PAFT! Draco tremeu involuntariamente quando a pesada mão de Voldemort pousou sobre Minerva, deixando uma marca avermelhada no rosto da velha bruxa. Esta olhou para Voldemort com ainda mais desprezo, e Kimiko apenas assistia a tudo isso passivamente.
- Quantas vezes – mesmo sob a escuridão, os olhos de Voldemort brilhavam em fúria. – Eu tenho de lhe avisar para não me chamar de Tom?!
- Este é o seu nome – Minerva deu de ombros. – Eu não irei chamá-lo por um apelido ridículo – e os olhos de Voldemort apenas denunciavam sua fúria incandescente. – Pois então? Chegou a tão esperada hora?
- Mas é claro – finalmente Voldemort sorriu. – Você finalmente será sacrificada.
O olhar de Minerva denunciou o quanto ela não esperava por isso. – Perdão?
- Claro, você merece tornar-se um exemplo para os outros – Voldemort pegou a mão de Minerva para ajuda-la a se levantar. Relutante, ela aceitou. – Do que não deve ser feito. Sedução ao não-lascivo, traição ao grande traidor... que tolice, minha cara, você ter pensado que eu cairia em seu tolo joguinho.
- Mas eu não – as palavras saíam automaticamente, pois assim que o olhar de Voldemort encontrou o seu, ela sabia que não havia mais escapatória. – Eu não...
- Oras, cale-se, Minerva – Voldemort apenas jogou-a ao chão, o corpo pesado e velho fazendo um estrondo. Virou-se para Draco, apenas um sutil olhar dizendo a ele que se tratava de uma lição, um exemplo, algo que Draco deveria conhecer se realmente desejava estar no círculo intimo de Lorde Voldemort. Apenas um leve sorriso atravessou seus lábios inexistentes antes que Voldemort apontasse para Minerva. – Draco, creio eu que você sabe o que fazer, não é, meu bom garoto?
Draco apenas assentiu com a cabeça, nenhum olhar na direção de Voldemort, ou na de Minerva, ou na de Kimiko. Por medo de encontrar algo inesperado em qualquer um desses olhares e que pudesse fazer com que ele mudasse de idéia. Pois agora era tarde demais para voltar atrás. – Crucio.
Entonação perfeita – nada daquele exagero a ser desprezado pelos magos mais experientes. A velha professora contorceu-se ao redor de seu próprio ventre, ainda recusando-se a gritar. Mas Draco sabia que esta máscara de resistência logo iria cair, e ela gritaria. Como todos os outros. Afinal de contas, no fim, todos caem. Existe um limite para todos. Mesmo para os mais fortes.
Draco levantou os olhos na direção de Voldemort, porém ainda observando Minerva com o canto do olhar. Não foi surpresa alguma para ele quando ela gritou. Quebrada, despida de seus orgulhos. O modo como gritava... incomum, porém não surpreendente. Draco já havia ouvido tantos gritos que mesmo os mais incomuns já não lhe eram estranhos, e por isso ele já conhecia tão bem esse grito. Não era agudo, alto e desesperado, como se encontrava nos mais jovens, nos mais sonhadores... nos mais tolos. Apenas a dor escapava através de seus lábios, nada daquele pedido de ajuda que permeava os berros e gritos daqueles que ainda possuíam incertezas sobre seu futuro. Não... o grito forte, dilacerante e constante da velha professora revelava o que Draco não esperava enxergar: ela esperava o que a aguardava. Passivamente, ela esperava por sua sentença de morte.
E o que agora dilacerava Draco era que ela havia desistido antes mesmo dele lançar o feitiço contra ela. Talvez tivesse sido seu olhar, ou o modo como Voldemort falara – Draco sinceramente não sabia -, mas sua alma já havia se corrompido antes mesmo de seu corpo – sua armadura, tão frágil, tão vulnerável e inconstante – quebrar.
Aquele breve momento em que Draco se sentira semelhante à Minerva – um traidor ao traidor – se fora tão rapidamente quanto viera. Pois Draco não se deixaria quebrar tão facilmente. Sem que ele próprio note, Draco observa Voldemort com certo desafio no olhar. Se eram a traição e a mentira que eram exigidas em troca de sua vida... bem, o destino teria suas cartas. Se um Malfoy precisa mentir... pode-se ter certeza de que ele o fará com maestria. E orgulho.
O que Draco não tinha certeza era se aquela adrenalina que revirava seu estômago a ponto de faze-lo enxergar o quarto em luzes inconstantes era fruto do orgulho Malfoy, ou se... seria... medo... ?
Não. Um Malfoy não deve temer. Jamais.
- Será que eu poderia... – Kimiko finalmente interrompera o semi-silêncio que se instalara no quarto, que outrora apenas ecoara os gritos de Minerva. Contrastando com a agonia sutil de Minerva, a voz de Kimiko exalava a desejo. – Ter a honra... ?
Voldemort a encarou, para só então sorrir. – Acho que estou lhe devendo uma, não é mesmo? Vá em frente. Realize seu desejo.
Draco teve de morder a ponta de seus lábios para continuar sem expressão alguma. Que tipo de... pessoa... poderia encontrar tanto prazer na simples tortura? Era compreensível que se torturasse por poder, era compreensível que se machucasse alguém que não lhe fazia bem... mas... o que fazia com que Kimiko tivesse tanto prazer em "apagar" (assassinar! assassina!) alguém que sequer conhecia? Quer dizer, deduzindo-se que, de fato, ela não a conhecesse... mas Draco sabia que não, que isto era apenas ele próprio tentando fugir dos fatos. Kimiko não era uma simples garota atrás de poder, glória e fama. Não... ela possuía... outra fome. Outros desejos. Destruição e caos eram mais do que meras palavras para ela.
- Avada – fez uma pausa, como se desejasse que aquilo durasse mais do que duas breves palavras. – Kedavra.
E então, sem música de fundo, sem flashes românticos passando entre as cenas, sem comentários melancólicos, Minerva caiu ao chão. Imóvel. Fria. Como um pacote de batatas, por falta de adjetivo melhor. Morta.
Morta.
Não adiantava mais fugir. A palavra ecoava em sua mente como uma maldição profana. Um aviso. Mas um aviso que Draco não iria ouvir.
- Como... – finalmente Draco conseguia murmurar a pergunta que tentava escapar de seus lábios desde que entrara naquela sala. – O que McGonagall estava fazendo aqui?
- Ela pensou que poderia me enganar – Voldemort deu de ombros, e mal olhou para o corpo póstumo aos seus pés. – Eu a conheço há tanto tempo, e ela achou que poderia me enganar. Não importa quão belas foram as suas palavras, quão bem ela poderia representar... ela deveria ter sabido que eu jamais cairia em sua farsa.
- Mas... por que ela ficou todo este tempo trancafiada aqui? – Draco sabia que o procedimento normal seria uma morte instantânea – no máximo alguns Crucios preliminares, caso Voldemort estivesse de bom humor. Algo não se encaixava nesse caso. Voldemort não estava contando a verdade para ele, mas... não é como se algum dia Voldemort já tivesse contado alguma grande verdade a Draco. No círculo íntimo, a verdade não era jamais falada – ao contrário, era apenas comprovada quando necessário.
- Ela achou que estava realizando sua missão com sucesso – Voldemort olhou para sua antiga companheira aos seus pés. – Eu não quis desfazer sua ilusão tão cedo. Foi divertido brincar com esta tola... noite após noite, eu podia enxergar a agonia, a hesitação e o desespero em seu olhar... mas ela nunca fugiu, nunca desistiu... não fosse o fato dela estar combatendo a sua própria morte, eu ficaria orgulhosa de sua persistência. Mas, em seu caso, não se tratava de bravura, mas de uma grande tolice.
- Mas a Ordem nunca tentou resgata-la? – Draco olhou para os lados, a surpresa acendendo seu olhar prateado. Kimiko apenas suspirou e caminhou até Minerva, ajoelhando-se ao seu lado e verificando seu pulso.
- No início, acharam que não seria necessário – Voldemort olhava para Kimiko, e não mais para Draco ou Minerva. – Depois, descobriram que era tarde demais para isso. E então a enterraram como uma grande traidora. Será que ela sabia disso? Eu acho que não. Ela não teria se sacrificado para se tornar uma traidora... talvez um mártir, mas jamais uma traidora.
- Ela está bem morta – Kimiko murmurou, com uma ponta de decepção em sua voz que fez Draco tremer. Será que ela esperava que a velha não tivesse morrido apenas para que ela pudesse proferir aquelas duas palavras malditas novamente? – Talvez nós devêssemos nos preparar... faltam dez minutos para o encontro...
- Preparar o quê? – Voldemort olhou para Kimiko com certo desprezo. – Eu já estou pronto. Terminar com esta farsa em relação a Minerva era a única coisa que eu pretendia fazer antes do encontro. Nós podemos partir agora.
Dez minutos...
Dez minutos...
... em pouco mais de dez minutos tudo estaria terminado. Draco apenas esperava que as coisas terminassem do modo como ele esperava. Para ele, mal importava quem ganhasse ou perdesse... desde que ele não perdesse. Não caísse. Se para isto era necessário que seu mestre fosse destruído... então que assim fosse.
Era o mesmo que seu pai faria, mas talvez o mesmo tivesse hesitado um pouco mais. O velho possuía algum tipo de idealismo em relação a tudo aquilo... não esperava que ganhassem aquela guerra, mas também não desejava voltar a esconder seus atos hediondos e seus pensamentos macabros.
Mas Draco... poderia muito bem viver apenas com seu dinheiro após aquilo acabar.
- Você poderia ter feito isso muito antes – a voz de Kimiko parecia distante, agora que Draco se lembrara do pai. O mesmo se encontrava em uma pequena missão no Havaí. Draco deu um leve sorriso. "Missão"... será que ele ficaria orgulhoso de Draco quando voltasse? Provavelmente não. Mas isso não importava mais. – Não é mesmo?
- Claro – Voldemort assentiu, e agora Draco começava a voltar para as pessoas ao seu redor. – Mas não teria o mesmo sabor. Eu precisava que ela caísse junto com Potter. Junto com a sua famigerada Ordem.
Kimiko limitou-se a revirar os olhos. – Claro.
- Bem... é hora de partirmos... – Voldemort olhou uma última vez antes de encarar Draco e Kimiko, que assentiram com a cabeça.
E Desaparataram.
O campo aberto ainda se encontrava deserto, à exceção de Voldemort e seus comparsas. Claro... Draco olhou nervosamente para o relógio. Claro... ele ainda não havia chegado. Ainda faltavam...
Dez Minutos...
E é claro que o ar quente não se importava com isso, pois continua a soprar e a tornar o ar ao redor de Draco abafado. Ele suava, mas sabia que não era por calor. Nem por frio. Era por pavor, puro e fresco. Puro como o poder que ele podia sentir ao redor de si... que fazia com que ele soubesse que ele não era o único que ansiava por aquele momento, mas também Voldemort e Kimiko. Mas por motivos tão diferentes dos seus... Draco mal tinha certeza se Voldemort realmente acreditara em sua grande farsa ou se estava apenas brincando com Draco... do mesmo modo como brincara com Minerva... olhou para Voldemort, esperando encontrar alguma resposta. Nada. Ele apenas esperava, imóvel, enquanto Kimiko girava ao seu redor, movimentos exalando aos seus macabros desejos.
Sim, ele teria de esperar. E ter esperanças. Que o maldito Potter fizesse seu trabalho direito. Que ele não acabasse em maus lençóis no final. Mas agora, tudo o que ele poderia fazer era esperar...
Dez Minutos...
Dez Minutos...
Dez Minutos...
