Capítulo 2- Fofinho

-Papai e Lúcio Malfoy... Lúcio Malfoy sorrindo...Papai sorrindo de volta...é, eu estou louco. Acho que não estou me sentindo bem - disse Fred, com cara de nojo e com as mãos na altura do estômago.

-Deve ter uma explicação lógica pra isso - pensou George em voz alta, anda com cara de espanto.

-E tem. Você não me ouviu? - perguntou Fred exasperado - Papai e Malfoy andam juntos felizes e contentes. Malfoy sorri. Papai sorri de volta. Logo, eu e você estamos loucos! Nossa experiência deve ter saído errada. Eu devo estar doente. É isso - argumentou Fred mais para si mesmo que para o irmão.

George continuou olhando em volta, procurando reconhecer mais alguém. Porém foi em vão. Aquele não era o tempo deles. Os uniformes eram diferentes, os cabelos eram diferentes. Fora a estação e o trem, que eram os mesmos, nada lhe era familiar.

Ele tentou tocar na parede, porém sua mão passou por ela. Tentou falar com os jovens que passavam por eles, mas eles não o ouviam.

-Estamos como observadores, Fred. Não podemos interferir. Por isso eles não respondem - comentou George para o seu gêmeo, que o ignorou e continuou a repetir como um mantra que tudo não passava de um erro numa experiência e que deveria ter escutado a mãe -Escuta, Fred - pediu com urgência, segurando o rosto do irmão com as duas mãos - Você não está louco. Tam pouco eu. Estamos dentro das memórias do papai que estão no diário.

-Mas se estamos dentro do diário do papai, aonde ele está? -perguntou Fred procurando o pai em todas as direções, enquanto o apito do trem avisava a partida para Hogwarts.

-Meleca! A gente vai perder o trem - disse desesperado, agarrando o irmão pela manga e correndo em direção ao trem.

-Essa foi por pouco - comentou Fred enxugando o suor do rosto - Consegue vê-lo?

-Não. Deve ter entrado em alguma cabine - respondeu George - Vamos procurá-lo.

Os gêmeos saíram espiando por cima dos ombros quando os alunos abriam as cabines, já que não podiam tocá-las. Mas não tiveram muitos problemas para achar a cabine certa.

Lá estava seu pai e Malfoy na última cabine, a mesma que Rony e Harry costumavam sentar.

-Nervoso ainda? - perguntou Artur pro amigo.

-Só estava pensando, Artie. E se não cairmos na mesma casa?

-Artie? Isso revirou meu estômago - comentou George ao ver à cena em sua frente.

-Ele não parece com o filho. Só a cor do cabelo e os olhos. De resto nada - comentou Fred ao examinar o garoto de cabelos claros e curtos a sua direita - Já o papai é o Rony cuspido e escarrado - concluiu ao olhar o pai.

-Então a gente pode pedir transferência pra casa do outro - sugeriu Artur esperançoso, depois de pensar um pouco.

-Ou destruir a escola - falou Lúcio rindo.

-É outra opção - concordou Artur sorrindo pro amigo.

E dito isso, novamente a luz amarelada e cegante voltou, ofuscando as vistas de Fred e George, iluminando o ambiente.

-Onde estamos? -perguntou George piscando várias vezes, tentando acostumar os olhos a falta de claridade.

-Eu simplesmente odeio esses efeitos especiais - comentou Fred olhando ao redor - Acho que é o corredor perto da sala de transfiguração - Cadê os dois?

"Corre!" foi o que George ouviu antes de ver dois jovens, que pelo tamanho deviam ter uns 15 anos, correndo em sua direção, seguido de várias explosões.

-São eles - disse Fred apontando e seguindo-os, acompanhado de George.

-Por aqui, Artie -chamou Lúcio, ao entrar numa sala de aula vazia.

-Será que Filch não vai nos achar? - perguntou Artur tremendo ao fechar a porta.

-Espero que não - respondeu o loiro, depois de colocar um feitiço silenciador e afastar uma mecha de cabelo que teimava em cair em cima dos olhos.

-Essa foi por pouco -comentou o ruivo - Você foi muito descuidado, Luc - completou rindo -Você deveria cortar esse cabelo - disse ao tirar a mão do amigo e ajeitar a mecha no lugar.

-Eu? Foi você quem jogou as bombas de bosta na gata nojenta do Filch - indignou-se Lúcio - Mas valeu a pena. Você viu a cara dele? Eu devia ter levado minha câmera - disse Lúcio gargalhando - E não tem nada de errado com o tamanho do meu cabelo - falou para o amigo, mostrando a língua em seguida.

-Por Merlin! Filch é o menor dos problemas. A McGonagall é quem vai ficar louca quando descobrir aquele monte comida pra gato na sala de aula - pensou Artur em voz alta - Mas onde você conseguiu tanto material pra transfigurar? - questionou Artur extremamente curioso - Então use gel ou algo assim. É irritante ver você mexendo nesse cabelo toda hora!

-Peguei na lavanderia - disse Lúcio, enquanto dava de ombros - Gel? Não...grudento demais. Acho que vou deixar crescer mais.

-O que foi exatamente que você pegou? - perguntou Artur, temeroso.

-As calcinhas da Lufa-lufa - respondeu Lúcio com um sorriso debochado.

-Como a gente nunca pensou nisso? - comentou George.

-Eles realmente nos põe no chinelo - constatou Fred.

-Não acredito que você fez isso, seu veela dissimulado! - alterou-se Artur - Eles vão perceber na hora que fomos nós! - disse partindo para cima do loiro.

-Nunca vão duvidar de mim e nem de você - disse tentando se livrar do ruivo em vão - A não ser que esteja arrancando alguma calcinha por aí que não seja a da Molly - falou sem pensar, fazendo o amigo ficar estático.

-Eu nunca faria isso - murmurou Artur num tom controlado enquanto suas orelhas ficavam da cor de seus cabelos.

-Caramba Artie - praguejou Lúcio chamando a atenção do amigo - Por que não me disse que era gay? - terminou com um sorriso maroto nos lábios, ao mesmo tempo que afastava-se a uma distância segura do amigo.

-Ora seu - rosnou Artur antes de se jogar em cima do amigo, levando-o ao chão.

-PORRADA! PORRADA! - gritava Fred torcendo.

-Foi só uma piada - justificou Lúcio tentando se proteger dos socos de Artur - Pense assim, você rirá disso daqui a alguns anos.

-Esse é o papai que conhecemos e amamos - disse George com o peito cheio de orgulho.

-Duvido - rosnou Artur, enquanto puxava Lúcio pela gola da camisa até o canto da parede.

-Cuidado, Artie. Seja mais cuidadoso - pediu o loiro - Madame Malkin me cobrou uma fortuna por essa camisa - suspirou tristemente - Você irritado é pior que minha mãe irritada. E olha que ela cospe fogo e têm asas! -disse exasperado, o que fez com que o amigo se acalmasse um pouco.

-Só não faça mais piada sobre a Molly, ok? - falou Artur, soltando o colarinho de Lúcio.

-Você gosta dela - pensou em voz alta - Por que não me disse antes, seu panaca? Eu não faria piada de alguém que você gosta - disse ganhando um muxoxo do amigo - Pelo menos não piadas pelas costas - tentou emendar, ganhando um olhar de desconfiança - Tá bom. Eu confesso. Eu ia zoar mesmo. Mas isso é normal. Afinal, você é meu amigo.

-Só "amigo"? - perguntou Artur fazendo uma cara de cachorro sem dono.

-Tá. Tá. Seu mexicano enrustido! Você é mais que meu amigo. Você é como se fosse meu irmão, feliz agora? - respondeu Lúcio alterado.

-Sabe, até que esse mané não é tão mané assim - comentou Fred com o irmão, enquanto apontava para Lúcio.

-Você realmente me considera assim? - inqueriu Artur, com os olhos cheios de lágrimas, ganhando uma afirmação displicente com a mão - Você é tão fofinho! -exclamou enquanto se jogava em cima do loiro, abraçando-o.

-E você é gay! Sai de mim! - gritava Lúcio tentando se desvencilhar do amigo.