Capítulo 3 -Família

Mais uma vez Fred e George foram banhados pela imensa luz amarelada que tomava conta do ambiente.

-De novo não - reclamou George comprimindo os olhos por causa da luz forte.

-Amador - comentou Fred, enquanto tirava seus óculos escuros - Lá estão eles -disse apontando em direção a uma árvore perto do lago.

-Por Merlin. O que aconteceu com seu olho? - perguntou o garoto de cabelos curtos e vermelhos como o fogo ao ver o olho levemente roxo do amigo.

-Meu olho colidiu com a mão de alguns trouxas de nascença - comentou o loiro de cabelos longos dando de ombros.

-O que aconteceu com "sangue ruim"? - perguntou George, abismado, para o irmão.

-Então isso quer dizer que você não querer ir conosco na lanchonete trouxa? - inquiriu Artur parecendo bem triste.

-Uma coisa não tem nada a ver com a outra, Artie. Eu não vou mudar meus planos só por causa de alguns trouxas revoltados - indignou-se Lúcio - Eu tenho tanto direito de ir pra lá, quanto eles têm de vir pra cá.

-Você devia ir até o diretor, Lúcio - disse a garota de cabelos cor de cobre.

-De jeito nenhum, Molly. Aquele velho babaca não gosta de Sonserinos. É capaz que ele ainda me tire pontos por brigar - retrucou Lúcio, com um sorriso debochado nos lábios - Além do que, eles já tiveram o troco.

-Não acredito que você mandou mais alguns pra enfermaria! - indignou-se Artur.

-Não fui eu. Foi a Bellatrix - defendeu-se Lúcio parecendo muito contrariado.

-Bellatrix? Como em Bellatrix Lestrange?! - perguntou Fred horrorizado ao irmão.

-Então você deveria ficar feliz que alguém te defendeu - comentou Molly.

-Se fosse outra pessoa eu até ficaria, Mol. Mas aquela garota me dá calafrios - disse Lúcio sacudindo a cabeça como se para espantar pensamentos ruins.

-Por quê? - perguntou interessada.

-Não sei. Só sei que não gosto dela. Tem algo de ruim ali - respondeu - Muito ruim - pensou alto.

-E tem mesmo! Ela é uma comensal, seu babaca! - gritou George para Lúcio, mesmo sabendo que este não o ouviria.

-Talvez você esteja com alguma cisma qualquer com ela, Luc. Ela não pode ser tão ruim assim. Olha o resto da família dela - ponderou Artur.

-É, talvez você tenha razão, Artie. O pivetinho primo dela não é de todo ruim. Até que ele é bem engraçado. E a Cisa, bom, ela é...- começou Lúcio, porém parou ao perceber que a temperatura de seu rosto subira consideravelmente.

-Aquele Sirius é uma peste - resmungou Molly.

-O que você estava dizendo sobre a Narcisa? - pressionou Artur sorrindo, chamando a atenção de Molly, fazendo-a parar de resmungar.

-Errr... ah, ela é demais. Aquele corpo, aqueles olhos, aquele cabelo - suspirou ao deitar-se na grama - E ela é tão engraçada - continuou com uma expressão sonhadora.

-Acho que alguém está apaixonado - comentou Molly.

-Não á paixão, Mol - disse Lúcio, sentando-se - É mais que isso. Não consigo explicar direito. É só que, quando eu olho pra ela, me vêm pensamentos bons. Ela me faz pensar em coisas que nunca pensei - continuou ao ver a cara incrédula dos amigos - Ela me faz querer usar coleira e um bambolê de otário - completou num tom baixíssimo olhando em volta.

-Ela te faz pensar em sadomasoquismo?! - perguntou Molly horrorizada, fazendo Artur se jogar na grama de tanto rir.

-Não foi isso que eu quis dizer - defendeu-se Lúcio com o rosto queimando de vergonha - O que eu quis dizer foi que quando eu olho pra ela, eu penso em coisas bregas como casamento e alianças - explicou - E uma casinha com cerca branca, e muitos filhos e...

-Tá, tá. Já entendi - interrompeu Molly.

-Que lindo! Nosso Lucinho já é um hominho, Mol - brincou Artur, enquanto abraçava o amigo, fazendo a namorada rir - Estou orgulhoso de você - completou ao beijar o rosto do loiro.

-Por que você não a chama pra ir conosco? - sugeriu Molly.

-Será que ela iria? Não sei... e se ela não for com a minha cara? - perguntou Lúcio tentando se esquivar de Artur, que agora lhe alisava os cabelos.

-É claro que gosta, Luc. Por que outro motivo ela ficaria te espiando de longe? - ponderou Artur, abraçado ao amigo, apontando para uma figura de cabelos claros do outro lado do lago.

-Sai de perto, Artie. Você sabia que ela tava ali e mesmo assim ficou me atacando! - acusou Lúcio - Isso é vergonhoso - murmurou ao se levantar.

-Família é pra isso, Luc - gritou para o amigo que se distanciava.

E dito isso, mais uma vez, Fred e George foram atingidos pela luz ofuscante.

-Onde estamos? - perguntou George ao retirar os óculos escuros.

-A falta de originalidade mata, sabia? - comentou Fred, retirando os óculos escuros - Uau! Era isso que ele quis dizer com casinha de cerca branca?! - inquiriu ao apontar para a Mansão Malfoy.

-Se isso é uma casinha, nós moramos numa caixa de sapato! - alterou-se George - Ali está mamãe e papai e...- começou ao apontar para os visitantes que chegavam.

-Com Gui, Carlinhos, Percy e nós- completou Fred - Nossa... o Percy conseguia ser mais estranho do que é hoje - comentou fazendo careta ao se aproximar do casal que batia à porta.

-Tio Artie! - gritou uma menininha loira, de aproximadamente 6 anos, ao se lançar nos braços de Artur - Que saudade - sorriu, antes de encher de beijos o ruivo.

-Também senti - disse Artur enquanto colocava a menininha no chão que corria agora para Molly - E a sua mãe e seu pai? Espero que ele não esteja na frente do espelho de novo.

-Não sabia que o Malfoy também tinha uma filha - comentou George.

-Mamãe está na biblioteca lendo pra Isabele, e o papai está lá em cima. Estávamos brincando quando vocês bateram - respondeu a garotinha agarrada a saia de Molly.

-Já sabem que é uma menina, querida? - perguntou Molly, enquanto Artur subia as escadas.

-Não, mas eu escolhi o nome mesmo assim - disse dando de ombros - Vem, vamos brincar - chamou os garotos.

-Vem, vamos seguir o papai - chamou Fred, subindo as escadas.

-Você não acha que está muito grande pra brincar de bonecas, Luc? - perguntou Artur, encostado no batente da porta, ao ver o amigo, agora um homem feito e longos cabelos platinados, animar bonecas com sua varinha.

-Cisa não pode mais brincar com a Julie, por causa da gravidez, então cá estou eu - respondeu Lúcio com um sorriso de uma orelha à outra - Olha só o que eu consegui fazer - disse enquanto apontava a varinha para quatro bonecos, com fardas, que depois de um simples feitiço de animação, cantavam e dançavam alegremente músicas dos Beatles.

-Pare com essa música trouxa infernal, Lúcio - vociferou um fantasma que pairava atrás de Lúcio - Boa tarde, Artur - cumprimentou educadamente ao ver o homem de cabelos vermelhos na porta.

-Boa tarde, Sr. Malfoy - respondeu Artur, educadamente.

-O conjunto pode ser trouxa, pai. Mas a música é mágica pura - retrucou Lúcio, fazendo o fantasma sair bufando do quarto e resmungando algo sobre trouxas rebeldes merecem morrer - Não liga pra ele, ele não sabe o que fala. Vem, vamos comer alguma coisa.

E novamente a luz amarelada inundou o ambiente, cobrindo Fred e George.

-Estamos em casa - constatou George ao olhar em volta.

-Tem certeza? Parece tão arrumada...- comentou Fred, olhando a mobília -Olha lá.

-Muito boa, Carlinhos - disse Artur rindo com gosto.

-Não entendi - admitiu Percy, fazendo cara de emburrado.

-Você não reconheceria uma piada nem que ela dançasse nua na sua frente - resmungou Gui, fazendo todos rirem, exceto Percy.

-Com licença -disse o loiro ao sair da lareira tossindo - Assim está bem melhor - comentou depois de usar um feitiço para retirar o pó de Flú restante de suas roupas.

-Olá Lúcio - cumprimentou Molly - Artur, Lúcio está aqui - chamou o marido.

-Luc, aconteceu alguma coisa? - perguntou Artur que vinha com Gui e Carlinhos da cozinha.

-Oi tio Luc - cumprimentaram os dois.

-Oi vocês - respondeu Lúcio, sorrindo - Eu que pergunto, Artie. Foi você que me chamou e pediu que eu viesse pra cá!

-Você deve ter sonhado, Luc. Eu não te chamei -negou Artur, fazendo todo o sangue do rosto de Lúcio desaparecer - Onde você vai? - perguntou aflito ao ver o amigo jogar um pouco de pó de Flú na lareira.

-Mansão Malfoy! - disse Lúcio antes de ser consumido pelo fogo verde.

E uma luz mais ofuscante que todas as outras inundou o ambiente, consumindo como fogo tudo que tocava, levando Fred e George consigo.

-Mas que meleca foi isso? - perguntou George temeroso em abrir os olhos.

-Quente! Quente! Quente! - reclamava Fred arrancando o óculos jogando-o longe.

-Lúcio! Lúcio! - chamou Artur ao entrar no escritório principal da mansão - Por Merlin! O que aconteceu aqui? - perguntou ao olhar a fumaceira que entrava no ambiente.

-Artur - disse Narcisa com a voz fraca, e cheia de fuligem.

-Você está bem? - inquiriu Artur recebendo uma afirmação com a cabeça - Cadê a Julie? - perguntou.

-Eles entraram, Artur - respondeu chorando -Eu tentei tirá-la de lá, mas não consegui fazer a chama parar.

-Vamos tirar você daqui primeiro, sim? - disse ao colocá-la na lareira e jogar o pó - A toca! - gritou, correndo em seguida em direção a escada.

-Vamos! - chamou Fred.

-Lúcio - disse Artur ao ver o amigo descer as escadas com um pequeno corpo nos braços - Ela está? - perguntou, sentindo lágrimas rolarem pelo rosto.

-A menina - foi a única coisa que George conseguiu dizer antes que a luz ofuscante o cobrisse novamente.

-Ma bébé - gritou Narcisa atirando-se na placa de mármore a sua frente.

-Narcisa, querida. Tente se acalmar - disse Molly enquanto tentava afastar Narcisa da placa - Respira fundo...isso...assim - completou ao abraçar a amiga, enquanto deixava as lágrimas rolarem livremente.

-Por que estão chorando? - pensou Fred em voz alta - Céus! Olha isso George - apontando para a placa.

-"Julie Anne Malfoy - 1973-1979" - leu George.