Dama da noite - Quinta parte

Egito, 1864...

- Sean!!!!!!!! Sean, cadê você? - Saphire corria por todos os lados à procura de seu único amigo naquelas ruínas...

- O que você quer? Pára de gritar! - o menino saiu de uma das ruínas.

- Finalmente te achei! Queria me despedir!!

- Despedir? Você vai viajar?

- Infelizmente por um longo tempo. - a garota de onze anos suspirou - Hoje estou voltando pra Inglaterra para estudar.

- E quando volta?

- Só quando tiver dezoito anos.

- Tudo isso?! - Sean não conteve o espanto.

- Mas quero manter contato com você viu?

- Cl-aro...

- Você vai me esperar?

- Claro que vou!! - o garoto teve uma idéia - Espere aqui um pouco!

Ele saiu e depois de alguns minutos trouxe um embrulho para Saphire.

- O que é isto?

- É um presente meu. Pra você se lembrar de mim enquanto estiver lá - ele corou levemente.

- O que é? - disse a garota abrindo o embrulho. Dentro dele havia um cordão de couro com um magnífico pingente de dragão prateado - É...lindo!

- Meu pai achou numa de suas escavações na China. - o garoto sorriu - Diziam lá que era de um templo antigo, o sacerdote usava.

- Mas...eu não posso aceitar isso!

- Claro que pode! Meu pai me deu para usar como quiser. Eu estou dando pra você. É para protege-la - ele a abraçou - Volte bem ouviu?

- Sim...até mais Sean. - numa brincadeira de criança, Saphire beijou-o. Não foi mais que um leve encostar de lábios, mas foi o suficiente para os dois se lembrarem um do outro durante todo tempo que ficariam separados.

Egito, 1871

Sean esperava ansioso no porto. Depois de tanto tempo iria rever sua amiga. Quando soube da volta de Saphire, tinha se prontificado para ir busca-la. Como ela estaria? No entanto, a única imagem que não saía da sua cabeça era do beijo inocente que eles haviam trocado antes dela ir embora para a Inglaterra.

Ouviu o pronunciamento de que o navio dela havia chego. Olhando pela multidão, procurando reconhece-la, foi então quando o mundo parou. Na sua direção vinha a moça mais linda que já havia visto em seus dezoito anos de vida. Ela usava um vestido azul claro com o saiote enfeitado de rendas brancas. Tinha luvas e o chapéu branco enquanto no pescoço vinha um colar com um pingente de dragão.

- Saphire? Saphire!! - depois de sair do transe, ele gritou chamando a atenção da jovem.

Ela ouviu seu nome e virou-se na direção da voz. Era...Sean? Ele estava mais lindo do que se lembrava!! A calça social escura, uma camisa branca e um colete por cima. Tudo bem simples pra quem vivia numa escavação. Mas aqueles trajes só realçavam ainda mais os olhos azuis e os cabelos pretos que caíam em mechas pelo rosto bronzeado do sol forte do Egito.

- Sean? É você mesmo? - ela se aproximou. Num gesto repentino, jogou-se em seus braços abraçando-o fortemente - Que saudade!!!!!!

- Venha, vou te levar pra sua casa.

Tóquio, 2003

Já era oito horas e Omi ainda não voltara! O que será que havia conhecido? Aya andava impaciente pela sala, fazendo Yoji e Ken ficarem tontos com tantas voltas.

- Dá pra parar de andar? Já to ficando zonzo! - disse o loiro.

- Eu estou preocupado...já era para ele ter voltado! - disse o ruivo por fim sentando-se numa poltrona.

- Calma, deve ter acontecido algum imprevisto! - disse o jogador tentando tranqüilizar os ânimos.

- Não querendo interromper, mas...hoje nós temos que ir até a fábrica de Yokuo...

A menção daquele nome fez o espadachim dar um pulo.

- Será que...? Não é possível!!!

- O que foi Aya?

- Eu to com o pressentimento de que Yokuo tem algo a ver com o sumiço de Omi.

- Será?

- Bom... - começou o playboy - O único jeito de descobrirmos será indo até lá. - A que horas Saphire disse que era pra chegar lá? - disse Ken se aconchegando nos braços do seu koi.

- Às onze e meia.

- Então iremos ao encontro dele.

Egito, 1871

- Você cresceu Sean! Quase não o reconheci!! - sussurrou Saphire no ouvido do rapaz que corou com esse gesto. Será que ela não tinha noção da beleza que tinha?

- Er...eu também não a reconheci! Foi graças ao pingente!

- Ah... - ela colocou a mão nele instintivamente - O uso desde que saí daqui.

- Mesmo?

- Mesmo!!! Ai, não vejo a hora de ver papai e os outros!!!

Chegando no lugar das escavações, A jovem pulou do camelo (ta imaginem...é no deserto...certamente eles não iam de carro ou algo assim...) fascinada!!

- Finalmente estou de volta!! Papai!!!!!!!!!!!!!

- Saphire!!! - um senhor com as roupas sujas veio até o encontro dela, que se jogou nos seus braços - Cuidado, assim você vai se sujar!

- Não importa! Estava morrendo de saudades!

- Então essa é sua filha Sr. O'Connor? - uma voz gelada interrompeu-os.

- Sim, Sr. Sagashi. Ela acabou de voltar da Inglaterra. - o pai de Saphire parecia temeroso.

O homem a sua frente olhou-a maliciosamente antes de dizer:

- Creio que ficará conosco...?

- Saphire. Prazer em conhece-lo senhor...

- Não, me chame apenas de...Yokuo.

- Bom, Sean vai leva-la até seu alojamento, está do jeito que você deixou!

- Está? Que bom!

- Nos vemos mais tarde!

- Até papai! - quando o rapaz aproximou-se, ela perguntou - Quem é ele Sean?

- É um dos novos financiadores da escavação. Só que ele é meio estranho, sempre vestido de preto e encapotado apesar do calor!

Saphire observava o homem se afastar com seu pai. Aquilo não era nada bom. Depois de um tempo, os dois chegaram até um dos inúmeros quartos.Sean passou a chave e abriu, revelando um quarto extremamente feminino.

- É tão bom estar de volta!!!! - a jovem pulou na cama. O rapaz sorriu. Ela estava tão linda!! Agora percebia que aquilo que sentira durante todo o tempo que estiveram separados era...amor.

- O que foi Sean? - a voz doce despertou-o do devaneio. Ele corou ao ser encarado tão intensamente por aquele par de olhos verdes.

- N-ada!! - disse ele virando o rosto.

- Você não me engana!!! - a jovem levantou-se e se aproximou dele - Eu te conheço muito bem, por isso... - Saphire não completou a frase, fazendo Sean encara-la.

- Por isso? Vamos, agora diga!!

- Nada não...

- Fala vai! - ele começou a cutuca-la, como fazia quando eram crianças, fazendo-a rir alto.

- Pára Sean!!!

- Só se você falar!!

Ela continuou rindo. Só que num gesto, ela tropeçou no imenso vestido que usava e caiu na cama. Tentou se segurar, mas acabou levando Sean junto com ela. Quando viram, estavam numa posição no mínimo embaraçosa: com ele em cima dela.

- Saphire...eu...

- Por isso...que eu...te amo. - disse por fim, completando a frase que havia provocado tudo aquilo.

- Eu...também te amo... - e sem se conter abaixou-se dando um beijo suave. Em segundos, ele tornou-se intenso, consumando na primeira das muitas noites de amor de ambos.

Tóquio, 2003

Às onze e meia da noite em ponto, os três rapazes se encontraram com a vampira na fábrica que se encontrava deserta. Saphire usava uma calça vermelha, coturno, uma blusa justa preta, um sobretudo escuro. No pescoço o pingente de dragão e a pulseira no braço. Na outra mão tinha um embrulho.

- Onde está Omi? - perguntou ela.

- Ele...não apareceu desde do final da tarde... - disse Aya com uma tristeza incomum no olhar.

- O que aconteceu?

- Uma menina apareceu do nada e pediu uma flor. Então Omi se ofereceu para leva-la até o hospital onde...

- Eu não acredito que você deixou ele ir sozinho!!!!!! - exclamou Saphire - Ai meu Deus!! Venha, vamos nos apressar!!!

Eles seguiram-na por aquele labirinto de corredores. Ela parecia conhecer o caminho muito bem...

- Como pode ter certeza que ele estará aqui? - perguntou Ken.

- Ele mora aqui.

- Como assim?

- Não sei se repararam na primeira vez, mas tem uma espécie de cemitério com um mausoléu nos fundos da fábrica.

- Er...o que é isso na sua mão? - disse Yoji referindo-se ao embrulho.

- Ah...isso. - ela parou por um momento. Tirou o pano que encobria - É o que vocês vão usar para derrotar Yokuo-sama.

Dentro dele havia uma flecha. Mas ela era diferente das outras, era inteira dourada com inscrições em egípcio no cabo.

- Uma flecha?

- Ela é um artefato sagrado que meu pai achou numa de suas escavações...na última... - Saphire soltou um suspiro - Ela era usada pelos povos antigos para exterminar as entidades maléficas. Havia mais dessas, mas foi a única que restou. Peguem-na.

- E porque você não pode usa-la?

- Porque de certa forma eu também sou uma entidade maléfica...eu nem posso toca-la. Por favor usem-na.

- Está bem. - disse o ruivo pegando-a - Vamos!!

Eles correram até os fundos como da última vez. Mas algo fazia o coração do líder da Weiss acelerar: Onde estava seu Omitchi? "Que Yokuo não tenha feito nada com ele..."

Eles empurraram a porta de ferro e saíram pra fora, na quarta noite de Lua cheia. Tudo estava quieto, como uma calmaria antes da tempestade.

- Finalmente chegaram!!!! - uma voz congelante se fez ouvir. Eles viraram- se e viram a silhueta de Yokuo encostada no muro. Ele vestia a mesma roupa da outra noite - Estava cansado de esperar vocês!

- Maldito!!!! - sibilou Saphire perigosamente.

- Espere um pouco... - ele desencostou-se e foi andando devagar na direção deles - Achei que fosse quatro humanos que estavam com você! Onde está aquele loirinho adorável? Como é mesmo o nome dele? Ah...Omi.

- Se você fez alguma coisa com ele, vai se arrepender!! - exclamou Aya perigosamente, sua mão já no cabo de sua katana.

- Olha só que coincidência!! - Yokuo continuou como se não tivesse ouvido as ameaças - Eu estava andando por aí quando encontrei algo que possa ser de vocês. Porque não se junta a nós?

Uma figura até então despercebida saiu das sombras. Era...Omi? Mas algo nele estava diferente. Aya se adiantou, mas o braço de Saphire ficou em seu caminho.

- Saia da minha frente, é o Omi!!! - disse o ruivo.

- Espere... - ela estreitou os olhos - Não pode ser...

Num gesto rápido sacou sua besta e atirou no loirinho. Os outros três gritaram:

- Não!!!!!!!!

Mas...para espantos dos Weiss, Omi saltou com grande agilidade desviando-se do disparo.

- Maldito!!!!!!!!!!!! Como ousa transformar ele em vampiro??? - gritou Saphire diante do choque de Ken, Yoji e principalmente...Aya.

- Ora, ora, ora, você é muito esperta minha querida!! Bom, agora que descobriram, que tal acabarmos com isso? Omi...mate-os.

O chibi deu um sorriso maléfico. Num rugido, seus olhos azuis viraram vermelho sangue e seus caninos cresceram.

Fim da quinta parte

Espero comentários!!!

Mystik