"Se o meu sorriso mostrasse o que eu tenho no fundo da alma, muitas pessoas, ao me verem sorrir, chorariam comigo"
- Kurt Cobain
Draco estava a ponto de começar a soltar gargalhadas com as cenas que Weasley estava lhe proporcionando. Fora a terceira fez que ela fora repelida pra trás ao tentar sair e a cada vez ele achava a cara dela mais engraçada.
Fazia algum tempo que não esboçava um sorriso. Tempo que passou sozinho na mansão, às vezes recebendo alguém por causa dos negócios. Mas socialmente, Malfoy repelia a qualquer um.
E agora, com aquela garota de cabelos extremamente vermelhos, olhos grandes e castanhos, e bochechas rosadas devido às quedas, Draco se sentia estranho. A achara bonita desde que a vira naquele dia, pois não podia deixar de admitir que a combinação daqueles fios ruivos com a pele pouco pálida, mas saudável de Gina, era perfeita. Se espantara, no começo, quando soube que ela era uma Weasley. Ele tinha uma vaga lembrança de como ela era quando estudava em Hogwarts, pois suas atenções eram mais voltadas ao amigo de Harry Potter, Rony Weasley, já que esse agia do jeito que Draco queria que ele reagisse as suas provocações: explosivamente.
Mas mesmo a achando bela, a raiva que Malfoy mantinha por ela agora, e isso não tem nada a ver com o fato do sobrenome Weasley, era muito maior. Ele até poderia ter tido alguma consideração com ela, caso não tivesse se aproximado da flor, mas a partir do momento que Draco a viu estendida no chão, ao lado da flor, uma raiva crescente se apoderou dele, não importasse quem fosse a garota, não importasse qual fosse seu sobrenome.
Só que alguns segundos, enquanto Gina vinha a ele como um raio de tão nervosa, Draco se esqueceu de sua raiva. Se esqueceu porque ela estava tão engraçada com os cabelos bagunçados, a respiração ofegante e as roupas amassadas, se esqueceu por ele tê-la achado mais graciosa, assim desarrumada, do que quando estava em sua posição normal.
Mas foi só Gina perguntar-lhe sobre aquilo tudo, que ele voltou a realidade. "Por que você não sai daqui? Simplesmente por sua culpa!" ele quis gritar a ela, sua raiva habitual voltando, mas nada disse, apenas dando as costas à ruiva e indo a direção do castelo.
-Malfoy! – ela gritou – Eu quero ir embora!
Isto soou extremamente infantil e Gina não pode deixar de corar com sua atitude. Mas o que mais ela poderia fazer? Já estava cansada e se podia amenizar um pouco, muito indignada com tudo aquilo. "Por que estou presa aqui?" se perguntou, querendo sair correndo e pular em cima de Malfoy, já que ele insistia em ignorá-la e continuava a caminhar. "Controle-se, Gina" ela dizia a si mesma, "Logo você vai dar um jeito de fazer esse louco te tirar daqui... Eu espero que sim!". Ela desistiu de chamar a atenção de Malfoy e resolveu seguí-lo pra dentro, afinal, lhe restava outra opção?
Viu que o elfo estava ali parado, talvez ainda esperando ela caso tentasse sair novamente e caísse. "Oh, eu não sou tão tola assim! É mesmo impossível sair daqui...". Resolveu que, já que não conseguiria conversar com Malfoy, falaria com o elfo, pois ele, mesmo parecendo medroso, parecia querer colaborar, como ajudou a prestativa Kally.
-Ei! – Gina começou – Seu nome é Dippy, não?!
-Sim, senhorita. Dippy, às suas ordens. – ele fez um grande aceno com a cabeça, o que deixou Gina meio sem ação.
-Eu poderia lhe fazer um pergunta? – ela falou meio hesitante, mas ao mesmo tempo entusiasmada.
-Claro, srta! Dippy ajuda no que for possível!
-Hum, seu senhor, Draco Malfoy, ele sempre usa aquela capa com capuz?
Dippy hesitou um pouco, como se pensasse no que devia dizer. Depois de algum momento, Gina percebeu que ele parecia falar consigo mesmo e acabou se decidindo.
-Acho que não fui proibido de dizer que meu senhor, Draco Malfoy não usa sempre sua capa. – ele chegou perto de Gina e a fez abaixar até sua boca, e cochichou: - Ele apenas a põe quando recebe visitas.
Gina olhou curiosa para a criatura e percebeu que nos seus grandes olhos verdes ainda havia uma dúvida de que se ele podia contar mesmo aquele fato a ela, mas Gina ignorou isso e continuou a perguntar, mais atiçada ainda:
-E, - ela tomava o cuidado de não parecer muito interessada, já que o elfo podia se assustar – por que ele a usa?
Na mesma hora que Gina terminou a pergunta o elfo soltou um grito extremamente agudo e depois saiu correndo até acertar sua cabeça em uma árvore que havia ali perto. Ela se assustou na hora e tentou segurá-lo antes que batesse novamente a cabeça no tronco.
-Dippy, não pode, meu senhor ficar bravo, muito bravo. Dippy muito mau, não cumprir as ordens do seu senhor. – ele escapou das inúteis mãos de Gina, que tentavam segurá-lo, e começou a subir na árvore.
Gian nada fez até perceber qual era o objetivo dele: derrubar-se no chão.
-Dippy! Desça daí, você irá se machucar, desça!
Mas o elfo não a escutava e achando que o galho onde estava era muito baixo começou a subir outro mais alto, até que, apoiou-se em um galho fraco que quebrou, e acabou no chão. Na mesma hora em que ele se espatifou no chão começou a gemer de dor, mas parecia não estar muito satisfeito com sua punição, sempre repetindo: "Dippy mau, Dippy muito mau". Já estava começando a se levantar quando Gina se aproximou e pegou seus braços.
-Chega, Dippy! Já foi o suficiente, eu não irei mais lhe perguntar nada. Agora, por favor, vamos procurar Kally para você se tratar desses arranhões.
O elfo pareceu não gostar muito, mas mesmo assim aceitou a oferta, então foram os dois se encaminhando para a entrada da cozinha.
Draco estava no escritório. Ali, mais do que em qualquer outro lugar da mansão, era o cômodo mais frio, por não haver nenhuma lareira, e por as janelas estarem sempre cobertas com espessas cortinas, obstruindo a passagem do sol e da luz. Talvez não fosse mais frio que as masmorras tão secretas de seu pai, mas Draco desconsiderava esse lugar, pois o odiava, aliás, odiava tudo o que se tratava sobre seu pai, desde o dia em que Lucio e Narcisa morreram.
Ele, agora, examinava um pequeno papel, que era de uma brancura impressionante, e que continha algumas frases escritas, por alguém que parecia tê-las feito em um momento de tensão, já que as letras, apesar de serem bem legíveis, estavam um pouco tremidas.
É sempre tão mais fácil não se gostar de algo do que aprender a admirar, pois gostando você tem que passar por cima de alguns defeitos, de algumas pequenas coisas não muito agradáveis. Mas desprezando tudo é mais fácil, pois sempre são os erros que estão mais à amostra e achá-los era mais cômodo do que achar as qualidades. Então pra Malfoy, detestar tudo a sua frente era um hábito, e uma coisa que ele sempre fizera; não por realmente não gostar de nada, mas por ser tão mais simples odiar a tudo, por ser menos difícil descobrir as coisas negativas, por ser menos complicado criticar.
E aquele papel comum na sua mão não saia desse círculo. Ele também odiava cada palavra escrita nele, apesar de que depois de tê-lo lido, compreendera a pessoa que o escrevera e passara a amá-la. Só que aquelas simples palavras mexiam com sua vida, descreviam seu destino, o colocava num papel que Draco não queria de jeito nenhum representar, mas que não tinha como fugir, afinal, já estava escrito.
Pensava que a garota o seguiria, e assim ele poderia tentar explicar o porquê dela ter sido expelida pra dentro toda vez que tentava ir embora, mas Gina parecia ter ficado lá fora mesmo e Malfoy agora achava isso bom. Ele teria tempo para pensar.
Enquanto lia novamente as palavras do papel, foi se sentando distraidamente na cadeira atrás da mesa com alguns documentos. Sabia que uma parte do que estava escrito ali havia se cumprido a partir do momento que Weasley chegara ali, na tarde anterior, só que queria entender exatamente por que ela que fora quem tinha relado naquela flor, por que ela fora a escolhida pra tudo o que viria a acontecer. Meio contrariado, ele repetiu em voz alta a resposta que ecoava em sua cabeça, tentando absorvê-la:
-Destino... – disse com sua voz rouca, devido ao frio. – Brincando comigo? – perguntou pra ninguém – Por que uma Weasley? Ou melhor, por que disso tudo?
Quem ouvisse pensaria que Draco estava aborrecido ao fazer aquelas perguntas, e ele estava mesmo. Mas por trás daquelas palavras bruscas, havia dúvida e um medo do novo, sentimentos muito bem escondidos na pose de forte que ele sempre fazia.
Gina e Dippy vieram rápido pelo caminho do jardim até a porta dos fundos. Seria fácil a ela ter ajudado o elfo a caminhar, mas ele insistia em querer meter a cabeça em qualquer coisa que lhe parecesse suficientemente dura pra que lhe machucasse, coisa que Gina veio o caminho inteiro tentando impedir. Logo chegaram a porta da cozinha e encontraram uma Kally meio afobada entrando lá também, só que vindo da sala.
Assim que viu Dippy todo arranhado e gemendo, Kally soltou um gritinho estridente e foi correndo ajudar o suposto amigo. Gina já estava começando a ficar acostumada com os gritos agudos dos elfos, mas não que isso diminuísse o choque que seus ouvidos recebiam ao ouvir o som tão irritante.
E constatando que Dippy estava bem, ela se virou para Gina:
-Meu mestre, Draco Malfoy, disse para senhorita ir até o escritório assim que voltasse.
"Ah, pois como ele tinha tanta certeza de que eu voltaria? Sou tão previsível assim? E por que eu deveria seguir suas ordens? Não vou até lá!" pensou decidida. Mas quando voltou seus olhos ao redor, vendo a cozinha, que dava umas três da sua, com vários utensílios brilhantes, Gina disse a si mesma porque deveria fazer o que Malfoy dissera: "Porque eu estou presa nesta mansão assombrada!". Foi pensando no que conversaria com ele enquanto deixava pra trás os dois pequenos servos.
Mas depois ter saído da cozinha e seguido por um corredor, Gina se deu conta de que não tinha a mínima idéia de onde era o tal escritório e nem perguntara a Kally. Pensou em voltar e perguntar, mas emburrada como estava acabou achando que conseguiria se virar sozinha.
Continuou andando pelo mesmo corredor, que tinha corredores laterais, mas ela insistia em continuar indo em frente, achando que o escritório provavelmente ficaria mais perto da porta entrada. Já estava ficando um pouco cansada de ter que ouvir alguns comentários maldosos de vários quadros pela qual ela passava, quando chegou em uma sala.
Era a sala de visitas, sala onde encontrara Draco algum tempo antes. Agora que Gina não estava em tensão por ter Malfoy a interrompendo a toda hora, pode observar melhor o aposento.
Era bem iluminado, com janelas altas que não estavam cobertas pelas espessas cortinas vermelhas que Gina pode observar. A lareira que ainda permanecia acesa, e tinha algumas poltronas que pareciam muito confortáveis, ao seu redor.
De repente, como se a quentura do ambiente a envolvesse, Gina se sentiu cansada; talvez por ter tido a dificuldade de trazer Dippy sem se machucar mais, ou talvez porque ela simplesmente nunca tivera tanto em tensão como estava desde que havia chegado. E a noite que passara ali fora de um sono induzido, e por isso não reconfortante.
Por isso, quando viu as poltronas caprichosamente colocadas em frente à lareira, como que pra manter aos que estivessem ali aquecidos, Gina não resistiu em se sentar um pouquinho pra descansar, afinal, ninguém saberia. Mas logo que deu alguns passos, tão distraída estava, não notou o tapete ricamente trabalhado que se estendia no chão, e arrastando os pés, Gina acabou tropeçando nele e indo ao chão.
Assim que se sentiu indo pro chão reprimiu o grito que quase saíra, a fim de não chamar a atenção de ninguém. Automaticamente colocara suas mãos na frente, querendo amortecer a queda, o que não funcionou muito, já que acabou caindo de joelhos. Gina novamente tencionou gritar pela dor da queda, mas seu medo de que a descobrissem lá sozinha a fez botar as mãos na boca, impedindo qualquer som de se propagar.
Ela abaixou sua cabeça até encostar-se a suas pernas, esperando seu coração para de dar pulos tão grandes em seu peito. Logo que se sentiu suficientemente calma do susto, Gina levantou-se lentamente e foi até uma das poltronas, sentando-se pesadamente. Teve vontade de rir, assim que percebeu a coisa tola que havia acabado de fazer e olhava para o tapete, mas logo reprimiu todo seu entusiasmo quando notou algo no chão.
Tropeçando no tapete, Gina o levantara e deslocara um pouco do lugar, deixando a mostra o chão, antes escondido pelo tapete. Nada disso seria incomum, não fosse a pequena parte, que Gina via agora, de um alçapão que ficou à mostra.
Imediatamente, teve uma vaga lembrança de Rony, comentando no verão de seus doze anos, que havia descoberto um compartimento secreto na casa do arrogante e sonserino Malfoy. Arthur, ela ainda lembrava, havia ignorado esse comentário pensando ser brincadeira do filho por não gostar do louro e Gina, acreditando fielmente no pai, também esquecera o assunto.
Mas agora, vendo claramente que aquilo só podia ser alguma entrada de um lugar secreto – pra quem acreditava nos fantasmas dos Malfoy, não foi difícil imaginar entradas proibidas de lugares escondidos.
Ela se levantou rapidamente, ignorando totalmente que há pouco estava se queixando de cansaço, e foi até o suposto alçapão, se ajoelhando no chão. Puxando mais o tapete, Gina pode confirmar suas suspeitas, sentindo que seu coração havia disparado novamente.
Era uma porta de madeira, que Gina teve certeza, ser muito antiga e extremamente pesada pra ser levantada facilmente. Mas – sorriu – ela sabia magia, poderia muito bem levantar a tal porta ou qualquer coisa que desejasse sem fazer o menor esforço, apenas com um movimento da varinha e algumas palavras.
-Afinal, apesar deu ter sido sempre horrível em História da Magia e DCAT, sempre fui bem em Feitiços! – falou pra si mesma, mais satisfeita do que nunca por ser uma bruxa, e muito curiosa pra descobrir o que havia dentro daquela porta.
Então se levantou, acabando de descobri-la e tirando sua varinha das vestes – feliz também por descobrir que ela ainda estava lá – Gina apontou pra porta aos seus pés.
-Allo...
-Nem, pense nisso, Weasley. – foi o que ela ouviu antes de se sentir sendo levada voando até a poltrona mais próxima.
-Malfoy! – ela disse depois que pôs seus pés no chão, ainda sentada, e conseguiu entender o que aconteceu. Sua voz saiu com uma mistura de raiva e espanto, e Gina poderia até gritar indignada, não fosse sua consciência de que não estava fazendo algo correto.
Malfoy, ao invés do que Gina esperava, reagiu da maneira mais calma possível.
-Não pensava que vocês ainda estavam assim, Weasley. Sua família passa tanta necessidade que agora você precisa roubar?
Ela sabia que por trás daquela escuridão do capuz Draco mantinha um sorriso debochado em seu rosto e ficou vermelha de raiva.
-Não, Malfoy, nós não estamos tão mal desde que os quatros filhos que ainda vivem n'A Toca começaram a trabalhar. E não também, seu nojento, eu não saio assaltando casas, muito menos prendendo pessoas dentro dela! – novamente ela se sentiu frustrada por não poder encarar os olhos de Malfoy, não poder demonstrar toda raiva que sentia por ele naquele momento.
-Você não está presa aqui por minha vontade! – ele quase gritou. Novamente reagiu contrário ao que Gina esperava e ela odiou não poder ver o rosto de Malfoy e determinar corretamente quais seriam suas reações. Era sempre assim que ela fazia com Harry, ou qualquer um.
-Não? – disse sentando-se corretamente e encarando as chamas fortes da lareira – Você continua fazendo esse jogo idiota de me fazer de trouxa e eu...
Draco começou a rir friamente, interrompendo o que ela dizia. Gina percebeu como ele mudava de humor rapidamente e pensou que talvez todos aqueles sentimentos de divertimento, raiva ou indignação fossem pano para esconder o que realmente ele sentia no momento e que Gina não sabia qual dos três era. Ela voltou a olhar por cima da poltrona e ele parou de rir assim que os olhos dela voltaram-se nele.
-Jogo, Weasley? Se você acha que sua vida é um jogo medíocre o problema é seu. Pois eu te digo que esse jogo que você acha idiota está na sua vida, irá mudar ela, é o destino. E nem eu, nem você temos poder pra mudar isso.
Ela notou que ele soltou a última frase com um tom de fracasso, coisa que ela descobriu que era o que ele devia estar realmente sentindo. Levantou-se da poltrona e ficou de frente pra ele, alguns metros distantes, mas muito perto pra poder sentir a tensão que havia entre os dois.
-Você pode ficar satisfeito com a idéia de que sua vida já está traçada e de que você não precisará lutar, pois não adiantará nada. Mas eu creio que eu posso conseguir o que quero ou tentar mudar o que não desejo. –ela falou calma, já tendo consciência de que não sairia dali se continuasse brigando com ele – Acredito que o fato de estar presa aqui, se não é um jogo seu, não passa de um obstáculo que podemos passar e seguir nossas vidas sem termos que nos ver nunca mais. Será que você pode nos ajudar?
Gina esperou novamente a risada irônica de Malfoy, mas o que veio foi um comentário irritado:
-Será que teimosia é coisa de família? – ele perguntou como se falasse pra si mesmo – Já disse que não há nada que podemos fazer. – ele fez uma pausa - Qual palavra você quer que eu repita primeiro pra que você possa compreender inteiramente? – finalizou com ironia.
-Eu só preciso – começou ela, dizendo as palavras lentamente, enquanto dava passos em direção a ele – saber primeiramente, o que você está sentindo! – assim que Gina terminou a última palavra já estava a um palmo do rosto de Draco e ele não esperando a aproximação dela, ficou sem reação. Mas não desperdiçando a sorte, a pequena Weasley tratou de agir rápido levantando sua mão, e num movimento pouco delicado, levando o capuz de Malfoy longe de seu rosto.
Mas assim que viu o que tanto desejava – os olhos de Malfoy – e descobriu neles algum medo e frustração, Gina gritou e se arrependeu do que havia feito. Não conseguia tirar seus olhos dele enquanto se afastava pra trás, até bater suas costas na poltrona que sentara há pouco. Ficou ali, ainda olhando-o fixamente enquanto segurava fortemente o assento atrás de si, com medo de que pudesse cair, já que suas pernas pareciam fraquejar.
E Draco ainda mantinha-se sem reação. Assim que a claridade, antes impedida pelo capuz, invadiu seus olhos, percebeu o que viria a seguir, mas não conseguiu fazer movimento nenhum pra que o capuz voltasse ao lugar. Seus olhos se fixaram nos da Weasley e ele pode ver o medo e repugnância que ela começava a sentir por ele enquanto se afastava. E ele ainda não conseguia fazer nada.
Lembrou-se de que era esse o motivo de nunca mais ter saído de casa: o medo de que alguém o olhasse como alguém inferior, com medo, ou repugnância, como a ruiva fazia agora. Sua vontade era colocar novamente o capuz e esconder-se, mas ele sentia algo mais forte indicando que agora que já havia sido visto, não adiantava mais se esconder. Então, continuou sem qualquer reação.
Ao contrário de Malfoy, Gina tinha pleno controle de seus movimentos, pelo menos os dos braços, mas sua reação ainda era de paralisia e espanto. Ela continuava a encarar Draco. Mantinha seus olhos pregados na visível e muito marcada cicatriz que ia desde o lado direito da testa, passando por um olho e nariz, até chegar próxima ao canto esquerdo da boca. Não fosse ela tão grossa e escura, não teria efeito nenhum. Mas era uma marca impossível de não ser notada e que dava repugnância a quem via.
O único pensamento de Gina foi se perguntar por que Malfoy não tirara aquela cicatriz dali, já que com alguma poção ou feitiço isso era possível e muito fácil, e ela não pode deixar de notar também, que sem aquela marca terrível, o rosto dele poderia ser muito belo.
Draco notou visivelmente a mudança dos sentimentos de Gina. Ele via que agora os olhos grandes e castanhos brilhavam com algum sentimento mais ameno.
-Não preciso disso, Weasley. – ele falou num tom tão seco, que Gina, de repente sentiu-se fraca – Guarde sua pena pra cicatriz do Potter, ou pras do seu irmãozinho que insistia em fingir que lutava, enquanto se escondia atrás de Potter e do pai, mas mal conseguia dizer Voldemort.
Gina tremeu ao ouvir o nome do antes Lord das trevas; mas as rápidas lágrimas que chegaram aos seus olhos não eram pela menção do nome maldito, mas por Malfoy citar Harry, por citar Rony, e por ela se lembrar de que estava presa ali sem sua família, sem ninguém que realmente apreciasse. E enquanto sua tristeza escorria em lágrimas no seu rosto, Gina foi escorregando lentamente seu corpo até que se sentasse no chão, soltando gemidos baixinhos.
Draco esperava aquela reação explosiva que Gina tinha tido a pouco, debatendo com ele, defendendo seus motivos. Mas não esperava que a garota se abaixasse e começasse a chorar, como ele observava agora. "Eu preferiria que ela gritasse de ira..." ele falou mentalmente, pois assim saberia como reagir, como responder. Mas aquela manifestação da Weasley o deixava desarmado, e ele odiava ficar vulnerável, ainda mais do que já estava, agora que seu capuz fora tirado. Não sabendo que atitude tomar, simplesmente saiu, deixando Gina ali, sozinha.
"N/A: Eu espero que vocês tenham gostado deste capítulo tanto quanto eu gostei de escrevê-lo... Obrigada pelas reviews! E respondendo para a Soi: o Harry? Ah, por enquanto ele fica chupando o dedo...rs!!"
