"N/A: Como eu estou boazinha hoje, e também em agradecimento pelas reviews, eu resolvi postar o capítulo 10 mais cedo. Ah, eu espero que a última frase do Harry mostre como ele gosta da Gina, ou como eu gosto dele e de jeito nenhum, vou fazer com que a ela o trate como um trouxa. Pelo menos nessa fic, rs!" Capítulo 10-Visitas inesperadas

Draco acordou com uma sensação de satisfação. Ele se recordou da noite anterior e deixou  escapar dos lábios um sorriso. Havia tempos que não se sentia tão bem assim consigo mesmo. Talvez o que sua mãe havia dito era verdade. Talvez pudesse acontecer dos dois ficarem juntos, ou talvez não.

"Virgina gosta do Potter..." foi a primeira coisa que lhe ocorreu. Mas logo depois se perguntou o que isso importava, já que não se achava apaixonado por ela. "Foi apenas um impulso por estar me sentindo sozinho, ou talvez um efeito do vinho...".

Ele se levantou e foi ao banheiro, lavar o rosto. Olhou-se no espelho, e como todos os dias desde a morte dos pais, odiou a imagem refletida ali. Mas odiava ainda mais não ter coragem de admitir seu rosto, de se esconder de todos por vergonha, por medo de ser repugnado. "Ela não se sente mais desconfortável ao meu lado" lhe ocorreu, pois sabia não haver mais em Gina aquela hesitação do começo, aquela sensação de repugnância. "Mas o que importa o que ela sente por mim? Bom, claro que não nos odiando teremos uma convivência melhor, e isso já é suficiente. Nada daquela coisa idiota de paixões e amores... A não ser que isso seja necessário para algo mais..." pensou sorrindo.

Desceu para o escritório levando a carta de sua mãe junto. Por mais que já a tivesse lido e relido, tentaria novamente procurar um modo de livrar Weasley da prisão em que ela, de um certo modo, se encontrava. Mas desta vez, Draco não parecia estar tão decidido a deixá-la ir, quanto estava dias atrás.

Gina se espreguiçou sem abrir os olhos. Tinha medo de que se o fizesse se descobrisse em seu quarto n'A Toca, e que aquela noite não passasse de um sonho, que tudo não passasse de um sonho. "Que engraçado..." ela pensou. Há dias atrás o que ela mais queria, quando abria os olhos ao acordar, era ver que estava em seu quarto de sempre. Mas naquele dia, ela desejou estar na mansão. Desejou que o beijo que tivera não fosse uma ilusão.

Mas então, lembrou-se de Harry, seu noivo. "Ou seria ex-noivo?" se perguntou. Desde que passara daqueles portões Gina sabia estar fazendo coisas que nunca pensara que poderia fazer. Como ter admitido suas dúvidas a Harry, ou ter salvado Draco, ou até mesmo ter aceitado ir ao jantar da noite passada. Mas de todas, a mais grave ainda era o que ela havia dito a Harry.

"Ele deve estar magoado, muito magoado. Eu ficaria". Ela não sabia afirmar se com aquela conversa os dois haviam rompido. Parecia ter se passado semanas desde aquele dia, mas não se passava de dois dias. "Dois turbulentos dias". Ela resolveu esperar mais um dia pra que Harry lhe mandasse alguma coruja, ou senão ela mesma o faria.

Agora parecia necessário esclarecer de uma vez aquilo tudo, e ela se envergonhou do motivo disto: queria estar livre. Queria poder assumir outro compromisso ou até se envolver casualmente e ela sabia com quem queria.

E pensando nisso, sua mente a levou novamente as dúvidas que havia tido alguns dias atrás. De que todos os seus atos poderiam estar sendo manipulados pelo tal encantamento, que talvez ela tivesse bem com Harry, mas o efeito do encantamento poderia tê-la feito pensar que não; ou então que na verdade não fosse o vinho que fizera com que Draco e Gina tivessem se descontrolado na noite anterior e se beijado, mas sim o encanto de Narcisa.

"Talvez toda essa alegria que eu esteja sentindo por uma noite, que foi tão absurda, seja falso. Eu poderia estar odiando o Malfoy nesse momento e o encantamento poderia estar causando o efeito inverso. Como eu posso realmente saber o que é verdadeiro?" ela se perguntou.

Gina levantou-se da cama e foi até o banheiro lavar o rosto. No momento em que se olhou no espelho notou que ainda se encontrava com a trança, mesmo que estivesse quase desfeita. Então se lembrou dos arrepios que sentiu quando Draco desfazia seu penteado, lembrou-se do quanto gostou dos poucos segundos que estavam unidos num beijo.

"Bom, se nós estávamos agindo naquele momento por causa de um encantamento eu não sei, mas que eu gostei, eu posso ter certeza que sim!" pensou enquanto sorria ao espelho.

Logo depois de se aprontar, Gina desceu até a cozinha, e mal pôs os pés lá quando Kally veio lhe atacando:

-Conte, senhorita! Conte como foi! Meu senhor estava belo, não estava?! Estava sim, eu o vi, estava muito belo. E a senhorita também, muito linda! Conte! – ela pulava ao redor de Gina e espalhava a voz estridente pela cozinha inteira.

-Bom, - Gina começou depois de se sentar à mesa – foi uma noite encantadora. – ela tentou não dar muita ênfase nem emoção ao que estava dizendo. Não queria que o elfo pensasse que ela havia gostado.

-Só isso? Mas o que meu senhor disse, o que vocês fizeram depois na sala de visitas? – ela perguntou.

-Olha, Kally! Você está mais para uma das meninas fofoqueiras da minha época de Hogwarts do que pra um elfo doméstico! – ela disse rindo – Eu e o senhor Malfoy apenas conversamos, e depois, hum, nós dançamos um pouco.

-Dançaram? – ela disse entusiasmada.

-Sim, dançamos. Estávamos ouvindo a música que você e Dippy colocaram e acabamos dançando também.

-Oh! – exclamou o elfo – Meu senhor vai ficar bravo, muito bravo! Ele vai nos castigar por dançar, vai sim!

-Vai não! – ela disse imitando Kally – Vocês não fizeram nada de errado, nada.

O elfo então, começou a pular e cantar ao redor da mesa:

-A senhorita Weasley deixa o senhor bonzinho, a senhorita Weasley salva nós, o meu senhor não é mais malvado, a senhorita Weasley...

-Ok, já está bom. – Gina falou rindo – Eu gostaria de tomar uma boa xícara de chá, Kally.

-Oh, é claro, senhorita! – ela disse ainda aos pulos – Pode ir a sala de refeições que eu irei chamar meu senhor, vou sim!

-Sala de refeições? Chamar seu senhor? Kally, eu tomo café da manhã aqui e sozinha, sempre fizemos isso! – falou Gina, meio confusa.

-Eu sei senhorita, eu sei! Mas Kally já preparou tudo pra que a senhorita e o senhor Malfoy tomem café juntos! Meu senhor mandou, Kally obedece.

Gina abriu a boca, incrédula.

-Draco disse que iria tomar café comigo?

-Disse sim! Disse que assim que a senhorita acordasse eu devia chamá-lo no escritório para que os dois tomassem café, juntos.

"Oh, isso é um bom, ou mau sinal?" ela se perguntou, enquanto saia da cozinha.

Quando Draco sentou-se à mesa, Gina sentiu seu coração acelerar. Ele continuava com o mesmo rosto, com o mesmo cabelo, com as habituais vestes e com o mesmo ar confiante; e por isso ela não sabia o que estava vendo de diferente nele pra que seu coração desse pulos em seu peito. Mas sabia que estava totalmente constrangida de estar ali sentada com ele por causa do beijo.

Já Draco sabia qual era a diferença. Agora ele não sentia mais nenhuma irritação em ter a companhia de Gina, e se formos bem otimistas ele diria que sentia até prazer em tomar café com ela. Mas mesmo assim, também se sentia levemente deslocado pelo ocorrido na noite anterior. Não pelo ato em si, mas por ter sido algo tão irreal e inacreditável, por ter sido tão bom e insatisfatório. Por ele saber, no momento em que postou os olhos em Gina, que o que fizera ele beijá-la não fora o vinho – já que ele queria fazer isso de novo ao vê-la hoje – mas sim, uma força que ele não podia controlar.

-Bom-dia.

-Bom-dia. – ela murmurou inquieta.

Estavam tão ansiosos por falar, que não encontravam as palavras certas. Até que Gina se lembrou de algo.

-Eu me recordo, que uma das primeiras lições da professora Sprout foi que nenhuma planta pode ser encantada ou enfeitiçada. Como é possível então, que a rosa esteja encantada?

-Talvez porque está com a essência de meus pais. – ele respondeu indiferente.

-Hum, Malfoy... – ela começou.

-Você também quer que eu lhe chame de Weasley? – ele falou sem postar os olhos nela, como se a manteiga em seu pão nunca tivesse uma cor tão diferente de se admirar.

-Oh, não, Draco. Eu só queria saber como você ajudou na derrota de Você-sabe-quem. Até hoje todos comentam que você foi a chave pra tudo, mas eu estava tão eufórica na época que não me importei em saber realmente como tudo aconteceu. Com certeza Hermione deve saber, já que está escrevendo um livro sobre a guerra, mas nunca tive vontade mesmo de saber isso.

-Bem, eu apenas consegui descobrir o esconderijo de Voldemort. – ele acentuou bem o nome do bruxo, vendo que Gina não se sentia confortável. Ele achava ridículo temer alguém que já está morto – Não foi difícil, já que meu pai me contava tudo sobre ele, por mais que eu não me interessasse. Depois foi só arranjar um jeito de me comunicar com Dumbledore, o que foi difícil, pois eu não podia sair de casa e ele também se mantinha em local secreto. Mas alguns galeões resolveram o problema e tudo acabou.

-Mas seu pai nunca desconfiou que você poderia fazer isso? – ela perguntou, os olhos arregalados devido a simplicidade que ele falava tudo aquilo.

-Não. Meu pai estava tão crente de que eu era igual a ele, de que eu me submeteria a Voldemort que não enxergou nada. Além do que, eu nunca me importei com nada disso, e ele sabia disso.

-Como assim não se importou?

Um pontinho brilhou na cabeça de Draco indicando perguntas demais, ou seja, intimidades demais. Ele não estava muito disposto a revelar as intenções e receios daquela época.

-Você disse que Granger está escrevendo um livro?

Gina notou a súbita mudança de assunto e ela não era das que gostava de ser cortada, mas ignorou naquele momento isso, e respondeu a ele:

-Sim, está. Mas ela fez uma pausa desde o mês passado. Está resolvendo assuntos sobre o casamento. Será no começo da primavera.

-Casamento? – ele perguntou.

-Sim, com Rony. Eles realmente formar um belo casal.

Os olhos de Draco brilharam vivamente, e sua voz nunca pareceu tão seca e arrastada:

-Como você e Potter?

Estranhamente ela gostou daquela pergunta. Só não sabia dizer se por que era Draco que estava perguntando ou se era por que era sobre Harry.

-Não. Eu poderia dizer que os dois formam um casal perfeito. Claro, de meia em meia hora eles brigam por alguma coisa, já que são mais teimosos que qualquer um; mas se amam como eu jamais duvidei e eu tenho certeza que podem abrir mão de qualquer coisa pra que isso nunca termine.

-Então você e Potter não são assim?

Ela sentia uma pontinha de vergonha quando falava de Harry, mas não gostava de deixar perguntas soltas no ar.

-Não, não somos. Nossa relação era do tipo eu mando, você faz. Apesar deu saber que Harry gosta de mim, eu não sei se gosto dele o suficiente pra conviver com seu jeito tão, eu não diria certo, seu jeito bom de ser, talvez. Ele sempre quer ajudar, gosta de deixar as pessoas ao seu redor felizes, e eu estou dizendo que isso é uma qualidade, uma ótima qualidade. Mas eu não consigo negar que me incomoda. E se uma qualidade dele me incomoda significa que eu não o amo realmente.

-Uma boa lição sobre amor.... – ele disse, zombando.

-Ora, Draco Malfoy, eu sei que você não é a pessoa certa para isso, mas eu acabei de desabafar algo que nunca consegui dizer a ninguém. Então um pouco de respeito sobre meus sentimentos seria bom! – ela falou indignada, as bochechas rosadas.

-Me desculpe, Srta. Sentimento, eu não pensei que isso a ofenderia. Só acho que se você realmente não gosta de Potter deve deixá-lo. – ele falou, ainda zombando.

-Receio que eu já fiz isso.... – ela sussurrou, a cabeça baixa – Eu acho que o magoei.

Draco segurou um riso. Ela realmente levava tudo aquilo a sério e ele resolveu levar também.

-Você pode tê-lo magoado agora, mas ele irá lhe agradecer mais tarde por isso. Pois não é uma coisa muito feliz viver com alguém com quem não se gosta, eu vi isso com meus pais. Minha mãe o amava tanto, mas eu não creio que meu pai chegou algum dia a ter algum sentimento grandioso por ela.

-Isso é triste. – ela suspirou – Mas eu estou bem, estando aqui.

Pela primeira vez Draco ficou confuso com o que Gina disse. Se ele acabara de dizer que não se conseguia uma convivência feliz com um casal que não se ama, ela estava querendo dizer que, já que agora os dois estavam se dando bem, eles se gostavam? "Ela realmente quis dizer isso?" se perguntou.

-Isso é bom. – ele falou, não querendo tirar conclusões precipitadas.

Então, sem que ele esperasse, já que ela passou a maior parte da conversa com um olhar triste e a cabeça baixa, Gina levantou o rosto e deu a Draco um sorriso. Não apenas um curvar dos lábios, mas um gesto carregado de sentimento, talvez gratidão por ele tê-la ouvido ou por ele estar sendo menos agressivo. Ou talvez a esperança de que algo bom podia acontecer.

Draco só sabia que suas mãos ficaram geladas e que seu coração bateu mais rápido e pesado, como se algo tivesse sido acrescentado a ele. Teve uma vontade louca de levantar-se e ir correndo até Gina arrancar o sorriso para um beijo. Mas seu senso de segurança estava indicando que, por enquanto, era melhor permanecer assim. E ele permaneceu.

Mais uma semana se passou e a diferença era claramente vista na casa: os elfos iam alegres servir as refeições, não mais com o ar de medo de sempre; havia conversas dos dois bruxos na sala de visitas ao anoitecer, jogos de xadrez na maioria vencidos por Gina por seus aprendizados com Rony; passeios pelos jardins, apesar da insistência de Draco de não sair de casa, e também de não sair sem a capa. Além de ela ajudá-lo com alguns papéis de seus negócios com a comunidade mágica, e além das horas que eles passavam discutindo sobre algo irrelevante.

Mas, por mais que estivessem próximos, por mais que soubessem o que desejavam, nenhum, nem outro rendia a vontade de se entregar. Ninguém comentava nada sobre o beijo naquele jantar, nem sobre a dança e muito menos sobre a porta que fora aberta no coração dos dois naquele momento.

E numa tarde de sol forte, mas não o suficiente pra que vencesse o frio do inverno que vinha, Draco e Gina estavam em mais um de seus combates no tabuleiro de xadrez. Ela adorava o ver irritado com o burburinho que as peças faziam quando ele jogava errado, ou então quando ele sacrificava uma peça.

-Elas nunca calam a boca? – ele resmungou.

-Oras, Draco, este é o xadrez de sua mãe. Se as peças sempre foram faladeiras assim, com certeza foi porque ela gostava, não reclame se você as escolheu.

Não era bem assim. Draco bem que gostaria de estar com as peças que pertenceram ao seu avô paterno e que Gina usava, mas elas não o obedeciam de jeito nenhum, ao contrário do que faziam com a ruiva. Com ela, as peças até davam dicas de jogadas.

-Senhor? – falou Dippy batendo na porta da sala.

-O que foi? – ele disse irritado. Havia seguindo o conselho da rainha e acabara por perder um cavalo.

-Algumas pessoas, muito vermelhos, querem falar com o senhor e com a Srta. Gina.

-Vermelhos? – ele perguntou.

-Sim, senhor. Cabelos vermelhos, como da senhorita. – o elfo falou enquanto apontava na direção de Gina.

-Oh, não...

-Meus pais! – Gina gritou. Ela estava se levantando quando Draco lhe segurou.

-Você... Você irá recebê-los?

-Claro, afinal eles vieram me ver. Vamos! – ela disse, a alegria exaltada demais pra perceber que ele não parecia muito contente com a idéia.

-Acho melhor você ir na frente.

Gina deu um aceno e correu até a porta. Seus pais, Rony, Hermione e Harry estavam lá em pés, perto de onde eram pendurados os casacos. Ela abraçou seu pai e quando foi ver Molly já chorava e a apertava também. Deu também dois abraços fortes em Rony e Mione, mas quando chegou em Harry, deu-lhe um beijo no rosto, constrangida.

-Venham, vamos sentar. – ela os conduziu até a sala de visitas enquanto pedia a Dippy um copo de água para acalmar sua mãe.

-Você está bem por aqui? – perguntou Arthur, os olhos bisbilhotando tudo ao redor.

Ela pensou um pouco antes de responder.

-Estou. Não digo que é a melhor coisa do mundo não poder sair, mas eu realmente não me sinto mais mal.

-Não é terrível ter que agüentar Malfoy? – Hermione sussurrou.

-Oh, no começo foi muito duro, eu o odiava. Mas agora aprendi um pouco a conviver com o gênio duro e seco dele e conseguimos uma convivência razoável.

Ela tentou não notar o leve desconforto que Harry sentiu ao ouvir aquilo.

-Gina, nós contatamos o Ministério. Por mais que você tenha pedido é impossível ficar com as mãos atadas quando se vê uma Weasley presa na mansão de um Malfoy. – falou Rony – Eu sei que ele pode ter ajudado com Você-sabe-quem, mas isso não quer dizer que ele tenha mudado muito o caráter, e também não há necessidade de mantermos isso escondido.

-Oh, Rony, há certas coisas que não são tão fáceis de serem reveladas – ela disse pensando no rosto de Draco – Eu não acho que foi uma boa idéia isso.

-Querida, tudo será mantido no absoluto segredo. – começou o Sr. Weasley – Eu mesmo conversei com a Sra. Growed e ela já deve estar chegando por aqui.  Não precisa se...

-O quê? – gritou Draco, entrando na sala – Você chamou quem? Já não bastar ter que agüentá-los, eu ainda tenho que suportar pessoas do Ministério a invadirem minha casa? – a grossa capa cobria seu rosto e juntado a sua voz irada dava a Draco uma presença maligna.

-Ninguém invadirá sua casa, Malfoy – falou Rony – Nós só estamos tentando ajudar Gina. E se não fosse por grande insistência dela já teríamos te denunciado por seqüestro, ou seja lá o que for que você esteja fazendo.

-Seqüestro, Weasley? Será mesmo que eu seqüestraria sua irmã pra ter algum resgate? Você não acha que seria pura perda de tempo fazer isso com sua família? Mal têm onde caírem mortos...

-Malfoy, seu... – Rony estava dando passos contra Draco, mas Arthur e Hermione o seguraram, puxando-o pra fora da sala.

-Nós podemos acusá-lo, Malfoy. – falou Harry – Você está mantendo Gina presa aqui.

-Não estou, Potter. É um encantamento que está, e pode ter certeza de que eu não o fiz. – ele respondeu, de repente seu ódio indo diretamente ao bruxo de cicatriz, como se ele fosse seu alvo principal. – E eu estou bem informado de que se eu não o fiz, não tenho culpa de nada.

-Mas você não está colaborando para que haja um processo mais rápido para o fim desse encantamento, você está obstruindo a descoberta de uma saída e prejudicando a vítima, que no caso é Gina.

-Oh, pode ter certeza de que eu não estou fazendo nada de ruim a sua querida ex-noiva, Potter. – o moreno arregalou os olhos – Alguns dias atrás ela disse estar bem aqui.

Harry olhou incrédulo para Gina.

-Por favor, - ela começou, a voz fraca – não vamos brigar. Harry, eu... Eu sei que logo o encantamento acabará, então vou poder voltar pra casa, não há necessidade de envolver o Ministério. Já disse que há coisas que não precisam ser reveladas.

Harry pareceu se dar por vencido e saiu da sala junto de Gina. Foram todos pra fora da mansão.

-Gina, querida, você não pode ficar aqui com esse monstro! – sua mãe falou desesperada.

-Oh, mamãe, você mesma disse que ele poderia ser um bom rapaz. Eu aprendi a ver algumas coisas boas nele. Mas é que esse negócio de encantamento mexe com seus sentidos, sentimentos.

-Parece que mexeram com os seus também – Harry murmurou.

Gina se despediu de todos. Enquanto os Weasley conversavam com a Sra. Growed e com mais algumas pessoas do Ministério no portão, ela puxou Harry para uma rápida conversa.

-Eu... – ela tentou começar.

-Você gosta dele. – ele falou. O tom magoado era claro em sua voz, ele não fazia nada pra escondê-lo.

Gina fechou os olhos por um momento. Será que aquela alegria toda que ela sentia quando Draco lhe provocava sorrisos, ou quando ele lhe aprofundava o olhar era um novo sentimento?

-Você diz isso por... por quê? – ela mantinha os olhos nos de Harry e a cada vez mais se sentia triste por ver que o verde dos olhos dele pareciam tão opacos.

-Pelo modo como o defendeu, dizendo que havia coisas que não precisavam ser reveladas. E você não pareceu sentir nem um pouco a minha falta, mas apenas de seus familiares. Acho que você estava certa naquele dia, não me ama mais.

-Harry, não é bem assim, eu o queria perto de mim sim, só que agora é diferente. Eu... Você é uma das pessoas que eu mais amo. Sim, agora eu sei que te amo e muito. Mas é o tipo de amor que não é suficiente para o tipo de relação que tínhamos, você entende?

-Tarde demais, não Gina? – ele deu um suspiro – Eu ainda gosto de você, sempre gostarei... Mas tinha que ser o Malfoy?

-Eu não disse que estou com o Draco. Não disse que o troquei por ele.

-Mas vai. Eu também reparei no jeito como ele falou, como teve certeza de que você estava bem aqui. Se ele realmente não a quisesse aqui não diria isso, além do que, ele me olhava com muito mais ódio no olhar do que antigamente. E eu posso dizer que isso não é por causa de rixas da nossa infância...

Gina tentou não digerir as palavras que Harry dizia pra não ficar criando ilusões, mas não podia ignorar a alegria boba que elas causavam.

-Eu não quero que você fique magoado comigo. – ela pediu.

-Eu não ficarei – ele murmurou – Só preciso de um tempo pra tentar entender que nem sempre amamos quem nos ama, que nem sempre todos querem nosso amor. Só isso.

-Oh, Harry... – ela o abraçou, algumas lágrimas insistentes caiam sobre as vestes dele.

Logo depois eles se foram e Gina chorou mais um pouco sozinha, apoiada aos portões. Ela tentava agarrar com todas as forças a esperança de que tudo daria certo, seja qual o meio que seguiria, mas ela acreditava que tudo daria certo. Tinha que dar.