********************** Revelações perigosas *************************
Draco permaneceu em silêncio. Entretanto afastou-se de mim. Scott fitava-o perigosamente.
"Será que vou ter que repetir a pergunta até me responderes?"
A calma de Scott metia tanto medo. Cada palavra era como um golpe de faca em Malfoy. Ele levantou os olhos para encarar Scott. Estava enraivecido, e não conseguia disfarçá-lo como Scott.
"Eu estava apenas a divertir-me..."
Scott olhava-o como se o fosse matar a qualquer minuto. A calma dele desapareceu quando elevou a voz para Malfoy.
"Mas com ela, não!"
Scott virou-se para mim com uma expressão calma e disse,
"Peço desculpa pelo comportamento do Draco. Pelo que parece, ele não sabe respeitar uma mulher."
Desta vez Malfoy não se defendeu. E eu já estava tão irritada! E sabia exactamente o que fazer.
"Como pude ser tão estúpida? Eu devia ter calculado que nunca beijarias uma sangue-de-lama se não fosse para o teu próprio prazer. Enojas-me!!!"
Pus as mãos nos ombros de Malfoy, e dei-lhe uma joelhada no orgão que ele mais utiliza (sim, é exactamente o que estão a pensar...). Ele fez uma expressão extrema de dor e mágoa, e levou a mão ao sitio cheio de dores. Mas não olhou para mim. Ele mereceu. Não sei como fui na conversa dele! Scott olhou para mim com meio sorriso (ele é tão perfeito, mas parece tão ameaçador...), enquanto eu me dirigia à porta onde ele estava encostado.
"Muito bem Hermione. Raiva e determinação. Duas das características que eu mais aprecio nas pessoas."
Sempre que ele me dirigia a palavra, um arrepio percorria-me a espinha. Como é que ele sabia o meu nome? Ainda por cima o primeiro nome... é tão estranho. Olhei para ele com uma expressão confusa. E passei para o corredor. Dirigi-me em passo apressado para a mesa onde se encontravam os outros. Assim que me viu Ron perguntou.
"Hermione, onde andaste? As bebidas? E onde se meteu o Draco?"
Ignorei o comentário dele e dirigi-me a Percy.
"Percy, não achas que já é muito tarde? A Penelope está grávida e não pode estar muito exposta a cansaços. Além disso, acho que já todos tivemos a nossa... "dose" por hoje. Não deveríamos ir andando para casa?"
Ron levantou-se bruscamente quase gritando comigo.
"Nem penses Hermione! Se não vais buscar as bebidas eu próprio vou! A noite ainda mal começou! Tenho direito a divertir-me!"
"Sabes Ron, acho que a Hermione está correcta. Estamos todos muito cansados, e já nos divertimos bastante por esta noite. Vamos embora então."
Percy levantou-se e deu a mão a Penelope. Ela levantou-se com ar de sono e ambos começaram a andar. Depois deles, todos se levantaram. Ninguém tinha o desplante de desrespeitar uma grávida, ainda por cima da família. Ron olhou para mim com a típica expressão és-mesmo-parva. Eu tinha de sair dali o mais depressa possível. Estava com receio de os encontrar de novo. Harry deu um pequeno abanão a Ginny, e esta acordou ainda com muito sono.
"A Hermione? O Malfoy?"
"Estou aqui Ginny! Fica tranquila."
Transmiti-lhe um sorriso para a acalmar. Mal ela imaginava o que se tinha passado...
No carro, Penelope os gémeos e Percy iam à frente, e atrás ia eu, Oliver, Ron, Harry e Ginny. Ginny tinha voltado a adormecer. Eu ia do lado da janela a olhar para a lua uma vez mais.
"Mione, o que é que o Malfoy te fez?"
Disse Oliver, num murmúrio que só eu podia ouvir. Ele ia ao meu lado.
"O que te leva a dizer isso?"
"Além de te conhecer, eu reparei que demoraste muito tempo no bar, e voltaste sozinha e sem bebidas. Do Malfoy, nem sombras. Não podes confiar nele Mione... ele só magoa as pessoas... tem cuidado por favor."
"Ele não me fez nada de mal..."
Olhei para baixo, para as mãos que há uns minutos estavam no corpo de Malfoy. Sentia-me tão usada. Maldito seja o Malfoy... detesto-o.
Oliver deve ter percebido que eu não queria contar coisa alguma, porque não disse mais nada.
"Oliver, não querendo abusar... posso encostar a minha cabeça no teu ombro? Estou muito cansada..."
Oliver pôs o braço à volta dos meus ombros e eu encostei a cabeça ao ombro dele. Poucos minutos depois estava a dormir profundamente...
********* Hermione a sonhar ************
"volta aqui!!! Eu posso tornar a tua vida num sonho... tudo o que quiseres, se concordares em ficar comigo. Volta imediatamente!!!"
"Não, Hermione!!! Não confies nele! Ele quer fazer-te mal! Vem para mim... eu amo-te! Não me faças sofrer... por favor... eu faço tudo por ti..."
"Parem!!! Estou tão confusa!"
Hermione ouve um grito de dor vindo de Malfoy.
"Draco onde estás? DRACO!!!"
*********** Fim do sonho **************
"DRACO!!!"
Tinha voltado a acordar. O grito dele ainda ecoava na cabeça... ele chorava, parecia estar desesperado, disse que me amava. E o Scott... maldito seja. Tenho que descobrir quem ele é e o que quer de mim. Urgentemente. Ele está a pôr-me louca. Segundo o meu sonho ele queria-me com ele. Tenho que descobrir.
Tão ocupada estava com os meus pensamentos e as minhas loucuras que nem reparei que ainda estava no carro. Com o grito que dei quando acordei, todos os que estavam dentro do carro olhavam para mim preocupados. Especialmente Ginny. Tinha os olhos muito abertos, e estava aterrorizada. Só depois percebi que o carro estava parado. Estávamos à frente da Toca.
"Estás bem Hermione?"
Ron olhava para mim bastante assustado.
"estou óptima... preciso de me deitar..."
Abri a porta e sai, em direcção à porta da casa. Entrei e dirigi-me ao meu quarto. Deitei-me na minha cama sem sequer ter a preocupação de me despir...
Abri os olhos. Tinha um cobertor a tapar-me. Estava quente. Olhei para a esquerda e vi que Ginny estava sentada no sofá com os braços em volta dos joelhos, com uma expressão impaciente. Sorri para ela.
"Estás aí há muito tempo?"
"Bastante. Quase não dormi."
Levantei-me e olhei para o vestido que estava todo amachucado.
"Bem, o teu vestido já teve dias melhores."
"Não me interessa o vestido. O que é que aconteceu? Quero saber tudo. Começa."
Comecei a contar tudo a Ginny. Ela olhava para mim com um misto de surpresa e decepção.
"Oh Hermione! Devias saber que nunca se deve confiar no Malfoy. Ele é um patife! Eu bem que te avisei."
"Sabes quem é o Scott, Ginny?"
"Eu vejo-o de vez em quando. Mas ele não fala com ninguém. Nem sei como é que se apresentou a ti. Mas sei que ele é muito amigo do Malfoy. E do Lucius. Quem deve saber mais coisas é o Harry. Tens que lhe perguntar."
Depois de terminada a conversa, vesti-me à pressa e desci murmurando um "bom dia" aos que estavam na cozinha, e logo em seguida perguntei por harry. Mrs. Weasley apontou para o jardim e disse-me que ele estava lá fora a ler o profeta diário. Eu saí ansiosa por encontrá-lo , era ele que provavelmente me ia esclarecer sobre o Scott.
"Harry!"
Acenei-lhe e ele retribuiu. Estava sentado numa espécie de cadeira de praia e parou de ler quando me viu.
"Estás mais tranquila? Ontem nem te reconheci..."
"Estou óptima, mas preciso que me expliques umas coisas..."
"Fala. Estás à vontade."
"O que é que sabes sobre o Scott?"
"Scott quê? Conheço muitos Scotts."
"Não sei. Só sei que ele é Scott. Ele tem o cabelo preto, olhos azuis, pele muito clara, é muito bonito. Sabes quem é?"
Harry fez uma cara preocupada.
"Sim, já sei quem é."
"Conta-me tudo o que sabes por favor."
"Faças o que fizeres, não confies nele."
"Porquê? Donde é que ele veio? Quem é ele? Diz-me! estou a ficar louca!"
"Ele apresentou-se a ti?"
"Sim. Mas continua por favor."
"Bem, eu vou contar-te o que muito pouca gente sabe. Nem à Ginny eu contei. Nem ao Ron. O nome dele é... Scott Marvolo Riddle."
Fiquei sem pinga de sangue.
"Esse... não o nome do... quem-nós-sabemos?"
"É. De facto o Voldemort chamava-se Tom Marvolo Riddle. Como tal, o filho, decidiu adoptar o nome do pai..."
Harry parecia tranquilo, mas eu apercebi-me que este era obviamente um assunto que ele não gostava muito de abordar. Eu estava com tanto medo. Nunca pensei...
"Mas como é que o quem-nós-sabemos conseguiu ter um filho?"
"Hermione, também existem mulheres más..."
"E... o Scott... é mau?"
"Até agora não fez nada que o denunciasse, mas eu não confio nele por nada deste mundo. Após a morte do Voldemort as reuniões dos Devoradores da Morte continuaram. Eu tenho quase a certeza de que é o Scott que as preside."
"Mas... não tens a certeza. Nem provas. Por isso, ele pode ser um homem bom. Não?"
Harry abanou a cabeça em sinal negativo. Levantou os olhos para olhar os meus fixamente.
"Diz-me Hermione... tens sonhado com ele?"
Haveria de contar os meus sonhos macabros a Harry? Com certeza que não era uma coisa boa sonhar com pessoas que não conhecemos e um dia depois irmos contra elas. Decidi então, abrir o jogo.
"Sonhei. Duas vezes. No primeiro ele queria matar-me, e no segundo, dizia que me queria ao lado dele. Mas o que é que isso tem a ver?"
"Tudo. A isso chama-se 'controlo por sono'. Os devoradores utilizam isso muito frequentemente para atingirem os seus fins. É alta magia negra. Tens que ter muito cuidado. Ele pretende qualquer coisa de ti. Não lhe dês confiança. E nunca te afastes de nós. Ouviste?"
"Sim... mas... a Ginny contou-me que ele era um grande amigo do Malfoy. Isso quer dizer que também não posso confiar nele?"
"O Malfoy... eu confio nele. Eu sei que ele vai às reuniões... mas também sei que é contra a vontade dele. Mas eu falo por mim. Tu, tens que pensar por ti. Não posso ajudar muito quanto ao Malfoy. Só te posso dizer que ele ajudou a combater o Voldemort secretamente. Foi uma grande ajuda, e eu confio nele."
Com isto, Harry levantou-se, baixou-se e deu um beijo na minha testa. Depois desapareceu para dentro da casa, deixando-me sozinha com os meus pensamentos. Então o Scott... é o mau... tenho que ter cuidado. Mas ainda há uma coisa que me aflige. Quando o Malfoy me beijou... ele parecia tão sincero... tão feliz... Não. Ele não me quer mal. Há qualquer coisa que não bate certo por trás disto...
O resto do dia foi passado no jardim, onde os irmãos Fred e George me estiveram a mostrar algumas das magias criadas por eles, para a loja que tencionam abrir no futuro. Aqueles rapazes têm de facto ideias geniais! Ao fim do dia, vesti o meu pijama e deitei-me. No dia seguinte ia falar com Malfoy depois do jogo. Havia muita coisa para esclarecer...
No manhã seguinte acordei muito bem-disposta. Era como que um presságio de que o dia me ia correr bem. Quando cheguei à cozinha, Harry, Oliver, os gémeos, e Ron já tinham saído. Portanto depois do almoço, eu, Ginny, e Mr. Weasley fomos para o estádio.
O estádio estava a abarrotar. Todos estavam muito alegres. Era uma autêntica festa. O jogo começaria poucos minutos depois. Malfoy tinha uma expressão muito séria e estava bastante concentrado. Conseguia vê-lo nitidamente graças aos binóculos que Mr. Weasley me tinha emprestado. O jogo começou. Inglaterra vencia a Argentina por 70 - 40. Foi ai que o seeker da argentina fez um voo picado em direcção ao chão, Malfoy também viu, e iam lado a lado, a descer. Nas bancadas a maioria fazia figas por Malfoy, e até houve um grupo de raparigas (provavelmente fãs dele...) que começaram a gritar o seu nome. Eu via tudo pelos binóculos e não conseguia parar de morder o lábio. Foi então que se ouviu uma grande ovação da parte da bancada que estava vestida de azul. Joaquin Gomes, o seeker da Argentina tinha agarrado a snitch. A bancada inglesa saltou em protesto porque Joaquin só agarrou a snitch depois de ter dado um valente empurrão a Malfoy, que estava agora em terra firme e se dirigia para os balneários, visivelmente transtornado. O resto da equipa ainda permanecia no campo gritando com o árbitro sem sucesso. Oliver era o que mais gritava e gesticulava.
Toda a gente estava ocupada. E Malfoy estava sozinho lá em baixo. Era agora ou nunca.
"Mr. Weasley, acha que posso ir lá abaixo falar com o Malfoy? Não me demoro nada."
Ginny virou a cara rapidamente para olhar para mim chocada. e movendo os lábios disse ' o que pensas que estás a fazer?!'. Mas Mr. Weasley estava mais concentrado no que passava em campo.
"Claro, filha. Mas não te demores. E diz ao Oliver para vir falar comigo antes de ir embora."
Levantei-me e murmurei para a Ginny.
"Não te preocupes. Eu sei o que faço."
Desci rapidamente tentando não me perder. mas à porta fui travada por um segurança.
"Desculpe. Só pode entrar a selecção."
"pois... er... eu sou... irmã de Draco Malfoy. E aconteceu uma coisa terrível ao meu noivo. Preciso mesmo de falar com ele. É uma situação de urgência familiar..."
Fiz uma cara muito aflita e sentida (quando quero sou óptima actriz!). O segurança iria acreditar? Ele torceu os lábios. E fez uma cara preocupada.
"Bem menina, eu conheço o Draco e sei que ele não tem irmãs..."
"Por favor, tente compreender, preciso mesmo de falar com ele..."
"Bom. Desta vez passa. Não quero ver o Malfoy chateado por não ter deixado entrar um borrachinho..."
Passei por ele feliz da vida. Mas outro problema depressa surgiu. Ele devia estar a tomar duche... não era uma boa maneira de falar com ele e possivelmente fazer as pazes, surpreendendo-o todo nu. Mas ouvi um barulho, que dissolveu as minhas dúvidas. Era o barulho de alguém a dar pontapés em metal. Era sem dúvida Malfoy devido à voz que berrava.
"MERDA! MERDA! MERDA DE VIDA! PORQUE É QUE EU NASCI?!!"
O barulho vinha dos cacifos, a porta estava entreaberta, e entrei muito silenciosamente. Malfoy estava agora sentado no banco de madeira que estava no centro e parecia desesperado. Tinha os cotovelos apoiados nos joelhos e as mãos amparavam a cabeça. Ele não notou a minha presença. Eu toquei-lhe no ombro. Ele ainda estava com a vestes de Quidditch.
"Draco..."
Ele olhou abruptamente para mim.
"O que é que queres? Se vens para me chagar a cabeça, esquece! Definitivamente, não estou com paciência para levar outro pontapé!"
Como ainda não sabia se devia ou não pedir desculpas, sentei-me ao lado dele.
"Tem calma... vim só falar contigo... não te quero mal."
Ele endireitou-se e fixou os olhos dele nos meus.
"Granger... a minha vida é o pior dos Infernos. E tu não és a pessoa indicada para ouvir as minhas lamúrias..."
"Porque não? Ouve, acho que precisamos de falar. Acerca do scott. Eu tenho a certeza que sabes o que é que ele pretende de mim. És único que me pode ajudar. Vamos unir-nos... fica do meu lado. Eu posso ajudar-te"
Draco levantou-se subitamente e começou a andar de um lado para outro.
"Ajudar-me? Nunca ninguém em toda a minha vida me ofereceu ajuda... nem sequer se preocuparam no que é que o 'Malfoyzinho mau' sentia quando lhe atiravam à cara que ele era um devorador da morte... ninguém sabe o que é a minha vida... ninguém!"
"Porque é que estás a ser assim?"
"Estás ai a falar, mas viraste-me as costas no outro dia, e preferiste acreditar nas circunstâncias. Há muita coisa que desconheces. Nunca confiaste em mim. Porquê este súbito excesso de confiança?"
"Eu errei Draco! Eu admito que errei! Julguei-te mal. Devia ter percebido que... não sei! Estou tão confusa. Só sei que és a única pessoa que me pode ajudar. Por favor."
Draco ajoelhou-se ficando com a cara dele ao nível da minha. Os olhos dele não eram frios. Estavam confusos. E eu quase que posso afirmar que ele podia começar a chorar a qualquer segundo. Draco. Um Malfoy. Chorar não fazia parte do seu vocabulário. Seria uma cena inédita.
"Hermione... lembras-te no quarto ano quando te agarrei no escuro, depois do Krum ter ido embora e te beijei? Sempre que estou triste, é nisso que penso. E já me ajudou muitas vezes. Nunca gostei de ninguém como gostei de ti. Amei-te. Mas tu nunca compreendes-te. E eu tinha que continuar a fingir. Quando ficámos fechados naquela dispensa, achei que finalmente tu irias compreender o que eu sentia. Mas não. Ninguém me compreende. Por isso, nem tentes."
Uma lágrima rolou pela minha cara.
"Sabes Draco... eu também me lembro... mas como querias que acreditasse se me magoavas a toda a hora? Eu tinha medo. Medo que me magoassem outra vez. Como fez o Krum, e muitos outros. Talvez seja tarde demais, mas agora eu acredito em ti. Desculpa. Não sabia que te tinha magoado assim."
Dei-lhe um beijo muito suave, mas carregado de sentimento. Ele sorriu levemente com ternura e limpou os olhos que já estavam preparados para deixar as lágrimas caírem.
"Vê lá. Um Malfoy chorar. Chorar nem sequer existe no meu vocabulário. Era uma cena inédita. Mas a que não vais ter o prazer de assistir. Ainda chamavas a Rita Skeeter e eu tinha que tirar uma foto para o Profeta diário com o meu pai a segurar-me com uma faca na mão."
Ambos sorrimos a pensar na cena.
"Mas não disfarces a conversa. Ainda não me disseste o que o Scott pretende. Eu já sei quem ele é. Só preciso que me digas o que é que ele quer."
"Ele quer um filho teu."
Acho que perdi tudo naquele momento. A calma, a felicidade, e até a minha cor. Agora tudo fazia sentido. A cena na despensa era clara.
"Mas... Porquê?! Eu nem sequer sou má!!!"
"Ele quer um filho teu porque tu sendo extremamente inteligente, e ele sendo terrivelmente maléfico, a perfeita criança das trevas iria erguer- se."
"Foi por isso que ele ficou tão revoltado contigo quando nos viu na despensa..."
"Porque pensou que um devorador nunca ia atraiçoar os seus planos."
"Mas é contigo que eu quero ficar! Não quero saber se és devorador ou não! Eu amo-te..."
Eu parecia uma criança de 5 anos a quem tinham acabado de roubar um chocolate. Abracei Draco com tanto força, com medo de que ele se dissolvesse como areia e me abandonasse. E recomecei a chorar. Agora com mais força.
"Ouve-me. Tens que fazer o que te digo. Deixa o Scott comigo. Fazes de conta que não sabes de nada. E muito importante: não lhe dês confiança, não aceites nada do que ele te der, não digas que estás comigo, e não mostres medo. Segue isto como uma bíblia pessoal."
Lá fora começou a ouvir-se muito barulho e vozes altas. Eram os jogadores. Vinham para os cacifos.
"Tenho que ir tomar duche agora. Espera por mim lá fora. Queres almoçar comigo? Eu não me demoro."
"Ok. Eu espero. E Ok. Eu almoço contigo."
Limpei as lágrimas com um gesto, sorri e dirigi-me à porta. Mas Draco voltou a falar.
"Ah! E... Hermione... eu também te amo."
Ele sorriu transmitindo todo o seu amor. No corredor encontrei Oliver que estava visivelmente chateado e não parava de chamar nomes ao seeker argentino. À saída deparei com Ginny.
"Então? O que é que se passou? Temos que ir embora!"
"Eu depois vou lá ter. vou almoçar com o Draco."
"Draco? Desde quando é que o chamas pelo nome próprio?!"
"É uma longa história. Não fiques em pânico... e não te preocupes. Se estou segura com alguém, essa pessoa é certamente o Draco."
Ela ainda ostentava uma expressão desconfiada.
"Está bem. Mas tem cuidado."
"Eu tenho."
Ginny desapareceu rapidamente da minha vista. O estádio estava a esvaziar rapidamente. E a brisa soprava fresca. Estava a saber bem sentir o meu cabelo que ia ao sabor da brisa. O pensamento de que Draco me estava a proteger comfortava-me muito. Mesmo sabendo que Scott anda atrás de mim. Se voltasse agora ao 3º ano e Lupin me apresentasse um sem forma, ele ia de certeza transformar-se em Scott. Esperei uma eternidade por Draco. A fome já apertava. E foi nesse instante que ouvi uma voz gélida por trás de mim.
"À espera do príncipe encantado?"
Virei-me lentamente e vi o dono da voz. Era Scott. Olhava para mim maliciosamente e tinha a varinha em riste.
"Espera cinderela. Ele ainda vai demorar."
"Scott... não te tinha visto. Estás aí há muito tempo?"
Eu queria soar o mais natural possível, mas os nervos começaram a apoderar- se de mim. Comecei então a relembrar mentalmente as palavras de Draco. A minha 'bíblia pessoal'.
"Estive aqui o tempo suficiente para constatar que tens um belo traseiro..."
Scott lambeu os lábios sedutoramente e mirou-me de alto a baixo com um sorriso nos lábios.
"O que é que pretendes?"
"Eu quero-te. E vou ter-te. Vamos?"
Scott esticou o braço indicando caminho.
"quem disse que eu ia? Estou à espera do Oliver. Vamos para casa."
"Tu vens comigo, ou vais arrepender-te de ter nascido. Hoje não estou num dia de felicidade propriamente. Por isso, não me desafies. Ou vens a bem, ou vens a mal. Escolhe."
Estava determinada. Ele não ia fazer mal à mulher que supostamente lhe daria um filho, certo? Por isso virei as costas para entrar nos balneários quando...
"Cruci..."
virei-me antes que ele acabasse o feitiço e disse.
"eu vou!"
ele baixou a varinha e disse.
"Muito bem. Já estava com medo que me tivesse enganado quanto à tua inteligência. À minha frente, então."
Comecei a andar. Não tinha hipóteses contra o futuro senhor das trevas.
"A diversão, mal começou..."
Afirmou Scott soltando uma gargalhada maléfica. E ele tinha razão. O divertimento mal tinha começado...
**************************
Obrigada pelas reviews:
Vera - tens cá uma paciência para me ouvir contar as histórias... obrigada pela review amiga!
Ritinha - para mim é como se fosses uma irmã mais nova, por isso é meu dever mostrar-te que o melhor casal é Hermione\Draco! Obrigada pela review!
Pandora - desculpa lá o suspense mas tem que ser... obrigada pela review mamã!
Silvy - fiquei tão contente que tivesses gostado! A sério! Tava com medo que não gostasses. Obrigada pela review!
Lessy - obrigada pelos elogios. Só tenho pena q não tenhas gostado do casal. Mas não posso agradar em tudo. Continua a ler e obrigada pela review!
Mário - Ainda bem que gostaste! Obrigada pela review!
Nota de Autor: Achei que este capítulo tava um pouco lamechas... o que acharam? Deixem-me mts mts mts mts reviews, preciso do máximo de opiniões, é muito importante para mim. Obrigada a todos os que lêem mas não se esqueçam de deixar a opinião. Também aceito sugestões (mt originais claro!). Desculpem lá o suspense de novo.... o 6º vem em breve... e guarda mts surpresas ;)
Draco permaneceu em silêncio. Entretanto afastou-se de mim. Scott fitava-o perigosamente.
"Será que vou ter que repetir a pergunta até me responderes?"
A calma de Scott metia tanto medo. Cada palavra era como um golpe de faca em Malfoy. Ele levantou os olhos para encarar Scott. Estava enraivecido, e não conseguia disfarçá-lo como Scott.
"Eu estava apenas a divertir-me..."
Scott olhava-o como se o fosse matar a qualquer minuto. A calma dele desapareceu quando elevou a voz para Malfoy.
"Mas com ela, não!"
Scott virou-se para mim com uma expressão calma e disse,
"Peço desculpa pelo comportamento do Draco. Pelo que parece, ele não sabe respeitar uma mulher."
Desta vez Malfoy não se defendeu. E eu já estava tão irritada! E sabia exactamente o que fazer.
"Como pude ser tão estúpida? Eu devia ter calculado que nunca beijarias uma sangue-de-lama se não fosse para o teu próprio prazer. Enojas-me!!!"
Pus as mãos nos ombros de Malfoy, e dei-lhe uma joelhada no orgão que ele mais utiliza (sim, é exactamente o que estão a pensar...). Ele fez uma expressão extrema de dor e mágoa, e levou a mão ao sitio cheio de dores. Mas não olhou para mim. Ele mereceu. Não sei como fui na conversa dele! Scott olhou para mim com meio sorriso (ele é tão perfeito, mas parece tão ameaçador...), enquanto eu me dirigia à porta onde ele estava encostado.
"Muito bem Hermione. Raiva e determinação. Duas das características que eu mais aprecio nas pessoas."
Sempre que ele me dirigia a palavra, um arrepio percorria-me a espinha. Como é que ele sabia o meu nome? Ainda por cima o primeiro nome... é tão estranho. Olhei para ele com uma expressão confusa. E passei para o corredor. Dirigi-me em passo apressado para a mesa onde se encontravam os outros. Assim que me viu Ron perguntou.
"Hermione, onde andaste? As bebidas? E onde se meteu o Draco?"
Ignorei o comentário dele e dirigi-me a Percy.
"Percy, não achas que já é muito tarde? A Penelope está grávida e não pode estar muito exposta a cansaços. Além disso, acho que já todos tivemos a nossa... "dose" por hoje. Não deveríamos ir andando para casa?"
Ron levantou-se bruscamente quase gritando comigo.
"Nem penses Hermione! Se não vais buscar as bebidas eu próprio vou! A noite ainda mal começou! Tenho direito a divertir-me!"
"Sabes Ron, acho que a Hermione está correcta. Estamos todos muito cansados, e já nos divertimos bastante por esta noite. Vamos embora então."
Percy levantou-se e deu a mão a Penelope. Ela levantou-se com ar de sono e ambos começaram a andar. Depois deles, todos se levantaram. Ninguém tinha o desplante de desrespeitar uma grávida, ainda por cima da família. Ron olhou para mim com a típica expressão és-mesmo-parva. Eu tinha de sair dali o mais depressa possível. Estava com receio de os encontrar de novo. Harry deu um pequeno abanão a Ginny, e esta acordou ainda com muito sono.
"A Hermione? O Malfoy?"
"Estou aqui Ginny! Fica tranquila."
Transmiti-lhe um sorriso para a acalmar. Mal ela imaginava o que se tinha passado...
No carro, Penelope os gémeos e Percy iam à frente, e atrás ia eu, Oliver, Ron, Harry e Ginny. Ginny tinha voltado a adormecer. Eu ia do lado da janela a olhar para a lua uma vez mais.
"Mione, o que é que o Malfoy te fez?"
Disse Oliver, num murmúrio que só eu podia ouvir. Ele ia ao meu lado.
"O que te leva a dizer isso?"
"Além de te conhecer, eu reparei que demoraste muito tempo no bar, e voltaste sozinha e sem bebidas. Do Malfoy, nem sombras. Não podes confiar nele Mione... ele só magoa as pessoas... tem cuidado por favor."
"Ele não me fez nada de mal..."
Olhei para baixo, para as mãos que há uns minutos estavam no corpo de Malfoy. Sentia-me tão usada. Maldito seja o Malfoy... detesto-o.
Oliver deve ter percebido que eu não queria contar coisa alguma, porque não disse mais nada.
"Oliver, não querendo abusar... posso encostar a minha cabeça no teu ombro? Estou muito cansada..."
Oliver pôs o braço à volta dos meus ombros e eu encostei a cabeça ao ombro dele. Poucos minutos depois estava a dormir profundamente...
********* Hermione a sonhar ************
"volta aqui!!! Eu posso tornar a tua vida num sonho... tudo o que quiseres, se concordares em ficar comigo. Volta imediatamente!!!"
"Não, Hermione!!! Não confies nele! Ele quer fazer-te mal! Vem para mim... eu amo-te! Não me faças sofrer... por favor... eu faço tudo por ti..."
"Parem!!! Estou tão confusa!"
Hermione ouve um grito de dor vindo de Malfoy.
"Draco onde estás? DRACO!!!"
*********** Fim do sonho **************
"DRACO!!!"
Tinha voltado a acordar. O grito dele ainda ecoava na cabeça... ele chorava, parecia estar desesperado, disse que me amava. E o Scott... maldito seja. Tenho que descobrir quem ele é e o que quer de mim. Urgentemente. Ele está a pôr-me louca. Segundo o meu sonho ele queria-me com ele. Tenho que descobrir.
Tão ocupada estava com os meus pensamentos e as minhas loucuras que nem reparei que ainda estava no carro. Com o grito que dei quando acordei, todos os que estavam dentro do carro olhavam para mim preocupados. Especialmente Ginny. Tinha os olhos muito abertos, e estava aterrorizada. Só depois percebi que o carro estava parado. Estávamos à frente da Toca.
"Estás bem Hermione?"
Ron olhava para mim bastante assustado.
"estou óptima... preciso de me deitar..."
Abri a porta e sai, em direcção à porta da casa. Entrei e dirigi-me ao meu quarto. Deitei-me na minha cama sem sequer ter a preocupação de me despir...
Abri os olhos. Tinha um cobertor a tapar-me. Estava quente. Olhei para a esquerda e vi que Ginny estava sentada no sofá com os braços em volta dos joelhos, com uma expressão impaciente. Sorri para ela.
"Estás aí há muito tempo?"
"Bastante. Quase não dormi."
Levantei-me e olhei para o vestido que estava todo amachucado.
"Bem, o teu vestido já teve dias melhores."
"Não me interessa o vestido. O que é que aconteceu? Quero saber tudo. Começa."
Comecei a contar tudo a Ginny. Ela olhava para mim com um misto de surpresa e decepção.
"Oh Hermione! Devias saber que nunca se deve confiar no Malfoy. Ele é um patife! Eu bem que te avisei."
"Sabes quem é o Scott, Ginny?"
"Eu vejo-o de vez em quando. Mas ele não fala com ninguém. Nem sei como é que se apresentou a ti. Mas sei que ele é muito amigo do Malfoy. E do Lucius. Quem deve saber mais coisas é o Harry. Tens que lhe perguntar."
Depois de terminada a conversa, vesti-me à pressa e desci murmurando um "bom dia" aos que estavam na cozinha, e logo em seguida perguntei por harry. Mrs. Weasley apontou para o jardim e disse-me que ele estava lá fora a ler o profeta diário. Eu saí ansiosa por encontrá-lo , era ele que provavelmente me ia esclarecer sobre o Scott.
"Harry!"
Acenei-lhe e ele retribuiu. Estava sentado numa espécie de cadeira de praia e parou de ler quando me viu.
"Estás mais tranquila? Ontem nem te reconheci..."
"Estou óptima, mas preciso que me expliques umas coisas..."
"Fala. Estás à vontade."
"O que é que sabes sobre o Scott?"
"Scott quê? Conheço muitos Scotts."
"Não sei. Só sei que ele é Scott. Ele tem o cabelo preto, olhos azuis, pele muito clara, é muito bonito. Sabes quem é?"
Harry fez uma cara preocupada.
"Sim, já sei quem é."
"Conta-me tudo o que sabes por favor."
"Faças o que fizeres, não confies nele."
"Porquê? Donde é que ele veio? Quem é ele? Diz-me! estou a ficar louca!"
"Ele apresentou-se a ti?"
"Sim. Mas continua por favor."
"Bem, eu vou contar-te o que muito pouca gente sabe. Nem à Ginny eu contei. Nem ao Ron. O nome dele é... Scott Marvolo Riddle."
Fiquei sem pinga de sangue.
"Esse... não o nome do... quem-nós-sabemos?"
"É. De facto o Voldemort chamava-se Tom Marvolo Riddle. Como tal, o filho, decidiu adoptar o nome do pai..."
Harry parecia tranquilo, mas eu apercebi-me que este era obviamente um assunto que ele não gostava muito de abordar. Eu estava com tanto medo. Nunca pensei...
"Mas como é que o quem-nós-sabemos conseguiu ter um filho?"
"Hermione, também existem mulheres más..."
"E... o Scott... é mau?"
"Até agora não fez nada que o denunciasse, mas eu não confio nele por nada deste mundo. Após a morte do Voldemort as reuniões dos Devoradores da Morte continuaram. Eu tenho quase a certeza de que é o Scott que as preside."
"Mas... não tens a certeza. Nem provas. Por isso, ele pode ser um homem bom. Não?"
Harry abanou a cabeça em sinal negativo. Levantou os olhos para olhar os meus fixamente.
"Diz-me Hermione... tens sonhado com ele?"
Haveria de contar os meus sonhos macabros a Harry? Com certeza que não era uma coisa boa sonhar com pessoas que não conhecemos e um dia depois irmos contra elas. Decidi então, abrir o jogo.
"Sonhei. Duas vezes. No primeiro ele queria matar-me, e no segundo, dizia que me queria ao lado dele. Mas o que é que isso tem a ver?"
"Tudo. A isso chama-se 'controlo por sono'. Os devoradores utilizam isso muito frequentemente para atingirem os seus fins. É alta magia negra. Tens que ter muito cuidado. Ele pretende qualquer coisa de ti. Não lhe dês confiança. E nunca te afastes de nós. Ouviste?"
"Sim... mas... a Ginny contou-me que ele era um grande amigo do Malfoy. Isso quer dizer que também não posso confiar nele?"
"O Malfoy... eu confio nele. Eu sei que ele vai às reuniões... mas também sei que é contra a vontade dele. Mas eu falo por mim. Tu, tens que pensar por ti. Não posso ajudar muito quanto ao Malfoy. Só te posso dizer que ele ajudou a combater o Voldemort secretamente. Foi uma grande ajuda, e eu confio nele."
Com isto, Harry levantou-se, baixou-se e deu um beijo na minha testa. Depois desapareceu para dentro da casa, deixando-me sozinha com os meus pensamentos. Então o Scott... é o mau... tenho que ter cuidado. Mas ainda há uma coisa que me aflige. Quando o Malfoy me beijou... ele parecia tão sincero... tão feliz... Não. Ele não me quer mal. Há qualquer coisa que não bate certo por trás disto...
O resto do dia foi passado no jardim, onde os irmãos Fred e George me estiveram a mostrar algumas das magias criadas por eles, para a loja que tencionam abrir no futuro. Aqueles rapazes têm de facto ideias geniais! Ao fim do dia, vesti o meu pijama e deitei-me. No dia seguinte ia falar com Malfoy depois do jogo. Havia muita coisa para esclarecer...
No manhã seguinte acordei muito bem-disposta. Era como que um presságio de que o dia me ia correr bem. Quando cheguei à cozinha, Harry, Oliver, os gémeos, e Ron já tinham saído. Portanto depois do almoço, eu, Ginny, e Mr. Weasley fomos para o estádio.
O estádio estava a abarrotar. Todos estavam muito alegres. Era uma autêntica festa. O jogo começaria poucos minutos depois. Malfoy tinha uma expressão muito séria e estava bastante concentrado. Conseguia vê-lo nitidamente graças aos binóculos que Mr. Weasley me tinha emprestado. O jogo começou. Inglaterra vencia a Argentina por 70 - 40. Foi ai que o seeker da argentina fez um voo picado em direcção ao chão, Malfoy também viu, e iam lado a lado, a descer. Nas bancadas a maioria fazia figas por Malfoy, e até houve um grupo de raparigas (provavelmente fãs dele...) que começaram a gritar o seu nome. Eu via tudo pelos binóculos e não conseguia parar de morder o lábio. Foi então que se ouviu uma grande ovação da parte da bancada que estava vestida de azul. Joaquin Gomes, o seeker da Argentina tinha agarrado a snitch. A bancada inglesa saltou em protesto porque Joaquin só agarrou a snitch depois de ter dado um valente empurrão a Malfoy, que estava agora em terra firme e se dirigia para os balneários, visivelmente transtornado. O resto da equipa ainda permanecia no campo gritando com o árbitro sem sucesso. Oliver era o que mais gritava e gesticulava.
Toda a gente estava ocupada. E Malfoy estava sozinho lá em baixo. Era agora ou nunca.
"Mr. Weasley, acha que posso ir lá abaixo falar com o Malfoy? Não me demoro nada."
Ginny virou a cara rapidamente para olhar para mim chocada. e movendo os lábios disse ' o que pensas que estás a fazer?!'. Mas Mr. Weasley estava mais concentrado no que passava em campo.
"Claro, filha. Mas não te demores. E diz ao Oliver para vir falar comigo antes de ir embora."
Levantei-me e murmurei para a Ginny.
"Não te preocupes. Eu sei o que faço."
Desci rapidamente tentando não me perder. mas à porta fui travada por um segurança.
"Desculpe. Só pode entrar a selecção."
"pois... er... eu sou... irmã de Draco Malfoy. E aconteceu uma coisa terrível ao meu noivo. Preciso mesmo de falar com ele. É uma situação de urgência familiar..."
Fiz uma cara muito aflita e sentida (quando quero sou óptima actriz!). O segurança iria acreditar? Ele torceu os lábios. E fez uma cara preocupada.
"Bem menina, eu conheço o Draco e sei que ele não tem irmãs..."
"Por favor, tente compreender, preciso mesmo de falar com ele..."
"Bom. Desta vez passa. Não quero ver o Malfoy chateado por não ter deixado entrar um borrachinho..."
Passei por ele feliz da vida. Mas outro problema depressa surgiu. Ele devia estar a tomar duche... não era uma boa maneira de falar com ele e possivelmente fazer as pazes, surpreendendo-o todo nu. Mas ouvi um barulho, que dissolveu as minhas dúvidas. Era o barulho de alguém a dar pontapés em metal. Era sem dúvida Malfoy devido à voz que berrava.
"MERDA! MERDA! MERDA DE VIDA! PORQUE É QUE EU NASCI?!!"
O barulho vinha dos cacifos, a porta estava entreaberta, e entrei muito silenciosamente. Malfoy estava agora sentado no banco de madeira que estava no centro e parecia desesperado. Tinha os cotovelos apoiados nos joelhos e as mãos amparavam a cabeça. Ele não notou a minha presença. Eu toquei-lhe no ombro. Ele ainda estava com a vestes de Quidditch.
"Draco..."
Ele olhou abruptamente para mim.
"O que é que queres? Se vens para me chagar a cabeça, esquece! Definitivamente, não estou com paciência para levar outro pontapé!"
Como ainda não sabia se devia ou não pedir desculpas, sentei-me ao lado dele.
"Tem calma... vim só falar contigo... não te quero mal."
Ele endireitou-se e fixou os olhos dele nos meus.
"Granger... a minha vida é o pior dos Infernos. E tu não és a pessoa indicada para ouvir as minhas lamúrias..."
"Porque não? Ouve, acho que precisamos de falar. Acerca do scott. Eu tenho a certeza que sabes o que é que ele pretende de mim. És único que me pode ajudar. Vamos unir-nos... fica do meu lado. Eu posso ajudar-te"
Draco levantou-se subitamente e começou a andar de um lado para outro.
"Ajudar-me? Nunca ninguém em toda a minha vida me ofereceu ajuda... nem sequer se preocuparam no que é que o 'Malfoyzinho mau' sentia quando lhe atiravam à cara que ele era um devorador da morte... ninguém sabe o que é a minha vida... ninguém!"
"Porque é que estás a ser assim?"
"Estás ai a falar, mas viraste-me as costas no outro dia, e preferiste acreditar nas circunstâncias. Há muita coisa que desconheces. Nunca confiaste em mim. Porquê este súbito excesso de confiança?"
"Eu errei Draco! Eu admito que errei! Julguei-te mal. Devia ter percebido que... não sei! Estou tão confusa. Só sei que és a única pessoa que me pode ajudar. Por favor."
Draco ajoelhou-se ficando com a cara dele ao nível da minha. Os olhos dele não eram frios. Estavam confusos. E eu quase que posso afirmar que ele podia começar a chorar a qualquer segundo. Draco. Um Malfoy. Chorar não fazia parte do seu vocabulário. Seria uma cena inédita.
"Hermione... lembras-te no quarto ano quando te agarrei no escuro, depois do Krum ter ido embora e te beijei? Sempre que estou triste, é nisso que penso. E já me ajudou muitas vezes. Nunca gostei de ninguém como gostei de ti. Amei-te. Mas tu nunca compreendes-te. E eu tinha que continuar a fingir. Quando ficámos fechados naquela dispensa, achei que finalmente tu irias compreender o que eu sentia. Mas não. Ninguém me compreende. Por isso, nem tentes."
Uma lágrima rolou pela minha cara.
"Sabes Draco... eu também me lembro... mas como querias que acreditasse se me magoavas a toda a hora? Eu tinha medo. Medo que me magoassem outra vez. Como fez o Krum, e muitos outros. Talvez seja tarde demais, mas agora eu acredito em ti. Desculpa. Não sabia que te tinha magoado assim."
Dei-lhe um beijo muito suave, mas carregado de sentimento. Ele sorriu levemente com ternura e limpou os olhos que já estavam preparados para deixar as lágrimas caírem.
"Vê lá. Um Malfoy chorar. Chorar nem sequer existe no meu vocabulário. Era uma cena inédita. Mas a que não vais ter o prazer de assistir. Ainda chamavas a Rita Skeeter e eu tinha que tirar uma foto para o Profeta diário com o meu pai a segurar-me com uma faca na mão."
Ambos sorrimos a pensar na cena.
"Mas não disfarces a conversa. Ainda não me disseste o que o Scott pretende. Eu já sei quem ele é. Só preciso que me digas o que é que ele quer."
"Ele quer um filho teu."
Acho que perdi tudo naquele momento. A calma, a felicidade, e até a minha cor. Agora tudo fazia sentido. A cena na despensa era clara.
"Mas... Porquê?! Eu nem sequer sou má!!!"
"Ele quer um filho teu porque tu sendo extremamente inteligente, e ele sendo terrivelmente maléfico, a perfeita criança das trevas iria erguer- se."
"Foi por isso que ele ficou tão revoltado contigo quando nos viu na despensa..."
"Porque pensou que um devorador nunca ia atraiçoar os seus planos."
"Mas é contigo que eu quero ficar! Não quero saber se és devorador ou não! Eu amo-te..."
Eu parecia uma criança de 5 anos a quem tinham acabado de roubar um chocolate. Abracei Draco com tanto força, com medo de que ele se dissolvesse como areia e me abandonasse. E recomecei a chorar. Agora com mais força.
"Ouve-me. Tens que fazer o que te digo. Deixa o Scott comigo. Fazes de conta que não sabes de nada. E muito importante: não lhe dês confiança, não aceites nada do que ele te der, não digas que estás comigo, e não mostres medo. Segue isto como uma bíblia pessoal."
Lá fora começou a ouvir-se muito barulho e vozes altas. Eram os jogadores. Vinham para os cacifos.
"Tenho que ir tomar duche agora. Espera por mim lá fora. Queres almoçar comigo? Eu não me demoro."
"Ok. Eu espero. E Ok. Eu almoço contigo."
Limpei as lágrimas com um gesto, sorri e dirigi-me à porta. Mas Draco voltou a falar.
"Ah! E... Hermione... eu também te amo."
Ele sorriu transmitindo todo o seu amor. No corredor encontrei Oliver que estava visivelmente chateado e não parava de chamar nomes ao seeker argentino. À saída deparei com Ginny.
"Então? O que é que se passou? Temos que ir embora!"
"Eu depois vou lá ter. vou almoçar com o Draco."
"Draco? Desde quando é que o chamas pelo nome próprio?!"
"É uma longa história. Não fiques em pânico... e não te preocupes. Se estou segura com alguém, essa pessoa é certamente o Draco."
Ela ainda ostentava uma expressão desconfiada.
"Está bem. Mas tem cuidado."
"Eu tenho."
Ginny desapareceu rapidamente da minha vista. O estádio estava a esvaziar rapidamente. E a brisa soprava fresca. Estava a saber bem sentir o meu cabelo que ia ao sabor da brisa. O pensamento de que Draco me estava a proteger comfortava-me muito. Mesmo sabendo que Scott anda atrás de mim. Se voltasse agora ao 3º ano e Lupin me apresentasse um sem forma, ele ia de certeza transformar-se em Scott. Esperei uma eternidade por Draco. A fome já apertava. E foi nesse instante que ouvi uma voz gélida por trás de mim.
"À espera do príncipe encantado?"
Virei-me lentamente e vi o dono da voz. Era Scott. Olhava para mim maliciosamente e tinha a varinha em riste.
"Espera cinderela. Ele ainda vai demorar."
"Scott... não te tinha visto. Estás aí há muito tempo?"
Eu queria soar o mais natural possível, mas os nervos começaram a apoderar- se de mim. Comecei então a relembrar mentalmente as palavras de Draco. A minha 'bíblia pessoal'.
"Estive aqui o tempo suficiente para constatar que tens um belo traseiro..."
Scott lambeu os lábios sedutoramente e mirou-me de alto a baixo com um sorriso nos lábios.
"O que é que pretendes?"
"Eu quero-te. E vou ter-te. Vamos?"
Scott esticou o braço indicando caminho.
"quem disse que eu ia? Estou à espera do Oliver. Vamos para casa."
"Tu vens comigo, ou vais arrepender-te de ter nascido. Hoje não estou num dia de felicidade propriamente. Por isso, não me desafies. Ou vens a bem, ou vens a mal. Escolhe."
Estava determinada. Ele não ia fazer mal à mulher que supostamente lhe daria um filho, certo? Por isso virei as costas para entrar nos balneários quando...
"Cruci..."
virei-me antes que ele acabasse o feitiço e disse.
"eu vou!"
ele baixou a varinha e disse.
"Muito bem. Já estava com medo que me tivesse enganado quanto à tua inteligência. À minha frente, então."
Comecei a andar. Não tinha hipóteses contra o futuro senhor das trevas.
"A diversão, mal começou..."
Afirmou Scott soltando uma gargalhada maléfica. E ele tinha razão. O divertimento mal tinha começado...
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Obrigada pelas reviews:
Vera - tens cá uma paciência para me ouvir contar as histórias... obrigada pela review amiga!
Ritinha - para mim é como se fosses uma irmã mais nova, por isso é meu dever mostrar-te que o melhor casal é Hermione\Draco! Obrigada pela review!
Pandora - desculpa lá o suspense mas tem que ser... obrigada pela review mamã!
Silvy - fiquei tão contente que tivesses gostado! A sério! Tava com medo que não gostasses. Obrigada pela review!
Lessy - obrigada pelos elogios. Só tenho pena q não tenhas gostado do casal. Mas não posso agradar em tudo. Continua a ler e obrigada pela review!
Mário - Ainda bem que gostaste! Obrigada pela review!
Nota de Autor: Achei que este capítulo tava um pouco lamechas... o que acharam? Deixem-me mts mts mts mts reviews, preciso do máximo de opiniões, é muito importante para mim. Obrigada a todos os que lêem mas não se esqueçam de deixar a opinião. Também aceito sugestões (mt originais claro!). Desculpem lá o suspense de novo.... o 6º vem em breve... e guarda mts surpresas ;)
