Epílogo: Um Dia Perfeito

"Quase morri

Há menos de trinta e duas horas atrás

Hoje a gente fica na varanda

Um dia perfeito com as crianças."

- Cheguei a tempo?

Harry quase não reconheceu o amigo, cheio de sangue e com uma cicatriz no lado do rosto. Mas aqueles olhos azuis, o cabelo vermelho e a voz eram inconfundíveis. Seu melhor amigo e seu maior inimigo, Rony Weasley, seu fiel escudeiro e o outro único grande amor de sua esposa.

- Chegou a tempo sim, Weasley. – falou uma voz arrastada atrás dele. – Mas médico nenhum vai te deixar ver criança nenhuma sujo desse jeito...

- Vai pro inferno, Malfoy! Será que você nunca vai deixar de se meter aonde não foi chamado?

- Eu sou o segundo padrinho da criança, Weasley. – ele falou com um pequeno sorriso. – E tua irmã é a madrinha...

O choro invadiu o quarto à frente deles, e os três se entreolharam de forma ansiosa.

- Parabéns, Sr Potter. É uma menina linda. – falou a enfermeira alguns minutos depois, e eles entraram no quarto.

Hermione parecia extremamente abatida e feliz. Em seus braços, uma menina pequenina, de olhos ainda fechados, com a cabeça coberta de uma leve penugem, cuja cor não podia ser confundia. Era completamente ruiva.

Harry e Rony se encararam, ambos assustados, o primeiro um tanto desgostoso.

- É... – falou o homem que sobrevivera – Parece que Rony ganhou um presente.

- É, - falou Hermione. – parece que você esqueceu que sua mãe era ruiva.

Ele colocou os olhos de volta na esposa, e nunca duvidou da legimitidade do voto dela, nem da criança. E o amor tomou seu coração com força, que jamais o abandonou.

Rony, por sua vez, também sentiu muito amor pela menina, como se fosse sua própria filha, e mesmo sem a pegar nos braços, sentiu seu corpinho pequeno e quente contra o seu. A menina mais bonita que ele veria seria aquela menina.

- Vou a chamar de June. – falou Hermione. – Não importa o que vocês digam, ela se chamará June.

- Que o mundo seja bom para você, June. – murmurou o ruivo, e começou a se afastar. – A batizaremos em um mês, não? Eu estarei lá... Em melhores condições.

"São as pequenas coisas que valem mais

É tão bom estarmos juntos

E tão simples: um dia perfeito."

Ela abraçou o namorado lentamente e com força, afundando a mão em seus cabelos platinados, deixando-o colar os lábios pálidos nos seus. Os dois estavam sentados na casa de chá da Madame Puddifoot's, em Hogsmeade, à espera de Michelle. A casa de chá estava quase vazia, e eles trocavam alguns carinhos sob o olhar curioso da atendente.

- Com licença, Senhor... – falou trazendo o cardápio. – Poderia fazer uma pergunta?

- Você já a fez, agora, pode ir. – ele falou ácido.

- Draco! – exclamou a ruiva. – Algum problema, Madame Puddifoot's?

- Hum... É... Eu apenas queria saber se ele não era o Sr. Malfoy... Filho de Lúcio Malfoy.

- Sou. – grunhiu o homem. – Por quê? Algum problema?

- Não... Claro que não.. Apenas... A senhorita não é irmã de Guilherme Weasley?

- Sou. – falou descansadamente. – Aonde a senhora quer chegar?

- Desculpe... Obrigada... – ela saiu de perto do casal, resmungando. – Um Malfoy, mma Weasley. As coisas estão realmente mudadas, quem diria...

- Qual o problema? – falou Draco ficando de pé. – Eu escolho a noiva que quiser!

- Noiva? – perguntou Gina ficando pálida.

- Eu espero que um dia você seja a minha noiva. – ele falou piscando para a menina. – Só quis assustar a velha.

Gina corou violentamente, como se estivesse de volta aos seus treze anos. Draco riu, e tornou a se sentar ao se lado, se ocupando de abraçá-la e mantê-la aquecida.

         As horas se passaram, e nada de Michelle aparecer.

- Eu acho que ela não vem, Virginia. – ele falou bocejando. – E a velha está querendo fechar o lugar... Vamos?

- Vamos. – ela murmurou, olhando em volta com tristeza.

Com dois *plofts* Draco e Gina saíram do Café. Michelle suspirou debaixo da sua capa de invisibilidade no canto da loja. Todos estavam bem. Ela devia ter partido com Lucy. Mas estava bem em Hogwarts. Muito bem. Era feliz, na medida do possível.

"Corre corre corre

Que vai chover

Olha a chuva!"

Lucy e Marcy decidiram continuar no Brasil, aonde tinham se escondido. Rony tornou a sumir logo após o batizado. Michelle continuou a trabalhar em Hogwarts, aonde aprendeu muito mais como zeladora do que como aluna, sendo promovida a ajudante de poções, aprendiz do velho Snape. Harry e Hermione mantiveram por longos anos um casamento harmonioso e saudável, abençoados por sua linda ruivinha, June. Anne, a irmã de Lucy vinha cuidar da pequenininha todos os dias, enquanto Hermione continuava a trabalhar para os Inomináveis e Harry continuava a dar aulas da Academia de Aurores.

"Não vou me deixar embrutecer

Eu acredito nos meus ideais

Podem até maltratar meu coração

Que meu espírito

Ninguém vai conseguir quebrar."

Queridos Hermione e Harry;

Eu sabia que teria que dar esta notícia mais cedo ou mais tarde. Eu sinto muito, muito mesmo, mas Lucy faleceu essa madrugada. Ela sabia que isso ia acontecer quando resolveu se mudar. Ela sabia que isso ia acontecer porque ela não se cuidava. Eu tentei tudo que poderia... Mas nem um milagre poderia salvá-la. Estou voltando, com o coração partido. Ela tinha escrito uma carta para vocês, nesse caso. Estarei voltando daqui há alguns dias, e levarei o corpo dela para ser enterrado na Inglaterra.

Com amor

Marcy.

Querida Hermione;

Você é uma mulher linda, forte, e que eu sempre admirei muito. Obrigada por tudo que fez por mim, por ser minha amiga e por existir. Você sabe o quanto foi importante, e o quanto eu amo você. Eu deveria ter te contado desde o início, mas... Você sempre soube, não? Sempre soube da minha doença e que isso iria acontecer.

Queria ter conhecido June. Mas eu tenho certeza de que ela é linda, saudável e esperta como os pais. Seja muito feliz, e não chore por mim, tá? Eu não quero continuar sendo um fardo depois de morta. Eu quero que você seja feliz, e cuide das meninas. Elas são sua responsabilidade agora. Principalmente Anne, que eu sempre cuidei como mãe, agora ela deve ser sua filha, noivinha.

Saiba que até o fim, você sempre foi uma lembrança feliz. Eu amo você.

Da sua irmã, amiga e noiva

Lucy

As lágrimas escorriam pelas bochechas de Hermione ininterruptamente. Mas ela deveria se controlar. Lucy não queria que chorasse. Não conseguia parar mesmo assim. Como ela sentiria a falta da amiga!

- Mamãe...? O que 'conteceu? - perguntou uma voz fina.

- Uma amiga da mamãe morreu, June.

- Tia Lucy? – perguntou espertamente.

- Como você sabe?

- Papai me disse. Ele também chorou, mas disse que se Tia Lucy não queria que ele chorasse, ele não ia chorar. Se eu fosse você, faria a mesma coisa. Tia Lucy não queria que vocês ficassem tristes. E ela está com o papai do céu agora, não está?

Hermione olhou para a menina com os olhos arregalados, vendo nela a menina que já fora um dia. A menina que conhecera Lucy. E parou de chorar, abraçando a filha e pondo-a no colo.

- Está sim, querida, está.

FIM

N/A: Eu preciso dizer, que sou anti-h/h... ^^

E toda a série, é dedicada a dois caras muito legais, e muito especiais: André Fornari e Raphael Bandeira. Também foi escrita em homenagem as meninas: Estelle Flores, Beatriz Cruz, Silvia Millan e Flora Félix.