Promessas
Quando uma simples promessa pode virar seu pior pesadelo.





Prólogo


O que acontece quando duas pessoas apaixonam-se desde muito cedo, cedo até demais, quando amor é um jogo apenas de adultos? O que acontece quando duas pessoas são, por infelicidade e ironia do destino, separadas uma da outra, de maneira terrivelmente violenta? O que acontece quando duas pessoas prometem coisas que talvez sejam impossíveis de se cumprir? O que acontece quando duas pessoas mantêm suas palavras a qualquer custo, mesmo que este seja alto? O que acontece quando as promessas já não valem mais nada, e apenas resta a dor? O que acontece quando a decepção para com o mundo torna-se mais forte do que a vontade de viver?

É sobre tudo isso que esta história trata, assim como tantas outras por aí, das quais muitos já estão cansados de ler. Sobre o amor de dois garotos, praticamente crianças, na flor da infância em seus dez e tantos anos. Sobre como um acabou por apaixonar-se pelo outro, de um modo ingênuo e delicioso de se ver. Sobre o modo drástico e dramático com que foram separados. Sobre a promessa impensada de seus espíritos, inebriados de um amor puro e inconseqüente. Enfim, sobre tudo o que todos já estão cansados de saber.

Mas não tudo o que é verdadeiro.

Esta história é a verdade sobre o que aconteceu depois. Depois do adeus, depois da despedida frustrada no aeroporto. Depois que a tormenta se aquietou e veio a calmaria. Depois que tudo já estava resolvido e concluído. Depois que o amor já estava instalado em seus imaturos corações, e feito estragos grandiosos.

Depois que as coisas pareciam estar definitivamente encerradas. Apenas pareciam, porque não estavam. Aquele era o começo. Apenas o começo. Do final. Do fim. Era o início de uma história deprimente, que cabe a eu narrar.

Contar finalmente a verdade. Os fatos como realmente aconteceram. A verdade, nua e crua. Sem inventos, nem floreios. Apenas a verdade. E nada mais.

As coisas não foram belas. As flores murcharam. O sol empalideceu. O céu ficou cinza. E tudo perdeu sua cor. Tudo a partir daquele maldito dia foi assim: melancólico e deprimente. Como a rosa que murchou. Como a árvore que morreu. Como a fonte que secou. Assim foi, e não se pode mudar. O passado já foi escrito no grande livro da vida. À caneta. E não se pode mais apagar.

Sinceramente, não devia caber a eu contar o que realmente aconteceu. É um fardo pesado demais. Deprimente demais. Mas assim foi minha escolha. Assim devia ser. Alguém devia trazer à tona a verdade. Mesmo que isso lhe custasse muita dor e sofrimento. O Destino escolheu a mim, e eu preciso aceitar minha missão. Assim como escolheu para aqueles dois jovens uma história tão depressiva.

Mas isso aconteceu, e eu não posso mudar. Eu preciso cumprir minha missão. Preciso revelar a verdade, doa a quem doer. Eu sei a verdade, e não posso mentir mais. Eu não posso continuar escondendo tudo o que sei sobre isso, e ver as pessoas achando que tudo foi belo e romântico, quando na realidade não foi. É meu dever. Então que ele seja concluído o mais rápido possível. Porque a verdade precisa ser dita.

Esta história fala sobre como o amor pode nos apunhalar pelas costas, e como ele pode ser nossa própria perdição. Ele é, ao mesmo tempo, nossa maior virtude e nossa maior fraqueza. Fala de como um coração machucado pode fazer da vida um verdadeiro inferno. Mostra como o amor pode matar.

Portanto não será como tantas outras. Simplesmente porque mostra o que aconteceu, assim como aconteceu. Ela irá mostrar que o amor é algo que inventamos, e podemos desinventar a qualquer momento. Ela vai mostrar a rotina de alguém cujo coração foi ferido pelo espinho da dor, de uma maneira incurável. Vai mostrar a rotina de alguém que desacreditou na vida no momento em que uma promessa foi quebrada. Vai mostrar até que ponto o ódio e a mágoa podem vencer o amor. Vai contar sobre a vida de Sakura Kinomoto.