Quando uma simples promessa pode virar o seu pior pesadelo.
Capítulo 17 – Entrega
Sua mente atormentada encontrava-se a mil. Em pleno funcionamento.
Concentrando toda sua capacidade de concentração naquela busca desenfreada.
Por um momento seu ser havia admitido que não havia nada a se fazer. Admitindo que aquilo que se passara devia ser apenas um momento isolado.
Porque não havia a menor possibilidade dela ser sua.
Mas uma luz de esperança o fazia recusar-se a aceitar tal fato. De que ele não passava de um derrotado.
Em um ato reflexo, seus músculos contraíram-se e ele passou a se mover com uma rapidez fora do normal.
Para onde suas pernas compridas o levavam, era um mistério.
Seu espírito clamava apenas para que fosse para perto dela.
O gosto dos lábios doces, ainda impregnado nos seus, era sua única motivação.
O desejo de mais.
Então ele correu, o mais que pôde. Até cansar-se. E mesmo assim ele não parou. Havia urgência na situação. Muita urgência.
Foi encontrá-la sentada na beira da calçada, cabeça apoiada nos joelhos, encolhida.
Ela pareceu sentir sua presença. Porque no mesmo minuto levantou o olhar.
E ele pôde ver aquilo pelo qual procurou por toda sua vida.
A garota rebelde afogava-se no próprio amor.
Matando-a.
Instantaneamente, ele correu ao seu encontro. Jogou-se ao chão sem pensar duas vezes. Envolveu-a em seus fortes e robustos braços, em um abraço delicado e seguro.
Sentindo a necessidade de resgatá-la de sua loucura.
Ela aconchegou-se em seu peito, como um filhote aninha-se perto de seu progenitor.
Então ele entendeu-a, por completo, pela primeira vez.
A única coisa da qual ela precisava, era de amor.
De carinho.
De alguém que a fizesse se sentir que não estava só neste mundo.
Pensou nos amigos.
Eles haviam abandonado-a, justamente quando ela mais precisara.
Haviam induzido em sua mente falsas esperanças de que ele voltaria.
Muito embora ele realmente tivesse voltado.
E a família?
Apenas apontavam dedos, criticando-a. Mostrando como ela era incapaz. Como ela devia ser castigada.
Nenhum incomodou-se realmente com o que ela sentia.
Com carinho, ele acariciava sua face, refazendo aqueles contornos delicados inúmeras vezes. Sem nunca cansar-se.
Os lábios contraídos em felicidade e paixão.
Beijou-a.
Como nunca pensara em beijar alguém na sua vida.
A próxima coisa de que se lembrou é de estar praticamente arrombando a porta de seu apartamento. Pressupunha que o lugar do encontro de lá não ficava muito longe.
Os lábios pareciam não querer separarem-se, em uma busca insana um pelo outro.
Mantinham-se unidos pelas mãos afoitas, a brincarem com as curvas de seus corpos já formados.
Ele a colocou no chão, com delicadeza. Muito embora mantinha-a habilmente junta ao seu corpo em chamas.
Ardendo de um desejo quase enlouquecedor.
Incontrolável.
Talvez ele não pudesse mais parar a partir daquele momento.
Aquela garota, outrora menina ingênua, agora o tirava do sério.
Fazia-o desejar tombá-la ali, no meio da sala, e fazer de seu belo corpo sua morada eterna.
Era uma mulher agora.
O seu anjo vindo do inferno, especialmente para fazer de seu ser um escravo das vontades.
Em um perigoso jogo de caça e caçador, onde os papéis invertiam-se com grande freqüência.
A voz falhada e rouca conseguiu murmurar ao pé de seu ouvido o quanto ele a amava. O quanto havia sofrido em seus Anos Escuros. O quanto arrependia-se amargamente de ter abandonado-a à própria sorte.
E implorava para que ela o perdoasse.
Que lhe desse mais uma chance.
Que lhe desse a oportunidade de fazê-la feliz, como ele sabia que há muito tempo ela não era.
Jurou que não mais a deixaria.
Que iria até o Inferno, se ela pedisse.
Então, soltando-se por um momento daquela boca sedenta e afoita, ela pediu apenas para que ele a fizesse sua, para todo o sempre.
Só aquilo bastava.
O próximo passo foi óbvio.
Ambos consumiam-se.
Amavam-se.
Provavam dos prazeres carnais desta vida mundana.
Até o momento em que ele acabou-se no seu belo corpo.
E os seres jazeram semi-adormecidos, um nos braços do outro.
