Capítulo X
Sakura estava montada num belo corcel branco. Seu galope era firme e seguro, ao seu lado estava Li montado no corcel negro de sempre e atrás deles, um exército de mais de mil homens. A tropa seguia rápido para o norte, a fim de fazer a emboscada aos húngaros.
A jovem não conseguia esconder o nervosismo. Se o seu plano desse errado, não só decepcionaria Li como colocaria em risco a vida do imperador, pois deixaram o palácio menos guardado. Um calafrio percorreu sua espinha e, sem querer, virou o rosto procurando seu general. Ele era lindo. Como Deus pode fazer um homem tão belo daquela maneira? Li atiçava o cavalo para que corresse mais, mal sabendo que isso provocava mais os sentidos de Sakura. Ela balançou a cabeça com força, tentando afastar aqueles pensamentos. Estava indo para uma guerra, não para um passeio a cavalo. Fixou seus olhos na paisagem a sua frente, evitando virar-se para Li.
Foram alguns dias de cavalgada até chegarem perto do local onde haviam determinado que o imperador seria transferido. Li parou o seu cavalo e foi ao encontro de alguns generais que comandavam outras tropas.
'Precisamos ter certeza de onde estão.' Ele falou parando ao lado de Xue Lian.
'Sim... teremos que primeiro mandar um pequeno grupo de observação.' O experiente General respondeu.
'Quantos homens?'
'No máximo cinco para não chamar a atenção.'
'Homens pequenos e ágeis.' Completou um outro.
'Escolha então.' Um general falou para Xue Lian.
O velho respirou fundo e fitou Xiaolang. Por alguns segundos, Li pensou que se pudesse, Lian o escolheria e o mandaria para o meio do exército húngaro. 'Cada um escolherá o homem que acha apropriado.'
Cada general chamou um dos seus soldados que se aproximaram do grupo de alta patente do exército chinês. Li chamou Touya, confiava nas habilidades do garoto. Ele sabia que Touya não apenas veria o exército, caso ele estivesse lá, como também repararia nos detalhes.
Em poucos minutos, Sakura estava cavalgando com mais quatro homens, afastando-se do resto da tropa. Ela ia à frente, pois era a mais graduada. Quando atravessaram uma elevação, ela puxou as rédeas fazendo o cavalo empinar e parar. Os outros homens fizeram o mesmo.
'Vamos devagar, e em silêncio.' Falou com a voz firme.
Eles começaram a cavalgar de forma lenta olhando a região à sua volta. Procuravam algum indício que revelasse onde estariam os húngaros. Sakura girou o seu cavalo 360º, observando a topografia do norte da China. Pelo que conhecia dos húngaros, eles gostavam de atacar por cima, então estariam num lugar que lhes dessem visão ampla do castelo onde supostamente o imperador estaria. Ela franziu a testa de leve, cerrando os olhos em uma clareira, onde discretamente via uma fumaça. Talvez fosse uma fogueira de algum lenhador que a fizera para se aquecer ou...
'Vamos, homens...' Ela chamou o pequeno grupo, que a acompanhou sem reclamar. Com um galope mais leve, aproximaram-se de um acidente do relevo. Não precisaram ir muito longe, logo ela avistou centenas de pontos vermelhos na neve branca. Parou observando o exército húngaro. Eles tinham mordido a isca que ela havia lançado. Sorriu de lado pensando em como uma idéia tão infantil havia dado certo.
'São eles, Capitão?'
'Com certeza, meu amigo. Vamos voltar, precisamos avisar aos nossos generais onde estão os húngaros.' Falou, já puxando as rédeas do seu corcel para dar meia volta.
Cavalgaram de volta onde eram esperados com ansiedade. Li estava sentado em baixo de uma árvore esperando por seu homem de confiança. Assim que avistou o pequeno grupo, levantou-se e deu alguns passos a frente. Sakura mal parou o cavalo já pulou da cela e com desenvoltura pousou no chão.
'Eles estão a leste, logo depois das falésias.' Soltou.
'Quantos?' Perguntou Xue Lian aproximando-se dela.
Sakura sorriu de lado. 'Centenas... o exército húngaro está todo lá.'
Os chineses sorriram, observando o rapazinho. Li pousou uma das mãos no ombro de Sakura mal contendo a alegria. 'Eu não disse que seu plano daria certo?'
'Não acredito que eles engoliram aquela história... devem estar se achando muito inteligentes.'
'Vamos exterminar com aqueles vermes de vez.'
Os generais falavam sem parar, mostrando ao mesmo tempo alegria e ansiedade. Sakura tencionou afastar-se do grupo, porém foi impedida por Li.
'Oras Kinomoto, você é a mente brilhante de nosso exército.'
'Isso, rapaz! Junte-se a nós! Vamos traçar uma tática para atacar e liquidar de uma vez com os húngaros.'
'Temos certeza que terá mais uma das suas idéias brilhantes.'
Sakura olhou para os rostos velhos daqueles homens, Li era o mais novo do grupo e agora ela estava sendo convidada para fazer parte dele? Sorriu por pura felicidade, não acreditando que os homens fortes da China chamavam-na para juntar-se a eles. "Imagina se a senhora Yang soubesse disso?" Pensou de forma divertida, "Apesar de que ela estaria pensando qual teria mais dinheiro para casar comigo e lhe dar o dote". Sem demora sentou em posição de lótus ao lado de Li embaixo da árvore e começou a discutir com aqueles homens como enfrentariam o exército Húngaro.
*~*~*
'Nervoso?'
A pergunta de Li assustou um pouco Sakura. Os dois estavam um ao lado do outro, como sempre. 'Um pouco'. Respondeu mentindo. Na verdade, estava apavorada.
'Você já enfrentou isso antes e bem menos preparado.'
'Eu sei...'
'Quero que fique ao meu lado e não se afaste por nada. Não tenha pena do inimigo, Kinomoto. E não hesite.'
'Nunca hesitei, senhor.' Falou um tanto aborrecida.
Li riu um pouco, mostrando que não acreditava naquela resposta.
'Prontos, senhores?' Um general aproximou-se deles.
'Ao seu sinal, senhor.' Respondeu Li.
O homem fez um gesto com a cabeça e desembainhou a espada. Li e Sakura fizeram o mesmo. A jovem apertava forte a arma na mão, enquanto na outra tinha as rédeas de seu cavalo sob controle.
O general começou a galopar a frente, seguido por todos. De maneira rápida alcançaram o exército húngaro, pego de surpresa pelos chineses. Mal tiveram tempo de reação. Começara a guerra mais sangrenta que a jovem Kinomoto Sakura havia participado. Gritos de desespero e dor eram ouvidos, muitos camuflados pelo som de armas se chocando e morteiros explodindo. A fumaça das explosões e o sangue que espirrava por todos os lados às vezes lhe tampava a visão, porém ela mantinha-se firme como um capitão, corpo ereto apesar do peso da armadura; arma na mão, cortando e ferindo mortalmente quem quer que lhe atravessasse o caminho; voz firme para comandar seus homens e ouvidos atentos a qualquer aproximação ou ordem que viesse de Li. Seu corpo pequeno era um alvo difícil de ser atingido pela lâmina inimiga e seus golpes eram certeiros nos pontos fracos dos húngaros. Sua mente funcionava a mil, fazendo com que nada passasse despercebido por ela. Fazia a coisa certa na hora certa. Não poderia errar ou sua vida lhe seria arrancada sem piedade, assim como tirava a vida de vários húngaros.
*~*~*
Sakura fitava, com olhos cansados, aquele mar de corpos estendidos no chão. Todos ensangüentados e sem vida. Muitos estavam sem alguns membros e outros simplesmente estavam desfigurados. Levou uma das mãos ao lado direito do seu abdome onde não conseguiu evitar ser atingida. Sentiu que sangrava sem parar, precisava tratar logo, senão perderia muito sangue o que resultaria em um desmaio, e se isso acontecesse, descobririam seu disfarce assim que fossem tratá-la.
Li parou ao seu lado. Ela não precisava olhar para saber que era ele, ela apenas sentia e tinha a certeza. Ele também tinha o corpo coberto de arranhões e cortes. Talvez até mais que ela, pois durante a batalha, muitas vezes veio em seu auxílio para protegê-la.
'Acabou.' Ela disse, olhando os corpos.
Li suspirou fundo, também observando aquela cena desagradável. 'Sim, meu amigo. Acabou.'
Sakura fechou os olhos dolorosamente, sentindo o cheiro de pólvora no ar. Ajoelhou-se e juntou as mãos sujas de sangue à frente do rosto, recitando um mantra pela alma dos mortos. Li observou o rapazinho balançando levemente o corpo para frente e para trás, murmurando algumas palavras. Queria fazer o mesmo, mas não era homem para este tipo de coisa. Apesar de tudo, ficou ao lado de seu pupilo, esperando-o terminar sua homenagem aos mortos.
Sakura levantou-se e finalmente o encarou. Li observou os inúmeros arranhões no rosto do rapaz, desceu os olhos para o ferimento que ele tinha. 'Precisa tratar logo este corte.'
'Irei fazer isso o quanto antes.' Ela respondeu. 'O senhor também deveria tratar-se, está com muitos machucados.'
'Mas nenhum tão profundo como este seu, agüento até chegar em algum vilarejo próximo.'
'Não está tão fundo quanto aparenta, senhor.' Mentiu Sakura.
Li levantou uma sobrancelha, mostrando claramente que não acreditava nas palavras dela. Sakura empinou mais o nariz, tentando passar credibilidade às suas palavras. Começou a caminhar em direção aos outros.
'É uma ordem, Kinomoto. Não se faça de orgulhoso.'
Sakura não respondeu, continuou caminhando em direção a uma árvore e tentou tirar a pesada armadura. Sentiu uma terrível fisgada no abdômen. Li tinha razão, estava mais fundo do que ela pensava. Gemeu baixinho, tentando não chamar a atenção.
'Droga...'
'Eu disse que estava profundo.' A voz de Li por trás a assustou. Ele ajudou-a tirar a armadura, e Sakura não teve como reclamar, sozinha não conseguiria. Sentou no chão com uma das mãos no ferimento.
'Quando vamos voltar para o sul?'
'Assim que descansarmos, vamos ao vilarejo mais próximo. Mas acho que você deveria tratar logo este...'
'Não precisa!' Ela o interrompeu. 'Agüento até chegarmos ao vilarejo.'
Li franziu a testa e já estava pronto para falar algo quando um general sobrevivente se aproximou.
'Li!' Ele falou um pouco ofegante, mostrando que estava igualmente cansado. 'Vamos para Tianjin tratar os feridos.'
Li se levantou de forma lenta e lançou um último olhar para Sakura que virou o rosto. 'Vamos.'
Em poucos minutos, os sobreviventes estavam marchando de forma lenta para a pequena Tianjin.
*~*~*
'Precisa se tratar, senhor.' Falou uma menininha, aproximando-se de Sakura.
Ela fitou a pequena figura a sua frente e sorriu de leve. Abaixou-se com um pouco de dificuldade até o seu rosto ficar na altura do belo rostinho da menina.
'Qual o seu nome?'
'May.'
'É um belo nome, tão bonito como você.'
Sakura viu que as bochechas da menina coraram. 'Obrigada, senhor.'
'Você sabe guardar um segredo, May?'
A menina arregalou os olhos de leve, mas confirmou com a cabeça que sim.
'Pegue um pouco de bandagem e alguma coisa para limpar o meu machucado e me encontre atrás desta casa.'
'Porque não se trata aqui com os outros?' Ela perguntou, observando os homens que estavam sendo tratados pelos curandeiros do vilarejo.
'Eu tenho um segredo que não posso contar agora. Por favor, faça isso por mim.' Ela pediu com os olhos suplicantes. A menina pensou um pouco ainda e se afastou fazendo um sinal positivo com a cabeça.
Sakura caminhou devagar até fora da casa e foi para o quintal. Olhou para os lados e viu que alguns homens estavam tratando-se ali. Tentou achar um lugar seguro quando observou May se aproximar com o que havia pedido. Ela parou a sua frente. 'Está aqui senhor.'
'Onde há um lugar reservado por perto?'
A menina franziu a testa, começando a ficar curiosa. Ela apontou para uma casinha mais a frente. 'O templo está vazio a esta hora. Todos estão aqui.'
"Sim, o templo! Como não pensei nele antes?", pensou Sakura sorrindo de leve. 'Vou até lá então.'
'Posso ir com o senhor? Talvez precise de ajuda para o curativo...'
Sakura confirmou com a cabeça e começou a caminhar. A menina foi ao seu lado, falando sem parar. Sakura pensou que May era muito parecida com ela quando tinha dez anos. As duas chegaram ao templo e realmente constataram que ele estava vazio. Entraram no quarto de orações e ela fechou a porta. Caminhou até um canto e inspirou o incenso que estava aceso em homenagem aos ancestrais guerreiros. May ajoelhou-se a sua frente, fitando-a.
'Tenho um segredo e peço que ele não saia daqui, May. Será que posso confiar em você?' Perguntou Sakura de forma firme para a menina.
'Já disse que pode confiar em mim, senhor.'
'Eu não sou um homem...' Ela parou, vendo que os olhos de May arregalaram-se de surpresa. 'Eu sou uma mulher.' Terminou a frase com sua voz fina.
'Deus...' sussurrou May, mostrando-se incrédula.
'Ninguém pode saber disso ou serei chicoteada em praça pública.'
'Mas o senhor... Quer dizer a senhora... hã...' May mostrava-se confusa. '... estava na guerra. Nenhuma mulher pode ir para a guerra.'
'Eu sei, mas tive que fazer isso.' Sakura começou a desabotoar o uniforme e o tirou. Seus seios estavam bem presos por bandagens e abaixo estava o enorme ferimento.
'Está muito machucada.' Falou a menina preocupada.
'Eu sei. Por isso preciso da sua ajuda, não vou agüentar muito tempo.'
A menina molhou um pano no líquido amarelado com cheiro forte e olhou para Sakura. 'Vai doer um pouco. Os homens agüentam, mas as mulheres...'
'Eu agüento.'
Apesar de incrédula, May passou o pano pelo corte. Sakura deu razão a ela, sentiu um grito lhe vir a garganta com a dor, mas apenas mordeu o lábio inferior para evitar que ele saísse de sua boca. Devagar e com delicadeza, a menina limpou o machucado de Sakura e colocou uma pasta usada para a cicatrização. Amarraram a bandagem em torno da cintura fina de Sakura terminando assim de fazer o curativo.
Sakura colocou o uniforme com a ajuda de May e encostou a cabeça na parede do templo, tentando descansar. Ainda doía muito o seu machucado.
'Não irá conseguir enganá-los por muito tempo, senhora. Os homens são espertos, vão perceber isso.'
'Eu sei...' Ela falou, fitando a menina.
'Além disso, a senhora é muito bonita.' May sorriu e passou sua mãozinha no rosto de Sakura. 'Logo vão perceber que tem a pele sedosa demais e não tem barba.'
Sakura suspirou e confirmou com a cabeça as palavras da menina. Apesar da pouca idade, ela tinha toda a razão. Não poderia continuar com aquela farsa, estava na hora de dar um outro jeito de sobreviver. Já estava a pouco mais de um ano no exército e logo desconfiariam o porque do seu corpo nunca se desenvolver.
'Eu preciso dormir um pouco.'
May se levantou e ficou um tempo observando Sakura. 'Durma aqui, ninguém irá lhe perturbar. Pode usar alguma manta para cobrir-se.'
'Obrigada.' Sakura agradeceu sorrindo.
Ainda contemplando Sakura, a menina falou devagar. 'Sabe... Se fosse realmente um capitão, gostaria de me casar com você. Tem olhos muito bonitos...', concluiu sorrindo.
'Os militares não são bons maridos.'
'Agora que a guerra acabou, eles são heróis do nosso país. Teria orgulho que meu marido fosse um herói.'
Sakura virou o rosto um pouco para não encarar a menina. 'Acho que há vários militares precisando de sua ajuda.' Falou por fim.
'Sim. Já irei. Por favor, descanse.' Falou retirando-se.
'May!' Sakura a chamou antes que cruzasse a porta. 'Por favor, não diga onde estou e guarde o meu segredo.'
'Ele estará guardado.' Falou com um sorriso meigo.
Assim que ficou sozinha, Sakura pegou uma das mantas e enrolou-se para aquecer-se melhor, assim pode descansar.
*~*~*
Sakura acordou com o barulho de passos. Levantou o corpo tentando despertar por completo. A porta abriu devagar e os rostos redondos de duas senhoras apareceram por trás da porta.
'O que faz aqui, soldado?'
Sakura ergueu o corpo e levou uma das mãos ao ferimento, já estava um pouco melhor, não doía tanto como antes. 'Perdoe-me, senhoras. Vim rezar pela alma de meus companheiros, mas estava tão cansado que dormi aqui mesmo.'
Uma das senhoras aproximou-se e tocou a face dela. 'Está muito quente, meu rapaz, talvez esteja com febre.'
'Não se preocupe, boa senhora. Já irei encontrar-me com a minha tropa.' Falou educadamente retirando-se.
Sakura caminhou devagar até a casa onde estavam todos os feridos. Parou em frente a ela, observando que muitos dos companheiros não haviam sobrevivido àquela noite e seus corpos cobertos, foram colocados do lado de fora. Respirou fundo tentando pensar no que faria agora da sua vida. May tinha razão não poderia continuar a vida inteira a enganar os outros, a enganar Li.
'Onde esteve, moleque?!' A voz atravessada de Li a fez despertar de seus pensamentos. Virou-se e lá estava ele vindo na sua direção, com os olhos em fúria. Parou ao seu lado. 'Procurei você este tempo todo! Pensei até mesmo que tivesse morrido e o largaram no lado de fora! Porque sumiu?' A voz dele tinha um tom sério e furioso.
'Fui ao templo rezar.'
'E não poderia ter me avisado?!' Ele rebateu.
'O senhor estava ocupado e...'
'Isso não justifica o seu ato! Dei-lhe ordens para não sair do meu lado e o que você faz? Na primeira oportunidade, desaparece!'
'Perdoe-me senhor, mas...'
'Enquanto não tiver barba na cara, garoto, você ainda é minha responsabilidade! Por isso é bom se acostumar a não me desobedecer!
Sakura o encarou, não poderia continuar mais com aquela farsa. Respirou fundo e desviou os olhos dele. 'Eu vou sair do exército.' Falou resignada.
'O QUÊ?!' Li gritou tão alto que alguns soldados viraram-se para eles. 'O que disse, Kinomoto?'
Ela o fitou de forma decidida. 'Estou abandonando o exército. Quando formos embora, eu continuo a minha viagem.'
Li abriu e fechou a boca sem falar nada. Os dois ficaram se encarando. 'Está de brincadeira comigo, não é?'
'Não senhor, não estou.'
'Não pode largar o exército.'
'Não sou forte o suficiente para isso, senhor.'
'Oras, você é um garoto! Mais um ano e já terá corpo formado.'
Sakura abaixou a cabeça, tentando pensar em alguma coisa. 'Senhor, decidi isso e não vou voltar atrás.'
Li pegou o pulso dela com força. 'Ensinei tudo para você e se digo que tem dom para o militarismo é porque você tem. Já lutei com inúmeros homens, mas nenhum tem a sua mente lógica. Acha que eu me ofereci para ser seu instrutor à toa?!' Ele apertou o pulso dela com força enquanto não tirava um só segundo seus olhos dos dela, eles pareciam estar em chamas. 'Não vou permitir que jogue tudo fora por causa de covardia.'
Sakura puxou o braço com força, fazendo-o soltá-la e começou a caminhar para longe de todos. A conversa seria bem mais difícil do que ela imaginara. Li foi atrás dela com passos pesados, mostrando que estava muito contrariado. A jovem parou num lugar um pouco mais afastado de todos, era o que queria. Virou-se para Li, que ainda mostrava claramente que estava contrariado com a decisão do suposto garoto.
'Não posso continuar no exército, general. Tenho os meus motivos e não gostaria que o senhor me forçasse a dizê-los.'
'Ah, mas vai precisar muito mais que este papo mole para me convencer, Kinomoto.'
Sakura sabia disso, não tinha como fugir da verdade, uma das coisas que aprendeu com o senhor Yang era que mentira tinha pernas curtas. Ela ergueu o corpo e encarou Li de frente, de igual para igual.
'Não sou o que pensa, senhor Li.'
Ele ergueu uma sobrancelha, mostrando além de irritação, descrédito pelas palavras dela. 'Não?'
'Sou apenas um garoto e vou sempre ser apenas um garoto. Não posso continuar no exército.'
Li riu debochando. 'Pare de ser estúpido! Já disse que com os anos poderá tornar-se maior que eu!'
'Isso nunca irá acontecer.'
'E porque não? Por acaso toma a água da juventude?' Debochou.
Sakura estava tentada a contar a verdade, porém olhando agora para Li um terrível pensamento lhe passou pela cabeça... assim que ele soubesse a verdade, a castigaria sem piedade. Teria que mentir, mesmo que não quisesse.
'Eu quero viver uma vida pacata, quero me casar e ter uma família. Não quero viver o que vivi nestas últimas horas...'
Li cruzou os braços sobre o peito e caminhou um pouco de um lado para o outro, pensando. Parou e encarou o seu pupilo. 'Está apaixonado pela Daidouji, não é?
Sakura não pode deixar de arregalar um pouco os olhos com a dedução dele. Li riu de forma mordaz. 'Está mesmo disposto a largar uma carreira brilhante nas armas por causa de uma vadia, garoto?'
'Ela não é uma vadia.' Sakura não teve como não proteger a amiga. Tinha um carinho enorme por Tomoyo.
Ele riu mais alto, irritando-a, mas depois a encarou de forma quase que assassina. 'Não vou permitir que abra mão de sua carreira por causa de uma mulher.'
Sakura já estava com aquilo entalado na garganta, poderia estar até apaixonada por Li, mas não suportava a arrogância e o machismo dele. Era incrível como aquele homem que a encarava com aqueles incríveis olhos âmbares era o que ela mais odiava e amava ao mesmo tempo. 'Eu vou embora e o senhor não tem o direito de interferir nas minhas decisões! Pode mandar em todos, General Li, mas em mim o senhor não manda mais!'
Li fitou-a com raiva, detestava quando passavam por cima da sua autoridade. 'Não vou permitir que faça esta burrada.' Falou entre os dentes. Pegou as vestes do soldado pequeno à frente e começou a puxá-lo em direção ao resto do exército.
'Solte-me! Já falei que não sou mais seu soldado!' Revoltou-se Sakura tentando soltar-se dele, porém Li segurava mais forte a manga de seu uniforme puxando-a com força. Ela encarou o perfil sério dele e respirou fundo, não permitiria que ele mandasse nela. Sem pensar, golpeou o braço do general fazendo-o finalmente soltá-la. Os dois encararam-se.
'Acha mesmo que está preparado para me vencer, Kinomoto?' Li perguntou debochando. 'Pare já com esta infantilidade! Está machucado!'
'Eu já falei que NÃO vou continuar no exército! Porque simplesmente não aceita minha decisão?!'
'Porque ela não é o que EU quero!'
'Você não passa de um egocêntrico!' Ela resmungou encarando-o. 'Pois em mim, o senhor não manda mais!'
Ele sorriu de lado. 'Só sairá do exército, moleque, quando eu quiser! Agora, vamos!' Falou aproximando-se de Sakura para puxá-la novamente em direção aos outros.
'Já falei que NÃO!' Ela perdeu a paciência, abaixou-se evitando que Li a segurasse novamente e lhe deu uma rasteira nas pernas fazendo-o cair sentado. Li trincando os dentes, levantou-se irado.
'Você me paga, Kinomoto!' Ameaçou correndo em direção do rapazinho que já se afastava dele. Alcançou-o em pouco tempo, pois o ferimento de Sakura não permitia um esforço maior. Porém, assim que agarrou as vestes do soldado, levou um chute forte entre as pernas, fazendo-o gritar de dor, mas não soltou o uniforme do soldado que estava em uma das mãos.
'Droga, General! Solte-me e me deixe partir!!!' Sakura gritou tentando soltar-se dele.
Li encarou Touya com fúria. Sem pensar duas vezes, pegou-o pelo pescoço apertando-o, Sakura segurou-o pelos pulsos tentando livrar-se. Li sorriu de lado pensando em dar uma lição no seu pupilo genioso. Onde já se viu chutar-lhe onde não devia? Daria apenas um apertão que lhe provocaria dores terríveis e assim daria mais uma lição de obediência. Semi recuperado do golpe baixo, levou a mão livre até a virilidade do rapazinho e já esperava ouvir o grito de dor do soldado quando suas mãos não tocaram em nada. 'O quê?' Mostrou-se confuso.
Sakura arregalou os olhos sentindo onde Li havia tocado-a e corou não só pela vergonha, mas porque agora finalmente fora descoberta. 'Ops...' Foi tudo que conseguiu dizer sentido Li soltar seu pescoço.
Continua...
N/A: AHHHHHH! Eu sou muito má mesmo!!! Só eu mesma para terminar o capítulo num momento como este!!! Hehehe Alguém aí consegue imaginar a cara do Li no final deste capítulo? Bem, quanto a cara dele vai ficar na imaginação de cada um, mas a reação dele a verdade eu vou escrever no próximo capítulo! Aguardem e confiem!
Quero mandar um beijão para o Rô que alem de revisar foi quem me deu a idéia para esta cena final. Obrigada Amiga!
Beijocas para a Andy Gramp e para a Andréa Meiouh (fico muito feliz que tenha gostado de "Procurando Nemo"! Realmente a Dory é hilária e as tartarugas muito engraçadas! Nesta sexta eu fui ver "As Panteras Detonando"! Gente a participação do Rodrigo Santoro é tãããão inexpressiva! Tadinho, acho que o coitado nem recebeu script).
Ah quero mandar um Alô para a KayJuli e dizer que sinto-me honrada por ela está acompanhando o meu fic, pois sou fã das suas fics!
Beijocas para Daí (melhorou da gripe? Realmente gente fina e sensível é assim mesmo! Hehehe), Diana Lua (Gente esta menina alem de ótima escritora ainda está se saindo excelente desenhista!), Satine, Rachelzinha e Melzinha.
Beijocas para todos que estão deixando reviews e mandando e-mails.
Kath
