Capítulo XV
Sakura estava encolhida num canto escuro, sua roupa estava rasgada e seu corpo, repleto de hematomas, cortes e sinais de violência. O ambiente estava escuro e sombrio, além do fedor de carniça e mofo que pairava no ar. Li aproximou-se dela com uma dor no peito que queria disfarçar de qualquer maneira, pois estava ao lado de todos os oficiais do alto escalão do exército e do imperador.
'Levante-se, mulher!' Gritou um.
A menina apenas levantou os olhos inchados pelas lágrimas e pelas agressões que sofreu. Não tinha forças para se levantar. Ela fitou Li por alguns segundos e virou o rosto para o lado, evitando encará-los.
'Eu mandei levantar! Está na presença do imperador!' O General gritou novamente, porém Sakura mais uma vez não levantou. Um soldado aproximou-se dela e a puxou pelos cabelos, levantando-a. Ela gemeu de dor, mas não tinha mais voz para gritar. Li deu um passo adiante, mas deteve-se. A única coisa que pode fazer foi cerrar os punhos e virar o rosto para não ver mais a menina à sua frente.
'Está na hora de ser julgada pelo imperador.'
Sakura permaneceu em silêncio, estava com os olhos fechados, tentando controlar a dor que dilacerava o seu corpo.
'Não há direito de defesa. Está condenada à decapitação em praça pública pela manhã do próximo dia.' Falou o imperador saindo da sala, seguido pelos outros generais. O soldado ainda tinha os cabelos de Sakura presos entre seus dedos.
Li foi o último, foi quando ouviu a garota gritar novamente. Mesmo sabendo que não deveria, voltou-se para trás e deu alguns passos em direção à cela que acabara de sair. Empurrou com força a porta e viu o homem prestes a possuí-la novamente.
'Solte-a agora!' Gritou.
*~*~*
Li levantou da cama de repente fazendo Sakura cair no chão com o susto. Ela levantou-se com um dos olhos fechados e com uma mão no quadril dolorido.
'Hei, que susto!' Resmungou, aproximando-se da cama.
Li estava sentado com a respiração ofegante, tossiu um pouco enquanto tentava assimilar o que estava acontecendo. Levantou os olhos para Sakura que sentou na beirada da cama pegando um pedaço de pano que estava jogado por cima da colcha. Ela o molhou novamente na bacia com água fria e o torceu.
'É normal ter pesadelos quando se está com febre.' Falou sem olhar para ele. 'Deite-se novamente.'
Li ficou parado ainda fitando-a. Levantou um braço na direção dela, tocando de leve os cabelos curtos da menina. Ela virou-se para ele sem entender, rapidamente ele retraiu-se. Desviou os olhos para o quarto avaliando-o. Depois voltou a fitar Sakura que estava vermelha à sua frente, olhando fixamente para o chão e não o encarando.
'Onde estamos?'
'Em Hokaio. Aluguei este quarto assim que chegamos.'
Ele rodou os olhos observando o quarto simples, mas acolhedor. 'Quanto tempo eu dormi?'
'Três dias.' Ela respondeu sem fitá-lo.
'Três dias?' Ele repetiu, surpreendendo-se. - 'Isso tudo?!'
'Oras, sua febre acabou de baixar um pouco!' Ela virou-se rapidamente para ele, mas voltou a fitar o chão, corada. 'Aquele médico de meia tigela disse que você nem voltava mais! Idiota! Até parece que ele sabe muita coisa...' Falou em tom irônico.
Ele tocou de leve na sua cabeça dolorida enquanto observava a garota, em pé, olhando para baixo nitidamente envergonhada. Estranhou aquele comportamento, mas depois se deu conta que estava com o peito nu. Sorriu de lado, reparando que apesar de tudo, Sakura tinha pudores. Na verdade, ela tinha feito toda aquela loucura de se transformar em soldado apenas por causa dos seus pudores. Engoliu em seco, pensando na última cena do seu pesadelo. Provavelmente os carcereiros fariam mal a ela. Sentiu uma dor aguda no peito, obrigando-o a apertar de leve no local. Sakura reparou isso e assustou-se.
'Droga, general. Deite-se novamente.' Ela falou empurrando-o levemente pelos ombros para deitá-lo. Cobriu-o com a colcha para que ficasse bem agasalhado e sentou ao seu lado na beirada da cama. 'Deu-me muito trabalho para baixar esta febre, então colabore agora.' Seu tom era bravo, porém ela colocava o pedaço de pano umedecido na testa dele com delicadeza. Afastou-se um pouco, sendo observada por Li discretamente.
'Ficou muito tempo sem se alimentar. Vou pedir para a senhora Cho preparar uma canja sem tempero... hummmm melhor eu mesma preparar, aquela velha é meio surda, é capaz de eu pedir sem tempero e ela entender mais tempero...' Divertiu-se enquanto arrumava as coisas no quarto.
'Estou com sede.' Ele falou.
Rapidamente, ela encheu um copo com água de uma moringa e aproximou-se dele;
'Beba em goles pequenos.' Ordenou, estendendo para ele o copo. Li levantou-se um pouco e pegou o copo, sua vontade era beber tudo de uma vez.
'Hei, eu falei goles pequenos, é surdo?!' Ralhou com ele tirando o copo das mãos do general. 'Quer voltar a passar mal?'
'Me dá esta porcaria de água, Kinomoto.'
'Você agora está doente e EU é que sou responsável por você, então me obedeça! Se eu digo que é para beber em goles pequenos é para beber em goles pequenos!'
Li bufou um pouco, mas concordou contrariado. Acabou bebendo do jeito que ela mandou. Voltou a se deitar na cama sentindo o corpo dolorido.
'Está se sentindo melhor?' Ela perguntou com a voz doce.
'Por que está preocupada comigo?' Perguntou bravo.
Ela arregalou os olhos um pouco e mordeu de leve o lábio inferior. 'Não estou preocupada com você, assim que melhorar eu tento fugir de você novamente.'
Ele sorriu de leve pensando em deixá-la realmente fugir da próxima vez, porém não falou nada.
'Se não houver ninguém bom o suficiente para ficar atrás de mim, a vida vai perder a graça, você não acha?' Ela falou divertidamente.
Li sorriu. 'Então quer viver assim: Você fugindo e eu atrás de você?'
Ela balançou de leve o corpo com as mãos para trás, e sorriu de maneira maliciosa. 'Acho que sim...' Li a fitou com curiosidade, as bochechas dela estavam levemente coradas com o que ela acabara de dizer. Por algum motivo, ele sentiu que sua febre aumentou, e não foi por causa da doença.
*~*~*
Li abriu os olhos e fitou o teto de madeira do quarto. Espreguiçou-se um pouco, mas ainda sentiu o corpo muito dolorido. "Pensei que desta, eu não voltava mais..." Pensou, sentando-se na beirada da cama. O quarto estava deserto, porém ouvia-se uma cantoria vindo do quarto de banho anexo. Ele sorriu, reconhecendo a música que sempre ouvia sua mãe, irmãs e primas cantarolarem.
Levantou para esticar as pernas e senti-las um pouco, não agüentava mais ficar deitado naquela cama. Apesar do esforço inicial, conseguiu manter-se firme nelas. Caminhou devagar pelo cômodo, tocando de leve alguns móveis velhos. Pegou a moringa de água e bebeu um longo e demorado gole.
Foi quando sentiu um cheiro agradável vindo do quarto de banho. "Ying Fa..." Ele reconheceu o perfume. Sem pensar, caminhou devagar em direção à entrada do outro cômodo e parou em frente a ele, deu mais uma olhada em volta com se quisesse certificar que ninguém veria o que estava fazendo. Estendeu o braço e empurrou de leve o pano que servia de porta entre os dois ambientes. Inclinou a cabeça para o lado e viu o que queria.
Sakura estava num pequeno ofurô de madeira. Lavava-se demoradamente enquanto cantarolava baixinho. Ela tinha o rosto alegre e satisfeito, mostrando que estava apreciando o demorado banho. Li ficou ali, parado, apenas a observando de longe. Ele pensava em como ela o enganara por tanto tempo se era tão óbvio que era uma mulher. "Uma bela mulher...", pensou reparando nas curvas bem feitas da garota.
Ele deu um passo para trás quando começou a sentir os hormônios masculinos manifestando-se em seu corpo. Isso é coisa de garotos e não de homens na sua idade. Tossiu um pouco, chamando a atenção de Sakura.
'General? O senhor já acordou?' Ela perguntou. 'Já estou indo.'
Li pode ouvir vários barulhos ao mesmo tempo, provavelmente na pressa a garota caiu umas duzentas vezes no chão. Logo ela entrou no quarto fitando-o, corou violentamente e virou-se de costas.
'Já consegue ficar em pé?'
'Sim... Estou melhor...'
'Mas deveria ficar ainda um pouco na cama para...'
'Eu não agüento mais ficar na cama!' Falou um pouco impaciente.
'O senhor é quem sabe... Hã... quer alguma coisa?'
Li voltou-se e fitou as costas da menina. Ela estava com o quimono rosa que ele havia comprado para ela primeiro, que estava completamente costurado e limpo. Ele pensou que o rosa lhe caía muito bem, deixando-a até mais feminina. Lembrou-se do primeiro dia em que a viu com um quimono vermelho fogo. Balançou a cabeça com força, o que lhe provocou mais um ataque de tosse. Sakura virou-se para ele, aproximando-se, tentou manter-se calma, porém não poderia diminuir a vermelhidão de suas bochechas.
Li sentou na beirada da cama e respirou fundo tentando controlar a tosse. Sakura pegou uma camisa e lhe estendeu, pedindo através do olhar para que se vestisse.
'Não sei o porque desta vergonha agora. Já fiquei inúmeras vezes sem camisa na sua frente.' Falou vestindo-se.
'Na frente de Touya.' Ela consertou.
'Que era você.' Ele rebateu.
'Mas agora você sabe que eu não sou mais um homem e sim uma jovem e virtuosa donzela, então deveria me respeitar.'
Ele ergueu uma sobrancelha. 'Virtuosa donzela?'
Sakura fechou a cara de raiva. 'Pois saiba, senhor general, que nenhum homem nunca tocou em mim!'
Ele sorriu de lado com aquela afirmação, podia estar bêbado aquele dia, mas lembrava-se muito bem de tê-la tocado por baixo do quimono. E ela ficou mais corada, lembrando-se dos beijos que eles trocaram no corredor escuro do estabelecimento de Tomoyo e do primeiro encontro dos dois. Afastou-se tentando manter a compostura. 'Agora o senhor sabe que sou uma moça, então deve me respeitar.'
Li ficou em silêncio, tossiu mais um pouco lembrando a Sakura que era hora de lhe dar o tal chá que ela julgava milagroso. A moça saiu pela porta espalhafatosa e voltou poucos minutos depois com um bule saindo fumaça. Li Sakura serviu o chá, e estendeu para ele, sorrindo um pouco ante sua franca atitude de hostilidade contra a infusão.
'Isso é uma droga...' Reclamou.
'Mas foi o que o curou. Aprendi esta receita na casa do senhor Yang. Sempre que Cixi ficava doente, eu fazia para ela.' Sakura desviou os olhos para o chão, lembrando com saudades de amiga.
'Cixi?'
'É uma menina maravilhosa.' Ela virou-se para ele com um brilho estranho nos olhos. Li franziu a testa, enquanto bebia mais um gole do chá. 'O senhor já pensou em se casar?'
Li teve um ataque de tosse, quase fazendo a xícara cair de suas mãos. Sakura veio em seu socorro, tirando a xícara das mãos dele e pedindo para que ele respirasse fundo. Quando ele conseguiu se acalmar, ela insistiu na pergunta.
'Porque esta preocupação agora?'
'Oras, Cixi seria uma ótima esposa para o senhor, posso lhe garantir. Ela é meiga, bonita, prendada, recatada, é um pouco temperamental... mas isso o senhor é muito mais...' Li olhou para ela atravessado. '... mas só um pouquinho. Além disso, ela é uma moça muito boa.'
Li examinou por um tempo a jovem à sua frente, pensou que nunca em sua vida tivera uma intimidade tão grande com alguém. Seja Touya ou Sakura Kinomoto, aquela pequena criatura de olhos verdes conseguia sempre ser uma companhia agradável, nem que fosse apenas para diverti-lo ou irritá-lo.
'E como é fisicamente esta sua amiga?'
'Fisicamente? Oras ela é bonita!'
'Preciso de mais detalhes.'
Sakura olhou para ele com os olhos em chamas. 'Sem vergonha... Vocês homens são todos iguais!'
'Oras, mas o que aconteceu? Pensei que me daria a ficha completa da sua amiga!'
'Esquece, ela não merece um ser insuportável com você como marido.'
'Sou o melhor partido da China, Kinomoto.'
'Coitada das donzelas que estão desesperadas para casarem então!' Falou em tom irônico.
'Você nunca teve a intenção de casar, não é?' Ele perguntou para ela com os olhos cerrados.
Ela deu um longo suspiro. 'Nunca ninguém casaria comigo mesmo... sempre tive isso bem certo na minha cabeça.' Ela falou enquanto arrumava algumas coisas no quarto e assim não precisava olhar para Li. 'Não sou digna para ser esposa de nenhum bom homem neste país, mas isso não dava o direito a senhora Yang de me vender para aquele nojento do senhor Dan e depois àquele porco de me vender para você.' Ela falou, sem ousar virar-se para Li, mas sabia que ele a fitava.
'Eu não tinha como saber isso.' Li falou virando-se para a janela. Eles ficaram em um silêncio constrangedor.
'Bem isso não importa...' Ela falou dando os ombros. 'Mesmo que não fosse filha de um estrangeiro, nenhum homem casaria comigo agora.'
Li ergueu uma sobrancelha e virou-se para ela. 'Porque diz isso?'
Sakura virou-se para ele e depois desceu os olhos para suas mãos calejadas. Levantou e mostrou-as para ele. 'Minhas mãos não são mais de uma doce senhorita.' Respondeu tentando brincar.
Li foi até ela e pegou a mão da menina fazendo-a segurar tanto a respiração que já estava ficando sem ar. Passou seu polegar pela palma da pequena mão branquinha de Sakura. Sorriu de lado. 'Pior que a minha, não é? Além disso, não são as mãos que decidem se uma mulher será uma boa esposa ou não.'
Sakura arregalou os olhos, fitando o homem à sua frente que ainda segurava uma das suas mãos de forma delicada. Ficaram fitando-se por alguns segundos até que Li puxou a mão que prendia, fazendo Sakura dar um passo a frente, hipnotizada por aquelas duas belas esferas âmbares. Seu coração batia forte e de maneira descontrolada. Li soltou a xícara que tinha na outra mão num móvel alto e passou-a delicadamente pelos cabelos curtos de Sakura. Ela fechou os olhos apenas se deliciando com aquele toque. Deus! Como ela amava aquele homem.
Li inclinou-se até ela, chegando a milímetros de seu rosto. Sakura podia sentir a respiração dele perto de seus lábios, uma onda de emoções invadiu seu pequeno coraçãozinho.
Porém, ele levantou o rosto e pousou seus lábios secos na testa da menina, depositando um carinhoso beijo e afastou-se, deixando-a quase que desamparada. Caminhou em direção à janela em silêncio e desviando os olhos da menina que agora abria os seus. Se ele a fitasse, veria todo o desapontamento que aquele afastamento provocou nela. Sakura suspirou, pensando que realmente felicidade não era algo feito para ela.
*~*~*
Li saiu aquela manhã depois de uma longa semana enfurnado no quarto. Estava feliz por finalmente ver movimento. As pessoas olhavam para ele com estranheza, pois nunca haviam-no visto. Sakura estava ao seu lado com um enorme sorriso nos lábios.
'O dia está lindo!'
Li não comentou nada, apenas inclinou um pouco mais a cabeça para trás para ver o sol. 'Amanhã continuaremos nossa viagem até a cidade proibida.'
Ele não precisou ver, mas sabia que o belo sorriso da menina havia desaparecido dos seus lábios. Olhou para ela de relance e já ia falar algo quando uma menininha aproximou-se dela, chamando-a.
'Senhora Li! Senhora Li!'
'Senhora Li?' Perguntou Li, virando-se para ela assustado.
'Oras, o que queria que eu dissesse a esta gente?' Ela falou em tom de voz baixo.
A menina parou aà frente dela depois de cumprimentar Li de forma educada. Sakura abaixou-se até ficar aà altura da menina para falar com ela. 'O que foi, pequena Ykami?'
'Mamãe mandou perguntar, quando a senhora voltará a comprar na loja de papai?'
Sakura sorriu para a criança. 'Meu marido já está melhor, veja.' Ela fez um gesto para Li que estava ao seu lado tentando mostrar indiferença com a conversa das duas. 'Acho que não precisarei mais comprar ervas com sua mãe. Mas diga que irei visitá-la assim que puder.'
A menina virou-se para Li e levantou o rosto para vê-lo. Depois riu baixinho. 'Quero um marido igual ao da senhora.' Falou inocentemente.
Sakura sorriu com carinho e levantou-se passando a mão nos cabelos da pequena. 'Tenho certeza que terá um. Agora vá, pequena.'
A menina deu um último sorriso para Sakura e um último olhar para Li, que permanecia com sua característica cara emburrada. Virou-se de costas e saiu correndo em direção a mãe que estava um pouco mais afastada.
'Então todos pensam que é minha esposa?'
'Já disse que não tive desculpa melhor para alugar um quarto. O Velho não queria alugar para um homem doente e...'
Ele levantou a mão pedindo para ela calar-se. 'Se está fingido que é minha esposa, é bom começar a comportar-se como tal na frente desta gente. Venha atrás de mim e não ouse olhar para nenhum homem diretamente.'
'Hei, não precisa exagerar...' Ela ia falar mais alguma coisa, mas ele a olhou de forma tão ameaçadora que achou melhor calar-se.
Li começou a caminhar pelas ruas da pequena vila. Sakura ia logo atrás, tentando parecer uma mulher casada, isto é, completamente submissa, porém não conseguia, por mais que tentasse não conseguia ficar com a cabeça baixa. Observou o movimento da rua e sorria intimamente ao observar as pessoas olhando de forma curiosa e assustada para Li. Ele estava lindo, vestindo novamente a farda que o tornava ainda mais imponente. Fitou as costas largas de Li a sua frente e não pode conter um sorriso de felicidade. Ele não a tinha desmentido-a, isso seria muito humilhante para ela.
Entraram num pequeno restaurante para alimentar-se. Era simples como em tudo na vila, mas a comida parecia cheirosa. Sakura sentou-se à frente de Li que pediu a refeição.
'Nossa, acho que vou pedir a receita depois para a cozinheira.' Comentou Sakura deliciando-se com a refeição. Li levantou os olhos para ela e pensou porque ela nunca conseguia manter-se apenas quieta. Sempre estava falando e comentando alguma coisa.
'Realmente está bom'. Não resistiu em comentar.
'Andei pensando...' Ela começou a falar, fitando-o. 'Talvez se fossemos a pela margem do rio Huang, faríamos uma viagem mais tranqüila. Ir pela mata fechada é complicado além de mais desgastante para Yan.'
'Yan?' Ele perguntou erguendo uma sobrancelha. 'Que diabos é isso?'
'É o nome do seu corcel. É incrível como o senhor não tem sensibilidade para dar nome ao coitado. Imagina quando tiver filhos, irá chamá-los de filho número um, filho número dois, filho número três.'
Li não pode impedir que uma gostosa risada saísse de seus lábios. As pessoas do pequeno estabelecimento viraram-se para o casal estrangeiro e o homem tentou recompor-se. Já era estranho ele ficar conversando com uma mulher, mesmo que fosse sua esposa, em público. Fechou o sorriso e novamente ficou com aquela cara emburrada de sempre. Sakura achou melhor calar-se para não atrair mais a atenção daquela humilde gente. Terminaram de almoçar em silêncio, mesmo que sentissem vontade de conversar um com o outro.
Xiaolang observou Sakura tomando a sopa quieta e sorriu de lado, alguma coisa naquela menina fazia com que ele simplesmente se sentisse maravilhosamente bem apenas em fitá-la, desviou os olhos da jovem e observou um casal mais adiante. Os dois estavam quietos e comendo, nenhuma vez se falaram, nenhuma vez se olharam. Eram como dois estranhos, dividindo a mesa por obra do destino. Pensou, será que qdo finalmente casasse com uma mulher seria assim?
'Está se sentindo bem?' Sakura perguntou fitando-o.
Ele virou o rosto e a encarou. 'Estou bem, não se preocupe.'
'Como posso não me preocupar. Pensei que estivesse com algo realmente grave. Sabia que já perdi uma amiga de forma parecida? Os médicos não sabiam direito o que ela tinha.'
'Mas agora eu estou bem.'
'Assim espero.' Ela falou desviando os olhos dele e fitando o prato quase vazio à sua frente.
Terminaram a refeição em silêncio. Li deixou algumas moedas sobre a mesa e levantou-se seguido por Sakura. Estavam saindo do estabelecimento quando ouviram uma gritaria, um homem batia numa mulher no meio da praça principal, era claro que estava bêbado e mal sabia o que fazia.
Sakura deu um passo à frente, mas Li estendeu um braço para o lado, impedindo que ela se aproximasse da multidão que assistia a briga do casal.
'Ele irá matá-la!' Falou com a voz quase desesperada.
'Não ouviu o que ele disse? Ela é mulher dele.'
Sakura arregalou os olhos. 'Só porque é mulher dele não lhe dá o direito de bater e humilhá-la na frente de todos.'
'Sim. Dá direito a ele de fazer o que quiser com ela.'
'Você é um general, vá lá e peça a ele que pare de bater nela... por favor...' Ela suplicou.
Li observou o homem surrando a mulher na praça, sua altura possibilitava ter uma visão melhor que a de Sakura que era baixinha. Balançou a cabeça de leve. 'Se eu interferir, ele a mata em casa, pela vergonha que eu o farei passar diante da vila.'
Sakura fechou os punhos e virou o rosto para o lado, sua vontade era ir lá e acertar a cara daquele idiota ela mesma, sabia que tinha força e agilidade para isso, depois de tudo que passou no exército.
'Nem pense em fazer isso, Kinomoto. Aqui você está como minha mulher, comporte-se como tal.' Ele falou como se lesse os pensamentos da menina.
'Vocês são um bando de covardes.' Resmungou afastando-se de Li e caminhando em direção à hospedaria.
Li ainda ficou um tempo observando a briga do casal, viu a mulher pedir piedade ao homem e ele a esmurrar por causa dos efeitos da bebida. Ninguém fazia nada, ninguém falava nada. Fechou os olhos e pensou que Sakura tinha razão, talvez eles fossem um bando de covardes. Abaixou-se discretamente e pegou uma pedra leve no chão, com força e de maneira certeira, atirou contra a cabeça do homem que cambaleou antes de cair. Virou-se rapidamente enquanto ouvia as pessoas perguntando-se assustadas, o que tinha acontecido.
Continua.
N/A: Olá Pessoal! (Kath observando as caras feias por causa do atraso). Desculpem pela demora (Kath dando um passinho para o lado, observando os rostos furiosos). Eu sei que demorei um pouco, mas é porque aconteceram tantas coisas (Kath preparada para um ataque). Mas eu tenho uma boa desculpa!!!
Bem minha boa desculpa foi realmente a falta de tempo esta semana, a Andrea me mandou no começo dela mais eu só consegui mandar para a Rô na sexta feira. Ela ainda me mandou no próprio sábado, mas o meu irmão "Kero" não desgrudou do pc, aí não deu para atualizar. Quero aproveitar e mandar um super beijo para as duas! Sem elas vocês, provavelmente estariam fazendo caretas pelos meus erros de português. Apesar de que outro dia eu li no jornal "Louca obesessão". Eu já fiz uma careta terrível e olha quem sou eu para falar dos erros dos outros! Poxa, mas o cara é jornalista! Eu não tenho uma aula de português desde o pré-vestibular! Quem não conhece este maravilhoso filme de suspense vale a pena ver. Ah lembrando que é "Louca obsessão" Hehehehe
Voltando ao fic, vcs estão percebendo como o nosso General está mudando aos poucos, não? Estou tentando deixar ele menos arrogante e pelo menos provar que a consciência dele existe! Hehehe Agora será que a Sakurinha conseguirá encantá-lo ao ponto dele realmente admitir que está começando a gostar dela? Ah isso só no próximo capítulo!
Quero agradece pelos mais de 200 reviews deste fic e dizer que estou muito muito muito feliz por está agradando tanto com esta história! Obrigada a todos que deixam o seu recadinho a cada capitulo ou em alguns.
É isso pessoal! Semana que vem prometo atualizar o fic no sábado bonitinho.
Beijocas,
Kath
