Titulo: Encontros e Desencontros
Autora: Suryia Tsukiyono
Pares: Aya + Omi, Ken + Yohji, Ken x Omi
Classificação: Yaoi, Lemon, Angst
Weiß Kreuz não é meu. São de propriedade de Takehito Koyasu e Project Weiß.


Encontros e Desencontros

Por Suryia Tsukiyono

Parte II

Alguns dias haviam se passado desde a missão, mas Omi não conseguia esquecer aquele triste episodio. Seu corpo havia se recuperado rápido, mas sua alma ainda estava muito machucada. Foi como se de repente pudesse sentir todo o peso do mundo em suas costas.

Estavam os quatro rapazes na floricultura. Omi olhou para Aya e notou que agora se sentia bem pior que antes, aquilo estava ficando sério e o garoto jamais pensou que aquela situação poderia afetar tanto sua vida. Ficou um tempo absorto em seus pensamentos enquanto observava o ruivo, era difícil acreditar que tinha se apaixonado por ele assim, talvez o mais certo a fazer fosse esquecer tudo, Aya jamais compreenderia seus sentimentos.

"Ei, Omi!! Cuidado! Desse jeito vai acabar afogando os lírios!!", gritou Ken se aproximando do chibi.

"Han?? O que??", Omi foi trazido de volta à realidade, nem havia percebido que deixara o regador entornando toda água sobre o pobre vaso. "Ahh, desculpe".

"O que foi, Omi? Deu para dormir em pé agora, é?", perguntou Ken sorrindo.

"Ele deve estar com sono. Deve ter passado a noite na internet vendo pornografia", disse Yohji com seu jeito irônico.

"Ele não é como você, Yohji", interferiu Aya. Sabia que aquilo deixava Omi envergonhado.

"Ainda bem que ele não é assim!! Não sei se iria suportar dois Yohjis. Um só já é castigo demais...", retrucou Ken divertido.

"Ei!! Como você diz isso assim...", protestou o loiro contrariado.

Todos começaram a rir. Omi até se sentiu um pouco melhor naquela hora. Era a primeira vez que Aya intervia em seu favor depois de muito tempo, mas tudo não passou de uma breve instante.

"Bom... se não está com sono, então deve estar apaixonado. Ele está muito detraído", continuou o playboy em sua análise fazendo ar de conhecedor das coisas. "Diz para gente, Omi. Ela é bonita? Você já beijou a menina?".

A face de Omi ficou vermelha subitamente e ele não conseguiu esconder dos outros o quanto estava sem jeito. Yohji havia acertado sem querer, estava mesmo apaixonado, não por uma garota como ele havia dito, mas por alguém que ele realmente não deveria, e de certo Omi não estava disposto a dialogar sobre aquilo.

"Que mania que você tem, Yohji, de levar as coisas sempre para esse lado...", interrompeu o jogador, desta vez até o olhar sério de Aya o apoiou.

Ao ser olhado com tanta reprovação, Yohji resolveu acalmar as coisas, não pensou que tal brincadeira fosse deixar os outros dois rapazes tão contrariados. "Ei, relaxem. Só estou dizendo isso porque acho que já está na hora do Omi começar a ter uma vida amorosa ativa, pois do jeito que ele é vai acabar ficando encalhado. E se isso acontecer não venham me culpar depois, eu só quis ajudar".

Ao ouvir Yohji dizer aquelas palavras Omi se afundou um pouco mais em sua tristeza. O que será que ele estaria dizendo com aquilo? Era obvio, o loiro também achava que ele não era bom o suficiente para ficar com alguém, provavelmente ninguém iria quere-lo. Omi não conseguiu entender de outra forma que não fosse essa, e isso o fez sentir-se ainda pior. Yohji entendia muito dessas coisas e provavelmente já estava prevendo que Omi terminaria a vida sozinho, era esse o pensamento do pequeno chibi.

O expediente chegou ao fim, somente Omi havia ficado para fechar a loja, gostava de deixar as coisas bem organizadas para o dia seguinte, já que os outros não eram muito cuidadosos em relação a isso. Foi então que sentiu alguém se aproximar dele, ergueu os olhos e se assustou quando viu que era Aya.

"Omi, posso falar com você um instante?", pediu o ruivo educadamente, mas sempre se mantendo serio.

"Hai, pode, claro", respondeu Omi sentindo um leve tremor percorrer seu corpo, o que seria que Aya queria com ele dessa vez? Não ira suportar ser chamado a atenção novamente, mesmo porque agora não havia feito nada de errado.

"É verdade o que o Yohji disse hoje cedo?", questionou Aya sem nenhum cuidado.

"Verdade? Sobre o que?", respondeu Omi com sua expressão confusa, não havia entendido a pergunta do espadachim.

"Sobre você estar apaixonado...", disse Aya friamente.

Os olhos do menino saltaram de desespero, não esperava ser interpelado daquela forma, nem sobre aquele assunto. Não conseguia pensar e muito menos responder alguma coisa.

"Eu queria lembrar você do que nós somos, Omi. Você sabe que não podemos nos envolver com ninguém, não é mesmo?", continuou o espadachim. "Você sabe da sua dificuldade em batalha mesmo usando toda a sua concentração, imagine o que poderia acontecer se você desviar sua atenção para esse tipo de coisa. Não se lembra do que aconteceu na ultima missão?".

Agora Omi havia compreendido o que Aya queria, e se antes sabia que seu sentimento era uma coisa quase utópica agora não tinha mais nenhuma esperança, se odiou por isso. "Não, Aya. Não é verdade. Não estou apaixonado", mentiu Omi, jamais admitiria isso.

Aya quase desfez a expressão de seriedade e pareceu mais aliviado, mas o que o ruivo não imaginava era o estrago que aquele comentário havia provocado no coração do loirinho, o garoto se sentiu um idiota, inútil. Estava cansado de toda aquela vida.

"Aya, você pode fechar a loja para mim? Preciso fazer uma coisa", disse Omi tirando o avental e saindo pela porta da floricultura correndo sem dar chance ao ruivo de responder qualquer coisa.

"Ei, aonde você vai?", ainda perguntou Aya sem sucesso, mas Omi já havia desaparecido de sua frente.

O garoto caminhou ao longo da avenida, não reparava nas pessoas e nem no transito. Caminhou sobre uma ponte e se recostou em seu parapeito, nem os belos raios do sol refletindo sobre a água no fim de tarde traziam paz ao seu coração. Sentou-se no parapeito com as pernas para fora da ponte e ficou olhando para a água, sem se importar com o buzina e o barulho dos automóveis que zuniam em alta velocidade atrás de si, só observava a calma correnteza. Sentia o coração vazio. Viu todas as suas lembranças passarem por sua mente, tudo quanto já havia vivido, de quantas vezes havia sido rejeitado, até por sua família e agora a pessoa a quem mais amava também o rejeitava. 'Seria melhor se morresse mesmo...', Omi não conseguia tirar aquela frase da cabeça.

'Não sirvo para nada mesmo... Ninguém se importa comigo...', pensou o garoto. 'Seria melhor se tudo terminasse de uma vez...'

Ficou de pé sobre o parapeito, inclinou o corpo para fora da ponte, abriu os braços. Não tinha mais uma razão para viver, em questão de minutos tudo terminaria, em um único mergulho e toda a dor desapareceria. Tomou impulso, mas no entanto algo o deteve.

"Espero sinceramente que você não esteja tentando fazer o que eu estou pensando", disse Ken segurando fortemente o braço do garoto.

Omi olhou assustado, não esperava ser detido daquele jeito, nem ao menos havia percebido quando Ken se aproximou. "Ken? Deixe-me!", pediu enquanto tentava soltar seu braço.

"De jeito nenhum! Você não acha que eu vou deixar você fazer isso, acha? Saia logo daí, vamos! Não me obrigue a tira-lo a força", ordenou o jogador firmemente, não daria chance a Omi de discutir a questão.

"Ken... eu...", Omi desceu devagar, não conseguiu olhar o jogador nos olhos.

"O que diabos você pensou que estava fazendo, hein? Está ficando maluco, garoto?!!", disse Ken sacudindo Omi pelos ombros como se quisesse acorda-lo para a realidade.

"Eu só achei que seria melhor se vocês se livrassem de mim", respondeu o chibi com os olhos cheio de lagrimas.

"De onde você tirou essa idéia absurda?", prosseguiu o jogador. Estava furioso, não podia crer que Omi havia mesmo tentado dar fim à própria vida e teria conseguido se ele não tivesse impedido. "Vai me prometer que nunca mais vai tentar uma coisa dessas, entendeu bem?".

"Sim, entendi. Não vou mais fazer isso", respondeu Omi agora sem conseguir conter as próprias lagrimas.

"Ei, calma. Não precisa chorar", disse Ken abraçando o menino quando viu o quão frágil ele estava. "Deve ter pensado em muitas coisas ruins para tentar isso, Omi. Mas agora está tudo bem".

Omi deixou-se abraçar, seus pensamentos estavam desordenados, talvez estivesse mesmo ficando louco.

"Vem, vamos para casa. Lá é que é seu lugar", Ken saiu puxando Omi pela mão de volta para casa, iria ficar de olho nele de agora em diante.

Ao chegarem, Ken passou pela sala praticamente arrastando o garoto com ele, não disseram uma palavra para Yohji e Aya que estranharam um pouco, subiram apressados e se trancaram no quarto de Omi.

"Pronto, agora o mocinho vai me explicar direitinho que historia foi essa de tentar pular no rio", disse o jogador sentando-se na cama com Omi.

"Não sei... não sei porque ia fazer isso, eu estava triste e sozinho. Achei que não se importavam comigo e então...", o garoto tentava explicar tudo, embora até mesmo para ele aquilo parecesse confuso.

"Como assim não se importam com você? Quem lhe disse uma besteira dessas?", perguntou o jogador.

"Ninguém me disse... eu sei...".

"Pois então você não sabe de nada. Não sei se minha opinião vale alguma coisa, mas eu me importo com você! Me importo muito...", completou Ken tocando o rosto do menino num gesto muito terno.

"Por que, Ken-kun? Por que você não me deixou pular?", perguntou com olhos tristes.

"Por que? Mas eu acabei de dizer... Porque você é importante para mim, por isso", respondeu o jogador com um sorriso.

"Verdade?", por um breve instante o vazio no coração de Omi havia deixado de existir, mas será que deveria acreditar nas palavras que Ken lhe dizia?

"Claro que é verdade", insistiu ele agora acariciando todo o rosto do chibi.

"E como você me achou naquele lugar? Eu ainda não entendi isso", inquiriu o menino bastante curioso.

"Bem, eu... eu segui você", Ken revelou aquilo meio sem jeito, talvez Omi não o compreendesse. "Há bastante tempo que eu sigo você. E fico te observando de longe".

"Por que? Por que você faz isso?", Omi o olhou com surpresa, jamais poderia imaginar que Ken estava lhe vigiando o tempo todo.

"Porque... porque gosto de olhar para você. Já disse que você é importante para mim, e eu nunca quis que você se sentisse sozinho".

"Ken...."

"Omi...", e ou pronunciar o nome do loirinho o jogador não conseguiu se segurar, aproximou seus lábios dos dele e deixou as bocas se tocarem num beijo doce.

Depois de alguns instantes Omi interrompeu o beijo recuando assustado.

"Omi... eu ... desculpa. Eu não devia ter feito isso", disse Ken quando percebeu que o garoto parecia mais assustado do que ele imaginava. "Bem, vou para o meu quarto. Tente descansar e parar de pensar em coisas estúpidas", disse sorrindo e saindo do quarto rapidamente.

Quando o jogador chegou em seu quarto ainda estava tentando assimilar as coisas que haviam acontecido naquela tarde, não queria nem pensar o que teria sentido caso não conseguisse impedir Omi de fazer o que pretendia. Isso o deixou muito preocupado, não pensava que o chibi algum dia tivesse coragem de tentar suicídio. Mas de todas as coisas ruins, havia conseguido uma coisa boa, havia conseguido experimentar o gosto doce dos lábios de Omi. E agora tinha mais certeza que nunca, o teria a qualquer custo.

Omi por sua vez atirou-se em sua cama após a saída do jogador. Aquele dia havia sido por demais turbulento e agora pensando calmamente, sem a influencia de forte emoção, é que teve noção da besteira que quase havia cometido. Ken demonstrou ter preocupação e um enorme carinho por ele, isso o fez perceber que realmente não entendia nada sobre a vida, tanto não entendia que ainda estava exaltado com o beijo que o jogador havia lhe dado. Rolou de um lado para o outro na cama até adormecer.

No quarto ao lado, embora o jogador quisesse dormir, não conseguia. Ficou atento aos ruídos vindos do quarto de Omi como fazia todas as noites, porem hoje não podia ouvir nem ao menos o barulho do teclado de seu computador, provavelmente o garoto já devia estar dormindo. Ken estava inquieto, pensou em ir até o quarto do playboy, mas como fazer isso se a única coisa que conseguia pensar era nos lábios macios do menino loiro.

Omi despertou no meio da madrugada, estava assustado, com a respiração ofegante e suava frio. Foi então que se lembrou de estar tendo um pesadelo. Não que Omi não estivesse acostumado com os sonhos que sempre lhe atormentavam, mas este havia sido diferente. Misturava as cenas da ultima missão com os acontecimentos daquela tarde. Só que em seu sonho Omi conseguia mesmo saltar da ponte, era como se estivesse mesmo sentindo a água invadir seus pulmões e o desespero tomando conta de seu corpo, sentindo-se sufocar lentamente. Então Aya aparecia a sua frente como em uma visão e Omi lhe estendia a mão pedindo ajuda, porem o ruivo simplesmente lhe dava as costas deixando-o sozinho, abandonando-o para a morte.

Por causa do sonho seu coração batia acelerado. Havia sido confuso, mas bastante real. Olhou todo o quarto a sua volta, estava escuro e silencioso. Sentiu-se mal, não queria estar sozinho naquela hora, lembrou-se das palavras do jogador naquela tarde 'Eu nunca quis que você se sentisse sozinho', então sem raciocinar muito o garoto saiu do quarto indo bater na porta do jogador.

O moreno estava acordado e pode ouvir as leves batidas na porta, pensou sinceramente em fingir que estava dormindo, provavelmente era Yohji exigindo um pouco de atenção aquela noite, mas achou que seu amante não merecia tal desfeita. Levantou da cama e foi abrindo a porta rapidamente, iria tentar dar qualquer desculpa para o playboy. No entanto surpreendeu-se quando se deparou com a figura pequena e tímida de Omi a sua frente.

"Omi? O que... o que você está fazendo aqui?", perguntou Ken um tanto espantado.

"Desculpe se te acordei, não queria atrapalhar", respondeu o garoto.

"Não, claro que não. Não quer entrar?", ofereceu o jogador, não fazia idéia porque Omi havia ido procura-lo àquela hora, mas estava curioso para descobrir.

Do outro lado do corredor os olhos violetas de Aya presenciavam a entrada do chibi no quarto do jogador, estranhou um pouco, mas não faria nada. Definitivamente aquilo não era da sua conta. Era melhor voltar a dormir.

"Você está bem, Omi? Parece meio pálido", perguntou o jogador enquanto se sentava na beira da cama.

"Estou mais ou menos. Será que você não me deixaria ficar um pouco aqui com você? Tive outro pesadelo e não quero ficar sozinho", explicou o menino com olhos quase suplicantes.

Ken o olhou e sorriu, estava encantado por aquele sorriso belo e olhos tão ternos, não negaria a Omi qualquer coisa que lhe pedisse, o chibi não fazia idéia de como seu jeito era capaz de fascinar as pessoas, poderia conseguir qualquer coisa que quisesse.

"Claro que deixo. Pode ficar o quanto quiser", o jogador foi até o armário, trouxe um travesseiro e cobertor, e ofereceu ao menino. Ainda não podia acreditar que Omi estava ali em seu quarto, pedindo para ficarem um tempo juntos. 'Isso só pode ser um sonho', pensava enquanto ajeitava um lugar para o garoto na cama.

Tão logo o jogador arrumou as coisas para que Omi se deitasse, o menino se enfiou debaixo das cobertas sem a menor cerimônia, abraçou o travesseiro e deixou que seus olhos azuis acompanhassem atentamente os movimentos do jogador.

"Você prefere que eu me ajeite na poltrona? Ficaria mais confortável para você", perguntou Ken, ainda não sabia como agir direito, e olhar Omi deitado tão à vontade em sua cama o fazia ficar nervoso.

"Claro que não, Ken-kun, já disse que não quero atrapalhar. Se você não se importar eu não me importo", respondeu Omi sorrindo, tudo o que queria naquela hora era estar perto de alguém, sentir-se protegido, precisava disso mais que nunca.

"Tudo bem então...", Ken deitou-se ao lado de Omi um pouco sem jeito, ainda tentando disfarçar sua exaltação, não queria que Omi percebesse. "Se sente melhor agora?".

"Sim, me sinto muito melhor", confirmou o chibi se ajeitando na cama de um jeito preguiçoso.

Ken fechou os olhos, iria tentar dormir logo, assim seria mais fácil resistir aquela pequena tentação ao seu lado. Sentia vontade de toma-lo em seus braços, possuí-lo, fazer Omi ser completamente seu, no entanto tinha consciência que não devia, pois o chibi poderia odiá-lo caso tentasse. Foi forçado a abrir os olhos quando a voz doce e quase infantil de Omi lhe chamou.

"Ken-kun...", sussurrou Omi encarando o jogador, estava deitado de bruços e mantinha o queixo apoiado pelas mãos.

"O que foi, Omi?", questionou o moreno, a proximidade com o garoto estava lhe afetando "É melhor você tentar dormir".

"Certo...", concordou Omi. Aproximou-se mais um pouco juntando seu corpo com o de Ken, abraçando-o e encostando a cabeça no peito do jogador. "Obrigado por tudo que fez por mim", sibilou sorrindo. Fechou os olhos e esfregou a face no peito do jogador como um gesto de criança pedindo colo.

"Não faça isso comigo, Omi. Por favor...", pediu Ken tentando afastar-se do menino.

Omi levantou o rosto e o olhou confuso, mas a explicação do jogador não demorou a vir.

"É que... assim... você tão junto de mim... eu não sei se vou conseguir me controlar. Tenho vontade de fazer o que fiz hoje à tarde, tenho vontade de beijar você".

"Então beije...", disse o loirinho fechando os olhos, aquele era um sinal para o jogador.

Ken ficou imóvel por alguns instantes aturdido com tudo aquilo, sabia que Omi não queria instiga-lo, pelo menos não intencionalmente, mas era isso que estava fazendo. Sem pensar muito se rendeu à vontade de seu corpo tomando os lábios do garoto numa busca ávida.

"Quero você, Omi", sibilou o jogador antes de invadir a boca do menino com a língua. Respirou fundo, aprofundou o beijo e sem se dar conta logo já havia posicionado seu corpo sobre o do garoto.

Omi tentava acompanhar o jogador, imitando os movimentos dele com a língua, o jogador tinha um gosto tão suave que podia sentir todo seu rosto ficar quente. Protestou somente quando sentiu o jogador pressionar com mais força seu corpo contra a cama, e percebeu que uma das mãos de Ken percorria seu abdômen por sob sua camisa.

"Pare, Ken-kun... pare, por favor...", interrompeu os beijos e as caricias, tentando tirar o jogador de cima de seu corpo.

"O que foi?", perguntou o jogador exasperado, não sabia o que podia ter feito de errado.

"É que... eu... gosto do seu beijo, mas só e...", Omi não sabia como explicar a Ken o que estava sentindo, tinha vontade de ser beijado, de se sentir querido, mas não sabia se queria continuar com aquilo, não achava justo com o jogador, "Me perdoe se te fiz entender algo mais que isso".

"Tudo bem, não precisa se justificar", disse Ken sorrindo sem se afastar muito. "É por causa do Aya, não é?".

Omi sentiu muita vergonha, não imaginava que o jogador havia percebido. Concordou com um leve menear de cabeça.

"Eu não me importo", continuou Ken suavemente, até pensou que o mais certo a fazer fosse parar e pedir desculpas como da ultima vez, mas não conseguiria. "Sempre soube que você o amava, e não tenho pretensão alguma que você me ame. Tudo o que quero é fazer você feliz, nem que seja só por um instante".

"Ken-kun, mas isso não é certo...", insistiu Omi, estava comovido com o comportamento do jogador que lhe dispensava tanta atenção, mas ainda assim tudo era muito confuso.

"Por que não? Não se preocupe, Omi. Não lhe farei nenhuma cobrança", disse o moreno voltando a beijar o pescoço do menino loiro. "Seria como uma troca... eu quero você e posso fazer toda essa tristeza que você está sentindo desaparecer, deixe-me fazer a dor desaparecer... não era isso o que você queria?".

"Ken-kun...", pronunciou Omi envolvendo o pescoço de Ken com seus pequenos braços e já se rendendo aos beijos do outro.

Os corpos estavam colados, podiam sentir o roçar dos membros rígidos um contra o outro. O jogador deslizou suas mãos pelos braços do garoto segurando-o pelos pulsos, colocou os braços esticados sobre a cabeça do menino e pressionou-se mais contra ele num gesto possessivo. Omi arfou sentindo as deliciosas sensações que percorria seu corpo, sentia-se queimar por dentro e desejava ardentemente pelo alivio que só o moreno podia dar-lhe aquele instante.

Beijou os lábios de Omi, em seguida o queixo e pescoço. Tentou tirar com a boca o tecido que impedia seu contado com a pele do menino, mas não conseguiu. Deixou que as mãos terminassem esse trabalho aproveitando para retirar a própria camisa. Ken acariciou com doçura aquele tórax sendo embalado pelo gostoso som dos gemidos do loirinho.

Livraram-se completamente de suas roupas. Ken se afastou observando cada detalhe do corpo nu a sua frente, sentiu-se culpado por um instante por estar fazendo aquilo, sabia que se Omi não estivesse tão decepcionado com a vida jamais se entregaria a ele, no entanto o queria muito e seus desejos falavam mais alto que qualquer sentimento de culpa.

A face de Omi se ruborizou e ele se encolheu em gesto tímido.

"O que houve, Ken? Não me quer?", indagou quando percebeu que o jogador parecia meio distante. Não agüentaria ser rejeitado mais uma vez.

"Claro que quero!", respondeu Ken. "Só estava reparando em como você é bonito".

"Então venha...", chamou o menino com um sorriso abrindo as pernas lentamente para o jogador.

Ken não conseguiu resistir aquele convite, era impressionante como aquele jeito tão doce e infantil de Omi às vezes podia se converter num apelo cheio de sensualidade. Talvez fosse aquela mistura que tanto o fascinava. Juntou seu corpo com o do menino e começou a roçar sua entradinha. As mãos de ambos se entrelaçaram quando Ken começou a forçar-se para dentro dele. O jogador sussurra palavras carinhosas nos ouvidos do loirinho e também o instruiu para relaxar quando percebeu o menino franzir o cenho, em poucos minutos já o havia penetrado completamente. Animou-se quando percebeu que a expressão contrariada no rosto do menino começava a mudar, iniciou as investidas um pouco mais rápido e com mais força deixando-se levar pelos gostosos gemidos que escapavam dos lábios do garoto. Ken sempre quisera ouvir aqueles gemidos, melhor... Quisera provocar aqueles gemidos. As maçãs no rosto de Omi avermelhadas de excitação e a sua respiração ofegante eram a visão mais desejada pelo jogador.

Já Omi jamais imaginava na vida ter um momento como aquele, a sensação deliciosa invadindo seu corpo cada vez que o jogador o penetrava mais profundamente.

O ritmo das estocadas continuou por mais um tempo, os dois estavam completamente banhados pelo suor e começavam a sentir os primeiros sinais de cansaço.

"Ken... eu... não agüento mais... hnm...", disse Omi com a voz ofegante.

"Só mais um pouco...", respondeu Ken se empurrando de uma vez dentro do garoto e despejando todo seu sêmen dentro dele.

Omi ao sentir-se preenchido daquela maneira também deixou que seu líquido quente se espalhasse entre os dois corpos, lambuzando o abdômen de ambos. O Jogador deixou lentamente o corpo do menino deitando-se ao seu lado. Trouxe Omi mais para perto num abraço e tirou uma mecha do cabelo loiro grudado em sua face pelo suor. Olharam-se, mas nada disseram, não era necessário palavras naquela hora, só queriam permanecer ali até adormecerem.

Nas três noites que se seguiram Omi voltou ao quarto de Ken, pela primeira vez em muito tempo não se sentia sozinho, os dias que havia passado ao lado do jogador pareciam encher-lhe a vida de esperanças. Ken havia cumprido a promessa de fazer sua dor desaparecer e ele já não se sentia tão mal. Porém sempre que estava perto de Aya era como se toda aquela angustia invadisse novamente seu peito, foi ali que percebeu que mesmo com tudo que fizesse jamais deixaria de ama-lo, mas não pensaria nisso agora. Iria aproveitar todos os agradáveis momentos que Ken estava disposto a lhe oferecer.

Ainda era madrugada, Ken e Omi dormiam tranqüilamente o merecido sono. Gostavam de ficar abraçados na cama depois de cada transa, mas o barulho da tranca da porta se abrindo despertou o jogador.

"Yohji?? Mas... o que...?", indagou Ken com olhos cheios de surpresa.

O Playboy parou diante da cama e sorriu, o brilho nos olhos era diferente. Ficaram se encarado por alguns segundos sem que nada dissessem um para o outro.

Continua...

Suryia Tsukiyono / Janeiro de 2003

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