Eu gostaria de lembrar a você que está lendo que isto é um crossover, ou seja, existem personagens e situações aqui que de imediato parecem não ter nada a ver com o anime Card Captor Sakura. Mas tenha calma, que mais à frente é que nem o Arquivo X: tudo se interliga (você não perde por esperar, tenha certeza).
A homenagem desse capítulo vai para minha segunda inspiradora, amiga, beta-reader, revisora, conselheira e escritora de fics nas horas vagas (UFA!) que hoje sei que estão cada vez mais raras (UFA! UFA!): Andreia Meiouh.
Drea, nem sei o que dizer pra te agradecer por tudo o que você tem feito por mim. Você sabe que sem o seu apoio e encorajamento nada disso eu teria escrito ou tentado fazer. Que seja tua vida abençoada e inspirada, como tudo o que você nos proporciona somente por seres quem és. Muito obrigado mesmo, de coração.
O RIO DAS DORES
1976 - Colorado, EUA.
"Eu não devia ter me envolvido com ele...", pensava Andrea, de maneira absolutamente triste e sem esperança. "Por que motivo ele não me quis?", era a pergunta que não se calava em sua mente. Tinha demorado tanto tempo para confiar seu coração a alguém, e ele tinha vindo com um papo tão sem pé nem cabeça de que ela era bonita demais para ele... Desde quando isso era problema?
Se bem que ele era um homem inseguro, com certeza. Quando se conheceram, mal falou com ela, nem olhava pra ela, de tão tímido, o que a deixou absolutamente atenta àquele rapaz nem bonito, nem feio, um tanto gordinho sim, mas decididamente de ótimo humor (de tiradas britânicas e, algumas vezes, bem picantes), que tinha realmente atraído sua atenção. Pena que morava tão longe, na América do Sul, e embora seu inglês estivesse ficando bom, ainda se comunicava com muita dificuldade e um acentuado sotaque espanhol... apesar de dizer que só falava português corretamente...
Andrea era uma mulher muito bonita, de pele morena queimada do sol californiano, com cabelos pretos e longos até a cintura. Sempre sorrindo, o semblante triste não combinava com ela, nem as lágrimas insistentes que a saudade de seu amor não correspondido insistiam em colocar sobre o seu rosto.
Entretanto, chegara ao seu destino. Chegara a Dove Creek.
A Dra. Andrea Thomas, arqueóloga de profissão e tradição (toda sua família era de arqueólogos), tinha acabado de participar de um congresso na cidade de Durango, no sudoeste do estado do Colorado. A discussão parecia inócua: fósseis achados na fronteira do estado do Maine com o Canadá sugeriam a presença de um novo ser não-catalogado pelos cientistas até então. Várias sugestões haviam surgido, todas estapafúrdias e sem nexo: desde o elo perdido entre homem e macaco, até um grupo de xamãs canadenses que reivindicava a posse sobre os restos mortais do Sasquatch, o famoso Pé Grande.
Depois de um alongado debate de duas semanas, o governo recolheu os fósseis, pondo fim ao congresso surreal. Aproveitando a proximidade, Andrea queria ir a um lugar especial que conhecera quando pequena, quando seus pais visitavam os monumentos históricos daquela região do país. Vestiu-se como de hábito: uma blusa vermelha com um detalhe florido na parte superior esquerda, calça jeans boca-de-sino básica, tamancos multicoloridos e uma correntinha no tornozelo esquerdo, um presente de alguém muito especial...
E é claro, seu amuleto inseparável estava bem preso ao seu pescoço.
Em Dove Creek, reparou que a cidade crescera, mas não muito. Em 20 anos, continuava uma cidadezinha que reunia a população de fazendeiros da região, com algumas igrejas e estabelecimentos comerciais, poucas casas espalhadas pelos campos. Paisagem bem rural, que acalmava seu espírito.
Seguiu adiante, parando em uma curva da rodovia 666, que dá acesso à cidade e ao seu real destino: Dolores River, o rio das dores. Apesar do nome, um rio bem tranqüilo naquela região, parecia convidá-la para um breve descanso.
Andrea chegou perto da margem, e pegou em suas mãos um pouco de água do rio. Água cristalina e bem fresca, apesar do forte calor do meio-oeste americano. Estava perfeita para um banho bem relaxante. Era do que ela precisava, para tentar pôr as idéias em ordem.
Decidida, virou-se em direção à caminhonete que estava dirigindo, para trocar de roupa.
Só pôde dar três passos.
Estava a uma distância de 20, 25 metros de seu veículo. Nesse espaço, como que brotando dos arbustos, cerca de 40 homens de pele bem escura, quase negros, cercaram-na quase que totalmente. Só deixaram o rio atrás dela.
Acuada, assustada, depois de chorar por tanto tempo, só uma coisa passou pela cabeça dela: "Não vai dar nem pro começo... Como ousam pensar em me atacar?!?!"
Virou de costas para eles, colocando pra fora de sua blusa vermelha o medalhão egípcio que encontrara anos antes, e que mudara pra sempre sua vida. Ia abrindo a sua boca para pronunciar as palavras arcanas que somente ela podia proferir, quando cometeu um erro, algo que raramente fazia. A visão que tinha à sua frente era aterradora: dois homens muito altos, cerca de dois metros de altura, sendo que um totalmente branco, inclusive cabelo, lábios e cílios. Os olhos totalmente negros, assustadores! Vestes negras, uma armadura de batalha em seu corpo, com um símbolo dourado em seu peito: duas cobras entrelaçadas somente pela cabeça, se atacando. O outro homem era o inverso deste, totalmente negro, os olhos totalmente brancos, no entanto. Vestiduras brancas idênticas às do seu companheiro, com o mesmo símbolo no peito.
Andrea hesitou por um segundo. Foi o suficiente para ser derrotada.
Os dois homens estavam suspensos no ar, a cerca de dez metros dela sobre o rio. Na hesitação dela, proferiram suas palavras de poder:
— NÃO FALAR!
— NÃO PENSAR!
Andrea imediatamente sentiu sua boca coberta por uma mordaça muito forte, que a apertou até sentir dor. Só não sentiu mais porque, ao mesmo tempo, algo como um raio atingiu sua mente, limpando-a de todo pensamento e tirando-lhe a consciência. Desmaiou, e começou a cair no chão, sendo amparada por um dos soldados que já estava preparado para este fim. Foi envolta em um tecido branco, quase enrolada. Quatro dos soldados a carregavam agora, com muito cuidado.
Hadek, o de vestes brancas, decretou:
— A profecia começa a se cumprir, Neftul.
Neftul, o de vestes negras, concordou:
— Até aqui, tudo bem. Vamos, homens!
Neftul esperou todos estarem em posição, e então olhou para Hadek, e juntos comandaram:
— PORTAL, ABRA-SE!
Um brilho intenso, muito claro, surgiu entre os arbustos. O ar começou a movimentar-se com certa rapidez na direção da luz, e no centro desta um buraco negro de cerca de três metros de diâmetro abriu-se, sugando os galhos e folhas caídos no solo próximo a ele e dando àquele estranho grupo um caminho misterioso a seguir.
Em poucos segundos, somente a caminhonete abandonada mostrava que algo estranho havia ocorrido...
Andrea Thomas® é personagem da Filmation Associates™. Todos os direitos reservados.
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CALMA! Não fique bravo porque ninguém da turma de Card Captor Sakura apareceu. Tem muita história pra eles ainda...
Se você não entendeu nada, tá fulo da vida com isso ou está intrigado com este capítulo, me diga! Comente! Mande-me um e-mail!
Até o próximo capítulo!
