Nesse capítulo, homenageio minhas amigas Rosana e Pritty, autoras de fics muito queridas. Rosana é uma valiosa beta-reader nesse meu primeiro trabalho como autor.
Rô, esse aqui não vai ter jeito, vai ficar grande mesmo! Muito obrigado, querida amiga, pela força em todos os sentidos.
Pritty, minha inspiração, que bom que você melhorou e está de volta, escrevendo estas histórias tão maravilhosas e cheias de emoção. Não suma de novo!
Um recado para as duas: PAREM DE MALTRATAR O SHORAN NAS SUAS FICS!!!! QUE COISA!!!! Ehehehehehehhe....
OLHARES
Agosto de 2002
Todos os dias, as mesmas coisas se repetem. Negócios, negócios, negócios; cifrões, cifrões, cifrões; jantares sociais, recheados de pessoas enfadonhas e entupidas de dinheiro, pensando que são donas do mundo. Teria que haver vários mundos para tantos donos, então... Às vezes, um garanhão mais desavisado tenta alguma bobagem, só pra ser humilhado por minha língua ferina e impiedosa. Às vezes até me surpreendo com minha crueldade, mas foi assim que adquiri este sofrimento que me persegue até hoje...
Foi numa destas cantadas baratas que abri uma brecha para o homem que seria meu marido, Kenji Daidouji. Apesar de ser um casamento arranjado, até que por um tempo senti algo por ele. Tive uma filha com ele, Tomoyo, a única coisa boa que a vida me concedeu até agora, e acho que será só isso...
Ele tinha razão. Certa vez, em meio a uma de suas bebedeiras homéricas, Kenji começou a chorar de maneira inconsolável. Mesmo correndo o risco de apanhar, fui até ele para tentar ajudá-lo. Foi aí que ele me disse, disse não, gritou na minha cara com seu hálito de álcool:
— SERÁ QUE VOCÊ NÃO PODERIA PELO MENOS UMA VEZ OLHAR PARA MIM COMO OLHA PARA ELE?!?!?
Até ele tinha percebido, mas eu sempre neguei pra mim mesma o que era tão visível: meu interesse pelo Prof. Kinomoto era palpável, às vezes. Outras vezes, eu me enganava bem, e deixava aquilo como se fosse algum momento de loucura ou insanidade temporária. Ele era o marido de Nadeshiko! ELE TIROU NADESHIKO DE MIM!
Mas, porque ela estava sempre tão contente ao lado dele, inegavelmente muito mais do que quando estava
comigo?
Ela o amava, era a única resposta que eu podia imaginar.
E eu não sei o que é isso até hoje, é sempre a minha conclusão...
* * * * * * *
Estou quase dormindo. A poltrona do avião é bem confortável, nada como viajar no seu próprio jato particular. Ele não é um jato invisível, mas voa bem rápido...
Em meu quase sono, começo a rever alguns momentos do meu passado: quando encontrei Fujitaka pela primeira vez, e olhei para ele de uma maneira tão indecente quanto sensual que eu nunca podia imaginar em mim mesma, mas senti que queria aquele homem desde o momento em que o vi. Não pensei, só senti que o queria. Pensei que ele tinha lido minha mente, quando veio até mim, e tremi nas bases, não esperava aquilo! Eu era muito jovem, e só tinha uma afinidade maior com minha prima Nadeshiko. Aquela boba... Subiu numa árvore para colocar um filhote de passarinho no ninho, e caiu justo em cima dele! AI QUE ÓDIO!!!!!!!! Ele começou a cantar a minha prima na minha cara!!! QUE DESCARADO!!!!!!! Mas, por que ele começou a me olhar novamente? Será que ele sentiu algo por mim? AAAAAHHHHHHHHNNNNNN!!!! MINHA PRIMA ESTÁ PASSANDO A MÃO NELE, E ELE ESTÁ GOSTANDO!!!! DESCARADO!!!!!! É IGUAL AOS OUTROS, SÃO TODOS IGUAIS MESMO!!!!
O casamento deles, toda aquela alegria, toda aquela badalação. Ninguém da família foi, mas eu não resisti e vi ao longe. Eles saíram tão felizes... Nunca mais ficarei com minha prima... Nunca mais encontrarei o olhar tão seguro e carinhoso daquele homem... AAAAAAAAAAHHHHHHHH!!!!!!!!!! QUE PENSAMENTO É ESSE?!?!?!?!?!?!??!? EU O ODEIO!!! ODEEEEEIIIIOOO!!!!
No meu casamento, eles vieram, mesmo não sendo convidados e sabendo que não seriam bem recebidos. Mas Nadeshiko queria porque queria me abraçar e o fez, aos prantos, me dizendo:
— Seja muito feliz, prima Sonomi, parabéns! Eu te amo muito, estou muito feliz por você!!!
Não agüentei, tive que chorar também, minha querida priminha tinha um coração de ouro mesmo...
Aí ele veio. Veio me cumprimentar. Ai, aquela tremedeira de novo, droga! Não posso dar bandeira! Ele veio e me disse, com o seu sorriso característico (e muito sexy!) e aquela voz que eu não podia ouvir sem me alterar:
— Parabéns, Sonomi!
Por um momento, senti que eu começava a olhar pra ele com aquele olhar guloso. Só eu e o Kenji percebemos. Mas foi só um momento, pois Fujitaka começou a me olhar assustado, eu devia estar com uma expressão de ódio muito feia:
— Sonomi, o que houve? Você está bem, está se sentindo bem?
— NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! — um grito que deve ter estourado os tímpanos dele. Se não estourou, o tapa que eu dei na cara dele o deixou tonto, tenho certeza! — FORA DAQUI!!!!!!!! FORAAAAAAAAA!!!!!!!!!! — continuei com o barraco improvisado, mas que caiu com uma luva. Ele me olhou de forma tão triste que achei que ele ia começar a chorar.
Quem começou a chorar foi Nadeshiko. Ele fechou o rosto, então, pegou a esposa pelo braço e foi embora. Fez tudo isso sem tirar os olhos de mim. Eu não pude agüentar aquela expressão de raiva em seu rosto, quase desmaiei, mas só depois que ele deixou o salão de festas.
Todos pensaram que isso tudo foi por causa da Nadeshiko. Eu também pensei...
Encontrei-o várias vezes nestes 20 anos. Numa destas vezes, eu estava correndo no parque, perto do Pingüim Rei, e ele também! Parece que ele escolhia hora e lugar para me deixar sem graça! Na primeira vez, me escondi entre as árvores e esperei ele passar, pois não me viu. Percebi que era realmente um homem muito atraente, alto, ombros largos, os óculos que sempre usava lhe conferiam um ar intelectual simplesmente irresistível...
Depois que ele passou, me peguei derramando um rio de lágrimas, mas não entendi aquilo. Fiquei com raiva da situação e de mim mesma, o que me deu forças para, nas vezes seguintes, não parar e nem desviar meu caminho, mas lançar-lhe aquele olhar furioso, que o impedia de falar comigo. Na quarta ou quinta vez, ele sempre me retribuía este olhar com um sorriso muito meigo...
Depois que Nadeshiko morreu, só nos encontramos por causa de nossas filhas, Tomoyo e Sakura, que eram amigas inseparáveis. Na escola, tive que engolir a derrota para ele na corrida, mas falei umas verdades na cara dele depois. Mas foi só sobre a Nadeshiko. Eu realmente sentia muita falta dela... Não falei de mim, não me atreveria a tanto...
Quando Sakura veio visitar o vovô, eu não resisti: como estava escondida mesmo, ficava olhando a casa ao lado com a luneta de vez em quando. Numa destas vezes, peguei o Sr. Kinomoto fazendo seus exercícios matinais. Eu gostei muito da visão, até que ele OLHOU PARA MIM! Não era possível, mas, ele parecia me observar a mais de 350 metros de distância! Olhou diretamente para a luneta que eu usava, e não tirou os olhos dela, parecia ME olhar nos olhos! Não usei mais aquilo durante o tempo em que estive lá, fiquei muito assustada...
No dia em que Sakura quis enviar um presente para o vovô, ele me chamou para pedir este favor. Fui muito mal educada, como de hábito, e ele sempre tão amoroso em seu olhar e sua voz. Mas fiz o que ele me pediu, pela Sakura, e não por ele! Já dentro do carro, cercada por minhas quatro seguranças, não consegui evitar olhar pela janela traseira, para vê-lo mais uma vez. Já tinha entrado para casa...
Quando as crianças fizeram a peça de teatro, nos sentamos lado a lado. Tive que esconder o rosto, fiquei vermelha na hora! Mas ele estendeu sua mão e me disse:
— Trégua, Sonomi. Hoje é uma noite especial, não quero brigar com você. Hoje não.
Aceitei sem olhar para ele, e mandei minhas seguranças gravarem tudo. Elas voltaram as câmeras para nós dois, aí eu tive que dar um show:
— AQUI NÃO, SUAS IDIOTAS!!!!!!!!!! NO PALCO!!!!!!!!!!
Elas gelaram em dois segundos, e apontaram seus instrumentos para onde estava sendo realizada a apresentação. QUE BURRAS!
Ofereci a fita para ele depois, que aceitou muito alegremente. Não permiti, entretanto, que visse a satisfação estampada em meu rosto...
* * * * * * *
Acordei, o meu jato já tinha aterrissado.
Meus negócios me levavam às vezes a lugares remotos. Espanha, México, Moçambique, Brasil, Argentina, Índia, Turquia...
Já tinha visitado estes países promovendo meus brinquedos, que sempre vendiam muito bem. A ONU tinha lançado uma campanha para produção de brinquedos sem armas, e eu tinha abraçado esta idéia com minha empresa.
Curiosamente, os brinquedos não relacionados com armas eram líderes no mercado mundial, e eu ia lançá-los em países onde ainda não tinham sido vendidos, ou então era seguidamente convidada para participar destas campanhas.
Esses dois motivos me trouxeram ao Egito.
E era na cidade do Cairo que eu acabara de chegar...
Todos os personagens utilizados neste capítulo pertencem à CLAMP™, exceto Kenji Daidouji, que é personagem da Andreia Meiouh e da Fabi, e que foi usado sob permissão das autoras. Todos os direitos reservados.
* * * * * * *
Aos que sentiam saudades de personagens de CCS, cá está!
Opiniões, críticas, sugestões e xingamentos, já sabem: postem um comentário ou mandem um e-mail!
Até o próximo capítulo!
