E a aventura continua!

Esse capítulo é dedicado a uma amiga muito querida, que conheci aqui na turma, e que também é uma beta-reader deste meu primeiro trabalho. É a Giselle Frizon, de Santa Catarina.

Gi, que bom que nos conhecemos, e que podemos partilhar tantas coisas boas nessa amizade que desenvolvemos. Que tudo vá bem na tua vida, em casa, na família e nos estudos. Você merece!!!


HERÓI PARA SEMPRE

2002 – EGITO

Marriot Hotel Cairo

O dia da chegada - 05h43

— Vá agora! Seu pai não resistirá se você demorar!

Ele sabia que era verdade. Dirigiu-se para a entrada da passagem, que parecia uma pequena caverna. No seu caminho, a cabeça do soldado que tentara passar jazia inerte...

Começou a andar no escuro corredor. Balbuciava para si mesmo as dicas que tinha lido no diário de seu pai: "O SOPRO DE DEUS – somente o penitente passará... o penitente... ele é humilde diante de Deus... ele é humilde, então... ele... ele... ele se ajoelha!" Esse pensamento cruzou sua mente como um raio! No mesmo instante, sentiu o sopro — uma brisa gélida — e ouviu um ruído muito baixo de algo deslizando, e não teve dúvidas, se ajoelhou rapidamente, instintivamente rolando para a frente na seqüência! Foi uma decisão providencial, pois duas lâminas giratórias, a primeira no sentido horizontal, e a segunda no sentido vertical, teriam cortado fora sua cabeça ou partido seu corpo ao meio...

Chegou-se às correntes que faziam parte desse mecanismo, e travou-as, parando assim o funcionamento das lâminas. Anunciou então que tinha passado do primeiro obstáculo, e que iria continuar.

Chegou então a um salão com várias letras entalhadas em placas de madeira no chão. Lembrou-se do segundo obstáculo: A PALAVRA DE DEUS. Logo pensou, qual palavra simbolizaria melhor a Deus? Chegou a conclusão que seria o seu nome: JEOVÁ. Por isso, foi direto num pulo até a letra J.

Deveria ter pensado melhor. A letra cedeu sob seus pés, e ele começou a cair num abismo...

Por muita sorte e atenção, ele esticou o braço e segurou-se na borda do soalho! Maldisse a si mesmo, enquanto lembrava que a palavra que ele queria deveria estar em latim...

Conseguir ficar em pé, e recomeçou a seqüência, agora sem erros: I – E – O – V – A – H. Estava correto! Ele chegara ao outro lado!

Mas o pior estava por vir. Passou por um pequeno corredor, e avistou a abertura da caverna onde estava o que ele precisava encontrar: o Santo Graal*. Chegou, viu, e parou, completamente assustado: simplesmente não tinha como chegar do outro lado, um abismo que o separava da caverna por 30, 35 metros de puro nada, só o vazio... Como ele conseguiria atravessar isso?!?!?!?!?!?!?!?

Olhou desconfiado no diário de seu pai, o qual carregava, e viu a dica: "O CAMINHO DE DEUS – somente os que acreditam passarão". Pensou consigo mesmo, olhando o desenho do cavaleiro andando sobre o abismo para alcançar o Graal: "É um passo de fé".

Naquele momento, tudo o que ele queria era salvar o seu pai. Se Deus fosse o que sempre disseram que ele era, seria essa a hora de mostrar que existia e que era a essência do Bem.

Fechou os olhos, apertou o diário de seu pai no peito, e deu o passo sobre o vazio, completamente amedrontado.

Seu pé encontrou apoio no meio do nada!!!!

Ele não estava acreditando! Mas após alguns segundos, percebeu o que acontecia. Pegou um punhado de areia, e jogou diante de si mesmo. Uma ponte invisível apresentou-se sob seus olhos, que coisa mais engenhosa!!!

Passado o espanto, ele correu para dentro da abertura da caverna, e deu de cara com o último cavaleiro, guardador do Graal.

— Parado! — bradou este. — Você só chegará ao Graal se passar por mim! — dito isto, sacou de sua espada medieval, para um segundo depois cair sentado, vencido pelo peso de sua própria espada. Ele estava vivo a 500 anos pelo menos, e não se dava conta disso.

— Acalme-se, sente-se aqui, não sou seu inimigo, preciso do Graal para curar meu pai. — as nobres intenções dele tranqüilizaram o cavaleiro, que respondeu:

— Você me venceu, eu sou o último obstáculo. Deves escolher o cálice correto entre estes todos... — mostrou apontando uma mesa cheia de taças e cálices, todas muito bonitas e douradas.

Ele coçou a cabeça. Como escolher corretamente?

Não pôde demorar-se muito. Sua colega traidora e o vilão que atirara no seu pai logo adentraram a caverna, estando este último ainda armado.

— Já ouvi o que precisava. Saia daí! — grunhiu ele, com uma pistola na mão. Como estava desarmado, era melhor obedecer.

— Você é arqueóloga, escolha o cálice para mim — pediu o malfeitor, no que foi prontamente atendido com a escolha de um cálice muito bonito, cravejado com pedras preciosas, totalmente recoberto com ouro.

O bandido tomou o cálice das mãos, tomou um pouco de água existente ali mesmo no interior da gruta e bebeu, não sem antes dizer:

— Vida eterna!

Foram suas últimas palavras. Sentiu-se mal, agarrou-se à arqueóloga e começou a se decompor diante dos olhos da moça, que gritava sem parar, completamente apavorada. Em segundos, foi transformado em poeira. Nada mais restava do bandido agora.

— Foi uma péssima escolha... — disse o cavaleiro.

O bandido estava morto, e sua colega não iria mais atrapalhar. Não havia mais tempo a perder. Começou a examinar os cálices, pensando consigo mesmo: "Deve ser o cálice de um carpinteiro, simples, sem nenhum luxo...", enquanto corria em volta das taças.

Avistou bem no meio de todas um pequeno e simples recipiente em forma de taça, que dava a impressão de ter sido esculpido num único pedaço de madeira. Não teve dúvidas, pegou este mesmo e foi até a bacia de água, pegou um pouco e bebeu rapidamente.

Sentiu-se meio estranho então, não sabia definir o que estava sentindo. Uma leve tontura, e uma sensação de que em todo o seu corpo o seu sangue estava sendo substituído. Sim, sentia isso em todas as suas veias!

Ouviu então do cavaleiro algo tão decisivo como amor, vida e morte:

— Você escolheu... SABIAMENTE...

*                      *                      *                      *                      *                      *                      *

Acordou num salto! O coração descompassado, a respiração ofegante, o estado de excitação desmedida...

Essa cena ele já conhecia. Somente não gostaria de vê-la se repetindo...

O sonho. O sobressalto. O despertar desordenado, abrupto. Depois do que tinha acontecido no seu sonho, o fato se repetia sempre que ele se encontrasse próximo a lugares ou situações de perigo. E isso é exatamente o que ele não queria naquele momento...

Levantou-se e foi até o banheiro da suíte onde estava hospedado, e viu a si mesmo num espelho para corpo inteiro. Realmente, a lenda era fato: ele continuava exatamente igual àquele dia em que tomou da água contida no Santo Graal. Seu corpo estava até melhor, mais musculoso, ele praticamente não tinha mais adoecido desde aquele dia. Se ele não tivesse adquirido a imortalidade, coisa que ele relutava em crer, tinha que admitir que pelo menos estava envelhecendo mais vagarosamente, e com muita saúde! Afinal, já se passavam mais de 50 anos desde aquele dia, e ele parecia ainda um quarentão com pinta de 30.

— FIUFIIIIIIIIIIIIIIIIIUUUUUUUU!!!!!!!! — foi dessa maneira que ele percebeu que estava SEM roupas...

— Você não tem jeito mesmo! — disse isso totalmente embaraçado, enquanto corria para a cama pra pegar um lençol e se cobrir.

— Nananinanão! — ela estava se divertindo, e com uma boa dose de sorte retirou o lençol da mão dele com uma chicotada, seguida de uma imensa gargalhada. Riu tanto que chegou a se agachar de tanto gargalhar, dando tempo pra que ele colocasse seu roupão do hotel, que não tinha sido visto ainda, pois senão com certeza já estaria sumido.

— Pelo jeito, Lara, você andou batendo em alguém, não foi? — abriu um sorriso meio forçado, enquanto falava.

— Dr. Jones, calma, o que o leva a pensar assim? — Lara queria ser irônica, mas colocou sem querer no rosto dele uma profunda expressão de preocupação.

— Então, você já foi atacada?

— Você já sabe? — Lara arregalou os olhos. — Como?

— Além de você chegar tão bem humorada aqui, e de madrugada ainda, eu tive um sonho...

— Aquele sonho do Graal? — Lara já estava entendendo o que ocorria.

— Sim... Então, já começou, nosso tempo começa a se esgotar, Lara... — ele sabia que o pior estava apenas por vir.

— Tudo bem, vamos enfrentar essa situação juntos, então! — Lara às vezes conseguia motivar outras pessoas em face das dificuldades de uma maneira que ela mesma se surpreendia depois.

— Muito bem, encontraremos nosso amigo daqui a algumas horas, aqui mesmo no hotel. Você pode dormir aqui se quiser... — ele abriu um sorriso, já sabendo como Lara reagiria a esta notícia e ao convite que tinha feito, simplesmente por brincadeira.

— Tudo bem, acho que poderemos enfrentar melhor juntos algum imprevisto que surja. Mas olha lá hein? — disse e mostrou suas duas pistolas, colocando-as a seguir debaixo do travesseiro de outra cama existente na suíte, a um metro e meio da cama dele. Agora era ele quem ria até não poder mais...

— Quanto tempo faz... — Lara sentou-se na cama e colocou seu par de óculos pendurado na blusa. Decididamente, doces e ternas lembranças ela tinha desse amigo tão distante. Abriu então um sorrisinho maroto, deste que as mulheres soltam quando pensam em uma coisa que não querem que ninguém saiba, o que fez Indy parar de gargalhar, mas sorrir por ainda estar tão certo sobre sua amiga arqueóloga...

Ele pegou o seu chicote, que Lara tinha deixado pendurado numa cadeira, e colocou-o no mancebo junto com o seu chapéu inconfundível. Olhou novamente pro espelho de corpo inteiro, e falou, não se importando se Lara estava ali e se iria cair na gargalhada outra vez:

— É... Não vai ter jeito... INDIANA JONES está de volta!


N/A:

O Santo Graal é um artefato bastante conhecido, embora seja refutado como pura mitologia. Ele seria o cálice usado por Jesus Cristo na Ceia de Páscoa da qual Ele participou antes de ser entregue para a sua crucificação. Nela teria sido também guardado um pouco do sangue do próprio Jesus durante a sua crucificação, o que teria conferido a esse cálice o poder de dar vida eterna a quem dele bebesse. Foi ele o tema central do filme "INDIANA JONES E A ÚLTIMA CRUZADA"®, de onde foi extraída a primeira parte desse capítulo

INDIANA JONES™ é um personagem criado por Steven Spielberg e George Lucas. Utilizado sob permissão dos autores. Todos os direitos reservados.

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Mais um convidado especial se apresenta! O que será que está acontecendo de tão grave para juntar estes três amigos tão ilustres?

Não perca o próximo capítulo se você quiser saber!

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Até o próximo capítulo!