Nossa aventura continua!

Este capítulo é dedicado a uma pessoa muito especial, a minha amiga Rika-Sama.

Mariana, uma das melhores coisas que me aconteceu foi te conhecer. Sem seu apoio e sua amizade, provavelmente eu não estaria escrevendo aqui hoje. Como eu sei que você gosta muito desta personagem, como eu, é sua esta parte da saga. Obrigado por tudo, querida.


COMPRAS!!!!!!!!!

2002 – Egito

Cidade do Cairo

O dia da chegada - 11h45

Calça jeans, blusa azul marinho, óculos de sol sobre a cabeça, uma sandália de salto baixo, e uma bolsa pequena a tiracolo. Com esse visual bem ocidental, de turista de classe média, é que Sonomi deixou o hotel em direção ao Centro Velho da cidade do Cairo.

Fazia tempo que ela não saía assim, sem preocupação com horários, encontros, reuniões... UFA!

Estava realmente ficando estressada com tudo aquilo. Tinha que dar uma parada mesmo, então a viagem ao Egito veio bem a calhar, ainda que a negócios. Aquele tempo que sobrara nos seus compromissos serviria para que ela recuperasse um pouco de suas forças e para que relaxasse um pouco. Para isso, nada melhor do que... COMPRAS!!!!!!!!!!!

Podem dizer o que quiserem dela. Nessas horas, Sonomi era igualzinha a todas as outras: queria comprar, comprar, comprar... ATÉ NÃO PODER MAIS!!!!

Felizmente para ela, dinheiro não era problema.

Sabia que ali ela não gastaria muito além do que a compra de algumas lembranças... Mas que fossem boas! Nada de lembranças fajutas, tinha que ser de primeira qualidade, senão não serviria nem pra ela e nem pra sua filha.

No caminho, reparou que realmente a cidade do Cairo era movida pelo turismo. Naquele momento, percebia pessoas vestidas com as mais diversas características. Deveriam vir de países muito diferentes. Homens e mulheres estrangeiros misturavam-se aos habitantes locais, sendo somente diferenciados por suas vestes. Alguns raros conterrâneos orientais ela avistou, o que era uma façanha, dada a discrição com que eles sempre costumam se portar. Imaginava que todos estariam estranhando a temperatura local, com sol a pino desde os primeiros minutos de uma manhã sem nuvens.

O carro parou, e Sonomi desceu, acompanhado de seu misto de guia e guarda-costas providenciado pelo hotel, um rapaz egípcio bem moreno, forte e alto, de aspecto bastante intimidador na realidade. Ele ficava sempre a dois metros de distância dela, salvo quando ela queria perguntar alguma coisa, quando ele se aproximava rapidamente e informava de maneira objetiva e educada, sempre em inglês.

Em três minutos, já estavam andando por ruelas cheias de gente indo e vindo com muita rapidez, um falatório geral de pessoas mostrando e exaltando produtos, comparando preços e fechando negócios. Nas mais variadas línguas, menos a sua nativa.

Sonomi parava a todo o instante e perguntava aos que vendiam informações sobre seus produtos. Em meia hora, já tinha comprado algumas jóias e trabalhos artesanais em bordado, cerâmica, bronze e latão. Não era muita coisa, mas era caro. Ela não estava ali para poupar, e sim para gastar!

Isso foi percebido por alguns atentos ladrões locais, daqueles que se misturam com o povo atrás de novas

possíveis vítimas. Breve, cinco rapazes bem jovens seguiam Sonomi e o seu guia pra todo lado. Só nada faziam porque todos conheciam o guia, que realmente assustava pelo porte físico avantajado.

Mas houve um momento de distração deu a oportunidade que eles queriam.

Ao passar por um arco entre duas vielas, ela se deteve ao ver algo que certamente Tomoyo gostaria: pequenas bonecas bordadas a mão por uma senhora e uma menina de uns doze anos, provavelmente sua neta. Chegou até a agachar pra ver melhor. Foi quando dois dos três rapazes se adiantaram sobre ela, para tomarem sua carteira.

Coitados. Quando estavam a três passos de Sonomi, o guia chegou por trás deles e os atirou a uma distância de uns cinco metros longe dali, não sem antes bater com a cabeça dos dois e deixá-los completamente tontos, sem ação. Olhou em volta, procurando os outros três e dirigiu-se para eles, que correram.

Incrivelmente, ela nada percebeu, continuou comprando as bonecas. Ao final, tinha comprado cerca de dez bonecas para sua filha. Muito contente, seguiu e virou numa viela que estava à sua direita. A viela era antiga, com várias pessoas vendendo objetos de antigüidade, de procedência duvidosa. O que mais lhe chamou a atenção é que todos falavam ali em egípcio. Se ela quisesse comprar ali, precisaria do seu guia.

Foi então que percebeu que estava sozinha. Não ficou assustada nem desesperada, apenas resolveu aguardar onde estava, que decerto o guia chegaria em breve, deveria estar por perto. Esperou ali mesmo, próximo a um senhor que comercializava tapetes.

Ali todo mundo vendia tudo da maneira mais informal possível. Os produtos eram dispostos na calçada, alguns estavam sendo feitos ali mesmo. Mais à frente, um animado grupo de moças comprava apetrechos e adereços para dança do ventre, coisa que ela mesma queria experimentar um dia. Mais atrás, artesãos preparavam pratos, esculturas, vasos... Tudo ao vivo. Pessoas características circulavam rapidamente: homens de turbante, homens de óculos escuros, mulheres de minissaia, mulheres usando túnica e véu, um senhor que gritava para vender talismãs, um garoto que vinha correndo...

Um garoto que vinha CORRENDO?

Sonomi bobeou um segundo, e o garoto arrancou de suas mãos o embrulho com as bonecas que tinha comprado para Tomoyo.

Novamente tomada de fúria, partiu em disparada atrás do menino. Sua boa forma atlética, condicionamento físico e velocidade permitiram que o alcançasse, cerca de três ruas depois. Segurou forte o braço dele, gritando para tentar assustá-lo, mas o garoto era liso, e com uma balançada de corpo soltou-se e correu pra cima dela, desequilibrando-a e fazendo-a cair sentada no chão.

Sonomi ficou mais furiosa ainda! Ela que era uma exímia jogadora de futebol não podia tomar um drible de corpo de um garoto como aquele! Levantou e partiu pra cima dele, porém agora ele estava a cerca de cinco metros dela, teria que correr muito para pegá-lo.

Três segundos depois, a perseguição acabou. Ao dobrar uma esquina, o garoto sumiu momentaneamente de suas vistas. Reapareceu um segundo depois, literalmente VOANDO, para cair no chão a dez metros de distância, do outro lado da rua. Caiu, deu uma cambalhota pra trás pelo impulso que tinha recebido, então ficou apoiado com um joelho o chão, os olhos completamente esbugalhados de terror. Saiu correndo e gritando algo em egípcio o que fez todo mundo olhar pra Sonomi com uma cara estranha.

Ela ficou meio sem jeito, e aí dobrou a esquina, procurando o que tinha sido roubado dela. Achou caído no chão o embrulho com as bonecas, mas deu de cara com uma mulher parada a um passo deste. Reparando nela, viu que estava usando túnica e véu, os olhos sombreados, naquela maquilagem típica das mulheres do oriente médio. Então, a moça fez sinal para que a seguisse.

Sonomi ficou em dúvida se ia ou não. Mas a moça insistiu, e ela atendeu na segunda vez.

Seguiu-a até a outra esquina, que não tinha ninguém, somente ela estava vendendo algo lá. Sobre o chão um tapete estendido, e sobre ele vários objetos artesanais: pingentes, amuletos, talismãs dos mais variados tipos.

A moça se agachou perto de um deles, e fez sinal para que Sonomi fizesse o mesmo. Quando ela chegou perto e agachou-se, a moça apontou para um pequeno pingente de madeira, de cerca de três a quatro centímetros de comprimento. Não parecia ser valioso, mas atraiu imediatamente a atenção de Sonomi, que o tomou nas mãos para ver melhor de perto. Parecia uma miniatura de uma barra de madeira, daquelas que são usadas em artes marciais, presa por um cordão verde amarrado em uma de suas extremidades.

No momento em que ela estava admirando o pingente, olhou de relance para a moça, e encontrou seus olhos acompanhando cada movimento seu. Um arrepio percorreu sua espinha de alto a baixo: ela conhecia este olhos!

Levantou-se assustada, dando um passo atrás, se recusando a acreditar no que via! Não podia ser! Não era possível!!!

A moça sabia que tinha sido reconhecida. Por baixo do véu, um sorriso a denunciava. Com a mão direita, começou a puxar o véu para mostrar esse sorriso a Sonomi...

Uma mão pesada sobre o ombro de Sonomi a forçou a se virar imediatamente. Era o seu guia que a tinha finalmente encontrado.

— Você está bem? — Sonomi continuava confusa, surpresa, desnorteada... — O que faz aqui sozinha?

— Como sozinha, não está vendo esta moça... — foi falando e se virando para mostrar a moça que estava ali, mas... Cadê a moça? Onde ela tinha ido?

Em menos de dois segundos, ela sumiu sem deixar vestígios. E mais: o tapete e os objetos de arte também! Sumiu tudo!!!!!!

— Que moça? — perguntou um desconfiado guia, olhando pra ela como se fosse maluca...

— Vamos embora já! — foi tudo o que uma confusa e amedrontada Sonomi pôde dizer, não sem antes olhar pra todos os lados à procura daquela mulher que por um segundo pensou ter reconhecido...

Todas as suas compras tinham sido recuperadas, e o pingente permanecia em sua mão esquerda, fato que Sonomi só percebeu quando estava chegando de volta ao hotel. Se o pingente fosse de vidro, certamente era teria quebrado, tamanha a força com que ela tinha apertado o colar...


Parece que essa visita ao Egito está rendendo surpresas para todos, não é mesmo?

E aí? O que estão achando? Não entenderam nada até agora? Ou estão curiosos pra saber onde isso vai dar?

Comentem! Opinem! Quero saber o que estão achando!

Vou ficar esperando, hein?

Até o próximo capítulo!