Chega de moleza! Vamos a mais um capítulo!

Este aqui é dedicado ao Jinn, o criador do website CCS Guia, sem o qual eu não teria conhecido nenhum de vocês, seguramente.

Amigo Jinn, muito obrigado pelo seu trabalho com os sites que você mantêm, o fórum e o chat do CCS Guia. Que você continue com sua genialidade e com esse objetivo de fazer sempre o melhor, custe o que custar. Valeu!


ESTOU COM VOCÊS!

2002 – EGITO

Marriot Hotel Cairo

O dia da chegada - 12h16

Lara estava impaciente. Ela olhava pela janela, vislumbrando o rio Nilo e suas águas azuis, que refletiam os raios do sol sempre forte daquela região, e ao mesmo tempo arranhava levemente a mesa com as unhas de sua mão esquerda. Quem a conhecia, sabia que estava com uma ansiedade muito grande, e mesmo assim mantinha aquela pose de nobre inglesa, numa atitude elegante e discreta.

Indy já tinha percebido isso, e já faziam alguns minutos que não lhe dirigia a palavra, pois também estava pensando em outras coisas mais importantes. Na verdade, estava preocupado ao extremo.

Enquanto isso, Lara continuava com seu ritual de arranhaduras leves na mesa. Em breve, faria um buraco nela. Toda aquela impaciência tinha um motivo...

— Olá amigos! Que bom revê-los! — Fujitaka às vezes chegava silenciosamente como um ninja em seus encontros. Não conseguia sempre, mas não deixava de tentar...

— Olá, meu amigo! — a expressão de alegria no rosto de Indy não deixava dúvidas quanto à importância do colega japonês naquele momento. Um abraço caloroso se seguiu aos dois velhos amigos.

Lara nem se mexia. Olhava fixamente para o recém chegado. Porém não arranhava mais a mesa...

— Você já viu que ela está aqui também, não é amigo? — Indy somente saiu da frente, para que pudesse vê-la.

— Olá Beep. É muito bom te rever... — a voz de Fujitaka denunciava algo mais do que alegria em encontrar a bela jovem britânica.

— Olá, Fuji. — Lara levantou-se, sem tirar os olhos dele, e moveu-se em direção a Fujitaka bem devagar, terminando por envolvê-lo com os seus braços e dizer bem baixinho no seu ouvido: — Pensei que tinha se esquecido... — e dizendo isto, beijou demoradamente sua face.

— Eu fui relembrado há pouco sobre você... — Fujitaka estava um pouco constrangido, embora essa situação não lhe fosse estranha... Ante o olhar de estranheza que recebeu, ele completou: — Nadeshiko lhe mandou lembranças...

Lara olhou para ele demonstrando completo desentendimento. Não entendia o que acabara de ouvir. Sua mulher morta lhe mandara lembranças? Será que foi antes de morrer? Ou será que Fujitaka estava nessas de falar com os espíritos de pessoas mortas? Nunca lhe tinha dado pistas de que gostava desse tipo de coisa... Bem, isso serviu para fazê-la ficar menos grudada nele. Deu outro beijo no rosto de Fujitaka, acariciando-o do outro lado do rosto e afastou-se, não sem antes permitir que ele sentisse o cheiro de seus cabelos, estrategicamente...

Fujitaka corou instantaneamente. Lara sempre soube como provocá-lo bem, e parecia decidida a aproveitar sua companhia depois de tantos anos de afastamento...

Um tapa leve na base da nuca tirou Fujitaka daquele torpor gostoso.

— Aham... ACORDA! Não te chamei aqui pra isso não, meu... — Indy na verdade estava se divertindo. Esses dois não tinham mudado em nada, depois de tanto tempo.

— Desculpe, Indy... — Fujitaka ficou mais constrangido ainda, mostrando um sorriso nervoso. Mas acalmou-se logo que se sentou. Num gesto inesperado, estendeu as mãos aos dois amigos, que compreenderam e deram-se as mãos, num aperto a três. Então completou, com entusiasmo: — Juntos de novo, amigos!

Um sorriso largo foi compartilhado. Era muito bom O Trio estar reunido mais uma vez.

O motivo desse reencontro, entretanto, não era tão alegre. Fujitaka logo percebeu isso, pois enquanto Lara envolvia-o com um interrogatório completo, cujo único objetivo era lhe provocar ainda mais e não saber como foram os últimos anos em que não se viam, Indy estava calado. Quieto demais. Ele sabia que algo não deveria estar nada bem pro amigo não se envolver na conversa com suas tiradas sempre bem humoradas.

— O que está acontecendo, Indy? Você já está me deixando preocupado... — enquanto dizia isso, ele segurou a mão de Lara com todo carinho que sua condição de viúvo lhe permitia. Se não fizesse isso, sabia que levaria um soco ou um tapa por não lhe dar a atenção devida, como já havia comprovado em outras ocasiões...

— Vamos ao meu quarto. Aqui é perigoso conversarmos — Indy olhava para todos os lados bem discretamente.

— Mas já? — Lara protestou. Estavam num bar do hotel que tinha a aparência de um pub* irlandês, o que certamente favorecia o reencontro deles.

Mas não teve jeito. Indy confirmou que iriam embora, depois poderiam retornar. Lara levantou-se e acompanhou-os, resignada. Essa vida de arqueóloga tinha mesmo sua cota de sacrifícios...

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— Temos muitas coisas a dizer, Fuji. — iniciou Indy. Já estavam no quarto, que tinha sido devidamente revistado por eles à procura de escutas ou câmeras.

— Vejo que o assunto é grave, pela preocupação de vocês. — Fujitaka sentou-se próximo à janela.

— Cremos que sim, Fuji... — Lara sentou-se do ladinho dele, deixando-o novamente de sobreaviso. Colocou a mão dele sobre sua coxa direita e a segurou lá, deixando-o mais uma vez sem graça, fazendo-o olhar diretamente pra ela. Abriu um sorriso e, sem tirar os olhos de seu colega, pediu: — Conte a ele, Indy.

— Se você deixar, talvez eu conte. — Indy detestava atrapalhar, mais a situação pedia isto. Ela entendeu e, dando outro beijo no rosto de Fujitaka (dessa vez, mais próximo do cantinho da boca), afastou-se um pouco. Sem tirar os olhos dele.

— Muito bem. Fuji, eu te chamei aqui porque, em termos de Egito Antigo, você é o melhor de nós três, não há dúvidas quanto a isso. — Indy continuou, já mais à vontade. — Várias coisas estão ocorrendo, e cada vez mais rápido. Achamos que algo ruim vai acontecer, em breve, aqui.

— Porque você acha isso, Indy? — perguntou, intrigado.

— Bem, temos várias referências históricas e profecias de várias divindades espalhadas pelo mundo sobre este ano, esta época, e este país. São indícios que apontam o despertar do Mal Vivo. Dos próprios egípcios, passando pelos medos, persas, árabes, chineses, turcos, romanos, macedônios... Até em seu país também existem previsões, Fuji. — Indy descarregou esse monte de informação de uma vez só. — Todas elas separadas parecem lendas, mitos, mas... Elas têm pontos em comum muito exatos para serem somente coincidência. Tem algo grande pra acontecer, e será logo, está bem próximo.

— Seja mais específico, Indy. — pediu Fujitaka, já bem interessado sobre o assunto, e deixando Lara fula da vida por ser relegada a segundo plano.

— Algum ser muito poderoso, que já esteve aqui nesta terra, deverá retornar à vida em breve. Ele é chamado de Mal Vivo, Mal Eterno, ou Força do Mal nestes povos que citei anteriormente. Alguns dizem que ele estará num lugar afastado e inacessível. Mas de lá espalhará o mal para todo o mundo, de uma maneira nunca vista! E não há como detê-lo, pelo que sabemos até agora... — a voz de Indy soou grave, consternada, nesta última frase.

— Achamos que nos ajudaria, Fuji. Cremos que talvez haja uma pista de como evitar que essa terrível ameaça se concretize. — Lara esforçou-se para não transparecer seu nervosismo, mas para Fujitaka isso era inútil, e ela sabia disso. — Somente você pode nos dizer o que devemos fazer...

— Certo. Mostrem-me o que vocês têm. — Com aquele seu ar tímido, mas decidido, Fujitaka incorporava-se ao time de vez. Nossa arqueóloga inglesa, satisfeita com a permanência dele, não escondia um belo e malicioso sorriso...


N/A

*pub – é o tradicional bar inglês, muito comum nos países que formam o Reino Unido (Inglaterra, Gales, Irlandas do Norte e do Sul, Escócia). Geralmente um ambiente escuro, de mobiliário característico, relativamente pequeno (o pessoal adora se amontoar nestes lugares) com todo o tipo de bebida alcoólica pronta para consumo.

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Tanta gente boa junta por qualquer motivo? Claro que não!

O que será essa ameaça que causa tanta preocupação?

Não perca a seqüência do fic! E não deixe de fazer o seu comentário, certo?

Até o próximo capítulo!