Nossa saga continua!

Esse capítulo é dedicado à uma querida amiga, a Anna Rachel!

Jade, ainda bem que você não é marroquina, ehehehhehe... :p

Obrigado pelo apoio e por todos os toques e dicas sobre o pessoal e sobre o chat. Valeu!


VESTÍGIOS DO MAL

2002 – EGITO

Marriot Hotel Cairo

O dia da chegada - 14h48

Aquilo já estava lhe dando dor de cabeça, mas Fujitaka continuava firme.

Nas últimas duas horas, examinara livros, jornais, fotos recentes e antigas, várias fontes de dados. À primeira vista, pareceria uma teoria da conspiração hollywoodiana. Mas uma análise mais apurada mostrava algo fantástico se desenrolando: vários acontecimentos foram preditos e estavam ocorrendo sistematicamente no tempo previsto para tal. Terremotos no México, Canadá e Austrália; tornados no Brasil; o El Niño no Oceano Pacífico; neve em Israel; a separação da União Soviética... Um fato que o fez realmente crer: em três países diferentes, era anunciado o surgimento no oriente de uma feiticeira muito poderosa desde a mais tenra idade...

Ao chegar a esse ponto, não teve mais dúvidas.

— Realmente o problema é grande, Indy. Você está certo. Que tipo de ajuda vocês acham que eu posso dar?

— Acho que você pode descobrir mais sobre esse evento. Tenho certeza que tudo está pra acontecer aqui no Egito.

— Por quê você acha isso? — Fujitaka ficou curioso.

— Por causa disso... — Indy estendeu o mapa do Egito sobre a mesa. — Olhe essa região aqui... – e apontou para o lado oeste do país, já quase fronteira com a Líbia.

— O deserto do Saara? Não há nada lá. Nem nunca houve. — Fujitaka opinou, mas achava que ainda não haviam lhe mostrado tudo.

— Veja isto então. — Indy pegou um envelope com o lacre e o brasão do governo dos Estados Unidos. — Um amigo meu achou estranho quando perguntei pra ele se tinha algo novo no Egito, e me mandou isso.

Fujitaka abriu o envelope, onde estavam algumas fotografias. Na borda inferior das fotos, a marca de confidencial. Não conseguiu entender bem o que estava vendo, precisava de ajuda. Indy se adiantou.

— Estas três primeiras fotos são dos três últimos anos, vejam que são todas iguais. — Fujitaka concordou. — Mas veja esta, tirada a alguns dias atrás. Não percebe nada diferente?

— Sim, é verdade. Mas porque logo ali? — Fujitaka logo percebeu uma mancha negra um pouco antes da fronteira com a Líbia. Eram fotos tiradas via satélite, e estavam muito claras pra ele agora. — Hmmm, isto está na Depressão de Qattara...

— Muito bom, Fuji, eu só sei disso porque a Lara me mostrou no mapa. Mas agora olhe esta mesma foto, só que de mais perto... — foi passar a foto e esperar a reação. Fujitaka arregalou os olhos, e tirou os óculos pra poder acreditar no que via. Não, não era possível!

Nessa foto mais próxima, ele via quatro pequenos pontos negros eqüidistantes, como se fossem pontos extremos de um quadrado não traçado. Mas no centro deles havia um! Um quadrado negro, ladeado por estes quatro pontos! Uma construção antiga nunca antes vista ou registrada se apresentava diante dos seus olhos!!!

— Quando vocês pretendem ir lá? — perguntou, visivelmente interessado, porém contido. Esse era o seu modo de demonstrar o espírito curioso e aventureiro que parece ser marca registrada de todos os arqueólogos. Indy respondeu:

— Calma Fuji. Há mais coisas que você precisa saber. Precisa mesmo. — o tom sério de sua voz fez com que se sentasse para continuar ouvindo.

— Lara... Mostre o que achou. — Indy chamou, e foi atendido prontamente.

— Muito bem. Eu fiz uma pesquisa muito extensa, já de um ano pra cá. — Fuji olhou para Indy, incrédulo. O americano confirmou com a cabeça: realmente ele estava atrás disso a um certo tempo... Lara prosseguiu, sorrindo levemente com a cena. — Tudo parecia muito normal, em todos os lugares que visitei. Depois de rodarmos por alguns países da Europa, Indy decidiu vir ao Egito. Viemos, e encontramos uma pista muito forte. Eu estava com ela a meses, mas só ontem à noite eu consegui reconhecê-la. Olha aqui... — dizendo isso, pegou um material seu, com livros e fotos, e sentou-se ao lado dele. Indy fez o mesmo, mas do outro lado da mesa.

— Bem, veja aqui este livro. — Lara passou o livro a Fuji, que leu o título, e abriu-o — Reconhece este livro, Fuji? — Lara perguntou, mas já desconfiava da resposta. Mesmo assim foi surpreendida com o que ouviu e viu.

— Sim, Beep, este livro me é bem familiar. Veja aqui — sorrindo com orgulho, apontou para a segunda folha. Ela identificava o autor do livro, um arqueólogo e historiador egípcio, já falecido. Porém, havia um grupo de três arqueólogos, todos ex-alunos do autor, que revisavam o livro periodicamente. Fujitaka, como o melhor e mais conceituado dos três, era o primeiro da lista, naturalmente. — Creio então que conheço bem a obra.

— Pois então, Fuji, você conhece o conteúdo do livro sobre a Pirâmide dos Degraus, certo? — Lara perguntou olhando para ele, obtendo um sorriso com resposta. — Abra o livro então neste trecho sobre esta pirâmide, e veja as ilustrações que aí estão.

Fujitaka obedeceu, e em segundos abriu o livro nas páginas que continham as fotos da pirâmide, tanto do lado externo como do interno.

— Em uma visita minha a essa região, eu visitei todas as pirâmides, tirando fotos de cada uma delas tanto da vista externa quanto do ambiente interno. Eis as fotos, compare-as e veja por si mesmo. — Lara queria testar a sagacidade de Fujitaka.

— Os vasos estão diferentes. — sentenciou, somente cinco segundos depois de ver as quinze fotos que Lara colocou em suas mãos, para o mais absoluto assombro de seus dois colegas, que se entreolharam, confirmando: Fuji realmente era o melhor nessas questões. O que Lara havia demorado meses para achar, ele demorara somente alguns segundos...

— Tem algo errado aqui, pessoal. Muito errado. — declarou Fuji, deixando mais surpresos ainda Lara e Indy.

— O que é? — Indy olhou os livros e as fotos, mas nada percebeu de diferente, além dos vasos.

— Diga, Fuji, o que você viu? — Lara se agarrou no braço esquerdo de Fuji, deixando o arqueólogo constrangido novamente. Ela sorriu, chegou seus lábios bem perto de seu ouvido e sussurrou: — Pode deixar que eu não vou atrapalhar. Quero te ajudar, deixa?

— Claro que sim — Fujitaka abriu um sorriso e virou-se pra ela, só que não sabia que ela estava tão perto assim, ou será que sabia... O fato é que seus narizes se roçaram, e aí quem abriu o sorriso mais estonteante daquele dia foi Lara, totalmente satisfeita com aquela proximidade entre ela e seu querido arqueólogo japonês...

— Então me ajuda, Beep... — Fujitaka, depois de alguns instantes paralisado, a muito custo pegou na mão de Lara e trouxe-a até seus lábios, aumentando a distância de seus rostos, de onde conseguia recuperar algum autocontrole e ficar menos vermelho.

— Sim, Fuji... — Lara entendeu que precisavam trabalhar, mas intimamente já comemorava o título mundial, mesmo com a Inglaterra perdendo do Brasil na Copa do Mundo. Beijou a mão de Fujitaka também, e recostou-se no ombro dele.

Foi uma das pesquisas mais interessantes que Fujitaka fez na vida. Seu semblante, ora compenetrado, ora encabulado e entremeado de sorrisos, denunciavam isso...

Lara ajudou bastante. Repassava junto com ele todas as fotos, em todos os ângulos, fazia anotações para comparar cada detalhe, cada vista que tinham do ambiente interno e externo da pirâmide.

Procuraram com muita atenção. Objetos. Portas. Câmaras. O número de degraus do lado externo. Os detalhes dos corredores do lado interno.

Nada acharam. Nada vezes nada.

Mesmo assim, Fujitaka tinha a nítida impressão de que tinha algo de muito errado ali, além do que já tinham descoberto.

— Quer beber alguma coisa, Fuji? — Lara levantou-se para preparar um drink, e queria servir bem seu querido amigo. Fuji e Indy, surpresos, encararam a amiga com caras de quem tinha acabado de ouvir uma piada.

— Que foi? Não posso ser educada? — Aí não deu pra agüentar. Os dois caíram numa gargalhada só. O excesso de gentileza de Lara era muito engraçado, ela nunca fazia isso...

Nossa arqueóloga fechou a cara e foi buscar seu drink, deixando os dois rindo sem parar. Ela voltou, e eles riram mais ainda. Aí ela não conseguiu se segurar e riu também, deixando cair o copo no chão e derramando tudo no tapete...

Os dois se levantaram, e os amigos se abraçaram mutuamente. Era muito bom este reencontro, decididamente, apesar da gravidade da situação. Lara não deixou passar a oportunidade de abraçar bem forte Fujitaka, que arregalou os olhos e ficou estático, completamente sem graça. Os mais atentos veriam uma gotinha descendo pela sua testa...

Mas isso foi só um instante. Ele afastou Lara e olhou bem nos olhos dela, causando surpresa a ela e ao seu amigo Indy. Uma reação inesperada, que ele nunca havia manifestado entre eles. Não era o que eles (principalmente ela) pensavam, porém...

— Já sei! — Fuji correu de volta pra mesa, seguido de seus colegas. — Sim é isto! Tem que ser! – ele estava decididamente eufórico. Indy ficou intrigadíssimo com aquela atitude de seu amigo. Mesmo sendo brilhante, Fujitaka sempre fôra discreto. Será que realmente ele tinha descoberto algo?

— Algum de vocês possui uma lente de aumento? Uma lupa? — Fujitaka pediu, e Lara correu na sua mochila pra pegar a sua lente.

Fujitaka começou a repassar primeiro as fotos do livro. Nada havia de diferente nelas, que ele não conhecesse. Mas numa determinada foto, a do corredor da câmara mortuária do faraó Djoser, ele parou. Algo estava lhe dizendo que esta era a chave do mistério! Sentia claramente uma espécie de pressão no peito, bem leve, mas significativa, quando olhava aquela foto. Isso ele nunca tinha sentido antes, somente a alguns momentos, quando estava abraçado com Lara...

Passou a olhar as fotos que Lara tinha tirado. Nada sentia, porém, mesmo nas fotos daquela região que tinha visto no livro, a do corredor da câmara mortuária. Olhou para os colegas e disse:

— Está faltando uma foto aqui. — disse isso calmamente, o que deixou Lara revoltada.

— Como assim, está faltando uma foto? São quinze fotos, eu mesma tirei! Não há engano aqui, Fuji. — quando Lara falava desse jeito, com aquele ar de mulher poderosa que não precisa de ninguém, geralmente era aí que os homens ficavam babando nela. Entre seus amigos, porém, Lara deixava aquela pose toda de lado e era ela mesma, alegre, gentil, carinhosa e muito bem humorada. Mas o tom de voz dela mostrava que a Dra. Lara Croft estava de volta à cena. Só que Fujitaka a interrompeu.

— Não é uma de suas fotos que está faltando, Beep. Não é mesmo, Indy? — e olhou para um surpreso Indiana Jones, que ficou imóvel por alguns instantes, para depois entregar a Fuji mais um pacote de fotos da região.

— Indy, explique-se! Você me fez de tonta, é isso? — Lara já estava se enervando com aquilo tudo. Mas Indy, com um gesto, pediu calma. Ela concordou, por hora, com um olhar enfezado pra cima dele.

— Aqui está! — desde que tinha segurado as fotos nas mãos, mesmo guardadas em um envelope, Fuji já sentia que uma delas era a que procurava. Ao segurá-la, ela causava uma certa dormência em sua mão. Sem dúvida, achara! — Vamos ver o que tem aqui... — disse, pegando a lente de aumento de Lara e examinando cuidadosamente as duas fotos.

— Não é possível.... – disse e olhou para seus colega, mas sobretudo para Indy.— É isso mesmo Indy?

— Só você pode confirmar, Fuji. Estas fotos foram tiradas a cerca de seis meses atrás, e se você confirmar o que eu penso que é, novamente as profecias estão certas.

— Sim, parece ser uma nova câmara. — disse calmamente Fujitaka, deixando Lara assustada, perplexa.

— Como? Uma câmara secreta? Deixa eu ver! — aproximando-se das fotos, constatou: não conseguia distinguir nada! Perguntou: — Cadê? Não consigo enxergar o que estão falando!

— Estas fotos que você tirou, Beep, não ajudam, porque você não sabia o que estava procurando. Mas Indy sabia, não, é? — falou e olhou para ele, cruzando os braços e aguardando uma explicação convincente.

— Sim, Fuji, é verdade. Eu esperava encontrar uma câmara secreta, mas não aí. Na verdade, somente as ranhuras da parede é que indicam a câmara. Não há nada que comprove este espaço na pirâmide, a não ser estas fotos. Detalhe: a um ano atrás, estas ranhuras não existiam também.

— As profecias se confirmam, portanto. "Os sinais do mal antecederão seu filho". — Fuji citou uma das profecias que tinha lido quando analisava o material de pesquisa. Sua memória era também algo notável!

— Sim. E quando Lara me trouxe esta última evidência, eu sabia que teríamos muita trabalho pela frente. E muito pouco tempo...

O silêncio tomou o quarto por vários minutos. Indy e Lara estavam decididos a seguir em frente. Mas sabiam que seu amigo japonês era imprescindível para o restante do que tinham que fazer.

Fujitaka, por sua vez, tentava pôr em ordem os pensamentos, tentando assimilar o que ocorrera até então. Estava claro que Indy não o tinha chamado por qualquer coisa, e também tinha certeza de que era sério. As pesquisas e os dados coletados não deixavam dúvidas de que realmente algo grande estava por vir. Por outro lado, lembrou de Nadeshiko, e da conversa que tinha tido anteriormente com ela. Sabia que não deveria se acovardar, e também não tinha motivos para isso. Jamais fôra covarde em sua vida, somente era tímido, mas os anos e o amor de sua esposa tinham diminuído isso sensivelmente.

Lembrou de seus filhos, Touya e Sakura. Seu filho mais velho tinha uma determinação fora do comum, isso era um de seus traços marcantes. Ele também tinha isso, só que de maneira mais discreta. E se orgulhava de seu filho, sempre tão prestativo e surperprotetor.

E sua filha, Sakura, que dizer dela? Amava muito sua filha, e ficou surpreso quando soube de toda a aventura pela qual ela passou por causa das cartas mágicas, sendo agora a feiticeira que detinha os maiores poderes conhecidos até então. Tudo isso lhe fez ver aquela menininha com olhos de gente grande. E isso só o fez amá-la ainda mais.

Se seu filho e sua filha eram dessa forma, tão autênticos e decididos em suas vidas, seu pai é que não iria destoar da família!

Olhou para seus colegas, e nesse olhar já transmitia a decisão que tomara.

— Vamos até a Pirâmide dos Degraus, então!!! — a alegria desse gesto denunciava: Fujitaka estava integrado no grupo de vez!

— Muito bom! — Indy apertou a mão dele, para abraçá-lo depois.

— Vai ser demais! — não se sabia ao quê exatamente Lara se referia, se à expedição ou se ao grupo reunido novamente, ou à simples presença dele ali com eles... Apesar de tudo, Fuji era um amigo muito especial para ela e para Indy.

Esse clima bom, porém, não duraria muito...


É, com certeza as emoções vão ficando cada vez mais fortes!

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