Este capítulo é dedicado ao Leonardo, meu amigo de Minas Gerais, doutor da lei e apreciador de animes e mangás, freqüentador assíduo do Animecon.

ERIOL HIIRAGISAWA, um abraço a você, espero que tudo vá bem em sua vida e sua carreira, e que seus sonhos se realizem sempre, tanto profissionalmente, quanto em sua vida pessoal. ^__^

A estória continua...


FORÇA E MAGIA

Saqqara

O dia da procura - 15h37

Lara já havia passado por vários obstáculos e enfrentado muitos perigos em sua carreira como arqueóloga. Mas esta japonesa irritante estava lhe dando nos nervos! Além de elegante, era boa atleta também! Teria que subir mais rápido para alcançar o topo da mastaba antes dela. "Nunca subestime uma branquela magricela", pensou...

Sonomi, por sua vez, divertia-se por claramente obter vantagem nesta pequena gincana no deserto egípcio. Ainda mais por estar superando uma mulher mais jovem e mais bela do que ela. Mas no quesito preparo físico, ela ganhava de muitos marmanjos, mesmo sem ficar horas e horas malhando em academias. Mantinha a forma alimentando-se corretamente, correndo bastante, praticava cooper sempre que podia.

Ambas emparelharam quase no fim da subida. Entreolharam-se enraivecidas e iam continuar esse pequeno teste, quando algo estranho ocorreu. Sonomi ouviu um ruído, e logo percebeu que seu pé esquerdo batia em algo sólido. Olhou para baixo, e percebeu que estava dois palmos longe da parede. Na verdade, parecia se apoiar em alguma coisa, ela e Lara também. As cordas continuavam se movimentando normalmente, mas podiam jurar que estavam de pé sobre algo que lhes era invisível.

Lara estendeu o braço no sentido contrário à parede, e com muita surpresa sentiu sua mão tocar uma espécie de vidro, nem frio e nem quente, rígido e absolutamente transparente. Estavam presas!

Sonomi olhou para baixo, como que pedindo socorro, e viu Fujitaka no chão pisado pelo seu agressor da noite anterior. Um arrepio percorreu sua espinha quando percebeu nos olhos dele o desespero e o terror crescentes.

No instante seguinte, um barulho muito forte irrompeu ao lado delas, e foram arremessadas ao ar logo em seguida. Embolaram-se pelo ar, quase se enroscando, como se estivessem dentro de uma bolha, e começaram a cair. Assustadas, começaram a gritar e só pararam quando sumiram dentro de uma nuvem de areia. Assim que entraram nela, o seu movimento de queda desacelerou rapidamente e parou, com elas estateladas no chão, mas despertas, uma do lado da outra. Sentiam a areia no corpo, viam claramente as pedras caindo, a maioria pequenas, mas não encostavam nelas. Parecia haver um campo de força protegendo-as. Sonomi agora podia ver o formato de um globo semitransparente, numa tonalidade verde bem clara.

— O que está acontecendo? Como não me machuquei? — surpresa, Lara inspecionou a si mesma, tentando descobrir se estava bem e porque nada ocorrera. Tentou se levantar quando uma chuva de entulho pareceu escassear e para surpresa de Sonomi saiu daquela esfera sem se dar conta, para ela aquilo não existia. Logo ao colocar a cabeça para fora da proteção, uma pedra de tamanho mediano caiu e a fez tontear, deitando zonza ao lado de Sonomi.

— Você está bem? Fale alguma coisa! — Sonomi tentava reanimar a inglesa, sem sucesso. Ao mesmo tempo se encolhia mais ainda, com medo de ser atingida também. Pedras maiores ainda começavam a abalroar o globo, de maneira ruidosa. Algumas se espatifavam, desmanchando-se em pedaços menores.

— Hmmmmmmmm... — com os olhos abertos, mas vidrados, Lara ainda estava muito grogue para responder.

Súbito, a nuvem de areia enegreceu. Sonomi olhou para cima, e viu um enorme pedregulho caindo sobre elas. Ficou tão apavorada que não conseguiu nem gritar. No segundo seguinte, tudo escureceu de vez.

Um único nome ecoou por sua mente: "Fujitaka..."

**********************************************************************************************

Hadek e Neftul cercavam Fuji, que permanecia deitado e com um semblante fixo, vítreo, paralisado. Parecia um morto-vivo, um zumbi. Indy foi trazido próximo a ele pelos soldados, preso pelos pulsos com os braços para trás.

— Não foi preciso nem hipnotizá-lo. Nunca subestime o quanto uma mulher pode prejudicar um homem — filosofou Neftul.

— Melhor assim. Ele entendeu muito bem que não há mais esperança. — completou Hadek.

Todos os soldados se aproximaram, e em meio a muita satisfação, os dois seres malignos declararam em coro, no que foram seguidos pelo restante da tropa:

— VITÓRIA!!! — eles erguiam suas armas e as brandiam no ar, gritando a plenos pulmões.

Então ele, somente ele, a ouviu. Claramente, como se estivesse ao lado dele, com seu olhar violeta, sussurrando ao seu ouvido: "Fujitaka..."

Logo em seguida, chamou telepaticamente: "Indy..."

Indiana Jones ouviu, e procurou discretamente o amigo. Encontrou-o no chão, sob o pé de Hadek.

"Ao meu sinal, abaixe-se, certo?"

Sinal compreendido. Confirmou de leve com a cabeça, para logo em seguida encarar Neftul à força.

— O que será que você sabe fazer sem seus amiguinhos, americano idiota? — maior satisfação o mago não poderia expressar.

— Porque você não tenta descobrir, seu peixe morto? — mesmo preso, Indy não perdia seu orgulho. Levou um soco no estômago que o fez curvar-se. Levantaram-no logo em seguida para continuar com a tortura.

— Vamos ver se você é forte como seu país, Dr. Jones... — Neftul colocou sua mão esquerda no lado direito do tronco do arqueólogo, e começou a acumular ali uma nova bola de fogo. Indy gritou alto, expressando toda a dor da queimadura, o mago abrira um buraco na sua vestimenta. — Fraco... Como eu pensei... Resolvamos isso logo, você aqui é inútil. — dizendo isso, retirou sua mão dele e juntou com a outra na frente de sua barriga, numa posição em que fazia uma concha. Ali começou a crepitar mais uma bola de fogo, aparentemente tão intensa quanto a que ele disparara contra as moças.

"AGORA!!!"

Era o sinal. Com um safanão violento, Indy livrou-se dos dois que o prendiam e que acabaram recebendo a rajada flamejante e foram arremessados à distância.

Fujitaka olhou com raiva para Hadek e liberou violenta descarga elétrica em seu pé, o que fez o inimigo cair para trás. Com ele atordoado levantou-se, estendeu as duas mãos e fez um movimento como se fizesse um grande nó. No mesmo instante, um facho de luz descreveu o mesmo movimento sobre seu oponente. Quando ele fechou o nó imaginário, o mesmo aconteceu em volta do mago, que quase desmaiou pela pressão que sofreu.

Neftul ficou surpreso e estático com a esquiva de Indy, para logo em seguida enraivecer-se. Atirou-se em cima dele, que estava caído, mas foi detido e suspenso no ar, a dois metros de altura, imobilizado ao lado do feiticeiro de roupas brancas.

— Será que você pode dar conta destes soldados por um instante, Indy? — com uma mão estendida paralisando e levitando os dois magos, Fujitaka jogou o chicote para o amigo com a outra. Ele mesmo estava levitando, seus pés a meio metro acima do chão.

— Não por muito tempo... — Indy não parecia surpreso com a demonstração de poder de seu colega, nem abalado pela recente queimadura, apesar de manter sua mão sobre ela. Apenas sorriu.

— Eu não demoro. Vamos ver se isto dá certo mesmo... — dito isto, de maneira surpreendente Fuji ergueu os braços e saiu voando rapidamente, levando consigo os dois magos presos no facho de energia luminoso. Indy acompanhou-o com o olhar por um instante, certamente o colega japonês teria muito que explicar quando voltasse.

Com o chicote na mão, o jogo era outro. Eram cerca de sessenta soldados, porém algo lhe dizia que tinha uma certa vantagem. Chicoteou o mais próximo, prendendo-o e retirou dele a sua lança. Em seguida, com um gancho de direita o fez desmaiar.

— Próximo! — isso era divertido, apesar do perigo. Aguardou educadamente as próximas vítimas.

**********************************************************************************************

Fuji subiu em linha reta como uma bala, não queria perder mais tempo com aqueles dois, os amigos precisavam dele. Quando achou que estava bem alto, afastou-se lateralmente cerca de duzentos metros e parou.

— Está bom aqui ou preciso ir mais alto? — não queria mesmo demorar-se mais.

— C-c-como assim? — Neftul arregalou os olhos escuros surpreso.

— Falem quem os mandou e eu solto vocês. E não me venham com esta história de Mal Vivo, que eu já conheço isso de longe. Não falem, e eu solto vocês, mas de uma forma um pouquinho diferente... — um sorriso bem curto e irônico encerrou a ordem.

— Você não tem coragem para isso, Mago Clow. — Hadek o desafiou

— Muito bem. CÍRCULO DE MAGIA! — com este brado, Fuji abriu sua mão esquerda e um pequeno disco de energia surgiu. Atirou-o sobre os dois e recuou a mão direita, desfazendo a paralisação. Os magos ficaram presos dentro de um anel com vários símbolos arcanos, que os impedia de utilizarem seus próprios poderes mágicos. Feito isto, ele impulsionou os assustados inimigos pelo ar, fazendo com que eles lentamente se afastassem. — Quando pararem de se mover horizontalmente, cairão. Pensem em alguma coisa até lá. Adeus! — simplesmente virou as costas e foi embora. Sabia que isso não acabaria definitivamente com eles, só lhe daria tempo suficiente para sair da região com seus amigos em segurança.

Quando chegou de volta na mastaba semidestruída, encontrou dez inimigos nocauteados, e uns quarenta cercando seu amigo, que tentava correr de um lado para o outro para ganhar espaço. Desceu ao lado dele e abriu um clarão com um simples movimento de braços.

— Eu sabia que você estava escondendo alguma coisa de nós... Bem, isso veio mesmo a calhar! — Indy sorriu e colocou sua mão sobre o ombro direito de Fuji.

— Depois eu explico. Precisamos tirá-las dali. Vamos. — saiu correndo para a pilha de pedras quinze metros à frente deles.

— Tirá-las?

— Sim. Elas estão bem.

— Como sabe?

— Eu sei. — enigmático, Fuji fez um movimento com os dois braços como se estivesse regendo uma orquestra. Uma a uma as pedras foram levitando e saindo do lugar, sendo atiradas em seguida nos soldados, que começaram a correr para não serem atingidos. Sobrou apenas uma enorme rocha, de cerca de nove a dez metros de altura e largura. Devia pesar mais do que três toneladas, seguramente.

— Como vamos remover isso? - assustado, Indy duvidou dos poderes do amigo.

— Não é necessário. Venha.

Como estavam de frente para a pedra e a mastaba em ruínas, deram a volta. Do lado oposto, encobertas pela sombra, encontraram Lara e Sonomi deitadas e de olhos fechados. O pedregulho rachara-se em dois e alargara-se num formato esférico exatamente sobre elas.

**********************************************************************************************

Sonomi começou a chorar, demonstrando puro desespero. E só conseguia pensar naquele homem que ora a deixava absolutamente irritada, ora a fazia divagar pelos campos do desejo... A idéia de não vê-lo jamais a atormentava, pois era inevitável o seu fim.

De repente, sentiu algo a tocando no ventre. Era uma mão. Lara estava zonza, tentava recuperar a consciência tateando no escuro, e a tocara sem querer.

Então ela não tinha morrido! Estava viva de alguma forma debaixo daquelas pedras! Mas como? A última pedra que caiu era muito grande... Como elas não tinham sido esmagadas?

Estendeu o braço à sua frente, e novamente pôde apalpar aquele campo de força misterioso que as envolvera. Como ele tinha surgido, e de onde? Instintivamente, trouxe a mesma mão que tocava o etéreo e apalpou seu pingente. Sentiu-o diferente, mas a princípio não percebeu o que era. Logo deu falta de algo: o cordão. Ele estava lá, mas não estava ao mesmo tempo. Sua textura era diferente, era como se estivesse desfiado... Com menos tecido... Percebeu um fio solto, e seguiu-o com os dedos, para constatar com surpresa que o fio terminava no... CAMPO DE FORÇA!

Com isso, examinou novamente o cordão e convenceu-se de que o pingente estava mantido somente por energia pura, quase intangível. "Você está me protegendo... Mas porquê?" — foi o seu pensamento. Aquilo era maluquice demais para ela numa dose só e num dia só! De manhã no hotel, viagem exótica e de tarde debaixo de uma montanha de pedras? Isso porque no dia anterior fora quase molestada e praticamente assaltada! Nunca passara por situações tão surreais em tão pouco tempo em toda a sua vida!

"Mas se não tivesse passado por isso na tarde anterior, não estaria viva agora" — concluiu.

E também nunca estivera tão perto dele quanto agora... Sentiu o calor de seu abraço, tão quente e envolvente... Será que o veria novamente? Fechou os olhos e pediu aos céus com seu coração para ter a chance de estar com ele mais uma vez, uma só que fosse...

Em seu sonho de reencontrá-lo, ouvia coisas... As pedras se movendo, o vento soprando quente e delicioso como doce carícia em seu rosto... Só faltava revê-lo, aí seria perfeito e poderia morrer em paz...

— Sonomi?

— Fujitaka... — balbuciou ela.

— O que foi?

— Eu quero você, Fujitaka... — já que estava morrendo, que mal faria em dizê-lo?

— É mesmo? — depois de um silêncio emocionado, Fuji respondeu e Indy abriu um grande sorriso, piscando para ele enquanto amparava Lara em seus joelhos.

— Sim, eu quero você... — e abriu os olhos para vê-lo. Viu-o realmente, mas viu também a pedra em cima dela, o sol batendo ao lado da pedra na areia dourada do deserto e a sentiu em suas mãos. Arregalou os olhos, percebendo que estava bem viva e que ele ouvira tudo, e que a aninhava em seus braços másculos. Envergonhadíssima, desesperou-se e completou sem pensar, quase gritando: — Quero você longe de mim! — levantou-se e afastou-se alguns passos, pois suas pernas estavam dormentes. Fuji levantou-se também para ajudá-la, mas Indy o interrompeu.

— Ei, garanhão, Lara precisa de ajuda também. — e você acha que Indy ia perder essa chance de cutucar o pobre e tímido Fujitaka? Ele era só sorrisos, mas a amiga ainda estava desacordada.

— Lara, acorde. — Fuji tentou despertá-la, e conseguiu. Já abria os olhos, mas não os reconhecia. Continuou tentando reanimá-la, pois ela parecia melhorar gradativamente, sorrindo para os amigos.

— AAAAAAAAAAAAAAAAHHHH!!! — era Sonomi, que fora dominada por um soldado mais corajoso que ficara observando tudo mais de perto.

— Não tentem nada esperto, ou ela morre! — com uma adaga no pescoço da executiva, ele foi se aproximando do grupo. Fuji levantou-se e Indy também, deixando Lara à mercê do inimigo, deitada. — Essa aí está fora de combate. Mulher fraca! A sorte não vai mais te ajudar. — e cuspiu nela, demonstrando todo seu desprezo por ter sido derrotado anteriormente.

Avançou sobre os dois, ainda com Sonomi presa em seus braços. Fuji pensou em atirar uma rocha na cabeça dele, mas as pedras menores ele já tinha usado nos outros e estavam muito longe, o inimigo perceberia. Indy estava de posse do chicote, mas hesitava em usá-lo e machucar a refém.

— Vocês devem morrer aqui! Venham, companheiros! — dessa forma, os outros soldados se aproximavam e estavam quase cercando-os novamente. Quando sentiu que já estava em maior número, continuou: — Será muito fácil liquidar com vocês. Matarei essa aqui primeiro! — e dizendo isso , afastou um pouco a adaga, para enterrá-la no coração de Sonomi. Fuji agiu e paralisou seu braço, surpreendendo o inimigo. Mas ainda não podia liberar a cunhada sem machucá-la.

Uma voz feminina atrás do soldado o fez sentir pela última vez o gosto do pavor.

— Vejo que você não gosta de mulheres. Dessa vez você não sentirá mais nada, eu prometo. — Lara sussurrou-lhe ao ouvido a sentença de morte, e disparou a arma que estava encostada em sua nuca, explodindo sua cabeça. Sonomi caiu de joelhos no chão, assustada.

Os dois amigos restantes ficaram aterrados com essa atitude. Lara executara o soldado a sangue frio. Este, no entanto, assim que foi alvejado na cabeça, em vez de sangrar se desfez em uma pequena nuvem de pó.

— Cansei de ser boazinha. VOCÊS VÃO MORRER! — partiu pra cima dos soldados que estavam chegando perto, já atirando.

— Ela enlouqueceu! — Indy estava estupefato... — Mas é dessas que eu gosto! PAU NELES! — com a língua de fora, saiu correndo atrás da amiga e chicoteando tudo o que se movesse na sua frente que não tivesse bermuda, top e óculos escuro no alto da cabeça.

Ainda meio abobado pela situação, Fuji compreendia melhor o que se passava. Os soldados não eram seres reais, mas mágicos, provavelmente feitos pelos dois magos inimigos. Como estavam distantes e com o Círculo de Magia inibindo seus poderes, o seu pequeno exército estava desprotegido. Sentia agora claramente a distinção entre os seres humanos ali presentes (somente seus amigos) e os outros magicamente criados. Então, poderiam eliminar todos aqueles capangas imediatamente.

Não deviam ter provocado a fera. Lara já tinha trocado os pentes de balas das duas pistolas e, revoltadíssima, gastava todo seu arsenal de chutes e socos, surrando literalmente o primeiro que passasse na sua frente para executá-lo depois a tiros, sem economia de projéteis. Indy, por sua vez, atordoava alguns com seu chicote. Três deles o rodearam, no que ele foi obrigado a prender um, agredir ou outro e esfaquear o terceiro, usando o primeiro como escudo. Soltou o primeiro para que Lara o atingisse e matasse, e torceu o pescoço do outro que tinha sido espancado, reduzindo-o a pó.

— Faz tempo que eu não me divirto assim! — Indy apoderou-se de uma lança, e então começou a lutar e espetar quem quer que se aproximasse. Metade dos inimigos já tinha sido eliminada.

Aquilo virou uma confusão perigosa demais. Fuji tentava sair da luta, levando Sonomi pela mão. Quatro soldados o cercaram. Ele olhou pra ela, abraçou-a e voou até o topo da mastaba que ainda estava de pé. Ao chegarem lá, deixou uma boquiaberta Sonomi dizendo:

— Fique aqui, eu já volto. — e virou-se para voltar ao campo de batalha.

— A-a-aonde você vai? — desde quando Fujitaka era clone do Clark Kent? Será que ela estava sonhando? Ah, não estava não, porque em seus sonhos o professor de arqueologia não a ignorava e saía andando como agora. Esquecendo-se da situação estranha que vivenciava e tomada de súbita irritação, apanhou uma pedra do tamanho do seu punho e atirou com toda força na direção dele. Acertou a bunda.

— AI!

— VOLTE JÁ AQUI! —- Sonomi fechou a cara, não estava brincando. Ele voltou e levou um tapa no rosto. — Não sei como você faz isto, mas não é hora de ficar brincando de Super Homem! Me leve de volta já! Eu não sou inútil nem inválida, e nem uma mulher medrosa e indefesa! Só fui pega de surpresa! Se você me deixar aqui, o que a Lara fez com o soldado vai ser fichinha perto do que eu vou fazer com você! — completou, colocando o dedo em riste diante do nariz dele.

— Hmmmmmm... — passando a mão no rosto mais uma vez ("será que ela não podia conversar sem bater?"), concordou. — Está certo. Mas tenha cuidado. — Enlaçou-a novamente e a deixou no chão. Dirigiu-se para o confronto com vontade de acabar com aquilo rapidamente.

A fúria de Lara e a diversão de Indy só deixaram vinte assustados soldados de pé. Fuji sabia que se partissem, criariam um sério problema no futuro. Teria que eliminá-los. Utilizando a mesma paralisação que usara com os magos, apontou as duas mãos para os céus e reuniu os inimigos restantes em um amontoado de pernas, braços, lanças e escudos no ar, a uns dez metros de altura. Feito isso, elevou esse bolo de oponentes mais vinte metros e desfez o encantamento, fazendo-os cair e se transformar em um amontoado de pó.

Escapara um, que cercara Sonomi novamente e corria atrás dela há alguns minutos.

— E agora, quem vai te ajudar, mulher?

— Eu não preciso de ajuda para cuidar de você. Venha me pegar ! — ainda correndo, com ele em seu encalço, deu a volta na rocha e parou, esperando-o com ar de superioridade e com as mãos para trás.

— Rende-se então? — perguntou o cansado soldado.

— Não. Só parei pra dizer adeus. — estendeu o braço direito lateralmente e apanhou no ar uma pistola que Lara jogou para ela. Apontou, e com dois disparos transformou o último soldado em poeira negra.

O grupo de aventureiros logo estava reunido novamente, sãos e salvos.

— É melhor eu tomar cuidado da próxima vez... — Humor negro? Fujitaka decididamente estava evoluindo, em todos os sentidos!

— É bom mesmo! — Sonomi passou por ele pisando duro e retribuiu um sorriso a Indy pela primeira vez.

— Mas como ela ficou feliz de repente... — Fuji prosseguia com sua ironia assistindo a cena, com ênfase nesta frase após o sorriso de Sonomi para Indy. Ciúmes?

— Acho que isso é seu... Muito obrigada. — Sonomi devolveu a arma para sua dona, agradecendo com discrição.

— Sim. Bom trabalho... — Lara guardou-a no coldre preso à coxa esquerda, sem tirar os olhos da japonesa branquela que a entregara.

Num raro momento de emotividade, Sonomi deixou rolar uma lágrima que regou um sorriso discreto e sincero. Sorriso elegante. "Nobre, sim, até a última raiz dos cabelos." — era o que Lara constatou. Sabia-o porque ela era assim também. O que poderia fazer ali seria retribuir de alguma forma a ajuda que recebera dessa mulher quando poderia muito bem esquecê-la debaixo das pedras. Estendeu sua mão direita para um cumprimento, no que foi correspondida. Em seguida, abraçou-a sem avisar. Pensou em baixar seus óculos escuros do alto da cabeça, para esconder seus olhos. Não deu muito certo, a emoção cresceu e começaram a chorar abraçadas com certa intensidade, pois só elas sabiam ao certo o que tinham passado soterradas nos escombros, e como era bom estarem vivas depois daquilo tudo. Não houveram soluços e nem dramalhão, somente respeito e gratidão mútua por encontrarem-se vivas.

— Eles não vão mais nos atacar. — Lara declarou, após longos minutos de conforto em braços amigos.

— Não, não vão. Graças a você, Lara Croft... — num raríssimo e cativante sorriso, enxugando os olhos, Sonomi deixava bem claro que agora era possível um relacionamento mais amigável entre elas.

Um aperto de mão só trocado entre os amigos arqueólogos e os mais chegados, aquele no qual os dedos envolvem as costas do polegar da mão da outra pessoa, selou o início de uma nova amizade.


Esses foram os dois minutos de luto mais rápidos da história, ehehehhe...

Quem pensa que é fácil matar essas duas certamente ainda não cruzou o caminho delas.

Mas essa foi apenas uma batalha vencida. O Mal Vivo já está desperto. Nossos amigos correm contra o tempo, e sabem disso.

Comente este capítulo, e não deixe de acompanhar o próximo!

Até lá!