Este capítulo é dedicado a uma amiga que mora em minha cidade, e que curiosamente eu não vejo tanto quanto gostaria. É a Nycolle, uma das primeiras amizades que fiz pela Internet.

LEEZINHA, que tudo te vá bem, e que você consiga logo atingir seus objetivos. Certamente, quem priva de sua convivência e amizade sabe o quão bom é gostar de você.

Vamos seguindo com o bonde...


A MÃO QUE AFAGA OS CABELOS

Saqqara

O dia da procura - 17h21

— O que foi aquilo, Beep? Instinto assassino? — perguntou Fuji, enquanto caminhavam para fora da área turística de Saqqara e deixavam a Pirâmide dos Degraus para trás.

— Você preferia que ela morresse? Sinceramente, eu acho que não... — sarcasmo, ironia e praticidade foi o que Lara revelou nesta resposta. — Além do mais, aquele canalha teve o atrevimento de cuspir em mim, você não viu? NENHUM HOMEM FAZ ISSO COMIGO, NUNCA!

— Ai que meda! — Indy não perdia a oportunidade mesmo...

— Ninguém faz isso com uma Croft e fica vivo para contar a história... — complementando o diálogo, Lara não sabia mas deixava Sonomi levemente preocupada. Que maluca era essa que acompanhava Fujitaka? Onde se conheceram? E como? Teriam eles algo mais íntimo no passado? Percebera a partir daí o quão perigoso foi puxar o cabelo da jovem inglesa, realmente ela parecia tomar atitudes extremas quando queria...

— É bom não provocar a fera, hein colega? — Indy piscou para Fuji, que fez aquele gesto do tipo "Eu, hein?": as duas mãos espalmadas à frente do plexo peitoral.

Caminharam mais um pouco e chegaram ao ponto de encontro com o helicóptero, que já os esperava a alguns minutos. Começava a cair a tarde, e Fuji sabia que eles tinham menos que dois dias para tentar fazer algo contra o Mal Vivo, agora desperto. Só ele sabia exatamente onde estava o perigo, mas todos sabiam qual seria o próximo destino: a Depressão de Qattara.

Em algumas horas chegaram ao Cairo, já era noite. A limusine do Marriot Hotel os aguardava no aeroporto.

As mulheres pareciam querer colocar em dia tudo o que não tinham falado uma para outra. Sentaram-se no mesmo banco do veículo, no fundo do carro viradas para a frente. Sonomi falou sobre sua filha e sua empresa; Lara sobre sua família, sua casa na Inglaterra e suas aventuras pelo mundo como arqueóloga. E continuavam sem parar, de forma que os homens desistiram de tentar acompanhar.

— Para eu achar a Lara chata, é que a coisa está séria mesmo, Fuji... — Indy estava emburrado com aquilo, mas com uma expressão serena no rosto. Os colegas sentaram-se no banco oposto, ficando de costas para o condutor.

— E essa queimadura, meu amigo? — Fuji chegou-se a ele, mas ao examinar o seu corpo percebeu que não havia sinal algum da queimadura que Neftul lhe aplicara. — O que aconteceu? É do outro lado?

— Não, é aí mesmo... Perceba que minha camisa está queimada... — resignado, Indy confirmou.

— Mas como?

— Isso é tão misterioso quanto você, meu amigo... — no fundo, Indy sabia que isso deveria ser uma qualidade adquirida por ele através do Santo Graal. O artefato não lhe dera somente jovialidade incomum e um certo senso de perigo, revelado através de sonhos. Dera-lhe um poder de cura, que só se manifestava quando ele passava por situações agudas e ferimentos muito sérios.

— Eu acho que devo uma explicação a vocês... — Fuji falou após alguns minutos, calando até as mulheres. — Eu tenho poderes mágicos... Mas não sabia disto até chegar aqui no Egito. Estou desenvolvendo cada vez mais essas habilidades.

— Por isso te chamam de Mago... Como é que é mesmo? — Lara argüiu, curiosa. Para tal, trocou de lugar com Indy e sentou-se ao lado do arqueólogo japonês.

— Mago Clow. Na verdade ele é uma pessoa que é conhecida lá no Japão. Devem ter me associado a ele de alguma forma. — essa foi a maneira com que Fuji tentou revelar parte da verdade aos seus amigos. Sonomi sabia que ele mentia, mas preferiu não comentar nada. A proximidade de Lara com ele também já não a incomodava tanto... Seguiu olhando firme para os olhos dele por via das dúvidas.

— Bom, de qualquer forma, obrigada por nos salvar das pedras... — Lara abraçou Fuji e deu um beijo no rosto.

— Sim, obrigada. — além da grande surpresa de Sonomi agradecendo por algo sem esbofeteá-lo, Fuji era quem percebia agora que ela mentia. Ambos se entreolharam e sorriram discretamente. Agora cada um dos dois sabia que o outro estava escondendo alguma coisa. Seus olhos se encontraram mais uma vez, e mesmo mais distantes dentro do automóvel sentiam-se muito próximos, quase que face a face. Se pudessem conversar telepaticamente, falariam um para o outro: "Tem coisas que eu quero mostrar só para você..."

Estavam nesse clima quando a janela que separa os passageiros do motorista abriu-se, revelando o motorista e mais um homem de turbante.

— Esse seu poder é insuficiente para deter o Mal Vivo! — gritou este último. Simultaneamente, uma lâmina de uma espada atravessou o couro do banco e varou as costelas de Lara, que estava abraçada a Fujitaka. Ela abriu a boca para gritar, mas não conseguiu, somente caiu para o lado da porta oposta a ele. Nesse movimento a espada ficou cravada no banco, abrindo mais ainda o ferimento que começou a sangrar muito.

— Lara! NÃÃÃÃO!!! — furioso, Fujitaka usou de sua telecinésia e parou o carro abruptamente. Indy e Sonomi foram jogados para a frente. Se não tivesse a espada sido removida pelo mago, seriam feridos também. O motorista e o espadachim atravessaram o vidro do carro e ficaram deitados sobre o capô, imóveis. Em alguns segundos se desfizeram num amontoado de poeira negra.

— Eu não percebi, que droga! Beep, você está bem, querida? — Fuji chegou perto dela e tentou estancar a forte hemorragia causada pelo ferimento, sem sucesso. Lara estava zonza, logo perderia os sentidos. Não conseguia mais falar, apenas ficava com os olhos abertos procurando seus amigos.

— Precisamos levá-la a um hospital e rápido! Eu vou com ela na frente, tem um a cinco quadras daqui. Encontrem-me lá! — saiu com a amiga nos braços e voou literalmente até o hospital mais próximo, chegando lá em pouco mais que um minuto. Deu entrada no hospital com ela e praticamente a colocou direto no Plantão Médico, já que tinha completo domínio da língua egípcia e árabe.

Sonomi e Indy chegaram a pé cerca de dez minutos depois. Dirigiram-se para a Sala de espera e encontraram Fujitaka sentado, com a cabeça entre as mãos e com os olhos fixos no chão.

Indy sentou-se ao lado dele, perguntando sobre o estado da amiga. Obteve como resposta um "não sei ainda" tão desanimado quanto possível.

Sonomi continuou de pé ao lado dos dois. Entristecida, não acreditava que tinham escapado de algo tão mais perigoso para que Lara fosse ferida daquela forma.

Apreensão, angústia, tristeza... Experimentaram tudo isso durante duas longas horas, até que o cirurgião chefe veio encontrá-los.

— Existe algum parente da paciente aqui? — perguntou em árabe. Fuji disse que não, eram todos amigos e estavam viajando juntos. — Muito bem. Sua amiga está com um quadro estável, senhor. Ela não corre risco de vida. Mas perdeu muito sangue e terá de ficar aqui em observação no mínimo por quarenta e oito horas. O ferimento que ela sofreu foi muito profundo e será de difícil cicatrização.

Essa notícia teve duas reações distintas para Fujitaka. Ficou muito contente ao saber que ela estava fora de perigo, mas era uma aliada a menos na sua luta. E ele precisava de toda ajuda possível. Indy e Sonomi alegraram-se de imediato ao saber.

— As visitas estão proibidas por enquanto, mas um de vocês poderá acompanhá-la durante a noite. — finalizou o médico, deixando os amigos à vontade e seguindo de volta para a UTI.

— Eu fico aqui. — Indy se dispôs. — Vão e descansem. Vão precisar, principalmente você... — Colocou a mão sobre o ombro de Fuji, tentando passar um pouco de ânimo a ele. O amigo parecia não ter assimilado bem ainda esse último acontecimento.

— Eu não vou deixá-la agora, não de novo, Indy! — com firmeza na voz, Fuji sentou-se e novamente colocou a cabeça entre as mãos.

— Amigo... Você precisa ir. Sabe disso. Depende de você agora. — Indy sentou-se ao lado dele, que o encarou ao ouvir estas palavras. — Ninguém encostará mais um dedo nela, eu prometo. — disse isto mostrando o chicote escondido debaixo da jaqueta de couro. — Vai tranqüilo.

— Vamos, professor. — tão firme quanto possível, Sonomi colocou sua mão direita no ombro de Fujitaka. Ele entendeu e levantou-se. Não olhou para ela, mas acompanhou-a para fora dali.

Indy olhou o casal afastando-se pela janela. Poderia jurar que se comportavam como se estivessem casados. Apesar da situação triste, esboçou um sorriso. Parece que tinha perdido o posto de homem bonito e interessante desta vez. Olhou para sua amiga pelo vidro da porta, ela repousava. Era uma mulher forte e isso certamente não a abateria.

Mas o tempo corria, escasseava. Sabia disso também, e entendia perfeitamente o que passava pela cabeça do seu amigo. Suportaria ele a pressão?

No Marriot Hotel, tomaram o elevador e subiram até o oitavo andar. Fujitaka seguiu para seu quarto. Sonomi o acompanhava, calada. Esse silêncio a incomodava, não por achar-se descartável, mas porque já o experimentara por muitas vezes. Parou de andar, e Fujitaka continuou alguns passos sozinho. Ficou inerte logo em seguida. Percebera que estava só.

Ele não poderia evitar isso mais tempo. Tinha medo, mas... Queria isso também. Virou-se, e andou de volta até ficar frente a frente com Sonomi. Só então ergueu a cabeça, e a encarou.

Todo o sofrimento que Sonomi queria ter provocado nele antes agora estampara-se diante dela. Ele precisava dela, mais do que ela imaginara, percebia claramente. Abatido, triste, desanimado, sem esperança, sem confiança... Tudo isso era claro como o dia para ela. Tudo isso ela captou somente em seu olhar.

Havia algo mais... Ela duvidou que assim fosse, mas a ação seguinte de Fujitaka esclareceu o que ela suspeitava. Ele estava se remoendo de culpa.

Fujitaka rendeu-se. Não importava se iria se enfurecer de novo, mas sentia que se ela não o abraçasse ali e agora ele não conseguiria dar nem mais um passo. Deixou todo o seu cuidado, respeito e calculismo de lado, e enterrou seu rosto no pescoço dela, abraçando-a com toda força que tinha naquele momento.

Me desculpe, Sonomi... — tentava se justificar, quase de forma inaudível. O que poderia ser um tom de voz para conversas mais cativantes expressava falta de força, de coragem, de alento... — Eu falhei, vocês quase morreram... — não conseguia continuar, a fala embargou-se... Sentia-se incapaz de proteger as pessoas que mais lhe importavam e isso o consumia por dentro, mais do que qualquer feitiço, mais do que qualquer ofensa..

Calma... — Sonomi agora estava usando a cabeça, com certa dificuldade... Sentia que ele estava no limiar das lágrimas, uma situação que nunca presenciara, exceto na ocasião da morte de Nadeshiko... Queria muito falar várias coisas a este homem que enfim, desde a primeira vez que se viram, encontrava-se em seus braços. Não tinha noção de que ele se importava tanto com ela, a ponto de se arriscar a tomar mais um tapa. Com todo carinho, retribuiu o abraço e começou a afagar sua nuca. — Eu não morri.

— Se dependesse de mim, vocês não teriam conseguido... — depois de um certo tempo, e em meio a lágrimas de frustração, respondeu. Dava pena, era a imagem viva do desânimo.

— Mas... Você me ouviu, não foi? — não pode evitar em abrir um sorriso, mesmo que ele não visse. Ele tirou sua cabeça do pescoço molhado por e seu pescoço e a encarou, e viu como ela sorria neste momento. Sonomi decidira deixá-lo ver a sua alegria, para animá-lo um pouco. Teria ela falado sobre suas palavras recém proferidas, ou sobre o chamado mental que ela fez a ele no deserto?

— Sim... Eu ouvi você, Sonomi... — Não importava agora a conotação, Fuji a ouvira e queria sempre ficar atento a tudo que ela dissesse, fizesse, quisesse... Aqueles olhos eram definitivamente hipnotizadores, ainda mais emoldurados pelo seu sorriso. Ele podia se acostumar com isso para a vida toda. Não rolavam mais as lágrimas, mas ainda estava com o espírito abatido...

— Vamos ao seu quarto, está bem pertinho... — depois de longos momentos de contemplação mútua, ela o guiou de volta ao seu aposento. Fuji entrou e ela também, surpreendendo-o — Você não acha que eu vou ficar sozinha no meu quarto depois de hoje, acha?

— Em outras épocas, eu diria que isso seria uma grande honra.

— E agora, o que diz? — perguntou mexendo as sobrancelhas, numa expressão provocativa.

— Digo que preciso de você comigo esta noite... — falou sem pensar, e só depois se deu conta, mas agora já era. Encabulou-se.

— Comporte-se, viu? Já sabe o que lhe acontece se fizer besteira... — Sonomi abriu um sorriso de orelha a orelha enquanto respondia.

— Ora, você conhece o ditado, não é?

— Sim, conheço. "Quando um não quer, dois não fazem".

Cada um virou-se e foi para um lado do quarto. Fuji foi ao banheiro e Sonomi procurou algo para comer no frigobar. O mesmo pensamento passava em suas mentes... "E se os dois quiserem, o que acontece?"

Não havia nada para comer. Fuji pediu uma boa refeição para servirem-se no seu quarto: rigatoni ao molho e salada de frutos do mar, acompanhada de vinho branco. Pelo jeito, o restaurante italiano já voltara a funcionar.

Fujitaka assegurava que prepararia um prato muito melhor que aquele. Um momento de possível descontração, mas nada romântico e nem muito agradável, pois estava dispersivo e pensava toda hora em Lara no hospital.

Sonomi percebeu e decidiu fazer algo. Estavam sentados um de frente para o outro na mesa colocada na parte do quarto destinada às refeições. Saiu do lugar e sentou-se ao lado dele, encostando a cabeça em seu ombro.

— Ela vai ficar bem, não se preocupe... — tentou tranqüilizá-lo.

— Ela não vai me perdoar por isso... Eu sei...

— Você não teve culpa, professor. — continuou sem olhar para ele.

— Eu tive sim. Eram seres mágicos como os do deserto, eu deveria ter pressentido. Tanto lá como aqui.

— Podes fazer isso agora? — a curiosidade matou o gato, mas um pouquinho agora não faria mal...

— Eu deveria poder fazê-lo desde o deserto. Não entendo como não percebi no carro... Talvez eu não tenha o poder necessário... Talvez eu precise de ajuda, mas não temos tempo...

— Como assim?

— Se eu quiser fazer alguma coisa, terá de ser amanhã. Depois não será mais possível fazer nada.

— Do que se trata tudo isso? — Sonomi assustou-se.

— Hmmm... Você ainda não conhece os detalhes... — nos trinta minutos subsequentes, Fujitaka explicou em linhas gerais tudo o que sabia, e também o que estava acontecendo com ele quanto à magia.

— Então corremos perigo. O que podemos fazer?

— Temos que encontrar esse Mal vivo e detê-lo, antes que ele se espalhe mais. Ele já está se fortificando, posso senti-lo mais claramente.

— Você pode fazer isso?

— Eu... Eu não sei... Não tenho certeza... — titubeou Fuji.

— Mas você é o único que sabe o que fazer corretamente, certo? — continuou Sonomi.

— Sim, eu creio que sim.

— Isso não é por acaso, professor. Você está aqui para fazer isso, com certeza. — tentou animá-lo. Levantou-se. — Quando devemos partir? E para onde devemos ir?

— C-c-como? — espantou-se Fujitaka. — Não podemos ir agora, Lara e Indy...

— Se você não fizer algo, não sobrará nada neste mundo para Lara e Indy. — firme, autoritária e sexy... "Como ela consegue fazer isso tão bem?", pensava Fuji. Sonomi discava para sua empresa. Em vinte minutos, conseguira um helicóptero que os levaria até Qattara no dia seguinte. — Partiremos cedo, é melhor descansarmos.

— Partiremos? — Fuji estava na fase papagaio, como se notava...

— Sim. Eu irei também.

— É muito perigoso para você, não acha? — novamente preocupado, Fuji argumentou. Em vão.

— É mais perigoso para você achar que é perigoso para mim, lembra-se? — falou isso e mostrou a mão espalmada.

— Eu não sei... — mesmo ameaçado, o medo de que algo acontecesse a ela era maior do que a vontade de estar com ela...

— Eu irei. Você vai precisar de toda ajuda possível, e seus amigos não poderão ajudar. Eu sei correr, já ajuda um pouco. Sei atirar também, como você percebeu. — gabou-se e abaixou a mão.

— Como você aprendeu a atirar tão bem daquele jeito?

— Eu venho treinando há alguns anos numa academia de tiro em Tomoeda.

— É bom eu me lembrar disso... — o primeiro sorriso daquela triste noite despontava no rosto do arqueólogo japonês.

— Assim está melhor... — sorriu ela.

Fuji ligou para o hospital para saber como Lara estava. Indy contou que ela estava bem melhor e dormia sob efeito de medicamentos, pois os ferimentos eram profundos e doíam muito se ela se mexesse. Assegurou que não sairia de perto dela, e que ele fizesse o que era necessário sem se preocupar.

Quando desligou o telefone, tinha o mesmo ar preocupado, mas não tão triste como antes. Sonomi percebeu, e seus olhos se encontraram mais uma vez. O segundo sorriso, irresistível desta vez, despontou no rosto dele.

Trataram de descansar. Cada um pra um lado, após trocas de olhares e algumas brincadeiras.

Ao deitar-se, diferente da noite anterior, Sonomi não mais chorava. Pelo contrário, dormiu com alegria estampada em seu rosto como há tempos não sentia.

Do sofá, Fuji olhava constantemente para Sonomi deitada em sua cama. Após ela dormir, ficou mais algum tempo acordado, repassando os acontecimentos, revendo dolorosamente suas falhas. Lágrimas silenciosas o acompanharam algumas vezes, principalmente quando lembrava das pedras soterrando Lara e... Sonomi Daidouji. Sua magia falhara. Quando presenciou aquilo sentiu que sua vida acabara. Não só falhara com elas, mas deixara ir embora aquela mulher que há anos estava povoando sua cabeça...

Jurou a si mesmo que enquanto estivesse vivo, nada lhe aconteceria. Não ficaria mais longe dela. Nunca mais.

O tempo passou e ele não conseguia dormir. Levantou-se e foi até a janela, de onde podia ver o rio Nilo. Queria ficar com a mente mais leve por um pouco, mas simplesmente não era possível. Se não protegera corretamente um de seus amigos, como venceria uma eventual batalha contra algo que ele mesmo ainda não compreendia? A magia já estava mais amigável para ele, não estranhava mais muitas coisas... Sentiu-se culpado e inútil, pois precisava ser mais eficiente do que tinha sido até então, e não via como.

Baixou a cabeça e fechou os olhos, completamente amargurado. Eriol saberia melhor lidar com isso tudo, certamente... Porque ele então?

Abriu os olhos, a cabeça voltada para baixo, e viu uma mão estendida. Olhou para frente, Sonomi estava tão próxima e tão linda... Vestida com um pijama azul claro, meio infantil mesmo, mas... Qualquer coisa caía bem naquela mulher de olhos mágicos...

— Venha. Você precisa descansar. — pegou na mão dele e conduziu-o para o sofá, não sem antes lembrar-lhe: — Não tenha idéias estranhas, viu?

Fujitaka não respondeu. Como um autômato, estava no piloto automático. A simples proximidade dela o fez esquecer todos os pensamentos sombrios que rondavam sua mente.

Sentaram-se no sofá, um ao lado do outro, e ficaram se encarando por longo tempo. Finalmente, ele deitou-se sobre as coxas de Sonomi, e fechou os olhos mais uma vez enquanto sua cada vez menos cunhada e mais amiga afagava seus cabelos e o levava a um mundo perfeito, sem preocupações e sentimentos ruins.


Emoções sucessivas e desencontradas neste capítulo...

Parece que as moças são o alvo preferido destes inimigos... Será que eles temem o Girl Power? oÔ

Well, vamos esperar para ver o que acontece com nossos amigos. Já estão em número reduzidos, e espero que ninguém mais vá para o hospital...

Comentem esse capítulo por favor.

E até o próximo! ^^