Nossa estória está acabando. E esta dedicatória é uma das que mais me trazem boas lembranças e bons sentimentos.

Tudo porque este capítulo é dedicado a uma pessoa que é merecedora de minha mais profunda admiração. Jovem, bonita, brilhante, talentosa e dona de uma personalidade própria e absolutamente cativante, Gabriella é sem dúvida alguém que tem sido muito importante em minha vida.

PINKY, você é demais. Eu gosto muito de você, por tudo o que já fez por mim: pelo apoio nas horas difíceis; pelas conversas sempre bem humoradas (nem sempre, mas tudo bem... :-P) no ICQ e no MSN; pela mesma fé que partilhamos; e por tentar entender as dificuldades e tristezas de um velho rabugento como eu.

Te devo muito, muito mais do que a resposta da sua carta. E se estiver ao meu alcance pretendo retribuir bem mais do que isso.

Mas, por enquanto, aceite esta singela dedicatória deste seu fã.

E vamos nessa!


GUERRA DOS DEUSES

Depressão de Qattara

O dia da decisão - 18h00

— Antigos Espíritos do Mal, aumentem meus poderes! — comandou Mumm-Ra, sem efeito, porém. As quatro estátuas não fizeram brilhar seus olhos como de costume. — O quê? Como? O que aconteceu?

— Seus poderes não podem mais ser ampliados. Estão no limite. Daqui você não pode passar. — concluiu Fuji.

— Por que isto está acontecendo? — gritou o Mal Vivo, sem entender. Fujitaka não esperou, atacou novamente utilizando o golpe de Sekhmet, e fez voar contra a parede o seu adversário.

Caído e virtualmente derrotado, Mumm-Ra viu Fujitaka se aproximar andando lentamente, como ele costumava fazer para intimidar suas vítimas. Atemorizado, tentou levantar-se, mas percebeu que não podia. O mago conjurara uma magia de paralisação sobre ele. Olhou para o lado, e viu algo que o perturbou mais ainda.

— Você... Despertou...

— Sim, Mumm-Ra. Seu plano não pode mais ser finalizado. Não pode mais roubar o poder da deusa, enquanto eu estiver viva. — respondeu Andrea Thomas.

— Esperei milênios por este momento... Séculos e séculos de planejamento, enganação, mentiras, força mágica desperdiçados... e tudo perdido por causa de dois insignificantes arqueólogos! NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOO!!! — urrou ele, em desespero e raiva.

— Dois arqueólogos insignificantes? — zombou Fuji, olhando para Andrea. — Dobre sua língua. Eu não sou qualquer um: sou o Mago do Conhecimento do Bem! — até que estava se acostumando com essa idéia. Não podia deixar isso subir à cabeça, porém...

— E eu, bem... Você sabe muito bem quem eu sou, criatura maligna. Dr. Kinomoto? — disse Andrea, virando-se para o colega. Foi só aí que Fuji percebeu que ela estava nua, e ficou um pouco embaraçado... — Afaste-se um pouco, por favor... — pediu.

Fujitaka obedeceu. Andrea trazia o amuleto encontrado por Sonomi e Indy na mão direita. Colocou-o sobre o colo, onde ele se fixou sozinho. Abriu os braços, e proferiu então as palavras que Hadek e Neftul a impediram de falar quando a seqüestraram no Rio das Dores:

— Poderosa Ísis...

As palavras foram pronunciadas sem muito volume, mas todo o poder da deusa mãe do Egito se revelou naquele instante. Em meio a um redemoinho cada vez mais intenso, uma nuvem branca envolveu por completo a professora de arqueologia, com vários raios luminosos dançando em volta de seu corpo. O amuleto tornou-se uma parte do seu vestuário, cobrindo seu colo, ombros e parte das costas. Uma tiara com o mesmo símbolo surgiu, adornando a cabeça da jovem. Um vestido curto branco, com detalhes em ouro e preso por um cinto dourado com a marca de Ísis cobria sua nudez. Seus pés eram calçados por botas de couro, fortes e impenetráveis. Um discreto manto vermelho sobre os ombros cobria suas costas. Bela sim, mas com a aparência de quem estava furiosa por ser aprisionada por tanto tempo.

— Termine seu trabalho, Mago do Bem. Prenda Mumm-Ra de volta em seu sarcófago. — sentenciou ela.

— Certo. — respondeu Fuji. Nesse momento, o vilão libertou-se da paralisação, e atacou os dois, mas primeiro Ísis. Foi como se ele tivesse pulado de cabeça numa piscina de concreto. Um poderoso campo de força o impediu de seguir em frente. Era a deixa para Fuji agir. — Prisão Mágica de Espelhos!

Com este comando, um espelho de corpo inteiro surgiu logo à frente do oponente. Assustado, tentou virar-se, e deu de cara com outro espelho. Para qualquer lado que fosse, um outro espelho aparecia, forçando-o a encarar sua própria imagem refletida. Sem alternativa de escapatória, ajoelhou-se enquanto seu corpo diminuía de tamanho e cobria-se novamente com faixas, como se fosse novamente uma múmia. Fuji desfez o encantamento dos espelhos, e colocou um desacordado Mumm-Ra dentro de seu lugar de descanso. Fechou o esquife e deu meia volta. Serviço completado. O Mal Vivo não era mais ameaça.

Pelo menos era o que ele pensava...

Como se tivesse sido agarrado por uma mão gigante, foi prensado contra a parede, sem aviso e de forma tão violenta que fez um buraco. No instante seguinte, estava de pé ao lado de Ísis, um pouco zonzo e dolorido, mas inteiro, aparentemente salvo por ela.

— Preste muita atenção, mago. Entre naquela parte onde estão seus amigos, e feche-se ali. Construa um muro de pedras, tijolos, qualquer coisa, mas não deixe nada entrar ali onde vocês estiverem até eu avisar, entendeu? — ante a afirmativa muda de Fujitaka, concluiu : — Vá agora!

Não precisava de duas ordens. O local era próximo. Ainda atordoado, Fujitaka correu para lá e fez conforme a deusa ordenara.

— Ó Zephyr que comandas o ar, erga-me para que eu possa voar! — comandou Ísis, ganhando altura até ficar suspensa no ar no meio da sala. Na mesma altura das quatro estátuas malignas. — Apareça, Nêmesis! — ordenou ela.

— Você é corajosa, deusa maga... — uma voz rasteira e sórdida soou, vinda de fora da pirâmide. Ísis foi para lá, saindo por cima do topo aberto. Foi recebida com uma descarga de trovões provenientes das quatro torres externas. Pega de surpresa, começou a cair até estatelar-se na areia. — Corajosa e atrapalhada... AHAHAHAHAHAHAHAHA!!! — pela risada, tinha que ser mesmo mestre do Mumm-Ra...

— E você, deus maligno, é ingênuo pensando que pode me derrotar com isso. — ganhando novamente os ares e cheia de areia na pele, Ísis aproximou-se novamente do centro das torres. Uma forma negra, escura, como se fosse um homem apresentou-se. Não tinha rosto nem corpo, era mais como uma sombra. — Até onde você pensa ir com isso? Mumm-Ra não poderá mais caminhar sobre esta terra.

— Mumm-Ra é somente um fantoche. Outros virão. Tenho muitos que posso usar neste lugar... O Mal está em alta por aqui. Se soubesse que hoje em dia estaria assim, nem precisava ter planejado tudo isso... — decretou ele. O céu sobre eles tornava-se cada vez mais escuro, os trovões cada vez mais freqüentes.

— Sim... Mas também existem pessoas que são contrárias ao Mal e sua proliferação. E estes terão minha ajuda e proteção. — respondeu ela, encarando-o com firmeza.

— Isso será divertido, afinal! Quem vencerá? — perguntou ele, com cara de deboche. Fazendo um gesto como se desse um nó, Nêmesis fez com que duas colunas de areia se erguessem ao lado da deusa, soterrando-a em seguida.

— Isso não sei... — a voz de Ísis soou clara e doce, ao mesmo tempo em que a areia que a prendia lentamente desmanchava-se à sua volta. Nêmesis não acreditou, mas os seus braços desfizeram o gesto do nó sem o consentimento dele. Olhou para ela assustado. — Mas hoje, quem ganha sou eu. RÁ! OSÍRIS! ANÚBIS! — pediu ela, e o falcão, o boi e o chacal apareceram em volta de Nêmesis. Dos olhos dos três, um raio de energia simultâneo atingiu a sombra negra, imobilizando-a e fazendo-a gritar.

— AAAAAAAAAAAAAAAHHHH!!! O QUE É ISSO?!?!? — gemeu ele.

— Você deixou a todos apreensivos nos últimos quatro mil anos. Agora chega! Fique lá no limbo e não volte tão cedo! — respondeu Ísis. Nêmesis sumiu junto com os três outros deuses, jurando vingança.

Os trovões pararam de súbito. Lentamente o céu se descortinava, abandonando o negro e retomando o azul intenso de uma tarde sem nuvens no deserto egípcio.

A deusa maga retornou para dentro da Pirâmide Negra e desfez o encantamento de Fujitaka. Estavam novamente reunidos e salvos.

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— Droga, isto está me matando! — bufava Indy, com a mão do lado direito do tronco.

— Talvez eu possa ajudar... — disse Ísis, colocando sua mão sobre o ferimento. Viu que era sério e perguntou: — Dr. Jones?

— Sim?

— Gosta de meus olhos?

— C-c-como? — que tipo de cantada era aquela?

— Meus olhos são bonitos para você? — sorriu Ísis.

— Sim, eu acho...

— Pode me fazer um favor, então? Olhe para eles, e somente para eles, por alguns segundos, até eu mandar parar... Consegue fazer isso?

— Eu creio que sim... — Indy mal conseguia falar. Piscar muito menos. E assim continuou, sem reclamar.

— Pronto, Dr. Jones. — disse ela, depois de alguns segundos de deliciosa contemplação mútua.

— Mas já? — agora que estava ficando bom...

— Acho que já é suficiente, não? — brincou ela, fazendo cócegas nele.

— Cuidado, aí está... Ei, não senti nada! — surpreso, o arqueólogo percebeu que a dor sumira.

— Claro que não. — sorriu ela. Olhou para o outro lado, e viu Fuji sentado no chão, com Sonomi nos braços. Ela continuava desacordada, mal respirava.

— Pode ajudá-la, por favor? — pediu ele, com muita tristeza na voz.

— Infelizmente não, Dr. Kinomoto. Só você pode. — respondeu ela.

— Eu? Por quê?

— Ela lhe deu algo muito importante. Você precisa retribuir-lhe esse gesto. — completou Ísis. E nessa palavra da deusa mãe, tudo fez muito sentido. Ajeitou-a com a cabeça em seu colo e começou a conversar com ela. O pingente que recebera dela estava de volta em sua mão, junto com a dele.

— Sonomi, desde o momento que eu te vi, lá naquela árvore no parque em Tomoeda, eu senti algo diferente. Eu acabei me apaixonando por outra mulher, sua prima, senti muitas coisas boas e vivi bons momentos também. Mesmo assim, você nunca saiu de dentro de mim, invadiu-me naquele dia, e não me deixou mais em paz. Literalmente... — abriu um meio sorriso, lembrando-se de quantas vezes essa mulher estivera com eles como família, e com ele antes e depois de sua viuvez. — Eu já perdi alguém que amei, e não quero perder de novo. Principalmente porque... — parou um pouco, para firmar a voz, e prosseguiu, sempre cada vez mais perto dela. — ... Porque eu sei que não há outra pessoa no mundo que me faça sentir tão bem como você me faz. — não suportaria por muito tempo, a emoção era muito grande. As lágrimas começavam a rolar. Queria que fosse de outra maneira, mas seria assim que ela saberia. — Eu te amo, Sonomi Daidouji. Fique comigo, meu amor. — e beijou seus lábios, desejando que de alguma forma ela pudesse pelo menos sentir que ele a queria muito. O tempo se passava, porém, e ela não dava sinais de reanimar. Fuji encostou o queixo na testa dela, tirou os óculos, fechou os olhos e começou a chorar, desesperando-se... "De novo não, de novo não..." Aquela frase ficava rondando sua cabeça como disco quebrado...

— Assim você vai me molhar toda... — disse Sonomi bem baixinho, de supetão.

— Sonomi! — Fuji olhou pra ela, estava com aquele sorriso de orelha a orelha , e sem querer escondê-lo desta vez.

— Fala de novo. — ela pediu, depois de tossir um pouco. Ainda não conseguia abrir os olhos.

O que você quer que eu fale?

—Tudo! Nunca ninguém me disse nada assim! — acariciou sua boca, ávida por mais beijos. Entreabriu os olhos, que sorriam tanto quanto ela. — Eu quero tudo Fuji. Tudo, tudinho, só pra mim...

— Serve eu todo também? — brincou ele.

— Bobo! Cala a boca e me beija! — ralhou ela. Agora é que ele não ia desobedecer essa mulher nervosa...

Esse era o momento, e nada mais importava. Fujitaka colou seus lábios nos dela, e não queria desgrudar de jeito nenhum. Sonomi acariciava seu rosto, enxugava suas lágrimas com a ponta dos dedos, alisava seus cabelos. Aquele beijo tinha algo de fortificante, pois Sonomi ficou esperta rapidinho. Ambos estremeceram, desequilibraram-se, e cada um colocou uma de suas mãos (a direita) no chão, ela quase deitada, ele agachado. A mão esquerda de ambos, porém, estava devidamente soldada nas respectivas nucas, de forma que nem um terremoto iria fazê-los parar ou diminuir o fogo que crescia cada vez mais e mais dentro do peito deles...

Ísis sorriu, recordando seu casamento com o deus dos rios. E lembrou-se naquele instante que Andrea tinha assuntos a terminar também...

— Aham... Pombinhos... — atrapalhou Indy.

— O que foi? — gritaram os dois ao mesmo tempo, muito contrariados.

— Acho melhor sairmos daqui. E rápido. — alertou ele. Realmente, com a derrota de Mumm-Ra e Nêmesis a Pirâmide Negra estava sendo novamente bombardeada por trovões e mais trovões.

— Deixe comigo. Vamos embora! — adiantou-se Ísis. Com seu poder supremo, levou a todos para fora dali, próximo de onde caíra o helicóptero. O piloto ainda estava lá, mas já acordara e estava bem melhor. Ao longe, puderam ouvir os trovões cada vez mais freqüentes até que pararam outra vez. Desta feita não retornariam mais.

Fujitaka olhou bem, mas era difícil de acreditar. A Pirâmide Negra sumira por completo.

— Está terminado, Dr. Kinomoto. Parabéns pelo seu êxito. — disse por fim Ísis.

— Então, sou realmente o Mago do Conhecimento do Bem.

— Sim, é.

— Então, você sabe que eu não consegui sozinho.

— Sim, eu sei.

— "O amor é a estrela que guia o conhecimento". Essa frase é realmente sua?

— Está correto, Dr. Kinomoto. — concordou ela.

— Você não poderia ter feito frase mais certa, deusa... — sem maiores pudores, Fuji emendou assim, segurando de surpresa a mão de sua estrela: Sonomi Daidouji. Ela adorou, e retribuiu abraçando-se ao ombro dele.

— Eu sei que não. — sorriu a deusa.

— Não vou te deixar nunca mais... — sussurrou ele no ouvido de Sonomi, recebendo mais um beijo como resposta... Indy sorriu, dessa vez ele via que verdadeiramente Fujitaka demonstrava algo que só vira quando ele estava com sua primeira esposa: felicidade!

O pôr do sol do Saara raramente emoldurara tanto romantismo e ternura como naquela tarde de agosto.

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Todos foram visitar Lara logo ao retornarem para o Cairo. Ela estava bem melhor, já acordada. Precisaria de mais alguns dias para se recuperar. Ao ver que todos exibiam sorrisos, percebeu que tinham conseguido. Foi apresentada a Andrea Thomas, que iria embora logo no dia seguinte, pois tinha várias questões pendentes. Indy se comprometeu a ficar no Cairo enquanto Lara estivesse em convalescença.

Numa destas noites, Fuji esteve sozinho com ela no quarto do hospital. Era hora de conversarem.

— Beep, precisamos conversar...

— Sim, eu sei, Fuji...

— Estou meio sem jeito, mas... Eu sei que você já percebeu...

— Sim...

— Como você está em relação a isso?

— Ora, Fuji... Eu não vou negar que meu desejo é outro mas... Não adianta eu querer forçar nada... Seu coração já fez uma escolha, e pelo jeito ela é anterior a mim também... Novamente... — um tom melancólico na voz de Lara...

— É preciso reconhecer... Parece que não devemos mesmo ficar juntos, não é Beep?

— Isso parece uma maldição! — respondeu, contrariada.

— E o pior é que eu nem posso me gabar por aí que eu beijei a Lara Croft... — brincou ele, fazendo-a sorrir depois de longa data.

— Ora seu convencido... Sorte sua que eu não estou com minhas armas aqui, senão... — respondeu ela, sapeca. Fuji aproximou-se e a beijou no rosto, deixando-a corada. Olhou-a direto nos olhos, como que se lamentando.

— Eu deveria ser mais cafajeste...

— Aí eu seria obrigada a te colocar num quarto igualzinho a esse, com mais dores do que eu senti... — respondeu ela, enfezada. Fuji riu e a abraçou. Ele adorava a amiga arqueóloga, apesar de tudo. Uma lágrima rolou dos olhos de Lara. Apesar de saber que era o certo a se fazer, não doía menos...

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Nesta mesma noite, enquanto Fujitaka visitava Lara no hospital, Sonomi ia para o Marriot Hotel após um dia de vários encontros comerciais e diplomáticos. Era curioso, mas as crianças carentes que visitava é que acabavam tirando mais a sua energia do que qualquer outra pessoa. Estava feliz em poder servir desta forma, apesar de tudo.

Tinha combinado de se encontrar mais tarde com Fujitaka. Essa noite prometia ser importante, ele queria passear pelas ruínas de Gizé...

Decidiu utilizar a banheira para relaxar. Começou a preparar um banho com os sais que trouxera consigo, enquanto pensava no que vestiria depois. Saiu do banheiro para examinar suas roupas, quando viu sobre a cômoda ao lado da cama o pingente com o cordão verde.

Um sentimento nostálgico e gostoso a invadiu. Sentou-se e colocou o pingente entre as mãos, mirando-o e relembrando todas as situações onde o utilizou. Ele lhe deu proteção e força, quando precisou.

— Parece que foi um presente acertado, não foi? — uma voz feminina conhecida declarou, bem ao lado dela. Sonomi arregalou os olhos, não podia ser!

— Nadeshiko! — sussurrou.

— Sim, sou eu, prima! — respondeu.

— Onde? — Sonomi levantou gritando e começou a procurá-la. Não a vira, embora a ouvisse com clareza. Será que estava ficando louca? — Onde você está? — repetiu, em voz mais baixa.

— Estou aqui, prima. — bem à frente, uma luz muito forte brilhou, e Nadeshiko surgiu em meio a ela. Sonomi abalou-se muitíssimo, num misto de pavor e alegria, a boca entreaberta coberta com uma das mãos. — Não se assuste, por favor... — pediu Nadeshiko.

— O q-q-que houve? Veio me assombrar? — inútil pedir para que Sonomi não se apavorasse.

— Você andou fazendo o quê com o meu marido? — sorriu Nadeshiko, brincando. A brincadeira ficou muito séria para a prima, que se atirou no chão e começou a se desculpar.

— Desculpe... Eu... Eu não queria... — gaguejou.

— Claro que queria! Meu marido é um gato! Sempre foi! — divertia-se mais ainda.

— Ai! Eu sei... Ele é um tes... Espere aí! Não é nada disso, e... — Sonomi se enrolava cada vez mais.

— Ora Sonomi... — respondeu, com a voz bem mais tranqüila — Não se preocupe. Ele não é mais meu marido, lembra-se? — esta declaração surpreendeu a executiva.

— Como? Quer dizer que... Não está brava comigo?

— Brava eu? Eu ficaria se você não tivesse ganho ele da Beep, isso sim! Temos que manter nossos tesouros em território japonês! — que humor peculiar o de Nadeshiko, isso deveria ser reconhecido...

— Quer dizer que... Você não está...

— Ora Sonomi! Eu estou morta, ele está vivo, e só você não tinha percebido que ele arrastava uma asa para o seu lado! — piscou a prima, debochando da situação.

— Mas... Mas...

— Mas nada! Se eu não tivesse casado com ele, só se você fosse muito tonta para deixar passar batido! — Nadeshiko ria, e Sonomi ficava cada vez mais vermelha.

— Você sabe que eu não faria nada de mal para atrapalhar vocês... — justificava-se a prima viva.

— Sonomi, Sonomi... Sei muito bem que você estava doida para agarrar meu Fuji na menor oportunidade... — se pudesse, Nadeshiko já estaria rolando de rir. Sonomi encolhia-se cada vez mais, recuava...

— Eu... Eu...

— Sonomi, levante-se. Venha me dar um abraço. — Nadeshiko resolveu parar. Na verdade, queria aproveitar a chance desse encontro especial com uma pessoa que amava muito.

— Eu posso? — perguntou incrédula sua prima. Nadeshiko aproximou-se e tomou-a pela mão. Abraçaram-se emocionadas, como não tinham feito talvez ainda em vida.

— Prima querida... Você tem a chance de ser finalmente muito feliz e muito amada... Estou orgulhosa e muito contente por você!

— Não se incomoda? Sério?

— Eu não poderia deixar Fujitaka em melhores mãos. Nas mãos de alguém que eu também amo! — de maneira espevitada, Nadeshiko abraçou-se mais forte à prima ainda. A alegria dela realmente contagiava.

— Muito obrigada, Nadeshiko. — respondeu, emocionada e agradecida.

— De nada. Mas olhe lá, hein? — brincou ela.

— Tudo bem... Tudo bem... Eu vou fazer o meu melhor... — Sonomi tentou entrar no clima, apesar do encontro inusitado.

— Eu vim também buscar o pingente. Era só emprestado, mas sabia que você iria precisar dele. — disse, confirmando o que Sonomi já desconfiava sobre a procedência do objeto. Foi até a cama e trouxe-o de onde tinha deixado.

— Ele realmente me ajudou muito.

— Para quem não acreditava no mundo mágico...

— Eu sei que você vai me entender, Nadeshiko... — disse Sonomi, baixando os olhos — Ele é a única fonte de magia que eu preciso...

— Eu entendo sim. Muito bem, por sinal. — respondeu a prima, sorrindo. — Devo partir agora. Foi bom te rever, Sonomi. Seja feliz, você merece! Adeus, minha prima! — despediu-se, enquanto era envolvida em um grande brilho novamente.

— Adeus! E... Obrigada, Nadeshiko... — despediu-se Sonomi, enviando um beijo. Um sorriso se abriu, e suas mãos juntaram-se sobre o coração.

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Do lado de fora do quarto de hotel, já alcançando as nuvens, Nadeshiko encontra uma figura conhecida.

— Sr. Koenma, estava me esperando?

— Ora, eu tenho ordens expressas para reaver esse objeto o mais rápido possível. Precisamos mandá-lo de volta para o seu lugar em breve! — um ser com forma de criança com uma chupeta na boca, apesar de demonstrar impaciência, realmente não intimidava ninguém...

— Pois tome, aqui está conforme o combinado. — rindo muito, Nadeshiko entregou o pingente com o cordão para ele. — Posso me retirar?

— Sim. Bom trabalho, Nadeshiko Kinomoto.

— Quando precisar de mim novamente, é só chamar! — ela piscou e foi se afastando.

— Você não quer mesmo trabalhar para mim? — insistiu. A bela moça oriental parou e refletiu um pouco antes de responder.

— Eu não posso deixar de admitir que gostei muito de atuar. Vou pensar melhor. Mas estarei disponível para qualquer emergência, certo? Você sabe onde me encontrar. — finalizou ela. Agora vestia-se com uma túnica e véu, deixando à mostra somente os olhos. E foi assim que desapareceu em meio às nuvens da noite egípcia.

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Sonomi finalmente pôde cumprir sua agenda de visitação para a ONU e os compromissos comerciais de suas empresas. Entretanto, nunca foi tão impaciente em se desvencilhar de compromissos quanto nestes dias. As noites quentes do Egito eram o pretexto perfeito para que ela procurasse a companhia de um certo professor de arqueologia, agora definitivamente hospedado em seu quarto de hotel.

Foram momentos maravilhosos de namoro e de cumplicidade. Jantares à luz de velas, passeios em embarcações pelo rio Nilo, visitas noturnas às ruínas históricas... Ela logo aprendeu que os arqueólogos conhecem todos os recantos mais escondidos destas ruínas, mas todos mesmo... Se quisessem, ficariam dias, semanas, até meses sem aparecerem e sem serem encontrados, se assim desejassem... Que tentação...

E Fuji logo aprendeu também que, se quisesse mesmo ver uma mulher revelar suas qualidades ocultas, nada melhor do que alguns encontros em lugares beeeem discretos...

O arqueólogo japonês telefonou para casa e falou com todos, recebendo um cumprimento bastante significativo de Eriol pelas duas vitórias. Não pôde deixar de rir desse comentário, respondendo que em breve seria a vez dele partir para sua própria conquista.

Se pudesse ver como Eriol ficou vermelho como um pimentão quando ele disse isso... Ainda mais porque estava ao lado de uma certa garota de olhos violeta...

Uma semana depois, Lara Croft foi finalmente liberada de sua internação. Os amigos foram recebê-la e juntos fizeram mais um passeio pelo Cairo.

No dia seguinte, Fujitaka e Sonomi deveriam embarcar de volta para o Japão, dessa vez no jato particular das empresas Amamiya.


A Poderosa Ísis® (Mighty Isis)® é personagem da Filmation Associates.™

Nêmesis é um personagem dos estúdios Rankin/Bass™ e Pacific Animation™.

O Sr. Koenma® é um personagem de Yoshihiro Togashi™ e da Shueisha Inc.™

Todos os direitos reservados.

O Mal Antigo foi totalmente derrotado. E finalmente, as coisas parecem mais calmas e bem encaminhadas.

Mas... E agora? Como ficará a situação daqueles que querem desfrutar de um amor que já vem sendo adiado há anos?

É o que pretendo contar no próximo e último capítulo. Aguardo vocês lá!