Capítulo II- Inicio de ano letivo
Naquele inicio de ano letivo, Dumbledore foi o mais breve possível ao comunicar aos alunos tudo o que havia acontecido durante as férias. E os motivos para fazer isso eram muitos: A maior parte dos alunos era bruxa e como fora de repercussão nacional (Rita Skeeter não se sabe como estava presente ao casamento e presenciara todos os ataques) todos já sabiam, que além de todos os mortos, envolvidos nas Trevas, ou aurores, havia morrido também Sibila. Na reportagem em explicitados todos os detalhes mais sórdidos, alguns inventados e outros reais, além de entrevistas emblemáticas com Goyle e Narcisa Malfoy. Muitos leitores custaram a acreditar na manchete de capa daquele dia, não pelo ataque, mas pelo casamento em sim, muitos lastimaram por Sibila e outros a felicitaram por Ter morrido antes de Ter que agüentar o homem com quem se casara, o que já seria uma espécie de morte. Outro motivo é que as desistências do corpo discente de Hogwarts eram raras e jamais injustificadas.
- Sinceramente, eu não gosto do Snape, mas até fico feliz por ele.- comentou Rony, de boca cheia, num segundo em que Dumbledore parara de falar. O Salão principal, ao contrário de outros anos, tinha panos negros cobrindo as janelas em sinal de luto, pela morte da professora.
- Eu acho que eles se mereciam, isso sim...- contrapôs Harry.
- Calem vocês dois! – murmurou Hermione, que parecia impressionada com a Historia. Ela passara as férias viajando com seus pais pela América do Sul e não ficara sabendo da história. Fora somente no trem de acesso a escola que se inteirara do acontecido. E lastimara pelos dois, embora não negasse que achara a história impressionante. Snape, o ditador que jamais olhara para ninguém a não ser com desprezo, casando-se com a desvairada da Sibila. Realmente, se Sibila tivesse previsto isso em alguma de suas aulas, todos a chamariam de tresloucada.
Dumbledore lastimou a perda da professora, mas pelo visto fora só ele e Snape que lastimaram, os alunos e o resto dos professores, embora amigos da extinta, não falaram nenhuma palavra de apresso. E por isso foi feito um minuto de silêncio. Durante o jantar alguns alunos se detiveram a examinar Snape, que parecia ainda mais pálido que de praxe.
- O Snape parece um farrapo! – comentou Neville.
- Bem feito, Neville. – disse Rony, ferozmente. – Ele merece, afinal é um monstro.
- Rony, você fala isso, porque nunca perdeu alguém importante para você. – comentou Harry.
Rony só avermelhou em silêncio. Hermione apenas olhava para o professor com uma expressão avaliativa. Então Snape havia se casado com Sibila. Muito bem, isso mostrava ao menos que ele tinha algum tipo de sentimento, e ao ver o estado do homem ela se apiedou. Ela parecia realmente esta sofrendo muito. Naturalmente as pessoas que o vissem pela primeira não notariam nada de errado nele, nenhuma expressão diferente, mas os alunos que o conheciam e o odiavam percebiam claramente a diferença.
- Mas, sinceramente eu...
- Rony, não desgaste mais o ambiente, mesmo que todos odiassem a Sybila e o maridinho dela, a morte sempre é uma coisa chocante.- comentou Harry, que ainda se sentia muito responsável pela morte de Cedrico em seu quarto ano, e mesmo agora, no sétimo não conseguia desfazer-se do remorso.
- Harry, não fique assim. – Hermione apertou de leve o braço do amigo.
- Você sabe que esse panos negros me fazem lembrar de Cedrico...
- Eu sei, Harry, eu sei.. mas não fique assim.. – ela o consolou, enquanto observava o homem pálido vestido de negro, porque naquele instante sentia apenas piedade.. Se pudesse fazer algo para ajudá-lo.
As aulas de Snape corriam da mesma maneira como sempre foram, embora o professor tivesse se tornado menos sardônico. Na verdade, Snape parecia não Ter forças para isso, e mais, a certa piedade com que alguns alunos lhe observavam lhe enervava completamente. Não que depreciasse por vezes um abraço amigo, sabedor do seu sofrimento, mas era difícil para ele, ver naqueles rostos, que em sua extensa maioria sempre pisara e humilhara um sentimento respeitoso pela sua dor. Neville Longbotton por exemplo o observava com uma contida tristeza. Aquele sim, pensou Snape, sabe o que é sentir a dor de ver as pessoas mortas... mas não inteiramente mortos estavam seus pais.. apenas foram-lhe sugadas as vidas. Até Harry Potter, em sua presença parecia não querer aprontar, não fazia comentários maldosos, e se portava respeitosamente... respeitando uma dor, que ele, Severo Snape jamais lhe respeitara. A Srta. Granger também parecera impressionada com aquela história, e sem dizer uma palavra, parecia incentivá-lo a não esmorecer.. a seguir em frente... E estranhamente, ele não sentiu ódio da garota... sentiu uma leve gratidão, que chegou a lhe surpreender.
A aula terminou sem que fosse preciso dar nenhuma detenção a Longbotton. Sem Snape bafejando-lhe o pescoço, para que errasse a poção o garoto conseguia se sair relativamente bem. Todos foram saindo, um após o outro, num estranho silêncio, afinal todos consideravam as aulas de Poções as piores, e agiam como se tivessem sido libertados de Azkaban quando esta terminava. Snape caminhou em direção ao quadro negro, sem perceber que uma pessoa não saíra da sala como os demais.
- Professor? – era a voz da Srta. Granger que o chamava.
- Pois não? – ele virou-se na direção de onde viera a voz. E viu a moça parada no meio da sala de aula.
Hermione ficou calada.
- Pois não, Srta. Granger? – ele disse com um traço da velha impaciência na voz.
- Eu só queria dizer que sinto muito o que aconteceu com o senhor, professor. – ela falou rapidamente, as palavras pareciam saltar de sua boca. Ele arqueou as sobrancelhas com surpresa. pensou em responder milhares de coisas, desde as mais desairosas a um agradecimento formal .
- Obrigado, Srta. Granger. – ele respondeu olhando a moça que pareceu se encolher ao escutar o tom de voz dele. Depois virou-se para o quadro negro e continuou apagando- o, até ouvir o som de passos que se afastavam.
Ele sempre achara Hogwarts um lugar triste, mesmo quando era só um garoto. Em vez de ficar planejando e arquitetando arruaças e pegadinhas como os demais, se detinha a estudar. Nada além de estudar. Não que fosse um excelente aluno. Ele estudava aquilo que lhe interessava: as Poções, os Duelos e a Arte das Trevas. Sim, a Arte das Trevas o atraía desde quando conseguia lembra-se. Lembrava-se de ficar na biblioteca horas e horas folheando livros, em busca das mais perfeitas combinações de ingredientes e em busca das mais recentes pesquisas. Mesmo antes de terminar a escola tinha assinaturas de revistas de sua área e já pesquisava sobre as Maldições Imperdoáveis. Era um bom jeito de unir as coisas de que gostava. Isso fazia tanto tempo... Ele parou no meio do corredor em direção a sua Masmorra gelada.
Há muito tempo ele deixara de reclamar que tudo era gelado por lá. Naturalmente fora um sonserino, e as Masmorras da Sonserina eram muito geladas.. Talvez, cogitou ele, esse gélido tenha contribuído para que eu acabasse por congelar por dentro.
Mas algo havia mudado com o seu relacionamento com Sibila. Ela sempre soubera que ele não a amava. Talvez além de si próprio jamais tenha conseguido amar verdadeiramente ninguém. Não, na realidade não era assim, amara muito seus pais. Mas naquele instante ele pensava em mulheres. Nunca tivera tempo para se dedicar a isso.
Quando era um garoto, enquanto Lúcio e os outros ficavam falando sobre as meninas, ele se dedicava a ler livros altamente instrutivos de como se portar em duelos, usando seus velhos e conhecidos feitiços. Como vingança sempre os eliminara facilmente no clube dos duelos, e conseqüentemente no próprio circulo. Ninguém era páreo para ele.
Quando entrara no Circulo dos Comensais da Morte, sua mente passou a ser povoada por imagens de poder e ganâncias de todas as ordens. Apenas mantinha sua mente fixa no que tinha que fazer e pronto. Não dava-se ao trabalho que fazer mais do que aquilo. Não olhava para os lados, apenas cumpria ordens, e ia sendo mais e mais respeitado. Mais ou menos na mesma época, Lúcio casara, com uma moça que diziam Ter sido colega de colégio deles. Até o instante em que ela cruzou a porta da Igreja na cerimônia, ele não se lembrara quem era Narcisa. Depois sim, não que aquilo fosse impressionante. Ele jamais prestara atenção naquilo que não considerava muito importante. Todos diziam que poderia ser considerado distraído, mas ele apenas era minucioso. Só isso.
Quando se arrependera e Dumbledore o convidara para dar aulas em Hogwarts, vivera por muitos anos imerso em pensamentos e lembranças que lhe traziam muitos pesadelos. Dava sempre suas aulas, com seu ar presente, supervisionando todas as ações, mas ao fechar a porta do ultimo aluno, mal sabia quem havia estado ali. Sentia-se como perdido dentro de si mesmo, em buscas de respostas que procurava, procurava e nunca achava. Se fosse um pouco menos desligado, certamente teria percebido muito tempo antes as reais intenções de Sibila.
Não.. não iria voltar para aquela masmorra gelada tão cedo assim. Talvez pudesse se distrair em alguma outra parte do castelo. Tinha mesmo que procurar as referencias de alguns pesquisadores na biblioteca.
Ele entrou na biblioteca onde reinava um silêncio sepucral. As mesas estavam todas repletas de alunos que pareciam estudar fixamente para algum exame. E o professor lembrou-se de que na semana seguinte seriam realizadas as seletivas para os NIEMs, o diploma mais avançado em magia que Hogwarts fornecia. mas para tanto os candidatos teriam que prestar uma espécie de exame de admissão. Praticamente todos os alunos do sétimo ano estavam lá. Boa parte estudavam aos pares ou em trios.. sozinha estava apenas a Srta. Granger da Grifinória, que quase desaparecia diante de tantos livros. Só o topo de sua cabeça era visível, e ela nem se quer erguia os olhos, estando muito concentrada.
O professor partiu em busca da sessão de Poções. Queria os nomes de alguns pesquisadores, queria entrar em contato com alguns, fazer algumas perguntar. Tinham alguns que haviam feito a faculdade com ele, mas quem dizia que lembrava-se o nome? Apenas lembrava-se com certeza de Evan Rosier, mas isso de pouco adiantava, afinal o francês estava morto. Nunca cogitara isso, mas possivelmente esquecera coisas muito importantes naquele minúscula temporada em que estivera em Azkaban. Tinha essa sensação freqüentemente.
Tirou mais de 20 livros das prateleiras. E sobraçou alguns. Iria até uma mesa e pesquisaria com calma. Por menos comodista que fosse, era muito desconfortável ficar ali, em pé procurando as tais referências. Ainda sobraçando os livros ele percebeu que nenhuma mesa estava vazia e que todas as outras, exceto a da Srta. Granger estavam lotadas. Com suspiro de frustração e uma leve resignação, ele caminho em direção a mesa dela. Hermione apenas ergueu os olhos com surpresa.
- Srta, vou ficar aqui mesmo, não existe outra mesa disponível. – ele pronunciou-se, ajeitando os livros no espaço que sobrara. Hermione sem outra alternativa, tirou alguns livros de cima da mesa e colocou-os sobre uma cadeira para deixar mais espaço livre, não queria correr o risco de perder alguns pontos preciosos.
Ela não pôde deixar de observar que o professor parecia se enfurecer cada vez mais ao folhear livros inutilmente. Eram todos livros de Poções, alguns bem recentes, outros mais antigos, que eram folheados e postos de lado. O professor Snape deveria estar procurando alguma coisa. Poderia se oferecer para ajudá-lo, mas não seria uma boa idéia. Era muito arriscado mostrar-se cortês com Snape. Ele era imprevisível e poderia interpretar com uma tentativa de puxasaquismo, e lá iriam mais alguns belos pontos. Ele deixou todos os livros sobre uma cadeira e veio com mais uma porção de livros...
Em silêncio, ela continuava estudando. Estava totalmente concentrada quando ouviu uma voz que dizia, do outro lado da pilha de livros.
- Srta. me empreste um pergaminho e uma pena?
Rapidamente ela alcançou um pergaminho e uma pena, passando-os por cima da parede de livros. Ele sorriu ao pensar que depois daquele dia, Snape nunca mais poderia lhe chamar de Sabe-Tudo!!
Algum tempo depois, ele devolveu todos os livros as prateleira, e Hermione observava tudo com curiosidade, disfarçadamente. Ele ficou com uns 4 ou cinco livros só. E lhe devolvendo a pena disse.
- Obrigado, Srta.
Hermione ficou muito surpreendida. Snape agradecendo algo??? Ele somente deveria estar febril. Inexisita outra explicação.
- De nada professor. – Mas ele já estava saindo porta a fora carregando os livros.
