Capítulo V - Uma aula diferente

Na próxima de poções, todos os alunos se assustaram ao ver as modificações na Masmorra maior. A maioria não acreditava que aquele fosse o mesmo lugar de outrora. Muita luminosidade na sala, tudo bem arejado, limpo e arrumado. Com surpresa, alguns chegaram a tocar nas novas cortinas para se assegurarem de que tudo era real, e não apenas uma figura abstrata criada em suas mentes. Com sua capa esvoaçante, em pouco apareceu o professor. Mandou que todos recolhessem seus caldeirões e que fossem para os jardins. Era engraçado ver as expressões estupefatas dos alunos. Ninguém parecia acreditar no que ouvira. E eram realmente inusitado tudo aquilo. Severo Snape, o homem da noite, o homem da escuridão pedindo que fossem para a luminosidade, para o dia...

Na realidade, ele cogitara consigo mesmo os reflexos dessa atuação. Queria dar aulas ao ar livre ao menos uma vez na vida. cansara-se daquele papel, de o tirano ditador. Ele não era isso, era apenas uma pessoa frágil, perdida num mundo em que não sabia o que fazer, onde todas as maneiras de agir, de proceder, não estavam escritas nos livros, nos manuais de boa conduta. Os problemas, as felicidades, eram diárias e tinha, ao menos deveriam ser sorvidas pouco a pouco, como os beija-flores sorvem o néctar das plantas. Ninguém seria eternamente feliz em um dia e sem um motivo aparente infeliz no outro. Mas para a solidão, a tristeza , a melancolia, isso acontecia como um grave fenômeno. Como uma bola de neve: quanto mais triste estivesse, mais melancólico ficava e mais sozinho queria estar, e isso ia se multiplicando com o passar dos dias, dos meses, dos anos.

Nem quando garoto fora alguém de muitos sorriso. mas nem por isso era infeliz. Sempre achara uma maneira alternativa de Ter felicidade. Era feliz com uma bonita paisagem, com um presente, com uma singela prova de amizade. Mas nunca tivera aquilo. Seus amigos, e poderia incluir Lúcio entre eles, sempre tiveram totais interesses em se aproximar dele. Na faculdade fora igual. Todos queriam se aproveitar de seu conhecimento, mas ninguém queria verdadeiramente conhecê-lo. Nunca tivera oportunidade de mostrar-se como era. E depois de tantos anos, não sabia realmente qual era seu verdadeiro eu. Talvez seu destino fosse esse mesmo, ser visto, admirado, Ter seu conhecimento almejado, mas depois todos pegariam suas famílias e iriam para casa e ele ficaria sozinho como sempre fora. Sempre sozinho. Esse seria seu destino realmente. Andar por ai, a ermo sozinho. E mesmo, que graça teriam em andar por ai com um bando de idiotas para quem 2+2 seriam 10?

Muitas vezes, o que mais queria era Ter alguém para lhe escutar, lhe contar coisas novas, sobre o mundo lá fora, sobre musica e dança, sobre coisas longínquas, como o linho e as mulheres com tatuagens de hena no rosto lavando roupas no Oriente, e sobre as guerras e a vida trouxas, sobre a felicidade, a beleza implícita em cada nascer do sol, em cada florescer das primaveras.

Diziam que aniversariar era completar mais uma primavera. Mas ele nunca pensara assim. Aniversariar para ele, sempre fora um grande e gélido inverno. – O que estão esperando? – ele rosnou para o grupo de alunos. – Lá fora. – aquele era o seu eu, ou melhor o eu que fizera os outros e a si mesmo acreditar que fosse o seu. Numa gentileza inesperada, carregou o caldeirão da Srta. Brown até a beira do lago. Esse ato trouxe muitos olhares desconfiados, mas por mais ruim que fosse, na atual fase de sua vida não deixaria a garota de braço quebrado, fazer tamanho esforço.

As conversinhas giravam os grupos de alunos. Neville, devido a surpresa ainda não conseguia fechar a boca, ficando de queixo caído por um bom tempo. Severo Snape agindo de bondade com alguém era cena inesperada em toda a sua existência.

- O Snape está estranho! – comentou Rony, enquanto ele, Harry e Hermione caminhavam até a beira do lago.

- Muito estranho, você quer dizer.. Será que esse homem esta em sua razão normal? – questionou Harry, agitando a cabeça.

Hermione viviam o sentimento dúbio de contar a eles o que dissera o diretor, ou silenciar, mas prometera a Alvo que silenciaria.

- Não sei, tem coisas diferentes envolvendo o Snape. – comentou Harry. – Sinceramente, ele não parece ser o mesmo professor que foi nos outros seis anos. Se eu não estivesse falando demais, diria que parece que o Snape fez como a Fawkes.. ressurgiu das cinzas.

- ora, Harry, não sabia que você andava se mostrando tão poético a respeito do Snape. – troçou Rony rindo. Mas Hermione refletiu a frase.

Ressurgiu das cinzas.. Sim, talvez essa fora a expressão mais correta que se dissera a respeito do professor Snape nos últimos tempos. Aparentemente ele não havia mudado muito, mas qualquer mudança em alguém tão cético e bravio seria sentida mesmo que representasse apenas 0,01% do todo. estavam todos na beira do lago, caldeirões a postos, quando professor chegou.. o vento fazia tudo voar, e Hermione teve que segurar contra o corpo alguns pergaminhos mais teimosos que teimavam em sair voando dos livros.

- Muito bem. – falou o professor, apreciando o conjunto, enquanto deixava seus cabelos voarem livremente, e dizia para a classe. – Hoje vocês irão providenciar os ingredientes desta poção na Floresta Proibida. Isso mostra que preparar bem uma Poção, não é apenas e tão somente perceber o brilho de uma poção fermentando num caldeirão. Precisam ser bons bruxos no conjunto. Hoje veremos quem tem mais habilidade para arrumar os ingredientes e fazer a Poção para não sentir frio, em menor tempo.

A mão de Hermione se ergueu no ar com o movimento dois pergaminhos voaram, flutuando nas águas do lago.

- Pois não, Srta. Granger? – questionou o professor.

- Mas não temos permissão para entrar na Floresta Proibida e...

- Este será um caso especial. Hagrid estará fiscalizando o trabalho de vocês o tempo inteiro para que não adentrem além do necessário na Floresta. – explicou ele, passando em seguida a relação de ingredientes necessários. Os alunos se preocuparam em anotar tudo e o professor finalizou. – este trabalho será individual. Quem eu pegar contrabandeando ingredientes ou fiscalizando e fervendo poções alheias, perderá 20 pontos para sua casa. – os sonserinos riram certos de não sofrerem retaliações. – independente que qual ela for. O sorriso nos lábios de Draco Malfoy sumiu no segundo seguinte. – Podem ir.

A maioria saiu maldizendo o professor. Haviam alimentado a ilusão de que aquela seria uma aula diferente. mas não era. Aquilo era ser tirano demais. Teriam que se arriscar a entrar na Floresta Proibida, achar os ingredientes e depois teriam que cozinha-los ao ar livre. isso era ser muito tirânico. Neville estava satisfeito. Tinha metade da nota assegurada, pelo seu excelente desempenho em Herbologia, facilmente acharia as raízes e folhas pedidas. Mas maioria estava exasperada. Que idéia imbecil fora aquela?? Idéia de alguém que em sã consciência conseguira se casar com Sibila.. Aquela era a opinião corrente. A ventilou-se entre todos os alunos a opinião de que Snape estava totalmente fora de seu juízo normal. Praticamente todos rumavam para a Floresta. Hermione no entanto, tentava recuperar os pergaminhos que boiavam sobre o lago. Por um minuto ou dois, Snape apenas ficou apreciando os esforços da moça, e depois veio ajudá-la. Se os pergaminhos, por exemplo estivessem do outro lado do lago, tudo seria fácil e um "Accio" bastaria. mas assim, era mesmo complicado pois Accio não funcionava sobre a água. Com sorte, o pergaminho restante veio parar na mão do professor que o restituiu a aluna. esta polidamente agradeceu.

Ambos caminharam lado a lado sem trocar uma palavra. Hermione pensava em pedir para o professor algo sobre os livros, e ele por sua vez pensavam em pedir a moça como estavam os livros. Mas nenhum dos dois falou nada. Eles adentraram na Floresta e Hermione assim como os outros começou a procurar os ingredientes. Se ouviam ruídos por todas as partes, pessoas conversando e discutindo sobre essa, aquela ou a outra raiz. Hermione percebeu Neville ajoelhado num montículo de plantas e retirando com cuidado uma raiz. Deveria ser algo realmente raro. Com um sorriso orgulhoso, o garoto guardou a plantinha no bolso.

O tempo se passou rapidamente dentro da Floresta. Neville fora um dos primeiros a sair para cozinhar a poção sob um leve olhar aprovador do professor, que realmente não esperava outra atitude.. Alguns menos hábeis foram saindo de lá, mas nada da Srta. Granger. O professor achou aquilo curioso. A moça deveria estar desesperada para ser a primeira em tudo, e entretanto estava se demorando... Imaginava que ela deveria querer pegar as melhores plantas, as mais perfeitas, as que poderiam ser usadas para fazer os melhores tipos de Poções. A eterna mania de perfeição, que a moça tinha e Snape sabia também ser portador, lhe trazia muito problemas, como por exemplo aquele. Odiava Ter que fazer isso, mas iria procurar a garota. Na verdade, ele próprio não gostava da floresta.. A Floresta Proibida era boa e bela de ser analisada dentro da capa de um livro, mas quando se tivesse com medo ou receio de algo, se pudesse simplesmente fechar o livro e parar de ler. Não entendia esse súbito comportamento da Srta. Granger. As folhas e raízes que pedira estavam ali, em fácil alcance, tanto que até os obtusos Crabbe e Goyle encontraram.

Snape falou com Hagrid para supervisionar os outros que faziam as poções e foi a procura da aluna, maldizendo a necessidade de perfeição que gerenciava a vida da moça. Tudo para ela tinha que ser o melhor, tudo tinha que estar impecável, tudo tinha que estar 100% senão não seria digno de nota. Ele ai maldizendo esse comportamento bem típico dele próprio, Floresta a dentro, e qual não foi sua surpresa, ao ver Hermione Granger, no cume de uma limeira tento arrancar a folha mais alta e brilhante.

- Srta. Granger! – falou ele sem seu tom mais autoritário, chamando atenção da moça.

Hermione se desconcentrou com a voz, e sem querer, apoiou-se num galho quebrado para olhar quem falara. Num segundo, o galho ruíra e ela desabara ao chão bem em cima do homem.

- Como esta Hermione? – eram as vozes de Rony e Harry na Ala Hospitalar. Enquanto a moça despencava da arvore sua cabeça bateu num galho mais proeminente e ela desmaiou. Instantaneamente, Snape conjurou um feitiço e levou-a para fora da Floresta. Lá, destinara a Hagrid a tarefa de leva-la até a Ala Hospitalar. Primeiro o trabalho, depois o lazer. Que engraçado. Desde quando seria lazer levar a srta. Granger até a Ala Hospitalar? Poderia ser considerado cruel, mas ele próprio sabia não o era. Mas achara realmente engraçado o porquê dela ter se machucado. Atingir a perfeição requer alguns tipos de sacrifícios, que na maioria das vezes os intelectuais como eles não estavam preparados para aceitar. A poção seria realizada com a mais feia e velha folha da arvore, mas ela quisera pegar a mais alta, a mais bonita.. Na verdade tinha vontade de rir, mas não o faria, mesmo porque não era um homem dado a risos, e quantas vezes isso o atrapalhara.

Não sabia como, mas isso era verdade. As pessoas que rissem demais eram consideradas extrovertidas e escandalosas, as que rissem de menos, fechadas e introspectivas. Não era porque uma pessoa não desse sorrisos que ela não estaria feliz. E mesmo a felicidade era algo relativo. Ele sempre sentia-se feliz quando via uma poção ferver, um livro novo poder ser lido, novas descobertas, um dia frio de nuvens escuras e a neve. Por exemplo, não via nenhuma beleza no desabrochar de uma flor. Não, isso não era absolutamente verdade, na flor como um todo ele via a beleza, mas pétalas macias como as folhas dos livros trouxas que manuseara na faculdade e que não eram feitas de folhas frágeis de pergaminhos bruxos, donde se poderia sempre ler a página conjunta.

Sim, uma página sobreposta, querendo ser lida, sem ser vista, ao contraste de luz como os acontecimentos de sua vida.

- Ela está bem, sr. Weasley e sr. Potter! – era a voz de Papoula, a enfermeira. Ele a ouvia escondido no corredor oposto da Ala hospital. Lhe ocorrera durante a ultima aula do dia que a moça não teria nenhum livro com o qual se distrair na Ala Hospital e por isso, resolvera levar um. Talvez fosse um pouco de remorso. Ou seria ele mesmo, que queria que alguém se lembrasse de si próprio quando caia nos abismo de seu consciente? Sim, poderia ser isso.. Nas poucas vezes em que permanecera na Ala Hospital e seus amigos lhe trouxeram xadrez, snap explosivo, alguma revisitinha imprópria, que seria ordenado a cumprir inúmeras detenções caso fosse pego com algo daquele gênero.. Justo ele o sem coração, sem emoções.

- Mas ninguém nunca lhe trouxera um misero livro, recorte de Transfiguração Hoje, ou o profeta Diário daquele dia.

- Mas nós gostaríamos de vê-la. – era a voz de Weasley.

- Impossível, sr. Weasley, a srta. Granger, bateu muito forte com a cabeça não está em condições de receber visitas.

- Mas, Madame... – Harry Potter começou a falar.

- Nem pensar, srs. – disse a enfermeira em tom de final de conversa - Mais tarde talvez. – e fechou a porta.

Os dois garotos estavam reclamando pelo corredor a fora, e Snape esperou-os sumir no final do corredor. E depois, fez algo que considerou infantil de sua parte. Colocou o livro no chão, com um pergaminho dizendo para ser entregue a srta. Granger e bateu na porta sumindo de vista.