Capítulo VIII- Meu eu revela...

Snape partira logo ao amanhecer. Hermione sabia disso, e realmente torcia para que as palestras fossem um sucesso. Ao menos dera sua contribuição mesmo que pequena para ele fosse bem sucedido. E realmente o professor Snape precisava disso. Precisava ser bem sucedido em suas ações, precisava voltar a ter uma vida e deixar de ficar enfurnado naquela masmorra horrível. Se bem que mesmo as masmorras estivessem menos frias e intransponíveis ultimamente. Assim como o próprio Snape, talvez.


Dois dias depois da partida de Snape, Hermione recebera um pequeno pergaminho na hora do café da manhã. Rony e Harry estranharam isso, uma vez que os pais de Hermione eram trouxas e a mãe, por incrível que pudesse parecer morria de medo de inofensivas corujas, comentando que eram bichos feios e ferozes. Isso fazia Hermione rir com gosto. Desde quando corujas eram bichos ferozes?

- De quem é carta, Mione? – Harry quis saber. Os comentários na mesa ainda eram sobre a ausência de Snape e Neville ao lado de Rony fazia planos de tirar uma excelente nota nesta aula e quem sabe convencer madame Ponfrey de que ele era um exíminio preparador de Poções?

- Meus pais. – respondeu ela, franzindo as sobrancelhas, uma vez que o pergaminho estava lacrado e não havia nenhuma indicação do remetente.

- Deixe-me ler! – Rony tentou tirar o pergaminho da mão dela.

- Rony, eu nem abri! – contrapôs ela cada vez mais curiosa, numa voz bravia. Que poderia ter lhe enviado uma carta tão misteriosa? Ela se ergueu da mesa indo em direção ao lado de fora do Salão.

- Aonde você vai, Mione? – quis saber Rony.

- Ler a carta dos meus pais em paz, porque aqui com vocês, parece que não tenho nem o direito de ler uma carta. –respondeu ela mal humorada, enquanto se distanciava.

- Rony, o que deu em você para querer ler uma carta que ele nem abrira? – quis saber Harry censurando o outro.

- Não vi que ela não tinha aberto. – explicou Rony, devorando uma bomba de creme. – E mesmo não era motivo para ela ficar tão brava.

- A Mione anda diferente. – comentou Harry. – isso é fato.

Sentada num banco no lado de fora do castelo, Hermione Granger,abria a carta que recebera. E ficou muito surpresa ao reconhecer a caligrafia do remetente.

"Srta. Granger.

Desculpe-me a liberdade de lhe escrever sem ter avisado, mas achei que talvez gostasse de saber que a palestra foi um sucesso. Fui muito cumprimentado e muitas pessoas quiseram maiores informações, tanto que será aberto um painel exclusivo para o tratamento das maldições. Jonh Michaelsen esta fazendo pesquisas sobre os efeitos das Poções na maldição Crucio (as anotações sobre a palestra dele estão em anexo, e cuide bem delas, srta. pois são as originais) Estou muito orgulhoso e também devo lhe agradecer a ajuda. Muitas das perguntas que a srta. fez durante as adaptações das palestras foram realmente questões levantadas pela platéia. Consegui diversos livros "todos autografados" para sua coleção, em agradecimento a ajuda.

Ainda não é certo, mas possivelmente receberei um convite para palestrar as ainda neste ano na Universidade de Michigan. Não é realmente fantástico, srta. Granger? A srta. precisava ter visto as pessoas.. Foi fantástico, mas quando estiver de volta ao castelo faço questão de lhe contar todos os detalhes pessoalmente, isso é claro se não for tomar seu tempo.

Obrigado pelo trevo de quatro folhas. Ele é realmente poderoso.

Atenciosamente,

Severo Snape"

Hermione ficou radiante após ter lido aquilo. Realmente fora melhor que a expectativa,e para Snape ter lhe escrito tudo deveria ter sido fantástico, mesmo porque aquilo não era coisa do temperamento dele, que morreria ao admitir que fora bem sucedido com a ajuda de alguém, principalmente a dela. Realmente ela também considerava de certa forma consagrada. Sim, mas agora tinha que responder a carta. Ela subiu correndo as escadas até o dormitório da Grifinória, sorrindo. Quem diria que algum dia ficaria feliz em receber uma carta de Severo Snape?


Sentados num café dentro da universidade de Lyon, na França dois homens conversavam. Um deles tinha a seu lado uma grande pilha de livros, e bebericavamente lentamente uma xícara de café, enquanto o outro tomava um potencial chocolate quente que fumegava.

- Você não sabe Snape, o quanto é bom trocarmos essas idéias todas. – falava um homem loiro chamado Jonh Michaelsen.

- Claro que sei, Michaelsen. – comentou ele.- é mais fácil realizarmos essas pesquisas se caminharmos juntos. E foi muito bom ter encontrado você, que também esta se dedicando a esse tipo de coisa. Passei anos trancado em Hogwarts e agora quero recuperar parte do tempo perdido.

Os olhos do outros se detiveram na pilha de livros ao lado de Snape.

- E esses livros todos são para você?

- Não, são presentes para a srta. Granger. – explicou Snape, arrependendo-se no instante seguinte ao ver a expressão risonha no rosto do outro.

- Sua namorada? – ele quis saber, fazendo Snape corar.

- Não! – disse ele firmemente – é uma aluna da escola.

O outro riu ironicamente.

- Sim, imagino que seja. É a mesma moça para quem você tem escrito todos os dias? Para quem tem comprado livros e adornos de cabelo? E suponho que seja a mesma moça que lhe deu esse pingente em forma de trevo de quatro folhas,que você segura o tempo todo?

Snape não respondeu de imediato pois poderia ter voado no pescoço do outro.

- Você tem uma mentalidade sórdida, Michaelsen. A garota é apenas minha amiga. – falou ele, pensando na palavra "amiga". Realmente Hermione Granger era sua amiga.. Lhe ajudara muito a se tornar um sucesso nestas palestras.

- O mundo é sórdido, Snape! – respondeu o outro dando de ombros.- Mas se cuide pois essas jovens senhoritas podem ser potencialmente diabólicas e você me parece totalmente envolvido.

- Não seja tolo. – respondeu Snape, repreendendo-o. – Já lhe disse que ela é uma aluna que é minha amiga. Ajudou-me a cerca das palestras.

- Você não convence nem a si mesmo, quem dirá se irá me convencer. – disse o outro, zombando. – Vamos que daqui a 10 minutos teremos um novo painel.


Naqueles dias, Hermione e Severo Snape trocaram inúmeras correspondências. Um pergaminho cada um por dia,. Snape contava sobre as palestras e sobre o palestrante x que falara isso e o y que falara aquilo... que conversara com Fulano e com sicrano e que estes estavam escrevendo livros novos e que a madame não sei o quê, comprara um gato azul, que Hermione, como gostava de gatos deveria achar muito bonito. (e que ele comprara um laço vermelho para Bichento, mas que o gato, mau e revoltado como era, possivelmente declinaria do agrado) Snape passava em frente as lojas e ficava admirando as vestes, pensando em como Hermione Granger ficaria com este ou com aquele traje e observando as pessoas tomando sorvete enquanto especulava qual seria o sabor favorito dela. Ele esperava ansiosamente pelos pergaminhos que sempre apareciam no inicio da noite, enviado por sua amiga, que tanto a ajudara e que o apoiava nesta vida nova. Realmente não gostara das palavras de Michaelsen , mas ele sempre tivera aquele tipo de mentalidade. Sempre fora assim, desde o tempo em que estudaram juntos na universidade, mas neste caso era o típico muito falar e pouco fazer.

"Minha namorada" pois sim, desdenhou ele, com brevidade, mas se chocou ao perceber uma pilha de livros e alguns embrulhos coloridos que estavam sob uma mesa, eram todos presentes para Hermione Granger. E realmente aquilo estava deixando-o curioso. Porque tantos agrados para uma mesma pessoa? Num rasgo de humor, comprara um tope vermelho para aquele Bichento odiável, que acompanhava Hermione Granger todas as noites a sua masmorra. E era um gato estranho aquele, mas com o passar do tempo sabia que se tornaria um animal confiável. O gato gostava de passear por entre os vidros de ingredientes nas estantes, como se tudo ali lhe pertencesse, e o fazia com uma elegância e um garbo impressionantes. Bichento também era uma companhia e portanto também merecia um presente.


Os painéis estavam sendo um sucesso e ele reatara muitos contatos importantes, mas por alguma razão, aquilo já estava impacientando- o . Ele gostaria muito de poder voltar a escola o mais rapidamente possível, pois de alguma maneira estava com saudade. Era muito bom escutar os conselhos de Dumbledore, ver o mau humor da Minerva Macgonagall, chamar os alunos para as aulas extras, ter companhia para conversar, discutir livros com a Srta. Granger. Era bom sentir-se vivo novamente pena que para que todas essas mudanças tomassem corpo tivera que acontecer algum desastre em sua vida. E realmente, felizmente como diziam alguns mais alunos mais afoitos, Sibila tinha morrido antes de tê-lo realmente como marido, convivendo no dia-a-dia, vivenciado problemas e tendo que contorná-los, concertá-los . De alguma maneira Sibila dera sua vida por ela, não no sentido literal, mas ela jamais deveria Ter se interessado por um sujeito tão amargo e problemático quanto ele, e mais, ele era culpado pela morte de Sibila, por Ter-se deixado persuadir por ela. Jamais deveria Ter consentido naquela loucura toda. mas agora era muito tarde para arrepender-se, mesmo porque a vida era cheia de Senões.

Naquele instante uma moça cruzou seu caminho deixando um rastilho de perfume de flores no ar.. e sem formular um raciocino mais lógico ele pensou que aquele poderia sem qualquer duvida ser o perfume da Srta. Granger. E poderia dizê-lo, sem qualquer tipo de indiscrições que sentira o perfume, quando a carregara até fora da Floresta naquela aula externa, razoavelmente bem sucedida.

Seria interessante repetir aquela experiência, agora que voltaria das palestras na Universidades, com mais orgulho de ser si mesmo, porque por anos, ele apenas lembrava-se de se obrigar a viver, a subsistir. E isso o tornara uma pessoa dura e irredutível, um ditador, um tirano, de quem todos tinham medo de aproximarem. Obviamente, ele sabia que não era um homem que possuía carisma. Sempre achara melhor esconder-se dentro dos livros ao invés de procurar conhecer as pessoas e se deixar ser conhecido por elas. Sim, não era uma excelente pessoa, mas atinara com o que deveria realmente fazer em sua a vida, a tempo, antes de perder-se de vez. E todas as pessoas que tinham hombridade para se arrependerem deveriam sem consideradas pessoas corretas e dignas. Porém, Severo Snape sabia que o mais difícil não era perdoar aos outros, mas sim, perdoar a si mesmo e considerar-se novamente digno de mais uma chance. Ele jamais se perdoaria inteiramente, mesmo que se passassem milhares de anos, jamais se perdoaria por ter sucumbido a ambição por dinheiro, por poder, sem ao menos parar e raciocinar o quanto isso lhe custaria num futuro. Mas poucos jovens pensam num futuro. se alguém tivesse se interposto entre ele e as trevas, aumentando que ali, a 20, 25 anos, se apreenderia de Ter estado ali, ele apenas teria rido da pessoa e mostrado por tal ser imenso desprezo. Mal sabia ele, que tomar uma atitude daquelas era comprovar que tinha o Qi de um Crabbe ou um Goyle pais, por exemplo.

Sim, a inteligência de que tão se orgulhara, seus anos de estudo, seus livros, seus entendimentos sobre a vida e o mundo não lhe serviram de nada, na hora de perceber a armadilha em que estava caindo. Seu consolo era que ao menos percebera , mesmo que tarde, a besteira que fazia. O melhor era não lembrar das pessoas que ajudara a torturar, e daquelas que de alguma forma contribuíra para matar. O que alguém como ele, alguém essencialmente intelectual tivera dentro da cabeça para ir juntar-se aos comensais da Morte?

Era engraçado pensar nessas coisas, enquanto olhava para um belo lado, onde crianças brincavam alegremente, vigiadas por suas babás, onde patos flutuavam suavemente por sobre as águas e passarás cantavam celebrando a vida.

Aquela vida horrenda de mortes, de arrependimentos, de provações parecia Ter acontecido a centenas e centenas de anos e com alguma pessoa qualquer que circulava por aquela parque naquele momento... Era incrível como estando longe daquela masmorra geladas as coisas ganhavam outra dimensão. Era impressionante pensar que ele havia sobrevivido lá, sozinho e sem calor por tanto tempo... Era tão bom estar ali, de baixo de um sol escaldante.. Era sentir-se vivo. Aquela sua masmorra era opressiva assim como ele fora até certo tempo atrás com seu próprio eu. Já havia tanto tempo que permanecia por lá, que até mesmo sua identidade se confundia com aquelas paredes de pedra, que por muito tempo não conheceram a luz do sol, a beleza de um céu azul, o mundo que havia do lado de fora daquelas paredes frias... Ele era assim...

Era maravilhoso sentir-se vivo!


Hermione Granger era responsável por mais uma noite de rondas. Mais uma noite. Ela sentia-se gelada naquele castelo. Sim, aquele lugar era frio, e as Masmorras estão, lhe davam arrepios de gelo. Não conseguia imaginar como o professor Snape conseguia permanecer por ali tanto tempo. Haviam locais muito mais agradáveis no castelo para alguma se instalar, mas se ele gostava, que fizesse o que lhe agrava mais. Era impressionante a quietude daquela locais, onde se ouviria o cair de uma agulha no chão. Mas o mais interessante é que ela estava sentindo falta de Snape. Não do Snape monstro a quem temera nos últimos seis anos, mas do professor Snape aquele que lhe pedira ajuda , lhe dera livros e que escrevia-lhe longas cartas. Estava com saudades. Em silêncio ela abriu a porta de uma sala deserta. Jamais lembrava-se de estar ali. Talvez fosse a tal sala que encontramos quando queremos algo. mas a rigor ela não queria nada, nada a não ser tempo.

Ela caminhou por entre as classes espalhadas e deparou-se com algo coberto por um pano. Era algo grande e parecia-se com um espelho. Por um instante seu espirito se iluminou.. será que seria o tão comentado Espelho de Ojesed? Sim, ela sabia que Harry apoderara-se da Pedra Filosofal no primeiro ano impedindo que Voldemort se apropriasse dela , usando esse espelho. Muitas vezes lera a respeito e muitas vezes quisera saber o que espelho lhe mostraria, pois contava que o espelho mostrava a pessoa aquilo que ela mais desejava no mundo fosse o que fosse. Se o desejo tinha ou não chances de ser realizado era uma duvida atroz, que permaneceria no espírito e na convicção de cada um.

Hermione não negava a si mesma que tinha medo de se ver no espelho, mas a curiosidade era maior que tudo, e ela apressadamente puxou o pano que cobria o volume. Realmente acertara em cheio: era o espelho de Ojesed.

Por alguns instantes ela apenas viu-se a si própria refletida no espelho. Aos poucos o cenário começou a mudar. Era um lugar grande, com muitas janelas, muito bem guarnecido pela luz do sol, e tinham muitas prateleiras de livros naquele lugar. Ela estava sentada, comodamente num sofá muito bonito e parecia ser muito confortável enquanto observava o exterior da sala e tinha sob as pernas um grande livro, encadernado de marrom.

Hermione sorriu. Aquele era um belo lugar.. e possivelmente deveria ser a casa com que sonhava, a sua casa. Os olhos da moça dentro do espelho correram até um outro lugar, e isso gerou a Hermione a expectativa que possivelmente haveria uma outra pessoa na sala. A moça do espelho se ergueu e caminhou pela sala onde se viam muitos adornos trouxas e bruxos misturados numa decoração harmoniosa. Era parecia não querer ser vista, pela outra pessoa que estava lá, então moveu-se graciosamente sem ruído até atrás de uma mesa, onde um homem estava sentado. Ela foi chegando cada vez mais perto, até que tapou os olhos do homem com as mãos. Naquele instante um brilho na mão esquerda da moça lhe mostrou, que possivelmente aquele homem com quem ela estava fazendo uma brincadeira era seu marido. Era tinha nítida sensação de conhecer aquele homem. Ele sorriu, e segurando suas mãos sobre as delas (na não esquerda dele também havia uma aliança), tirou-as delicadamente de sobre os olhos, e então Hermione percebeu quem era o homem, o marido da moça do espelho.. o seu marido.. Seus olhos se arregalaram ao deparar-se com os olhos negros de Severo Snape que estavam dentro do espelho.