Capítulo X- Revelações de Severo Snape

- Como assim, sumiu? – quais saber, Snape admirado, e ao mesmo tempo consternado – Ninguém pode simplesmente sumir no ar.

- Mas parece que foi o que aconteceu neste caso, Severo. – comentou a diretora da Grifinória – A Srta. Granger deveria estar fazendo sua ronda habitual, porém algo deve Ter acontecido neste meio tempo e ela não passou em meu quarto para desejar-me boa noite, como fazia habitualmente. – Mcgonagall esboçou um sorriso- Não estranhei, pois ela poderia Ter se atrasado e pensou que eu já estivesse dormindo. Acontece que ao raiar do dia, o Sr. Potter e o Sr. Weasley me procuram em busca de noticias da Srta. Granger. Alertei Alvo e procurarmos por todos os locais possíveis e imagináveis e nada da Srta. Granger. – afirmou a professora, desconsolada, afinal Hermione Granger era de longe sua aluna favorita.

- Mas e se alguém seqüestrou-a? – a voz de Snape revelava uma calma aparente, que era totalmente traída por seu olhos inquisidores.

- Severo, isso é pouco provável, pois as defesas de Hogwarts não foram alteradas- comentou o diretor. – E mesmo porque alguém faria isso?

Manteve-se um minuto de silêncio no ar. Enquanto a pergunta ecoava no intimo dos três professores.

- Bem, vá instalar-se Severo e descansar um pouco. – ordenou em voz firme o diretor. O mestre de Poções já ia reclamar e contra-argumentar, mas achou melhor ficar quieto, e obedecer o diretor.

Com um aceno típico de cabeça, ele assentiu rumando as masmorras, com alguns elfos ao redor, que carregavam toda a sua bagagem.

No meio do caminho ele deparou-se com um gato alaranjado que parecia estar lhe esperando.

- Olá, Bichento. – comentou o homem, pegando o gato, que não gostou da movimentação e buscava morder o professor para se desvencilhar. Ele continuou caminhando com o revoltoso gato no colo, seguido pelos elfos. Enquanto isso cogitava porque ela teria um gato tão feio quanto aquele. O gato até poderia ser garboso, mas era antipático e tinha cara de mau. Naquele instante, por exemplo, tentava arranhá-lo para fugir do colo. Talvez estivesse procurando sua dona. E ele ainda gastara alguns sicles para comprar-lhe um laço... que gatinho mais mal agradecido era aquele.

Chegando na masmorra os elfos entrar, e ele segurou o gato olhando diretamente para aqueles olhos amarelos e perguntou numa voz triste.

- Bichento, porque sua dona nos abandonou? Você não sabe onde ela está, sabe? O que aconteceu afinal? Sua dona não é de sumir assim, sem avisar e mesmo tinha marcado que iria me recepcionar.

O gato ouviu em silêncio o que o homem lhe dizia, e quando este o soltou, rumou diretamente para os jardins.

Amanhecera o dia, e Hermione encontrava-se deitada no meio da Floresta Proibida, e os raios de sol que batiam em seu rosto a acordaram. Ela sentia-se com diversas dores por Ter dormindo ali no chão, em desespero. E ao lembra-se do que vira naquele espelho, parecia que todo aquele sentimento voltava, toda aquela agonia, todo aquele desespero.. Não conseguira encarar a realidade que realmente estivesse apaixonada por Severo Snape.. O fato por si só era deseperador. Ela realmente aprendera a gostar dele, mas não imaginava que fosse algo tão profundo. E agora, como freqüentar suas aulas, ouvir suas palestras? Como seguir a vida normal sabendo de tudo isso? Queria ficar longe de Hogwarts, queria sumir no mundo, voltar a ser só trouxa, num lugar onde não existe mais essas pessoas, que não existisse Severo Snape... que tudo isso não passasse de um sonho mau e que ela iria acordar em sua cama, em seu dormitório e veria os cabelos lisos de Parvati pelas cortinas da cama ao lado.

Ela abriu os olhos lentamente, mas a luz do sol., ofuscada pelas árvores adentrou em suas pupilas.. Aquele era o pior pesadelo que poderia Ter em sua vida... Porque não vira qualquer coisa ou qualquer pessoa dentro daquele espelho.. porque Severo Snape.. Como poderia Ter se apaixonado por ele, daquela maneira a ver apenas isso refletido no espelho ao invés de todas as suas ambições de outras ordens. Como....

Ele jamais teria qualquer interesse nela.. apenas a via como uma projeção de si mesmo. Sim... realmente, ele procurava nela o que tinham de parecido, e possivelmente não nutria por ela nenhum tipo de sentimento especial...

Hermione ergueu-se do chão e olhou ao redor. estava em plena floresta proibida, cercada de árvores. Tinha que decidir o que iria fazer.. bastava que lançasse algumas fagulhas no ar, que logo pessoas a encontrariam. Possivelmente dentre essas pessoas estivesse Severo Snape. Isso porque ele deveria estar plenamente preocupado com seu "alter ego". Por um mísero instante, ela sentiu-se muito preocupada com o que fizera, pois prometera esperar o professor em sua chegada ao castelo. Era provável que por essa "amizade" que os unia, ela até tivesse alguma preocupação com seu paradeiro. Ela tinha que se decidir como encarar esse problema. O que mais desejava naquele instante era Paz... Paz... Paz.. queria ficar distante de Snape, muito distante.. Não conseguia imaginar como poderia conversar com ele normalmente, como poderiam ser amigos, como poderia agir normalmente com ele tendo visto tudo o que vira naquele espelho.

Eles eram tão parecidos em algumas coisas que ela chegava a ver-se refletida dentro daqueles olhos negros como a noite. Os olhos negros do homem da escuridão. Talvez o melhor fosse sair daquela floresta e encara ro problema de frente... Era isso que precisava fazer, mas não conseguia reunir coragem de mover-se dali.

Em sua masmorra, Severo Snape não conseguia parar de cogitar onde estava a Srta. Granger. Aquela preocupação era mais forte do que ele. Aquela sua chegada tinha sido muito diferente do que imaginara. Pensara que Hermione estaria lá, esperando ele chegar, e lhe acompanharia até as masmorras querendo informações sobre as palestras descrições das paisagens, quereria saber como estavam as coisas e tudo de uma só vez. Lhe daria alguns sorrisos felizes, feliz por vê-lo regressar, por saber que ele estava bem, por saber que estava de volta. E ele, ele queria lhe contar sobre as coisas que vira que ouvira, que pensara, mas não falaria que pensara muito nela, que fora troçado por seu colega de faculdade e que certamente ela o conheceria depois pelos presentes que lhe comprara. Isso era acima do que a moça deveria saber.

Não suportava mais aquela agonia, aquela dor no peito de preocupação. Tinha que procurar a Srta. Granger, poderia Ter acontecido algo com ela. Algo grave, mesmo porque pelo que conhecia da moça, ela não era pessoa de faltar a um compromisso marcado.

Apenas iria colocar o diretor a par de suas intenções e sairia em busca dela.. e a encontraria, nem que fosse a última coisa que fizesse na vida. Sua imaginação começou a correr solta, imaginado cenas, dela correndo pelos campos em torno d a escola perseguida por Comensais da Morte, ou dela gritando por socorro, presa numa armadilha para grandes animais de caça; ou mais centenas que coisas que poderiam Ter acontecido. O homem das trevas já não suportava mais toda aquela inquietude, iria e era naquele mesmo instante.

Porém, a porta repentinamente abriu-se e adentrou por ela o diretor, trazendo um embrulho nas mãos. O mestre de Poções apenas observou seu superior, que largava o embrulho sob uma cadeira,. O engraçado de tudo isso era que o embrulho aprecia Ter um pedestal próprio.. na realidade o objeto parecia Ter sido retirado de seu habitat natural e instalado ali no meio da masmorra, provisoriamente. Estava ali, mas possivelmente tinha uma finalidade momentânea e logo voltaria a seus domínios.

O diretor esperou que Severo Snape fizesse todas as conjecturas desejadas antes de lhe falar o assunto que o trouxera ali.

- Severo, acho que encontrei uma pista da Srta. Granger.

O diretor observou os olhos negros de Severo se alargarem irradiando esperança.

- Eu e Minerva reconstituímos todo o caminho da ronda habitual da Srta. Granger, e achamos um lenço dela caído de fronte ao espelho de Ojesed.

- Sim? – perguntou Snape, com curiosidade.

- Achamos que possivelmente ela deva Ter visto algo que a perturbou e deve Ter querido se esconder.

Snape dedicava ao diretor 100% de sua atenção, mas ainda não conseguia compreender o que este esperava dele.

- Nem eu nem Minerva vimos nada, embora tivéssemos nos concentrado o máximo possível , mesmo que remotamente pudesse ser relacionado com a Srta. Granger. – o diretor deu um longo suspiro, e ajeitou os oclinhos de meia lua. – Talvez você veja, Severo.. Gostaria de experimentar?

Severo Snape caminhou para trás.. Sempre tivera medo do Espelho de Ojesed.. ele nunca lhe mostrara nada que fosse possível. Tudo o que vira ali, ou jamais estivera realmente próximo a ele, ou quando estivera, ele, tolamente deixara escapar pelos dedos das mãos. Não sabia se estava realmente preparado para ver aquilo que o espelhou lhe mostraria fosse, o que fosse. Possivelmente era algo acima do seu alcance.. era algo que lhe traria felicidade, paz, amor... Era algo que ele queria muito, desejava muito, mais do que a si mesmo, e que nunca nenhum manual lhe mostrara como deveria ser. Severo Snape e tinha plena consciência de saber o que o espelho refletiria, apenas não sabia quem seria essa pessoa, que forma o espelho tomaria... Na verdade, tinha medo de raciocinar a respeito. Era medo! Ele tinha medo de ver seus desejos mais secretos expostos num espelho. Tinha medo de ser seu intimo revelado. Se isso lhe ocorresse a algum tempo atrás não teria medo.. mas o novo Severo Snape, aquela que estava se redescobrindo dia a dia, que sabia o valor que uma rosa, que um dia de sol, que o vento que a felicidade simples e cotidiana de estar vivo trazia.. esse tinha medo, tinha receio, tinha pavor.

- E então Severo? – o diretor quis saber, frente o silêncio do homem.

Severo Snape já admitira a Alvo Dumbledore coisas terríveis a seu respeito, mas assim como ele próprio ainda desconhecia muito sobre seu novo eu. Admitiria ser um assassino, ou comensal da morte um ser vil, calculista e mau.. admitira tudo, mas jamais fora um covarde. E mesmo, a essa altura da vida não iria mostrar-se como um covarde ao olhos de Alvo Dumbledore.

- Sim, vamos tentar. – ele falou com convicção, mas seus olhos revelavam uma grande inquietude interna.. Um algo grau de temor.

Dumbledore apenas assentiu com a cabeça, enquanto um leve sorriso pairava por seus lábios. O diretor então tirou o pano que cobria o espelho e Severo Snape viu-se refletido nele.

Inicialmente o professor estava sozinho. Mas rapidamente as imagens estavam mudando. Era um laboratório muito grande, bonito e bem equipado.. um laboratório que ele sempre sonhava Ter, e ele comprava medidas retiradas de alguns caldeirões que estavam próximos. Porém, a porta no fundo do aposento se abriu e por ela entrou um garotinho de uns cinco ou seis anos. Ele tinha a pele bem branca, os cabelos negros, crespos e os olhos cor de mel, segurando um livro. Como o professor não dera por sua chegada ele apenas pulou para seu colo assuntando- o .

Severo Snape ficou intrigado em ver a reação de seu eu dentro do espelho, porém ao contrário do que supunha, apenas acariciou os cabelos do menino e beijou-lhe o topo da testa, O garoto parecia querer que ele lesse algo que estava no livro. Porém, seu eu do espelho protestou, por algum motivo inimaginado. Seu eu do espelho fechou o livro e colocou em cima de uma mesa. O livro tinha uma fotografia na capa, era a fotografia da Srta. Granger! Mas o nome que dizia na legenda, era Hermione Granger Snape.

Ele controlou-se para não gritar tamanha a surpresa.. e quando o menino olhou para ele, o professor percebeu que os olhos dele eram idênticos ao dela.

Aquele então, era filho.. era filho...deles!

ma a cena no espelho continuava e ele queria parar com aquilo... mas não conseguia.. sabia que até ali tudo o que o espelho lhe mostrar jamais se concretizara.

O seu eu do espelho pegara o menino no colo e saíra do grande laboratório. descera uma escada e entrara numa outra sala, esta parecia ser uma biblioteca. Uma moça de cabelos claros estava sentada na mesa existente no local, e ela levantou os olhos ao vê-los chegando e sorriu. Era Hermione. Ele sabia que seria Hermione. Ele colou o garoto no chão e logo o menino distraiu-se com alguns brinquedos trouxas que lhe pertenciam.

Lhe parecia que Hermione fizera uma pergunta, mas ele aproximou-se da moça, beijando-a apaixonadamente, enquanto a erguia do chão....

Naquele instante, Severo Snape não conseguiu ver mais nada.. E virou-se de constas para o espelho. Seus olhos estavam rasos d'agua, exclusivamente por saber que o espelho mentia. Jamais teria uma família. Alguém como ele jamais nascera para Ter uma família. Jamais! Jamais teria alguém como a Srta. Granger a seu lado.. E porque ela? Porque ela? Ele tapou o rosto com as mãos.

- Severo! – a voz do diretor lhe chamou de volta a realidade, a dura e triste realidade de sua vida. – Jamais deveria lhe dizer isso, mas poso firmar com certeza que a srta. Granger viu no espelho as mesmas coisas que coisas que você.. não exatamente as mesmas ações.. mas o significado.. era o mesmo!

O professor de Poções apenas limitou-se a olhar para o diretor com incredulidade.