AS MELHORES FÉRIAS DE VERÃO
Isabella chegou a River Country na manhã do dia trinta e um de julho, pronta para recomeçar sua vida, mais uma vez. Chegara a conclusão de que finalmente encontrara seu equilíbrio e o seu lugar no mundo. Viver ao lado de Sirius era mais importante que qualquer emprego e os poucos amigos que fizera em Salém.
Quando entrou em casa, Sirius já estava acordado, e tomava café silenciosamente, lendo o jornal. Sobre a mesa, havia uma pilha de cartas, pergaminhos e um tinteiro.
- Bom dia! - Isabella sorria, iluminando ainda mais o seu rosto bronzeado pelo sol.
- Ah, até que enfim a senhora chegou - Sirius levantou-se, e a agarrou pela cintura, dando-lhe um beijo - fez boa viagem?
- Fiz sim, obrigada - Isabella sentou-se à mesa, servindo-se de torradas - como estão as coisas por aqui?
- Por enquanto, tudo bem. Tirando o fato de que o Harry e a Vívian tem uma discussão a cada cinco minutos...brincadeirinha, eles estão se dando bem. - Sirius emendou, dando risada diante da cara assustada de Isabella. - E também já consegui um emprego, no Ministério.
- Como é que é?
- A Sra Figg disse que precisa de pessoas de confiança no Departamento de Execução das Leis da Magia. O Fudge detestou a idéia, mas a vaga é minha. E começo amanhã. - Sirius sorriu, satisfeito consigo mesmo - E nos EUA, deu tudo certo?
- Tudo OK. Pedi minha demissão, e a transferência da Vívian para Hogwarts.
- Dumbledore me escreveu a esse respeito - Sirius pegou uma carta do diretor, e a mostrou a Isabella - Em relação à Hogwarts, a Vívian está adiantada. Provavelmente ela irá começar no quarto ano, e não no terceiro.
- O currículo em Salém é o mesmo de Hogwarts, mas as crianças começam a estudar Magia aos oito anos, em período integral. - Isabella levantou-se - Bem, acho que hoje temos muito a ser feito.
Harry ainda dormia, quando Isabella entrou silenciosamente em seu quarto segurando um bolo com quinze velinhas, acompanhada de um Sirius empolgado, e de uma Vívian extremamente sonolenta, mas louca para provar o delicioso bolo de chocolate, uma das especialidades de sua mãe.
- Acorda, seu preguiçoso - Sirius cutucou Harry, puxando as cobertas do afilhado. O garoto resmungou, mas afinal abriu os olhos. E por alguns segundos imaginou que ainda estava sonhando.
- Feliz Aniversário, Harry. - Isabella colocou o bolo sobre a mesa de cabeceira, e deu um abraço no afilhado.
Durante anos, Harry jamais se esqueceria daquela data. Foi a primeira vez que ganhara uma festa, com bolo, velinhas, parabéns a você e presentes de uma só vez. Depois que Isabella cortou o bolo e serviu so pedaços, Harry abriu os pacotes que estavam ao pé da sua cama. Ganhara um relógio novo, de Sirius e Isabella, mais uma suéter da Sra Weasley, uma elegante capa de Mione, uma coleção completa de quadrinhos de Rony e Cremes de Canário , de Fred e Jorge.
- Gostou do bolo, Harry? Quer mais um pedaço?
- Quê? Ah, quero sim, Isabella, está ótimo...obrigado.
- Acho que fui uma estúpida esses anos todos...será que você me perdoa, por nunca ter lhe escrito?
- Sem problemas. Você tinha os seus motivos. - Harry colocou os óculos, e começou a juntar os presentes que estavam espalhados pela cama. Sentia-se feliz como nunca estivera antes. Finalmente, tinha um lugar que pudesse chamar de lar, e pessoas ao seu redor que lhe queriam bem. Os quatro ficaram ainda um bom tempo jogando conversa fora, enquanto acabavam com o bolo. Agora Harry sabia o que significava ter uma família de verdade.
Após o almoço, Sirius chamou Harry para darem uma volta pela cidade. Desde que chegara à cidade, o garoto já havia explorado alguns pontos de River Country em companhia de Vívian, mas era a primeira vez que saía sozinho com Sirius. Pelas ruas, percebeu que todos os observavam. No fundo, por mais chato que fosse, Harry já estava acostumado a ser reconhecido pelos bruxos. Mas naquela cidade, até mesmo os trouxas pareciam conhecê-lo. Sirius parecia ter adivinhado os pensamentos do afilhado.
- Você tem idéia do que a sua família representa para River Country? - perguntou.
- Não...quer dizer, minha família também viveu nessa cidade?
- Os Potter chegaram aqui há uns cem anos, mais ou menos, Harry. E tenho certeza que essas pessoas estão te reconhecendo mais pelo fato de você ser um Potter.
- E minha família é tão importante assim? - Harry parecia ansioso por saber mais sobre suas origens.
- Foi, durante muito tempo...- Sirius sorriu para Harry - agora cabe a você resgatar o nome da família Potter...
- Ah, Sirius, por favor, vai. - Harry torceu o nariz - que idéia mais brega...e afinal de contas, onde você está me levando? Não aguento mais subir essa ladeira.
- Basta ter quinze anos, para ser impaciente. 'Guenta mais um pouco, já estamos chegando.
Caminharam mais uns dois minutos, até que Harry viu um casarão centenário, completamente abandonado, cercado de mato. Sentiu um arrepio por dentro, mas não era medo. Olhou para Sirius, intrigado. O padrinho estava sério, como sempre acontecia quando se emocionava.
- Eu nem me lembro da primeira vez que estive nessa casa, Harry...mas me lembro muito bem da última...no dia do velório da sua avó...você tinha acabado de completar um ano de idade.
- Então quer dizer que...esse casarão...
- É seu, Harry. Pertence a você, o único herdeiro dos Potter.
Harry se aproximou do grande portão de ferro trabalhado, que imediatamente se abriu. O garoto sorriu, pois não havia feito simplesmente nada.
- Os portões sempre se abrem para os Potter, Harry. E seu pai de vez em quando gostava de fazer uma brincadeira muito idiota...entrava correndo, e não me dava tempo de entrar...- Sirius sorria, ao se lembrar da infância.
- Por que você nunca me contou que meu pai era auror, Sirius? E que minha mãe e a Isabella eram amigas da mãe do Neville?
- Porque há coisas demais para você descobrir, Harry. E tudo tem o seu tempo certo. Acredito que você já está na idade para entender o passado. Eu estou disposto a lhe contar o que você quiser...
O garoto deu uma volta pelo jardim, completamente tomado pelo mato, ainda absorvendo as últimas palavras de Sirius. Mas naquele momento, não se sentia muito disposto a fazer perguntas.
- Harry, eu tive uma idéia...que tal convidar o Rony e a Mione para passarem a última semana de férias conosco?
- Posso mesmo?
- Claro que pode. Acho que você tem muito a contar aos seus amigos...bem, vamos voltar para casa, antes que a Isabella pense que fomos sequestrados, ou coisa parecida.
Harry deu uma última olhada no casarão, antes de tomar o caminho de volta. Tinha certeza de que um dia iria morar ali.
Rotina era uma palavra que não combinava de jeito nenhum com Vívian Black. Todas as tardes, após o almoço, a garota conseguia convencer Harry a fazerem qualquer coisa, menos ficar em casa. Mesmo que não estivesse muito disposto para sair, Harry sempre acabava concordando. Vívian parecia ter o poder de deixá-lo desconcertado, principalmente quanto aos comentários que ela sempre fazia em relação à sau aparência. De tanto ouví-la dizer que suas roupas estavam fora de moda, e que a armação de seus óculos eram bregas, Harry gastou boa parte do dinheiro que havai tirado em Gringotes, para fazer compras em River Country.
- Agora sim, melhorou cem por cento - Vívian dava sua opinião para cada peça de roupa que Harry experimentava .
- Tem certeza?
- Você está falando com Vívian Black, especialista de moda, Harry.
Uma tarde, os dois descobriram um ótimo lugar para se jogar quadribol, sem chamar atenção dos trouxas. Vívian possuía uma Nimbus 2001 ( igual à do Malfoy, pensou Harry, com certo nojo). Harry ficou um tanto sem-graça ao dizer que sua Firebolt fora um presente de Sirius, mas Vívian nem ligou. O importante, disse a garota, era que a vassoura voasse.
Quando cansaram de jogar, sentaram-se na grama lado a lado. Fazia muito calor, e o tempo estava abafado. Harry observava atentamente a filha de Sirius. Não havia dúvidas de que Vívian era muito bonita, assim como a mãe. Mais até que Cho Chang, por quem ainda alimentava uma discreta paixão. Vívian parecia ter adivinhado os pensamentos de Harry.
- Você tem namorada, Harry?
- Quê? - o garoto engasou, corando - N-Não...
- E pelo jeito você também nunca beijou na boca...- Vívian agora estava a poucos centímetros de Harry, e o garoto podia sentir o seu hálito fresco e perfumado - eu também nunca beijei...e que tal se a gente...
Antes que Harry pudesse ter algum tipo de reação, a boca de Vívian já estava encostada na sua. Instintivamente, o garoto abriu a sua lentamente, e os dois se beijaram, desajeitadamente, dando vazão aos seus hormônios adolescentes.
Depois daquela tarde, o comportamento de Vívian mudou completamente em relação à Harry, e vice-versa. Não conseguiam mais agir com naturalidade um com o outro, principalmente na presença de Sirius e Isabella. Harry não queria nem pensar na reação do padrinho se soubesse que ele e sua filha haviam se beijado. Mas no fundo, o garoto estava completamente confuso e não conseguia tirar Vívian da cabeça, querendo repetir a dose. Vívian, por sua vez, passara a evitar Harry, isolando-se em seu quarto.
Sirius e Isabella marcaram a data do casamento para o final daquele mês de agosto, ao final das férias de verão. Fariam uma cerimônia simples, e uma festa para a família e para os amigos intímos, em casa . Harry convidara Rony e Mione para o casamento e, de quebra , passar a última semana de férias em River Country.
Quando Rony e Mione desembarcaram na estação, Harry e Vívian já os estavam esperando com ansiedade. Os dois traziam uma quantidade incrível de bagagem, além da gaiola de Píchi ( que fazia um escândalo, atraindo a atenção dos trouxas ) e o cesto de bichento.
- E aí, Harry? Tudo bem? - Rony cumprimentou o amigo, enquanto Hermione se esforçava para manter o gato dentro do cesto. O garoto não pôde deixar de notar o reluzente distintivo de monitora de Hermione. A amiga já havia adiantado a novidade por carta, semanas antes.
- Como vai, Harry? - Mione se aproximou, e o beijou no rosto, deixando o garoto vermelho - Ah, e você deve ser a filha do Sirius...
- Sou a Vívian, muito prazer, Hermione - Vívian não gostava de ser tratada como a filha de Sirius - E você é o Rony, certo? - Foi com um sorriso muito mais simpático que cumprimentou o garoto.
- Vamos logo? - Harry os apressou, pegando parte da bagagem .
Os quatro deixaram a estação, e enquanto caminhavam, Harry contou as últimas novidades para os amigos.
- E o Sirius, como vai ?
- Vai bem, a cada dia mais nervoso com o casamento - Harry deu uma risadinha, e seu olhar cruzou o de Vívian, que também sorria.
Chegaram ao belo sobrado, onde Isabella os aguardava. Harry fez as devidas apresentações, e acomodou os amigos. Rony dormiria no seu quarto, e Mione junto com Vívian.
- Uau, Harry! - Rony largou as malas no chão, e olhou atentamente o quarto de Harry. Nos últimos dias, o garoto preocupara-se em decorá-lo exatamente do seu jeito. Numa das paredes, colara um enorme pôster dos Chudley Cannons. Na outra, montara um mural de fotografias. - Seu quarto ficou muito legal.
- Está do jeito que eu queria...
- E como está sendo morar com o Sirius?
- Melhor do que eu imaginava. O problema é que ele passa mais tempo fora, no Ministério.
- É...o Percy quem o diga. Ele não está nem um pouco contente em trabalhar com o Sirius...- Rony forçou uma cara de dó que fez Harry dar risada - O coitado está trabalhando de verdade, agora que foi transferido para o Departamento de Execução das Leis da Magia...Acho que ele está com saudades dos relatórios sobre fundos de caldeirão...
Harry levou Rony e Hermione, dois dias depois de sua chegada, ao casarão dos Potter. Lembrou-se do que Sirius havia lhe contado a respeito do portão, e deu muita risada ao ver as caras zangadas de Rony, Hermione e Vívian do outro lado, esperando que ele voltasse para que pudessem entrar na propriedade.
Era a primeira vez que Harry entrava na casa. Estava tudo coberto de pó, completamente abandonado. O garoto distanciou-se dos amigos. Queria aproveitar sozinho a sensação de estar na casa em que seu pai vivera.
Vívian, por sua vez, também deixou o grupo, e entrou na antiga sala de jantar dos Potter. Sentia arrepios, mas não era frio. Uma sensação estranha tomava conta de si, deixando-a apavorada.
"Garotos, vocês não estão com fome? O lanche está pronto..." uma voz de mulher, jovem, ecoava longe em seus ouvidos. A garota olhou para os lados, mas não via ninguém.
"Pode ter certeza, Sirius...esse ano nós vamos entrar para o time da Grifinória..."
"Espero que sim...já vamos para o terceiro ano, já está na hora, Tiago...afinal nós jogamos quadribol muito bem.."
A sala ainda estava vazia, mas Vívian ouvia aquelas vozes claramente. Sentia-se atordoada, como se não estivesse ali.
"Hoje é um dia muito especial, pois descobri que vou ser avó...vamos brindar a chegada do bebê de Tiago e Lílian..."
- Harry!!!!!! - Vívian voltara a si, e correu para fora da sala. Encontrou-se com Harry ao pé da escada.
- O que aconteceu, Vívian?
- Harry...eu ouvi vozes aqui dentro...o meu pai...e o seu...- Vívian fez uma pausa, pois não conseguia se lembrar do restante que ouvira.
- Você não sabe o que está falando, Vívian. O Sirius não está aqui, e o meu pai você sabe muito bem que está morto.
- Você é quem não está entendendo, Harry!! Eu os ouvi quando eram crianças!!!
Harry encarou Vívian, incrédulo.
- Isso é coisa da sua imaginação...não há mais ninguém aqui além de nós, o Rony e a Mione...e esta casa não é assombrada!!
- Quer saber de uma coisa? Me deixa em paz, Harry Potter!
Vívian saiu correndo pelo extenso jardim, e usou a varinha para abrir o enorme portão de ferro. Harry ficou parado próximo à porta, sem reação.
- Decididamente, Harry...eu acho que essa garota é louca. - Hermione se aproximou, observando o amigo. O garoto deu de ombros.
- Acho melhor irmos embora também.
Um dia antes do casamento, logo pela manhã, Lyra apareceu na casa de Sirius carregada de bolsas e malas, que flutuavam ao seu lado. Entrou pela porta da cozinha, pois naquele momento todos ainda tomavam café .
- Bom dia a todos - a moça observou a cena, curiosa - Ah, Harry, como vai?
Harry engasgou, porque ainda não conhecia a irmã de Sirius.
- Pelo jeito o Sirius ainda não falou de mim, certo? Sou Lyra Black, irmã do Sirius...- Lyra encarou curiosa para Rony e Hermione - Você por acaso é um dos Weasley? - perguntou a Rony, mas não esperou resposta - Lógico que sim, vocês são todos parecidos.
- Você conhece algum dos meus irmãos?
- Ah, sim...eu estudei com o Carlinhos em Hogwarts, eu fazia parte do time de quadribol também. E você...? - perguntou, dirigindo-se a Hermione.
- Hermione Granger, sou amiga do Harry.
Lyra sentou-se ao lado de Rony, e se serviu de chá e torradas. Sirius a observava atônito.
- Não é por nada não Lyra, mas...você vai passar só três dias aqui em River Country...pra que tanta mala?
- Eu não disse a vocês que só voltaria para cá se recebesse uma proposta muito boa de emprego?
- E...? - Isabella não chegou a completar a pergunta.
- E daí que recebi...acabei de vir de Hogwarts. Dumbledore me contratou para dar aulas a partir desse período letivo.
- Então você vai ser nossa professora? Legal, e o que você vai ensinar? Defesa contra as Artes das Trevas? - Hermione parecia ansiosa em saber mais sobre a nova professora - Esse ano eu fui nomeada monitora.
Harry, Rony e Vívian se entreolharam, entediados.
- Não, Hermione. Minha especialidade é História da Magia. Finalmente o Profº Binns se lembrou que é um fantasma e deixou o castelo.
- Que bom, Lyra. Você deve estar se sentindo realizada.
- Claro que sim, Isabella. Hogwarts ainda é uma das melhores escolas de Magia do mundo...e vai ser uma honra trabalhar com os nossos antigos professores.
- Estou muito feliz por você, irmãzinha...mas ontem o Remo me procurou no Ministério, muito empolgado...
- Já disse que não quero saber de nada que venha daquele...
- ...e me contou que Dumbledore o recontratou para dar aulas em Hogwarts, também - Sirius concluiu, cinicamente - Portanto, agora vocês serão colegas de trabalho.
Cercados pelos amigos e familiares, Sirius e Isabella casaram-se numa agradável tarde. A cerimônia foi feita no jardim dos fundos da casa, que foi especialmente decorado para a ocasião. Lyra tentava manter-se agradável, por mais que a presença de Remo a incomodasse. Ambos haviam sido escolhidos pelos noivos para serem os padrinhos, e Lyra não pôde dizer não. Tudo o que queria era ver o seu irmão o mais feliz possível.
Harry ,Rony e Hermione logo repararam que Lyra mantinha-se o mais afastada possível do Profº Lupin, mas não conseguiam entender o motivo.
- A Lyra e o Lupin foram namorados - Vívian fez questão de contar a história que sabia de cor - Ele terminou com ela quando o meu pai foi preso...
- Mas agora tudo mudou, não é mesmo? Além do mais o Profº Lupin é muito legal. - Hermione tentou defender.
- Acontece que a Lyra não tinha culpa nenhuma. Não é a toa que agora ela despreze a companhia dele.
- Bonita como ela é, garanto que deve haver muitos caras a fim dela...- Rony sorriu maliciosamente, com Harry concordando com um aceno de cabeça.
- Rony!!!Ela vai ser nossa professora, se esqueceu?
- Mione, por que você sempre leva tudo a sério? Relaxe, e aproveite a festa. - Rony respondeu, deixando a amiga furiosa.
Lyra conversava animadamente com Danyela e Amanda na varanda, longe do tumulto da festa. Sentia-se de volta aos tempos de escola, quando as três ficavam durante horas fofocando. Era como se o tempo não tivesse passado, e os laços que as uniam ainda estivessem tão firmes quanto antes.
- E você não conheceu nenhum americano bonitão, Lyra?
- Montes, Amanda. Namorei pra caramba, conheci muita gente legal, mas ninguém com quem eu realmente estivesse disposta a me casar. E você, se separou porquê?
- Incompatibilidade de gênios...- Amanda deu uma risadinha - Brincadeira, simplesmente um dia a gente percebeu que não estava mais dando certo. Mas o meu ex é um cara legal, e um bom pai para o Tony.
- Eu nem sei se quero me casar...- Danyela suspirou, entediada.
- Então, minhas caras, vamos aproveitar que somos jovens, bonitas e solteiras...- Lyra deu uma gargalhada, mas em seguida fechou a cara. Remo estava parado próximo a porta, observando-a.
- Com licença - a moça saiu de companhia das amigas, e fez um sinal para Remo acompanhá-la.
- Eu aposto dez galeões, Amanda, que das duas uma: ou a Lyra acaba com o Remo, ou cai nos braços dele.
- Você quer fazer o favor de sumir da minha frente, e me deixar em paz?!!
- Eu só quero uma chance, Lyra e tentar me explicar...antes de irmos para Hogwarts.
- Nem me lembre que nós vamos trabalhar juntos, Remo. E não me venha pedir uma chance agora. Eu não tive essa chance. Ou você se esqueceu da maneira covarde como você terminou tudo entre nós?
- Eu me arrependi, Lyra...eu juro que me arrependi.
- Lógico, depois que você descobriu toda a verdade, foi fácil se arrepender. Mas você nunca se preocupou em saber como eu fiquei depois de todo aquele horror. De como eu sofri. Não Remo, você não faz idéia do que foi ir embora, aos dezessete anos para um lugar estranho, e fazer de tudo para fingir que eu era outra pessoa...tentar esquecer o passado...
- Durante doze anos eu vaguei por esse mundo, tentando entender porquê tudo aquilo aconteceu...eu também fiquei sozinho, Lyra. Eu não tinha mais amigos...ninguém confiava em mim.
Os dois se encontravam sozinhos na sala de estar. Lyra estava impassível, de pé diante da lareira. Remo por sua vez sentara-se numa poltrona, encarando a ex-namorada.
- Tudo o que eu quero é que você me perdoe...eu reconheço como eu fui covarde e cafajeste. Mas eu também me sentia acuado...
Lyra sentou-se diante de Remo, e segurou a cabeça com as mãos, escondendo o rosto.
- Eu ainda não aprendi a perdoar, Remo...por mais que eu tente, eu não consigo...- Agora soluçava, angustiada.
- Então me deixa tentar ajudá-la, Lyra...
A moça levantou o rosto, enxugando as lágrimas rapidamente.
- Pelo menos agora você chora na frente dos outros - Remo estendeu um lenço, que Lyra aceitou.
- Vamos passar uma borracha em tudo isso, ok?- Lyra acalmara-se, tentando por suas idéias no lugar. - Pelo menos assim nós poderemos ter uma convivênca pacífica.
Remo estendeu-lhe a mão, e Lyra apertou-a num sinal de paz. Sabia, no fundo, que ele não fazia mais parte de sua vida, pelo menos como um homem. Preferiu guardar consigo apenas a boas lembranças que ainda mantinha : o primeiro beijo durante a Copa de Quadribol, as férias que passaram juntos, sua primeira vez...
Isabella aguardava ansiosa por Sirius na cama, como se aquela fosse sua primeira noite. Quando finalmente ele entrou no quarto, ela sentiu um arrepio percorrer todo o seu corpo.
- Como se sente, Sra Black?
- Melhor do que você imagina. - Isabella puxou-o para si, e beijaram-se como se o mundo fosse acabar naquele instante.
Sirius puxou com delicadeza a alça da camisola de sua mulher, e enquanto lhe acariciava os ombros nús, murmurava seus planos.
- A gente bem que podia pensar em ter mais uns bebês...encher a casa de crianças...
- Acho que não vamos ter que nos preocupar com isso nos próximos nove meses...- Isabella virou-se para Sirius, atônito - Eu ainda não confirmei, Sirius, mas tenho quase certeza de que já estou grávida...
- E você não me falou nada...- Os olhos de Sirius brilhavam de felicidade.
- Comecei a desconfiar há uns dois dias...- Isabella beijou-o com carinho - Estou um pouco assustada, eu não sou mais uma garota de vinte e três anos...
- Pra mim você nunca irá envelhecer, Isabella. Nunca.
Finalmente tiveram sua noite de núpcias, com catorze anos de atraso. Não eram mais dois jovens de vinte e pouco anos, mas se amavam. Era a vida perfeita que um dia sonharam, tanto tempo atrás, que agora se realizava. Estavam finalmente casados.
Capítulo 6 ...
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